A coisa era já desejada há algum tempo mas ainda não se haviam reunido as condições, até que a CP faz a sugestão epifânica, a propósito do nosso almoço-a-modos-que-mensal: “olha lá, e se em vez de nos encontrarmos durante a semana, formos experimentar o brunch do Terrella no sábado X?”. Eia, o negócio fechou-se logo ali, não só porque temos as duas uma vidinha tal que costumamos reagendar os almoços em dias de trabalho pelo menos um par de vezes, se não mais, mas também porque andávamos ambas desertas para ir ao Terrella e desfrutar do seu famosérrimo brunch, de que só ouvíramos maravilhas.

Marcámos o repasto para hora pouco habitual em mim, que não costumo pôr o nariz fora de casa antes das 14H00, aos fins-de-semana: 12h30, por imposição do restaurante, que certamente já teria o resto dos horários preenchidos. E, no dia marcado, lá estávamos: o Terrella fica ali na rua entre a Casa da Música e o Edifício da EDP, na continuidade deste (encontrei lugar na rua, mas há o parque da Casa da Música mesmo ali) – e é um espaço térreo, amplo, que se divide por dois pisos (que não andares), havendo uma sala que levará umas 20 a 30 pessoas logo à entrada e, descendo uma dezena de escadas uma sala muito maior, que albergará certamente 50 ou 60 convivas, dividida em espaços demarcados mas ligados entre si.

Aguardava-nos uma mesa simpática, numa das mesas da sala de baixo, a um canto recatado: porque relativamente distante dos locais onde se situava a comida (que funciona em regime de buffet, pelo que são os próprios clientes a servir-se, metodologia que aprecio sobre qualquer outra, nisto dos brunches), estávamos salvaguardadas da confusão maior, que começou cerca das 13h30. Antes disso, servimo-nos com toda a tranquilidade, de tudo o que nos apeteceu: há uma mesa com os pães, as bolachas salgadas e tostas, queijos e iogurtes (não um qualquer iogurte, mas uma espécie de “shot” de iogurte cremoso que nos pareceu caseiro, sob o qual repousava uma compota de pêssego que o complementava divinalmente), uma outra com os componentes de um belo pequeno-almoço à inglesa (ovos mexidos, bacon, salsicha fresca, tomate assado com oregãos e cogumelos eram as estrelas da companhia, sendo que nós apanhámos cogumelos de lata, mas depois serviram nova remessa de frescos), queijos, fiambres, presunto, salmão, fruta e, a uma ponta, waffles e crepes fresquíssimos e vários tipos de bolos de pastelaria, de entre os quais tenho de salientar o croissant de chocolate (abençoado); num terceiro espaço, os quentes (havia carne e arroz, que dispensámos), os salgadinhos (croquetes, empadas e afins), as saladas e, na ponta, as sobremesas. A CP sentiu a falta de quiches, mas eu, que as como amiúde, em casa, nem me lembraria, se ela não as referisse.

Devo dizer que, porque ia avisada da confusão que se gera quando a sala está cheia, fiz o que havia a fazer: logo na primeira ronda, trouxe três pratos, um de cada espaço – e que bom que o fiz porque pouco depois não teria sido possível tanta calma. Tudo o que provei estava absolutamente divino, à excepção dos cogumelos, que eram de lata (o que foi rectificado, repito, mas a verdade é que houve quem não tivesse provado os frescos) e de uma salada de arroz, cujo grão estava cru (eu sou das que gostam do arroz mal cozido, mas aquilo era abuso). De resto, tudo uma delícia, com especial destaque para a zona do pequeno almoço britânico – e tenho de fazer uma grande vénia às waffles (ou gaufres), tão belissimamente cozinhadas que dispensavam qualquer molho, mas eu nunca resisto ao maple syrup e despejei uma boa quantidade em cima delas e dos crepes (também bons, fininhos e bem dispostos). Depois atirei-me às saladas e tenho de destacar os ovos cozidos com maionese e a simples mas sempre eficaz junção de queijo fresco com tomate e orégãos. Também os pães são de vários tipos e os queijos, para quem se perde pelo género, em oferta generosa.

