A Tavi faz parte das memórias de qualquer portuense – ou, pelo menos, de quem trabalha na zona, como é o meu caso: a esplanada coberta protege-nos da intempérie ou do calor excessivo e proporciona-nos uma vista de mar fabulosa, para além de que o que ali se serve (sobretudo os doces, para quem é apreciador, como esta vossa criada) é de excelsa qualidade (e preço salgado, não vou mentir). Por isso, foi com entusiasmo que recebi a notícia de que havia aberto, quase em frente da casa-mãe, um novo espaço, mais dedicado às refeições rápidas e ao pão – e, uma vez perante o convite para irmos degustar as iguarias que lá moram, não perdemos tempo.
À chegada, foi com gáudio que percebi que há ali uma tabacaria: tenho um fraquinho por estaminés que preservam esse costume tão português de manter um espaço que venda revistas e jornais. Depois, à esquerda, a zona de padaria, de onde constam 24 tipos de pão – qual deles o melhor, da meia dúzia que trouxe para casa (e, na próxima visita, virá um pão da avó gigante que me despertou a atenção). Segue-se o balcão com a amostra das baguettes e foccacias, bem como o anúncio dos smothies “detox” (não sou de todo fã do termo, mas é o usado), bolachinhas, doces em frasco (trouxe o de abóbora e é magnífico, sobretudo quando a acompanhar requeijão – uma das melhores combinações que existem); depois, a estação das pizzas, que são preparadas no momento por um funcionário com décadas de experiência na área – e toda uma série de outras preciosidades que fazem deste espaço de pé direito alto e boa luz uma coisa mesmo muito agradável.
Uma vez sentadas, decidimos que, apesar da oferta ser toda tentadora, prescindiríamos dos pratos do dia e das sandochas e optaríamos pelas pizzas: sempre queria ver o que dali vinha, por preços tão baixos (pizzas individuais de 4,50€ a 5,50€ parecia-me bom demais para ser verdade). Escolhemos uma 4 Estazioni e uma Prosciutto, com a intenção de as dividirmos, e dois sumos “detox”: um de lima, laranja e alface, e outro de espinafre, pepino, maçã e gengibre. Entretanto, a RP quis uma sopa de legumes, que estava saborosa, e trouxeram-nos dois pãezinhos biju, massudos e frescos, como devem ser.
Vieram as pizzas, de tamanho absolutamente normal (juro que, até às ver, esperava uma coisa diminuta) e, pouco depois, os sumos – e começo por dizer que estes não nos encantaram por aí além. Bem sei que é produto que a Tavi está ainda a trabalhar, em termos de combinações de sabores, mas a consistência é rarefeita, para além de que vieram para a mesa com demasiado gelo. Já as pizzas foram toda uma outra conversa: a massa é fininha e estaladiça, como se quer (sou toda italiana e pouco norte-americana, no que toca a este prato) os ingredientes são muito bons (palminhas para o presunto e para o queijo) e a quantidade é mais do que suficiente, mesmo para gentes de apetites, como eu.
Evidentemente que, ainda assim, haveria sempre lugar para uma sobremesa e quisemos saber qual a oferta – infelizmente, não é farta, mas não deixámos de apreciar uma mousse de chocolate (eu), muito saborosa, mas mais líquida do que deveria, e uma salada de frutas, que cumpriu. Claro que, se a vontade de outros doces fosse mesmo muita, bastaria atravessar a rua e escolher de entre o muito que a Tavi original tem para oferecer – mas, ainda assim, e a pensar nos mais preguiçosos, creio que não seria despiciendo pensar em ter mais umas coisinhas doces por ali.
Acresce que este espaço tem um menu-estudante (bem como um protocolo com a vizinha Universidade Católica, o que me soou ainda melhor) e um fantástico espaço dedicado às crianças, mesmo ao funco da comprida sala: ali, elas podem divertir-se (e até pintar a parede, o que me causou uma inveja retroativa) e permitir aos pais um almoço sossegado – o que constitui um toque simpático e atento. O serviço precisa ainda de ser afinado, em termos de ritmo, mas a simpatia e a boa vontade acabam por colmatar essa pequena falha.
Voltarei, com certeza, sobretudo em dias de sol, em que descer a rua é um prazer, para regressar aos bons apetites.
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