Nesta altura do ano, as refeições de Natal multiplicam-se – e não falo necessariamente de grandes grupos ou de jantares lá do sítio onde se trabalha, mas tão só aquela coisa de termos de nos encontrar com amigos para trocar presentes de Natal e optarmos por fazê-lo à mesa, enquanto se degustam novos ou velhos sabores, que é sempre a melhor forma de se fazer a maioria das coisas.
Eu e a ES fomos ao Pisca num dia de sol do quentinho: o rio estava lindo e nada mais apetecia do que tratarmos da fome num espaço com vista para a água – e porque o prevíamos, tratámos de escolher o Pisca, que o AG me recomendara há séculos e que trazia na minha infinita lista dos “a visitar” desde então (não há probabilidade alguma de um dia acabar com a dita lista, dada a miríade de novos e convidativos espaços que abrem por aí). Obviamente, fizemos a reserva com alguns dias de antecedência – prática que aconselhamos por regra, mas reforçamos em épocas festivas.
Esperava-nos uma mesa com vista para o Douro (conforme nos fora prometido ao telefone, aquando da reserva), no primeiro andar, que preferimos à esplanada – não porque esta não pareça convidativa, mas porque, no Inverno, não gosto de arriscar, mesmo com sol. Ao redor, grupos maiores ou mais pequenos antecipavam o dia de Natal, entre trocas de presentes e comemorações, quem sabe anuais, em que se festeja a vida e a amizade – e tudo aquilo para que o Natal serve como (bom) pretexto.
Uma vez instaladas, foi-nos trazido o couvert, constituído por pão de água fofo e uma mistura de bom azeite com belíssimo molho pesto – combinação simples mas sempre vencedora, se os ingredientes forem de boa qualidade, como eram. Depois tratámos de escolher o vinho (Evel branco, fresquinho e mantido em balde de gelo – coisa sempre segura) e os petiscos que nos aprouve, como se segue.
Abrimos hostilidades com uma Tábua de Queijos, acompanhada por tostinhas caseiras e doce de abóbora, que nos soube pela vida, já que, ambas queijeiras assumidas, apreciamos todos os tipos que se nos ofereceram, a saber: gorgonzola, queijo da Ilha e queijo de ovelha amanteigado. Logo de seguida, degustámos um Pisto, que consiste numa espécie de refogado de ovo, tomate e pimento, novamente com queijo, que é coisa que nunca enjoa, e acompanhado pelas mesmas tostas caseiras. Em terceiro lugar, uns Ovos Rotos, combinação sempre ganhadora. Finalmente, uma Tempura de Gambas e Cebola (em tamanho mini), que só me desgostou porque os pedaços de gambas eram pouquíssimos e os de cebola de qualidade menos que mediana.
Não querendo terminar nesta nota menos positiva, atirámo-nos à sobremesa, sendo que desprezámos as da carta (não porque nos pareceram más, ressalve-se) e aceitámos a sugestão das do dia, que pareciam ótimas, mas não nos encantaram. Por um lado, uma Tarte de Chocolate Crocante, de pouca crocância e pouco sabor e, por outro, um Crumble de Banana, a priori arriscado, porque eu não sou grande apreciadora do fruto – e que se revelou entre o enjoativo e o sensaborão ( o que parece contraditório mas garanto que não).
Ainda assim, o cômputo geral foi muito positivo e o Pisca caiu-me no goto, ficando registado para as muitas vezes em que me apetece comer qualquer coisa para aqueles lados. Depois do café, a coisa ficou em cerca de 25€ por estômago, o que me parece muito razoável, tendo em conta os bons apetites e a vista (que também se paga).
Pisca Restaurante | Porto
4.6 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(1 voto)
Positivos
A vista para o Douro
O conceito
Negativos
As sobremesas
Resumo
Na Foz do Douro e com vista privilegiada para o rio, o Pisca é sítio elegante e convidativo para quem gosta de bons petiscos, num espaço atraente, com bom serviço.
