
Há muito que tínhamos esta jantarada combinada: um dos nossos jantares mensais haveria de ser no Romando Sushi Caffé, onde tanto a MC como a SC vão amiúde, mas eu e a AC nem por isso – e reuniram-se as condições para que fosse o de fevereiro (já quase março, na realidade). Plantado à beira da marina, num edifício em forma de cubo-aquário e sem grande beleza, goza, no entanto, de uma vista privilegiada que as enormes janelas deixam vislumbrar. Imagino que de dia, ou numa noite iluminada de Verão, o espetáculo seja deslumbrante.
Confesso que a primeira impressão não me deslumbrou de todo: a entrada é feita por uma rampa que termina abruptamente à porta, sem corrimão nem qualquer proteção que impeça as consequências de um desequilíbrio, uma distração ou uma criança menos atenta; depois, a porta é alta, em vidro e de correr – e a pessoa, que não é propriamente uma franganota sem força, estava a ter sérias dificuldades em abrir a coisa, sem aquilo sair das calhas. Quando consegui que se abrisse o suficiente para poder passar a cabeça pelo espaço, perguntei aos três funcionários que estavam a um metro, a confraternizar (de tal modo que achei que poderia estar a invadir uma zona exclusiva dos funcionários) se era por ali a entrada. Que sim, disseram, não tardando em continuar a conversa, deixando-me na minha luta – foi pouco profissional e deselegante, para dizer o mínimo.
Mas adiante: marcámos a coisa com uma semana de antecedência e tivemos sorte de arranjar mesa para quatro, porque o Romando é bicho concorrido e pouco depois das 20h já estava absolutamente lotado; curiosamente, ainda há tempo para uma segunda ronda: entre as 21h00 e as 22h30 não pararam de chegar gentes para ocupar que as mesas que, entretanto, haviam vagado.
O pedido foi feito pela MBC, que conhece a ementa de trás para a frente, coadjuvada pela SC, que vai pelo mesmo caminho; viria a Tempura de Camarão e Amêndoa com Molho Agridoce para entrada e, depois, dois combinados: um de 50 peças de sushi e sashimi (Special Marina) e outro de 22 peças de sushi (Combinado Romando). Para beber, escolhemos a Sangria de Saké para todas e uma Coca-Cola Zero para a AC, que só provaria a sangria.
Fiquei agradavelmente surpreendida com o tempo de serviço da entrada e da sangria: foi rapidíssimo e a tempura de camarão chegou, saborosa, crocante e acabadinha de fritar. Infelizmente, eram 5 peças, sendo nós quatro pessoas – e eu entendo que haja uma predefinição das doses, mas os restaurantes deveriam ter a flexibilidade de ajustar a norma às circunstâncias, mesmo porque nem todas as pessoas sentadas a uma mesma mesa podem não fazer cerimónia em situações similares. No nosso caso, foi fácil: o quinto camarão foi para a enfardadeira de serviço, esta vossa criada.
Já o sushi demorou o que pareceu uma eternidade a ser servido: esperámos mais de meia hora (cerca de 40 minutos, para ser rigorosa) pelas 50 peças e mais uns minutos pelas 22, que eram uma versão diminuída das 50, mas sem sashimi – no sentido em que as peças se repetiam. Cumpre-me dizer que, no caso do combinado de 50 peças, as de sushi estavam em grupos de 4, o que é simpático, mas fortuito, isto é: é assim e nada teve que ver com o número de pessoas sentadas à mesa.
Devo dizer que o sashimi (robalo, atum, barriga de salmão e um peixe típico japonês do qual não apanhei o nome) estava soberbo, do melhor que já me foi dado a provar: as peças estavam bem cortadas, eram de tamanho generoso e a frescura e qualidade do peixe era de aplaudir. Também o sushi era muitíssimo bom: pouco arroz e muito peixe, nada de frutinhas e parvoíces que tais, só uns quentes que não só não ofendiam como estavam especialmente bem conseguidos – e algumas peças de exceção, como os nigiris de robalo e outras com ovo de codorniz. De todo o modo, não havia uma única peça de que pudéssemos dizer que era menos boa, até os makis foram aplaudidos.
Em contraste com a imensa qualidade da comida, esteve infelizmente o serviço, que não está de todo à altura do resto (muito menos da conta): demorado, atabalhoado (foi preciso pedir uma coca-cola três vezes para que ela viesse para a mesa), trapalhão (houve um par de vezes em que não perceberam o que pedíamos e trouxeram coisas tontas), pouco naturalmente simpático. Primeiramente, até nos serviam a sangria, de cada vez que um copo precisava de ser cheio; depois, servíamos nós, certamente para não nos habituarmos mal.
Passando às sobremesas, optámos por pedir quatro coisas diferentes, para podermos provar o máximo de sabores possível: veio um Red Velvet Cheesecake para a AC, uma Torta de Laranja Húmida com Mousse de Iogurte Grego para a MBC, um Tiramisú de Chocolate e Framboesas para a SF e um Fondant de Caramelo com Bola de Gelado de Gengibre (este feito na hora, pelo que demorou cerca de 15 minutos, o que nos foi dado a conhecer pela funcionária) para mim. E, caríssimo Cardume, se batemos barbatanas ao resto, as sobremesas em nada desmereceram a fama que têm: que coisas tão boas, caramba. Confesso que o meu preferido foi o Cheesecake, que é assim uma coisa de sonho – mas tudo o mais tem a mesma qualidade, dependerá apenas das preferências de cada um.
No final, uma conta redonda: 40€, nem mais nem menos, o que corresponde inteiramente à imensa qualidade de tudo quanto comemos; só o serviço precisa de melhorar para que possamos chamar ao Romando um estaminé de referência, sem hesitações.
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Romando Sushi Caffé | Vila do Conde
Localidade: Vila do Conde
Telefone: 917 477 735
Horário: Seg a Dom- 11h00 às 02h00
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