Foi a nossa segunda tentativa de ir conhecer este espaço recente na cidade do Porto: da outra vez, era segunda feira e esse é o dia de descanso deste estaminé, (mais ou menos) recentemente aberto na Praça de Carlos Alberto – aprendemos a lição e, desta feita, voltámos a uma quarta, para não correr riscos. Poucos minutos depois das 13h, a casa estava já cheiíssima (esplanada incluída), entre locais (na sua grande maioria) e estrangeiros, e só não ficámos à espera de mesa porque a JSS foi à frente e, à nossa chegada, já tínhamos lugar, numa simpática mesa redonda.
O espaço é muito interessante e agradável, ainda que não original: a mescla do vintage e do contemporâneo é tendência bastante vista em espaços similares – e, ainda assim, cai sempre bem. Há mesas altas, um mini-balcão, mesas redondas, quadradas e a esplanada, num conjunto harmónico e interessante, onde nos sentimos bem.
Começo pelo que menos me agradou: o serviço. Por um lado, fomos atendidas por uma funcionária que parecia pouco ou nada saber dos produtos que a casa oferece – havia boa vontade, mas pouca eficácia (e muito esquecimento); depois, e foi isto que mais me incomodou, havia dois ou três jovens senhores a trazer objetos decorativos da cave que, por mais do que uma vez (cada um) empurraram a cadeira onde estava sentada – e só perante um audível “ai” um deles pediu desculpas pouco convictas. E nem sequer creio que se tenha tratado de má educação, mas apenas de falta dela: infelizmente, ainda subsiste a crença de que qualquer pessoa serve para o ramo da restauração – o que não é, de todo, verdade. Creio que é caraterística que o Zenith precisa de afinar, se pretende criar clientes fiéis: ninguém volta a um sítio onde não se sentiu bem-recebido, por melhor que seja a comida.
Decidimos escolher três pratos diferentes: a RV pediu uma Tosta Vegan (com queijo vegan, mix de alfaces e rúcula, cogumelos selvagens, abacate, tomate seco, coentros e chutney de manga e ananás), a JSS quis os Ovos Benedict com salmão (escalfados e servidos em tosta de pão de água, com abacate e molho hollandaise), e eu os Ovos Zenith ( escalfados panados, servidos em tosta de pão de água, com presunto crocante, abacate, tomate cherry e molho hollandaise). Todas nos deliciámos com as combinações de sabores e a qualidade dos ingredientes – e, o que não é de somenos, com a beleza das loiças utilizadas. Eu, particularmente, adorei os ovos escalfados panados – conceito que desconhecia e de que fiquei fã. Acompanhámos com o sumo do dia, de morango, maçã e melancia, que estava satisfez (e não tinha açúcar adicionado, o que me parece sempre bem).
Claro que, nesta altura, uma questão se colocava: e sobremesa? Na verdade, o que é elencado na ementa não nos agradava por aí além (e, para além disso, não havia o mais apetecível: muffins e bolos caseiros), pelo que nos inclinámos para as panquecas. Mas uma questão se nos colocava: seria razoável pagar 6€ (o preço de cada uma das combinações panquecais) por uma sobremesa, num sítio que está longe de ser de luxo? Decidimos que, definitivamente, nem pensar – e optámos por pedir uma, que dividiríamos pelas três. Perguntámos, por isso, a quem nos atendeu, se viriam duas panquecas. Que não, que era só uma – respondeu-nos. Não era, e seria um ultraje se fosse, mas vimos passar duas panquecas gordas para uma mesa vizinha e acabámos por pedir as de Oreo (com creme de banana, morangos, gelado artesanal e pepitas de Oreo), depois de muita negociação, porque todas queríamos coisas diferentes.
E a panqueca-sobremesa estava de facto muito boa, tendo sido degustadíssima até ao fim – embora continue a achar que os 6€ são um disparate de um preço, sobretudo se pensarmos nos valores que são praticados ali perto, no Diplomata, que faz as melhores panquecas que já comi, até hoje (pelo que a comparação é inevitável e necessária). De resto, esse é, para mim, o grande defeito do Zenith: os preços praticados são excessivos e não foram pensados para o bolso do portuense médio – que é, afinal, quem manterá o estaminé aberto durante todo o ano. Pagámos quase 15€ pcada uma por muito pouca coisa – e fora essa disparidade, os bons apetites foram um facto incontestado e incontestável.
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