
Creio que tenho vontade de ir ao Puro desde que ele abriu, há mais de um ano, ali mesmo no finalzinho da Rua das Flores, no badalado Largo de são Domingos, muitíssimo bem instalado, entre o LSD e o Traça. Por razões ininteligíveis, a coisa acabou por nunca acontecer e só recentemente se deu a estreia: eu e a RP queríamos marcar um dos nossos jantares regulares e, porque ela também não conhecia o Puro, reservámos mesa para lá.
O Puro apresenta-se como sendo um “restaurante & mozarela bar”, no sentido em que o tipo de queijo italiano é um dos destaques da ementa, mas eu diria que é muito mais do que isso, porque se trata daqueles poucos espaços em que não há nada que não apeteça provar, do menu que se nos apresenta.
Depois de sentadas na sala principal (marcáramos mesa com uns dias de antecedência, que o Porto tem estado de uma badalação incrível, mesmo em agosto), porque já não havia mesa no terraço e a sala de baixo (absolutamente deliciosa) tem uma única mesa, enorme, reservada provavelmente para jantares de grupo (uma dúzia de pessoas ficam ali bem), e uma vez perante a oferta de comes e bebes, hesitámos longamente – de tal modo que tivemos de recorrer à ajuda de casa (a irmã da RP é frequentadora assídua), bem como a da simpática funcionária que nos acompanhou quase todo o serão.
Porque queríamos provar o máximo possível de sabores, prescindimos dos pratos principais (embora tenhamos ficado com pena, pelos risotos, que são muitíssimo gabados por todos) e atirámo-nos ao resto, mandando vir: o Tártaro de Novilho com Maionese de Alho Negro, a Mozzarela com Tomate Cherry, Azeite VE e Alcachofras Grelhadas, a Foccacia de Pizza de Alho Negro (com cebola caramelizada, mozzarella, pimentos del piquillo e alho negro), os Cogumelos Grelhados na Brasa com Flor de Sal e as Batatas do Puro com bacon, mozzarella afumicatta e alecrim.
Enquanto esperávamos, foi-nos trazido o couvert: pão Ciabatta, manteiga de búfala DOP com flor de sal e azeite virgem extra – e devo dizer que a manteiga é, de facto, uma especialidade de que apetece trazer um quilo para casa, mas nem tínhamos ainda acabado com o couvert quando o primeiro prato nos apareceu na mesa: o tártaro, que vinha acompanhado de umas tostinhas caseiras, estava saborosíssimo e surge em dose bem generosa, para uma entrada. A partir daí, as iguarias foram surgindo sempre, como num festim de filme.
Gostei muito da combinação de mozarela com alcachofras (suculentas, deliciosas) e tomate cherry, achei os cogumelos um nadinha secos demais para o meu gosto, as batatas também não me encantaram (talvez se fossem mais pequenas, ou fossem “a murro” me deslumbrassem mais) e a focaccia/pizza era mesmo muito boa, com a base estaladiça e fininha, e cebola caramelizada a dar-lhe toda a graça. Acompanhámos tudo com um Diálogo do Douro, um tinto de preço sempre simpático e qualidade assegurada.
Felizmente, os bons apetites ainda não tinham acabado: quando se tratou de escolhermos as sobremesas, quisemos uma Tarte de Ricotta de Bufalla Com Doce de Abóbora e Canela, porque nos foi aconselhada, e decidimos juntar-lhe um Salame de Chocolate com Amaretti, tudo para partilhar. E devo dizer que já não me lembro de comer sobremesas assim, sobretudo porque um restaurante deste nível não costuma praticar preços tão razoáveis nos doces: a tarte de ricotta é uma espécie de cheesecake de forno, servido com um doce equilibrado e lascas de amêndoa tostada que fazem toda a diferença; o salame foi o complemento perfeito e estava delicioso (até para mim, que não costumo gostar de sobremesas com toque de álcool).
No final, a experiência de jantar num estaminé de tão bom gosto e com serviço tão profissional e afável ficou-se pelos 29€ por estômago, o que me parece perfeitamente razoável, para o que comemos e bebemos. Ficou a imensa vontade de regressar, para conhecer o resto da carta.
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