Parte I – Confissão de Carapau
A verdade é que, na terceira semana do mês temático, dedicado à gastronomia internacional, percebemos que, quando demos por adjudicada esta ideia, não contámos com alguns factores que nos são agora óbvios, a saber:
a) a oferta de restaurantes que pratiquem (com seriedade) a cozinha internacional é mínima (em nada comparável à de Lisboa, nem sequer em termos relativos, facto que não se compreende) o que não só nos limita a escolha, como nos leva ao ponto seguinte;
b) sendo a oferta diminuta (excepção feita para o sushi), os preços praticados são quase proibitivos – e se somos Carapaus e não Tubarões, é porque os nossos rendimentos de cardume assalariado não nos permitem grandes vôos (isso é para outro tipo de peixe);
c) ou seja: armámo-nos em Carapaus de corrida em três dos quatro restaurantes escolhidos (dos quais já visitámos três) e quase ficámos tesos que nem Carapaus, pelo que urgia encontrar um sítio onde a relação qualidade/preço nos reequilibrasse as finanças – mesmo porque sabemos que a nossa freguesia, embora comparável aos mais belos peixes dos oceanos (e água doce!), também não andará propriamente a nadar  (faltava-me este trocadilho para levar à loucura qualquer adepto do bom gosto) no vil metal.

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Parte II – O restaurante propriamente dito: Royal Restaurant Tandoori
Foi, portanto, neste contexto que agendámos para a passada quarta-feira (dia, por defeito, das incursões do Cardume) uma incursão turca (depois da japonesa e da indiana) ao Royal Restaurant Tandoori, um espaçozinho que mal se distingue, ali mesmo em frente à estação de metro de Campanhã (zona oriental da cidade do Porto – nem no título resistimos ao trocadilho, perdoe-me a freguesia), cuja afluência maior acontecerá à hora de almoço. Sabíamos, de antemão, pela RV (que já lá fora umas quantas vezes), que os preços não constituiriam o rombo das últimas semanas, pelo que nenhum de nós esperava grande decoração, ambiente ou serviço e foi com o nosso espírito tasqueiro que preparámos o estômago para comer bem & barato (já sabemos que, da trilogia de B’s, algum há-de ser o excluído – e, desta vez, foi a vez do bonito).

O espaço  é bastante amplo e possui, logo à entrada, o balcão com a carne que assa no tradiconal espeto ao alto. De resto, tudo é como que frio e despojado (excepção feita para as imagens de qualidade duvidosa nas paredes, também típicas), como os talheres dentro de uma saqueta de papel, à maneira das cantinas. Mas não era de beleza que íamos em busca, era da comida, pelo que passámos imediatamente à ementa, onde nos cativou a atenção os preços: nada havia para além dos 5€ e os pedidos sucederam-se.

Como entradas, pedimos chamuças (duas de frango e uma de vegetais), murg malai kebab (pedaços de frango temperados com ervas e uma molhaca de natas, acompanhados de salada) e naan de alho – ora se este se revelou de qualidade inferior ao que, na incursão passada, experimentámos no indiano Thali, as chamuças (a 1€ cada) de carne foram uma agradabilíssima surpresa, pela qualidade do recheio. Já as de vegetais não encantaram, pela presença de batata no interior, presentemente dispensável. O murg malai agradou: o tempero é bom e a carne macia. Quando ao naan, algo seco, enriquecêmo-lo com os três molhos postos à disposição: o de iogurte e ervas, o de malaguetas verdes e um outro, alaranjado, de leve sabor a carne.

Como prato principal, optámos pelo donner kebab (também com opção “no prato”), servido com batatas fritas em número considerável, sendo estas congeladas mas de boa qualidade e em ponto de fritura óptimo (embora demasiado salgadas, para o palato do AV). O kebab propriamente dito é muitíssimo bem servido, com salada fresquíssima e carne em quantidade. Notámos, contudo, que esta se apresentou algo seca – o que, lembrou a RV, talvez se devesse ao facto de sermos os primeiros clientes na noite: quando chegámos, passaria pouco das 21h, as mesas estavam todas desocupadas (ao balcão, dois ou três locais punham a conversa e um copito em dia), o que poderá significar que apanhámos a parte da carne (de frango) que estava no espeto desde há umas horas antes. Os fregueses que, a partir das 22h e picos ocuparam mais três ou quatro mesas do restaurante terão sido contemplados com uma chicha mais suculenta, nunca saberemos.

E passámos às sobremesas, já com o estômago bem forrado. Ou melhor, não passámos: a oferta é diminuta e exclusivamente de doces orientais que já no Thali não nos espicaçaram a gulodice. Vai daí, cafezada e (a melhor parte da incursão) o pedido da conta:  três pessoas pagaram o mesmo que, nas últimas incursões, tem pagado (e sim, é o particípio passado regular que se usa com o verbo auxiliar ter, por mais que esta regra seja desconhecida da maioria dos falantes – por isso, pagado e não pago, sendo que este, irregular, fica para quando os auxiliares são ser ou estar) cada um de nós. Desta feita, coube-nos deixar 10€ e uns cêntimos (saliente-se que, sendo as sobremesas a 2,50€ cada, mesmo que as tivéssemos consumido, pouco maiscaro ficaria).

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O restaurante Royal Restaurant Tandoori (que também serve pizzas turcas, pelo que se auto-denomina de pizzeirra, o que quer que isso seja) é ideal para quem está com apetite de sabores diferentes, a um bom preço e, como bónus, ainda tem Sport TV para os jogos que não são transmitidos em canal aberto. Para quem gosta de acompanhar a refeição e/ou o futebol, com uns fininhos janotas, note-se que a cerveja não é Super Bock: ficámos na dúvida se seria Sagres, visto terem vindo para a mesa copos desta marca, mas sabia a mole, mesmo que bem tirada.

E pronto, recuperámos a balança comercial de cada um de nós e estamos preparados para a próxima (e última) incursão internacional que, prevemos, nos aproximará da bancarrota a um duplo nível. Para a semana perceberão porquê.

Até lá, bons apetites!

Royal Restaurant Tandoori

Morada: Rua Justino Teixeira 39, Porto
Telefone: 222 418 076
Horário: Seg a Sáb – 11h30 às 01h00
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