Foi muito por acaso que fomos parar ao Pé d’Arroz, de que jamais ouvíramos falar, até ao dia em que precisámos de marcar um jantar num sítio descontraído (eu e a RV iríamos diretas do treino) e que não fosse muito caro, na Foz ou ali por perto. E foi a RV que, nas suas pesquisas, descobriu o Pé d’Arroz, em Matosinhos (quase em frente ao Requinte), um estaminé mais ou menos recente de menu vegetariano, que nos oferece refeições em regime de buffet (algo que me agrada quase sempre.
Cheguei um bocadinho antes da hora marcada (reservámos mesa, como fazemos quase sempre, em todo o lado) e, porque a casa se encontrava ainda vazia, deu para apreciar o bom gosto do espaço em piso térreo: tudo muito simples, de linhas direitas, mas confortável e com boa luz (imagino eu, porque era de noite), graças a uma das “paredes” toda vidrada e com vista para um mini-pátio exterior.
Foi-me dada a escolher uma de duas mesas (escolhi a mais próxima da comida, obviamente) e, ainda, a sua extensão (podíamos ser cinco numa mesa de quatro, ou cinco numa mesa de seis, sendo que optei por esta solução, porque somos espaçosos), após o que me deram a conhecer o modo de funcionamento do jantar, bem como a disposição da comida, que se divide entre pratos quentes (dois, mais a sopa) e os frios, compostos sobretudo por saladas, cujo tempero fica a cargo do freguês (prerrogativa simpática, porque os gostos não são todos iguais, também a este respeito).
Enquanto esperávamos (porque chegámos em três levas), eu e a RV fomos dando cabo de uns palitos de pão com paté de beterraba e tofu; também havia um azeite aromatizado com limão, mas o sabor do azeite era de tal modo forte que não se sentia mais nada – o que não apreciei. Depois, vieram uns bocados de pão de alho variado, que estavam muitíssimo bons e, entretanto, com os comensais reunidos, tratámos de atacar o buffet, não sem antes pedirmos as bebidas (pagas à parte, bem como as sobremesas): houve tisana para mim, sumo natura para a RV, sangria para a JP e cerveja para o AG e o DQ – para que se veja que a heterogeneidade é nosso apanágio.
A vantagem destas coisas do buffet é que cada um come o que quer, na quantidade que apetece, e pela ordem que lhe aprouver – e isso é bestial. Eu comecei pela mesa dos frios, sendo que gostei particularmente das azeitonas e dos pimentos padron (nada original, bem sei), bem como dos ovos verdes e da salada de batata. Tudo o mais não me encantou por aí além, sobretudo porque havia duas saladas com mistura de fruta (ananás numa, uvas e melancia noutra), que é coisa que muito raramente me agrada. De resto, e quanto a mim, o Pé d’Arroz peca justamente por esta carência na oferta de pratos frios: gosto de ter duas mãos cheias (pelo menos!) de oferta, para haver a certeza de que se agrada a todos. Ou seja, ao fim da primeira ronda, acabei por repetir apenas aquilo de que gostava, sem qualquer dificuldade na escolha.
Nos pratos quentes, para além de uma sopa de lentilhas e caril (que não provei mas foi gabada lá na mesa), havia “bifana”, coisa muito simpática (certamente de tofu) mergulhada numa molhanga que não deixava os seus créditos em mãos alheias e servida (por nós, o que é ainda melhor) em carcaça de pão branco. Gostei, sim senhores.
Quando nos demos por satisfeitos, depois de todas as repetições que nos apeteceu, enveredámos pelos doces, que nos foram apresentados por um jovem funcionário: eram cinco as opções e as cinco acabaram por vir para a mesa, para que o escrutínio fosse absoluto – batemos palmas a todas elas, desde a coisa saudável sem açúcar nem glúten (com sementes de chia e manga) às mais tradicionais tarte de maçã com gelado de nata, petit gateau com gelado de limão (a escolha foi nossa, havia mais sabores e pareceu-nos caseiríssimo) ou uma espécie de banoffee com chocolate; houve uma outra que foi “montada” à nossa frente, com natas e café e crumble de frutos secos, que também mereceu o nosso aplauso. Adicionalmente, vieram uma espécie de brigadeiros salpicados de frutos secos e servidos em colheres – era uma oferta do chef, nessa noite, o que, para além de um gesto simpático extensível a todas as mesas, era muitíssimo bom.
Posto isto, vieram os cafés, mais dois (ou vinte) dedos de conversa e a necessidade de nos pormos a mexer, porque a casa, que entretanto enchera (com muitos estrangeiros, o que tem graça, porque não estávamos propriamente no centro do Porto ou em sítio de passagem), estava agora a querer apagar as luzes, aguardando só que os últimos convivas (nós!) se dignassem a ir pregar para outra freguesia.
Pedida a conta (que pode ser paga com cartão – hoje em dia, convém fazer esta referência), eis que o simpático repasto ficou por 16,50€ por pessoa, o que não está nada mal para o que efetivamente comemos. Cumpre-nos apenas esclarecer que o buffet fica por 9,50€ ao jantar e fins de semana (7€ ao almoço, em dias úteis), o que nos parece bastante convidativo para quem gosta de comida vegetariana (apenas alguns pratos são vegan, mas os que não são estão assinalados). Tenham bons apetites, se passarem por lá!
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