
Não há como acompanhar todas as novidades na cidade do Porto: também no que toca à gastronomia, há estaminés a abrir como se fossem cogumelos de geração espontânea. Ainda assim, quando li sobre o Avenida 830, não pude deixar de ficar com ele debaixo de olho: fica ali mesmo ao pé da Casa da Música, a cinco minutos do meu local de trabalho, e haveria de o ir experimentar em breve, sobretudo porque ouvira falar de um “menu executivo” por 8€, disponível à hora de almoço, em dias úteis.
Assim, mal se tratou de marcar um dos mais-ou-menos-regulares-almoços-durante-a-semana com a RV (Carapaua-fundadora e eternamente honorária), este menino foi um dos sugeridos por mim, sendo que a escolha definitiva aconteceu mais por exclusão de partes do que por outra coisa qualquer: o Avenida 830 faz o favor de estar aberto à segunda-feira (ainda que apenas à hora de almoço), ao contrário das outras duas sugestões. Vai daí, tratámos de marcar a coisa para as 13h (via aplicação Fork, que é simpática porque vamos acumulando pontos que acabam por proporcionar descontos, ainda que modestos) e lá fomos.
Fui a primeira a chegar e confesso que, embora tenha gostado de uma espécie de primeira salinha, mesmo junto à entrada, não fiquei impressionada quando entrei no espaço principal, que consiste numa looooonga sala (inicialmente tipo corredor, que desagua numa coisa mais arejada e, finalmente, na esplanada, onde outrora terá sido o jardim): a decoração, que muitos dirão minimalista, em tons de branco e cinzento, não abona a favor da sensação de conforto, antes dá um ar industrial (que não no bom sentido), frio.
Mas tudo bem, que o que nos interessa verdadeiramente é o serviço e o que se come – ainda que não nos tivéssemos importado nada que a mesa que nos calhou em sorte fosse na esplanada, que estava convidativa naquele dia de sol. De resto, é sítio onde me apetece voltar a breve trecho, mal o calor-como-deve-ser se instale de vez, mas adiante.
Fomos atendidas por um simpático funcionário, tão delicado que era difícil ouvir o que dizia. Explicou-nos em que consistia o menu executivo, composto por sopa do dia, pão, prato principal (à escolha de entre um de carne e um de peixe), bebida, sobremesa (opção de dois doces e fruta, naquele dia) e café. Também há serviço à carta, evidentemente, com ofertas de peixe, carne (há muitos bifes no menu) e alguns pratos vegetarianos, mas esse ficará para um eventual jantar que venha a ter lugar por ali.
Como o resto dos comensais que ali estavam (curiosamente, todos homens, provavelmente trabalhadores nas redondezas), optámos pela opção low cost e encetámos hostilidades com um creme de legumes que estava francamente bom e acabadinho de fazer (é que até escaldava!). Como prato principal, prescindimos ambas do frango na púcara e optámos pelas lulas recheadas com puré: estavam saborosas, embora muito provavelmente deixassem com fome estômagos mais vorazes; por outro lado, a RV encontrou um pedaço de palito numa das suas duas lulas, o que poderia ser perigoso e merece atenção por parte da cozinha.
Para sobremesa, havia bolo de profiteroles, aquilo que a casa designou de bavaroise de manga e salada de frutas; eu escolhi o primeiro, a RV a segunda. Desde logo, a bavaroise, se o era, não estava bem confecionada: parecia uma mousse, mais líquida do que cremosa, com pouca consistência, talvez porque a gelatina em placa usada não estava completamente diluída, o que levou a que fossem encontrados pedaços de gelatina no meio de uma textura que devia ser uniforme – de resto, esta foi a maior desilusão do almoço e a sobremesa não foi sequer terminada. Já o meu bolo de profiteroles estava agradável, embora não sensacional.
Vieram os cafés, deram-se mais duas de letra (tínhamos pressa mas não muita), fomos praticamente as últimas a sair (o Avenida830 fecha às 15h) e encerrámos do melhor modo, a pagar apenas 8€ por uma refeição completa e acima da média, para o preço.
De salientar que não é difícil encontrar estacionamento na zona: para além do parque (pago) da Casa da Música, não é difícil encontrar lugar junto ao cemitério de Agramonte ou numa das ruelas ali perto.
E é muito isto.
Bons apetites, sim?
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