É já a segunda vez (a primeira, aqui) que dois terços dos Carapaus (AA e RV) aproveitam o aniversário de um amigo, em restaurante que constitui novidade, para fazer uma incursão do cardume, ainda que desfalcados de 33,3333…% dos seus membros. Desta feita, o PM o convidou e lá fomos, sempre de máquina em riste e iPhone para as notas, e com presentes à tiracolo, que havia 32 anos a festejar.
O restaurante escolhido foi o A Cozinha da Maria, em Leça da Palmeira, numa transversal à direita, no sentido Porto de Leixões-praias, já bem perto do Batô (onde, por sinal, rumou parte dos convivas, no final do repasto), esse templo da boa música (pelo menos para os [bem] maiores de 30). Não é difícil dar com o local, uma vez que uma placa vermelha e de tamanho adequado, na marginal, indica-nos o sentido; o estacionamento, na rua, também não constitui problema de maior.
Tratando-se de um jantar de aniversário para cerca de três dezenas de esfaimados, o menu foi previamente combinado entre o natalício PM e a gerência, pelo que já todos sabíamos ao que íamos. As entradas foram propositadamente reduzidas: pão e tostas com manteiga de pacote (sendo que o pão, de tipo bijú, foi servido quente e só assim era comestível – passados que fossem cinco minutos e apresentava-se duro, como se tivesse sido aquecido a poder de microondas), azeitonas retalhadas poucas, mas muitíssimo bem temperadas (azeite e oregãos) e uns estaladiços croquetes de alheira, saborosos e acabados de fritar.
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E foi quanto, já todos sentados, e marchadas as entradas, o atendimento foi revelando as suas lacunas, desde logo porque nesta primeira fase, nem uma gota de líquido foi servida – talvez porque as bebidas estavam racionadas: haveria vinho branco e tinto do Dão, sangria (excessivamente aguada), água, refrigerantes e finos, mas a cada comensal eram devidas apenas 2 bebidas ou meia garrafa ou jarro. É evidente que não é fácil servir tanta gente, mas dos três empregados destacados, só um era manifestamente simpático e solícito, sendo que um outro roçava a antipatia desagradável.
Era altura dos pratos principais – e o plural não é erro de digitação: o PM achou por bem (e nós aplaudimos) cortar nas entradas, por forma a proporcionar-nos a degustação de prato de carne e de peixe. Começámos por um bacalhau gratinado com couve branca e batata à rodela que estava francamente bom: o peixe, apesar de desfeito em lascas, era claramente proveniente de postas altas e de boa qualidade (pena foi que me tivesse deparado com duas espinhas, experiência nunca agradável), o sal estava no ponto e as couves, gratinadas, davam o toque de diferença numa combinação que poderia passar por vulgar, sem elas (apesar de o ND as ter afirmado “queimadas”, não conseguiu anuentes para a tese). É de notar que os pratos são-nos colocados à frente bem quentes, provavelmente para acautelar o arrefecimento dos cozinhados, difícil de contornar quando se serve tanta gente – o que de pouco adiantou aquando do prato de carne, por ter havido demora significativa no serviço; assim, o lombo assado no forno, com batata assada, puré de maçã e um arroz de forno com passas e pinhões (combinação muito bem conseguida, mesmo para mim, que gosto pouco do sabor da fruta em pratos de carne ou peixe), foi comido morno-quase-frio.
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Ainda assim, A Cozinha da Maria serve cozinha portuguesa bem confeccionada e com toque de distinção e, muito provavelmente, encontrará feedback superior por parte de um grupo menor, com possibilidade de escolher de entre as várias iguarias que a ementa sugere; de qualquer modo, e tendo em consideração os dois pratos (que pudemos repetir), bem como a sobremesa (o bolo de chocolate, divinal, foi oferecido pelo aniversariante mas a fruta, laminada de fresco, foi da competência do restaurante e não desiludiu), os 15,50€ que couberam a cada um (16€ para quem não prescindiu do café) só não foram uma agradabilíssima surpresa porque haviam sido previamente combinados e comunicados.
Reteremos este nome na nossa lista, de modo a que, num futuro mais ou menos próximo, possamos revisitar o restaurante e apreciá-lo com maior propriedade – ainda que, certamente, por preço bem mais elevado.