
Não se tratou propriamente de uma estreia: há cerca de dois anos e picos, conheci o brunch do entretanto fechado (vá-se lá perceber porquê) BB Gourmet do Aviz, pelo que sabia ao que ia, quando reservei uma mesa para duas pessoas, para o passado dia 1 de Maio: era Dia da Mãe, a minha tem-se mostrado grande admiradora de brunches em regime de buffet (no ano passado fomos ao Terrela) e era seguro dar-lhe a conhecer mais este.
Fiquei, no entanto, absolutamente indignada logo aquando da marcação: liguei umas duas semanas antes, por forma a garantir lugar e não ser surpreendida negativamente, e qual não foi o meu espanto quando me aconteceu, aqui, o que aconteceu no Terrella no ano passado – a saber, a subida do preço fixo do brunch, neste caso nuns ultrajantes 33%, já que o preço normal é de 15€ e o do dia da Mãe seria de 20€. Ainda perguntei de o “rancho” seria mergulhado e o meu interlocutor, após alguma hesitação, teve de admitir que não, que era mesmo só uma questão de “assinalar o dia” (da pior maneira, quanto a mim) e de “fazer alguma triagem”. Ora isto parece-me um abuso sem nome: se os senhores têm o número de lugares que têm e nada o vai alterar, a triagem seria sempre feita pelas pessoas que chegassem primeiro. A não ser que estejam a sugerir que quem pode/condescende em pagar mais 5€ (ou, no meu caso, 10€) é cliente mais apetecível do que quem se recusa a ir em conversas deste calibre. (Creio que estão justificadas as notas menos boas dadas, lá mais em baixo, ao serviço e à relação qualidade/preço.) Mas adiante, porque não me apetecia estar a mudar de planos.
O BB Gourmet – Bolhão fica ali naquele larguinho que existe entre o cruzamento da Rua de Sá da Bandeira com a Rua de Fernandes Tomás, e de interseção desta com a Rua do Bolhão. Tem uma esplanada fantástica, sobretudo em dias de sol e algum calor como foi o dia 1 de Maio. O espaço interior (onde só tinha entrado uma vez, em busca dos chás Kusmi, que são os meus preferidos) também é muito airosa, graças às enormes janelas/montras, ao chão e ao pé direito altíssimo, que permite a existência de um primeiro andar, em forma de sacada, em forma de U (em três das quatro paredes da construção). E é justamente nesse primeiro andar, bastante esguio, que funciona, todos os fins-de-semana e feriados, um dos mais competentes brunches da cidade (apesar da especulação com o valor final): por 15€, normalmente, temos à nossa disposição sopa, saladas, salgados, pão variado, manteiga e compotas, carnes friase fumadas (com molho tártaro e outros, à disposição), croissants tipo brioche e scones, frutas diversas, queijos, panados, espetadinhas, salmão fumado, quiches, wraps, eu sei lá… há ali de tudo, embora em pouca quantidade, porque o balcão não é enorme – mas esta circunstância é compensada com um serviço muitíssimo eficaz, que repõe tudo o que vai escasseando com celeridade, o que é magnífico também porque assim está tudo sempre fresco.
Claro que o facto de o espaço onde se encontra a comida ser ínfimo, e logo ao cimo da escada, dá lugar a situações em que se faz uma filazinha para chegar ao que se pretende, já que duas pessoas não conseguem estar a servir-se do mesmo – mas, na verdade, com aquelas dimensões e disposição, era difícil organizar as coisas de modo diferente. Nós chegámos mesmo ao meio dia (hora a que o brunch começa a ser servido), pelo que não nos foi difícil servir-nos, ao menos da primeira vez.
Eu, como é meu costume, provei de tudo um pouco, e não há o que quer que seja que possa dizer que estava sequer menos bom. Desde a limonada, convenientemente sem açúcar, aos potezinhos com shots de saladas bem combinadas; dos croissants fresquíssimos aos wraps bem recheados e cortados às rodelas, das espetadinhas saborosas à oferta de quiches várias, não há do que reclamar. Tive pena de não provar a sopa, que me pareceu apetitosa, mas entre ela e tudo o resto, tive de optar pelo que me apetecia verdadeiramente (e eu não sou grande fã de sopas), de modo a não desperdiçar qualquer área do estômago.
Para além de tudo isto, que se pode ingerir de acordo com os nossos apetites e vontades, temos direito ainda a um prato quente: a oferta consistia num punhado de pratos com ovos e um outro, de panquecas, com frutos vermelhos e chantilly. Lembro-me que, da outra vez, tinha ido nos ovos Benedict e nas panquecas e de que gostei muito das últimas, pelo que as escolhi, sendo que a mãezinha fez o mesmo. Muita atenção que estas panquecas são das originais e nada têm de fit (daquelas que agora inundam os instagrams de toda a gente, porque se tornaram cool): são gordas e farinhentas e vêm polvilhadas com icing sugar e trazem compota de frutos vermelhos (boníssima, por sinal). Enchem que se fartam, mas são muito boas.
No final, houve ainda lugar para um café, que nos foi servido na mesa e estava incluído no preço (algo que não aconteceu quando, no final de 2013, visitámos o espaço do Aviz). De todo o modo, e apesar dos bons apetites, pergunto-me o que terão pagado os casais ou grupos de amigas que por lá vi: não estavam a comemorar o dia da Mãe, pelo que não faria sentido o acréscimo de preço; mas, se pagassem menos e comessem o mesmo do que eu, a situação era ainda mais disparatada, porque eu estaria a ser taxada por estar com a minha mãe.
A solução? Deixem-se de tretas, ó estaminés do burgo, e parem lá com esta especulação absurda: não é assim que vão enriquecer (seguramente) e só causam má impressão a quem vos frequenta para além destes dias.
Boa? Então vá.
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