Faltavam-nos as sobremesas (somos ambas mulheres de nova doce), ainda que eu já me tivesse feito a algumas coisas do género. Tínhamos à disposição uma espécie de semi-frio de limão (bom mas não encantador), um outro com uma camada branca com pouco sabor e uma outra de chocolate negro, que comemos bem, um bolo tipo pão de ló com um recheio de bolo de chocolate e chantilly (banal), tarte de amêndoa (francamente boa, a melhor do que provei) e tarte de nata (a única que dispensei). E, se me perguntassem, diria que este é o sector onde o Terrella tem mais trabalho a fazer, porque a qualidade mediana das sobremesas não se coaduna com tudo o mais – e não é nada simpático terminar em decrescendo. Se soubesse o que sei hoje, tinha voltado à zona dos croissants, gaufres e crepes, olarila se não tinha.

Com tudo isto, que podemos comer à discrição, até não podermos mais ou até que o bom senso nos trave (foi o nosso caso que o meu resto de tarde haveria de ser de trabalho), é servida uma bebida à escolha (nós fomos na Coca-Cola) e tanta água quanto queiramos, bem como uma bebida quente (chá ou café). Quaisquer outras bebidas são facturadas para além dos 13,50€ que incluem tudo o supra-mencionado – e todas estas informações são comunicadas à chegada, para minorar os mal-entendidos (que, segundo percebi, têm sido alguns, porque as pessoas julgam que a bebida também é à Lagardère e depois reclamam a conta).

Se o Terrella não tem defeitos, para além das melhorias que creio que só benificiarão o espaço, já referidas? Tem sim, um. É sítio onde é muito bom levar a criançada, que não paga (mas pode comer) até aos 5/6 anos (não me lembro exactamente do limite) e até aos 11 só paga metade (6,75€, portanto). Ora isto, sendo muito simpático, pode tornar-se numa coisa bestialmente incomodativa se os paizinhos forem daqueles que vão brunchar fora “para relaxar”, sendo que o seu conceito de relaxamento inclui deixar os meninos soltar demónios sala afora – quando dei por mim, tinha uma criatura com uns cinco anos enfiada debaixo da minha cadeira. Não me interpretem mal, os miúdos não têm qualquer culpa, os pais é que não têm formação para sair à rua com os filhos sem transformar o almoço dos outros num pequeno pandemónio. Não sei exactamente como, mas creio que essa é uma questão que o Terrella deveria resolver, sob pena de qualquer dia só ter famílias destas e perder o interesse de com quem faz do brunch um modo de vida e não uma ocasião esporádica para levar a família a passear.

Tirando esse pequeno pormenor, só uma conclusão: com bons apetites destes, queremos voltar, com certeza (de preferência ainda mais cedo, por forma a estarmos quase no fim quando a invasão se der).

Edição/Informação Actualizada – 6 de Julho de 2017:

Horário: 11h30 e as 15h30 em modo Buffett;

Preços:

  • 13 euros, incluí bebida e café (Sábado)
  • 16 euros, incluí dois pratos quentes, bebida e café (Domingo)
  • Crianças dos 6 aos 11 anos pagam 50%
  • Crianças até aos 5 anos não pagam

 

Restaurante Terrella
3.8 / 5 Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5 Cardume (1 voto)
Positivos
  • a variedade do brunch
  • o espaço
  • Negativos
  • a barulheira em dias de brunch
  • a qualidade de alguns produtos
  • o incremento do preço em dias "especiais"
  • Resumo
    Estaminé que, tendo começado, muitíssimo bem, denotou depois algum desleixo no serviço de brunch.
    Serviço3.5
    Comida4
    Preço/Qualidade3.5
    Espaço4
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    Restaurante Terrella

    Morada: Rua Ofélia Diogo da Costa 105 A, Porto
    Telefone: 910 659 368
    Horário: DeSegª a Sáb – 8h às 24h | Dom. – 11h às 16h
    Aceitam reservas? Sim

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    2 Comments

    1. Muito bom o brunch! Em termos de relação qualidade/preço o melhor que conheço. Sim, faltou-me as quiches e sobremesas ao nível do restaurante. Saliento a simpatia dos empregados, que coitados, faziam bastas vezes de babysitter… A repetir certamente.
      Claúdia

      1. Quando leres sobre aquele a que fui na semana passada… upa, upa!! :) Mais caro, mas absolutamente genial (E sem criancinhas à solta.)

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