Tínhamos a Cantarinha agendada há já uns meses, desde que me apercebi de que, no site da Zomato, havia quem lhe atribuísse a responsabilidade de servir as francesinhas com melhor relação qualidade/preço da Invicta e mesmo, em termos absolutos, o título (sempre estranho, para nós, que temos dificuldades em formar pódios) de a-melhor-francesinha-do-Porto. Fosse como fosse, havia que experimentar e ver em que medida concordávamos ou não com as opiniões, mesmo porque nos pelamos por provar francesinhas de boa fama.

Decidimos marcar a coisa para uma sexta-feira de princípio de Outono, já que a primeira tentativa, no final de Agosto, saiu furada (o estaminé fechou para férias na altura) e, ainda que não tenha sido preciso fazer reserva (os lugares não são mais do que uns trinta, mas a afluência é moderada), o estacionamento na zona não é fácil, pelo que acabámos por optar por um dos dois parques privados que moram umas portas abaixo, ali no Largo da Maternidade (na zona de Cedofeita e na vizinhança do Frida, que aqui trouxemos na passada semana).

Uma vez chegados, a mesa para quatro foi rapidamente disponibilizada (haveria de chegar mais meia dúzia de pessoas, na hora e meia em que ali estivemos): o serviço, descontraído e muito familiar, é célere, competente e educado, ainda que sem quaisquer requintes — estamos a falar de um café tradicional cruzado de cervejaria, daqueles em que provavelmente nunca entraria, não fora a fama das sandes portuenses (sem snobeiras: há sítios que não são apelativos e pronto).

Sem ementas, mesmo porque não eram precisas, a escolha foi rápida: quatro francesinhas (duas com ovo e duas sem) e batata frita à parte, mais as bebidas (a coisa ficou entre os finos e a Coca-Cola) ― e não se falava mais nisso. A confecção foi rápida e, em menos de três tempos, tínhamos os pratos na mesa, sendo que as batatas, caseiríssimas (mas não especialmente espectaculares), foram servidas em travessa de alumínio, à parte. O molho, fumegante, saltou-me de imediato à vista: sabia que o sentiria demasiado ácido (de atomatado), o que vim a confirmar à primeira dentada; também tinha cerveja em excesso, o que agradará o palato de muitos (as opiniões dividiram-se, mesmo entre o nosso quarteto), mas não especialmente ao meu.

De resto, as carnes são boas e bem servidas, embora não vão ao encontro dos puristas da salsicha fresca: ali, temos a de lata ou frasco, tipo alemã — algo que não ponho necessariamente de parte mas que também não me enche as medidas. O bife é bastante tenro, embora fininho: nota-se que houve a preocupação de lhe retirar todas as nervuras e de o bater bem. No que toca à dimensão, esta é uma francesinha de tamanho médio, das que satisfazem sem encher mesmo estômagos avantajados, como é o caso desta vossa criada (o que foi bestial, porque fomos almoçar a meio de um dia de trabalho).

[bctt tweet=”O bife é bastante tenro, embora fininho: nota-se que houve a preocupação de lhe retirar todas as nervuras e de o bater bem.”]

Uma particularidade interessante é que, ao contrário do que se passa na maioria das chafaricas congéneres, aqui não há um jarro ou leiteira com molho que seja deixado na mesa, para que cada um se sirva; n’A Cantarinha, quem serve o molho é o funcionário (ou proprietário, não cheguei a perceber e, para o caso, interessa nada): de cinco em cinco minutos (não, não estou a exagerar), passa na mesa de jarrinho de alumínio em punho, para saber se “algum jovem deseja mais molho?”. Deste modo, mantém o molho quente, embora deva confessar que considero que as visitas podiam ser um nadinha mais espaçadas: é que, a par com a máquina de café, cuja vaporização faz um barulho medonho, a coisa torna-se um bocadinho incomodativa e as conversas estão permanentemente a ser interrompidas. Mas atenção: adorámos o serviço, ainda assim.

No final, nem sequer perguntámos por sobremesas e atirámo-nos de imediato aos cafés, juntamente com os quais foi trazido outro dos cartões-de-visita da casa: duas garrafas de água, de plástico, das de meio litro, meio cheias com digestivos caseiros (daqueles que jamais passariam no controlo da ASAE, desde logo pelo recipiente), daqueles que desentopem artérias, sabem? Com eles, nem um copinho nem coisa que o valha: aquilo é mesmo para misturar com o café ou, em alternativa (como eu fiz), beber da chávena quando o café acabasse, como quem a enxagua. Fui a única que se atreveu mas a coisa soube-me ao licor de tangerina da avó E., de quem tenho muitas saudades.

Também a apresentação da conta é sui generis: nem facturas saídas de uma máquina, nem sequer um papel rabiscado à mão ―ali é tudo muito ecológico e o valor foi comunicado oralmente (algo com que provavelmente implicaríamos, noutro lado, mas não ali) e pronto. Coube 8,75€ a cada um, já com uma pequena gorjeta e, de facto, temos estaminé relevante em termos de relação qualidade/preço, para quem não se importa de prescindir de todo e qualquer salamaleque.

Nós gostámos: proporcionou-nos bons apetites, sim senhores, sem que no entanto tenhamos a tentação de dizer que se trata de o-melhor-isto-ou-aquilo (mas isso somos nós, já se sabe).

A Cantarinha Café | Porto
3.5 / 5 Carapaus
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Positivos
  • o serviço despachado
  • o preço
  • os licores
  • Negativos
  • o estacionamento
  • o barulho das máquinas
  • o espaço
  • Resumo
    Excelente relação qualidade/preço, para uma francesinha muito satisfatória.
    Serviço4
    Comida3.5
    Preço/Qualidade4
    Espaço2.5
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    A Cantarinha Café | Porto

    Morada: Largo da Maternidade de Júlio Dinis 75, Cedofeita, Porto
    Telefone: 915 453 130
    Horário: Seg a Sáb – 07h às 24h | Dom – 09h às 24h
    Aceitam reservas? Sim

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