
Nem sei quantas vezes já tinha intentado ir conhecer o Copos & Cusquices, sem sucesso: ou porque não havia mesa, ou porque éramos muitos, sei lá. À quarta ou quinta tentativa, éramos só três e a coisa deu-se: consegui marcar com apenas dois dias de antecedência, mas com algumas restrições – esta nova modalidade das refeições por turnos, que se está a espalhar pelos restaurantes da cidade, terá a sua razão de ser (imagino que houvesse gente que se sentasse à primeira hora e não saísse até ao fecho, mais a conversar do que a consumir), mas é muito desagradável: detesto pensar que tenho de sair até às X horas porque é tempo de entrar o segundo turno. Não é a primeira vez que mudo de ideias, quando me apresentam semelhantes regras mas, neste caso, porque até tínhamos tempo e eu não queria jantar tarde, marcámos a coisa para as 19h30, sendo que teríamos de sair até às 22h.
Quando chegámos, tínhamos a casa só para nós – e que casa: a porta, que não fotografei desta feita, porque estava aberta, está coberta de botões, e mal entramos percebemos que estamos num local onde a decoração não foi feita à balda – o vintage kitsch é algo que se vê muito por aí, mas no C&C foi reinterpretado com carradas de pinta e pormenores muito interessantes. Perceba-se: as “pernas” da mesa onde jantámos são a base de uma máquina de costura como as que tinham as minhas avós (e daí o símbolo deste estaminé, suponho) – não há como não amar cada detalhe.
O Copos & Cusquices é mais um restaurante de tapas/petiscos (confesso que prefiro a nomenclatura nacional), como tantos que abriram, nos últimos anos, na cidade – mas não é, definitivamente, só mais um – adiando desde já que está no meu Top3 de estaminés do género, na cidade e arredores. Confesso que ia filada nuns menus muito interessantes que este estaminé oferece – mas infelizmente, soubemos então, só durante a semana. Falo dos “Sortidos da Casa”, pensados para duas pessoas, que oferecem duas hipóteses de combinação de seis petiscos, mais batatas, por 18€ – e se pensarmos que cada prato custa no mínimo 5€ (2,50€, as batatas), rapidamente percebemos que se trata de um ótimo negócio.
Como era sábado, tivemos de escolher os petiscos, um a um – e a escolha é tanta e tão apetecível, que acabámos por pedir ajuda à simpática funcionária que nos atendeu. Ela sugeriu a Tralheira (cama de grelos, alheira e ovo de codorniz estrelado) e o Timbale de 3 Queijos (servido em pãezinhos individuais), eu escolhi o chouriço assado (nunca falha) e a MJ os Cogumelos Recheados com Queijo Alentejano e Cebolada de Presunto. Também ficou acordado que cada petisco viria com 3 unidades (ou múltiplos de 3, se fosse necessário), o que é coisa simples, mas em que poucos estaminés têm o cuidado de pensar – o meu aplauso, também por isso. Para acompanhar, a bela da cerveja, pois claro.
Enquanto esperávamos, fomos trincando o pão (branco, mas bom), molhado no azeite com orégãos, e as azeitonas (muito boas). Entretanto vieram os finos e a stout e, logo depois, o belo do chouriço, cuja assadura é assegurada pelos clientes. E tratámos de o deglutir, que a coisa era mesmo muito boa, num belíssimo equilíbrio entre a carne, o tempero e a gordura necessária ao processo; também o pré-cortaram previamente, pelo que trinchá-lo se revelou extremamente fácil.
Logo depois, veio o Timbale de 3 Queijos que, estando mesmo muito bom, deve ser comido enquanto quente, sob pena de perder metade da graça – mas não há como mergulhar o miolo tostado do pão num recheio de queijo, caramba (para além de que lembro-me sempre de Astérix Entre os Helvécios, quando se trata de queijo derretido).
De seguida, a Tralheira, especialmente boa porque ninguém (eufemismo para nenhuma-de-nós) resiste a ovinhos de codorniz fritos, benzósdeus. Finalmente, os Cogumelos Recheados com Queijo Alentejano dos que sabem mesmo a queijo (do Alentejo, coisa mais boa) e uma cebolada de presunto que tornava a coisa ainda mais deliciosa.
Este foi o momento em que era preciso de decidir se continuaríamos ou não a enfardar – e eu, já se sabe, jogo sempre na mesma equipa: a dos que não têm limites. Mas as minhas amigas acharam que já chegava, pelo que tratei de direcionar as antenas para outra coisa: as sobremesas. A oferta não é enorme e é toda em formato de “shot”, sendo que para mim veio o de Mousse de Nutella com base de Oreo e para a VP o de Requeijão com Doce de Abóbora, Amêndoas e Canela – vêm num formato pequeno, mas suficiente para quem quer apenas matar o desejo de doces, sendo que ambos mereceram aplausos.
E era tempo de zarpar, também porque as 22h00 se aproximavam rapidamente: pagámos pouco mais de 11€ cada uma e adorámos os bons apetites que ali nos proporcionaram – pelo que voltarei, por certo, e não tarda muito.
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