Não é novidade: viemos encantados de um jantar que nos foi ofertado pela Zomato, em parceria com o Restaurante Galeria do Largo. Aliás, na altura, gostei tanto do que comi como do espaço, que soube servir também os pequenos-almoços do Hotel AS 1829, adjacente ao restaurante, pelo que expressei a vontade de, um dia, ali me alojar só para ter o privilégio de desfrutar daquela sala, que imaginava cheia de luz (fosse qual fosse o estado meteorológico), logo de manhãzinha – desejo que não é alheio ao facto de as minhas refeições preferidas serem mesmo o pequeno-almoço e o jantar (embora não desdenhe almoços, claro está).
Qual não é o meu espanto quando sou contactada, directamente para o meu e-mail, por uma responsável do hotel, a convidar-me justamente para provar o pequeno-almoço que tanto me seduzia. Rejubilei, que eu cá sou de alegria fácil, tratei de convocar o meu parceiro de crime e marcámos a coisa para o fim-de-semana seguinte: seria domingo, às 10h (só porque não poderíamos ir mais tarde, visto que o serviço começa às 7h e termina pelas 11h), só porque durante a semana o Largo de São Domingos fica um nadinha fora de mão para quem não trabalha nas imediações.
O dia não estava propriamente famoso: o frio cortante, as nuvens e a iminência da chuva (para além de ser praticamente de madrugada) pareciam querer sabotar o que poderia ser uma manhã perfeita. Mas enganaram-se, os toleirões: desde logo porque encontrámos estacionamento mesmo ao cimo da Rua do Palácio da Bolsa; depois porque aquela sala é, sem dúvida, ainda mais bonita de dia e parece preparada para receber a cor cinzenta do Porto clássico.
Fomos recebidos à entrada por funcionários que reconhecemos e que nos reconheceram, passados uns segundos: jovens, todos muito novos, mas conhecedores da boa prática hoteleira como muita gente com o triplo da idade (e a trabalhar na coisa há 50 anos) não consegue ser. Rapidamente prepararam outra das mesas junto à janela para nós, após o que nos explicaram que ali, o pequeno-almoço (que custa 12€ para os não alojados), era em regime de buffet, pelo que poderíamos servir-nos do que quiséssemos, na quantidade que nos apetecesse – e como eu adoro esta liberdade que não nos leva a comer mais nem menos, mas sabe bem.
Uma vez sentados, foi-nos perguntado se desejámos leite e/ou café, já que há sempre alguém na sala a reencher as chávenas dos clientes, mas passámos. Atirámo-nos primeiramente à fruta (claramente acabadinha de cortar e sem sinal de oxidação): tínhamos kiwis, uvas, melão, melancia, manga e ananás à disposição e tratámos de comer um pouco de tudo, após o que nos servimos de sumo de laranja natural (havia outros, mas dos embalados, bem como vários tipos de leite e água gaseificada) e preparámo-nos para o ataque.
Dirigimo-nos à mesa do pão e folhados e começámos por aquele: havia pão de sementes, de mistura, de forma branco e tostinhas. Enquanto eu escolhi uma fatia de pão de mistura, fresquíssimo e cortado em fatias, o Tiago optou pelo pão de forma branco e optou por torrá-lo, numa espécie de forno arraçado de torradeira gigante. Para lhes fazer companhia, atirámo-nos às “carnes frias” (fiambre, paio, queijo flamengo e salmão fumado – tudo às fatias) e queijo fresco, bem como à manteiga com sal (embalada, Mimosa) e aos quentes: havia tomate cherry grelhado, ovos mexidos (bons mas, quanto a mim, a passar um bocadinho do ponto, porque gosto deles mal cozidos) e bacon, cujas reposições nunca chegaram à altura em que me levantava para o ir buscar.
Havia ainda ovos cozidos (algo que nunca dispenso, em circunstâncias similares, embora os prefira com a gema quase líquida), cereais e frutos secos com fartura (a estes não fomos) e a meia mesa de folhadinhos diversos e tão frescos quanto poderiam estar (adoro massa folhada mas, se não estiver estaladiça e/ou nadar em gordura, passo a detestá-la). Aqui, não resisti aos croissants franceses, às mini-panquecas polvilhadas com icing sugar e, basicamente, a provar cada um dos outros (havia-os de noz, de maçã e outros, mas foram estes dois os meus preferidos), embora nesta altura já estivesse a rebolar de cheia. Terminámos o magnífico repasto com um café e um descafeinado, ambos expresso e dispusemo-nos a vir embora, embora não apetecesse nadinha.
Eu gostei muito da experiência e da oferta, o TD ficou menos bem impressionado, creio que esperava coisas mais diferentes ou mais diversidade (é o que dá ter ficado em hotel-gigante com pequeno almoço condicente, recentemente). Eu gostei do conforto do espaço-pequeno e da aposta na qualidade, mais do que na quantidade (embora esta não fosse desprezível).
Fiquem-se com bons apetites, sim?
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