Foi uma decisão assim de última hora: e se fôssemos ver a Bienal de São Paulo (ou uma exposição feita a partir dela) presente no Museu de Arte Contemporânea de Serralves (até meados de Janeiro, para os interessados) e comêssemos mesmo por lá? Era um domingo, a hora de almoço já tinha começado há algum tempo e, ainda assim, às duas da tarde, tivemos de esperar cerca de meia hora para nos podermos sentar, tamanha era a afluência (e o tempo fresquinho, o que inviabilizava as mesas da enorme esplanada que, de outro modo, seriam bem mais apetecíveis para nós), o que só mostra o quão Serralves está viva e de boa saúde.
Ainda assim, esfaimados que estávamos, dispusemo-nos a esperar: o buffet parecia-nos simpático e o facto de haver um menu família (éramos dois adultos e uma pré-adolescente) por preço bem mais simpático, conquistou-nos. Certificámo-nos junto da funcionária que de que a idade limite dessa modalidade era mesmo os 12 anos, como é uso ser, e aguardámos que nos conduzissem a uma mesa para quatro, infelizmente longe das imensas janelas com vista para o muito verde mas, porque nada é só mau, bem perto da mesa de saladas, frios e sobremesas, e logo adiante da mesa dos pratos quentes.
Pedimos as bebidas (Coca-Colas e água), que sabíamos que seriam pagas à parte e avançámos para a mesa de frios, de que constavam uns simpáticos croquetes acabados de fazer (os pastéis de bacalhau já não encantaram) e uma diversidade assinalável de saladas (couve roxa, beterraba, milho, alfaces, tomate cru e assado, cenoura, feijão verde com polvo e cenoura), bem como uma sopa que foi gabada (mas não ingerida por esta vossa criada). Havia ainda uma quiche de ervilhas, morcela, cogumelos salteados (infelizmente gelados) e azeitona da boa. Como é uso, perdemo-nos um bocadinho nestes entreténs e já não havia muita fome quando se tratou de provar os pratos quentes.
Ainda assim, porque Carapau nunca se encolhe, fomo-nos a eles: havia carne de porco assada com batata frita às rodelas (estas magníficas, aquele saboroso mas frio), atum fresco com courgette (muitíssimo bom) e uma lasanha de espinafres que já não me senti capaz de provar.
Nas sobremesas, havia algumas frutas com bom ar (uvas, kiwi, ananás, laranja) e um punhado de sobremesas, das quais destaco um pudim de ovos bastante bom, um cheesecake “aldrabado” (feito em tabuleiro) honesto e um bolo de chocolate muito parecido com o da Padaria Ribeiro.
No final, o ponto menos simpático desta nossa passagem por Serralves prendeu-se justamente com a conta: a funcionária que estava na caixa resolveu insistir no facto de que o Menu Família destinava-se a dois adultos, sim senhores, e a uma criança até dez anos. Ora isso seria perfeitamente aceitável se a informação estivesse claramente plasmada à entrada e se não nos tivessem dado outra, quando a solicitámos. Vai daí, a senhora não teve qualquer pejo em corrigir a colega da entrada que (wait for it) ainda por cima estava certíssima, como qualquer um pode verificar se aceder ao site de Serralves e aos preços praticados nos restaurantes: os 12 anos são mesmo a idade-limite. Claro que nessa altura eu não sabia de nada disto (confirmei-o a posteriori) mas, ainda assim, fiz valer o pouco que sei de direitos do consumidor, aventando a hipótese de que, se fôssemos clientes meeeesmo chatos, faríamos valer a prerrogativa de nos ser cobrado o que nos havia sido “vendido” à entrada.
Valeu-nos que a senhora funcionária da caixa, embora desinformada, não era de todo destituída: percebeu que tinha mas era de nos cobrar o valor de 32€ – se pagássemos fora deste menu, a brincadeira teria subido para 48€, uma vez que o preço individual, sem bebidas, é de 16€.
Se fiquei maravilhada? Não. Mas sou bem capaz de voltar (e de levar à senhora da caixa a informação que consta do site da empresa para a qual trabalha, porque uma boa acção nunca fica mal).
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Restaurante Serralves | Porto
Localidade: Porto
Telefone: 226 170 335
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