Quisemos visitar o Domo, pela primeira vez, no Verão, mas tivemos falta de pontaria: estava fechado para férias – as pontuações que este pequeno estaminé tem alcançado, nos sites da especialidade, apontavam para algo de muito bom. Quase três meses depois, a coisa concretizou-se finalmente: marcámos uma hora de almoço, reservámos mesa e lá fomos conhecer o Domo, sito mesmo ao lado do parque de estacionamento da Trindade, em Fernandes Tomás.
Fui a primeira a chegar e fiquei agradavelmente surpreendida pelo modo como o espaço, ínfimo, foi sabiamente aproveitado e decorado, tornando-se numa espécie de reduto de conforto de onde avistamos a azáfama da rua. Todos os elementos parecem ter sido pensados tendo em vista um todo harmonioso, claramente alcançado. A equipa de produção de sushi é jovem (e toda masculina, como não é raro nestas andanças, embora já haja exceções) e, soubemo-lo depois, muito competente.
Há vários menus executivos de sushi (para além das ofertas da carta normal), que pretendem responder às preferências e ao bolso de cada comensal: eu e a JSS optámos pelo Tempura (12 peças e tempura de camarão, por 13€) e a RV pelo de 12 Peças, apenas (10,50€), mas para além destes há o de 16 Peças (14€) e o Temaki (16 peças e temaki de salmão, por 16€). Todos os menus incluem uma entrada, a escolher entre Sopa Miso e Dois Crepes de Legumes, bem como uma bebida (limonada, chá do dia, água ou copo de vinho): e lá veio o Miso para mim e para a RV, os Crepes para a JSS, a limonada para mim e para a JSS e uma água para a RV, que não gosta de limonada adoçada (e aquela estava-o, um pouquinho).
O serviço, feito por um senhor mais velho do que a equipa de confeção, era claramente amador e à primeira vista pouco amistoso, mas veio a revelar-se simpático, bem-humorado e relativamente rápido, o que só foi maculado pelo atraso das tempuras, que foram colocadas por engano noutra mesa, que não as havia encomendado (e a malta comeu e nada disse, pois está claro). De resto, as sopas vieram quase de imediato (e estavam ótimas), os crepes imediatamente depois (muito bons, disse a JSS) e, de seguida, os pratos de sushi, que tinham 4 quentes (fininhos, pelo que valeram por dois na contabilização das peças), dois nigiris (perfeitos), dois gunkans (sempre os meus preferidos, e aqui confirmou-se a qualidade), e uns rolinhos mais comuns, todos muito bons. A tempura, que acabou por ser comida simultaneamente, também estava belíssima: o polme crocante e as gambas grandes e carnudas, como deveriam ser sempre.
Ora uma vez que, até aqui, não havia senão elogios, não pudemos deixar de alinhar na ideia das sobremesas, cuja oferta é reduzida: havia gelado, mousse de Nutella (para que me inclinei primeiramente) e a tarte ou bolo do dia, que viemos a saber ser uma Delícia de Chocolate “que é uma delícia”, acrescentou o funcionário. Somos facilmente convencidas e lá vieram duas: uma para mim e outra para as minhas amigas dividirem entre si – e não nos arrependemos: estava em causa um bolos de chocolate baixinho e húmido , com pouca ou nenhuma farinha, perfeito para terminar o repasto.
Prescindimos dos cafés e acabámos por pagar valores díspares, de acordo com o que comemos: eu fui a mais taxada, porque sou uma glutona e adicionei ao valor do menu o da sobremesa (pagando 17,50€), mas a RV, que escolheu o menu mais barato e só comeu meia sobremesa, pagou apenas 12,75€, o que me parece fantástico para os bons apetites que nos foram proporcionados.
Domo | Sushi | Porto
4.4 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
O sushi
a tempura
Resumo
Sushi de muita qualidade, com um menu de almoço a bom preço, num espaço muitíssimo bem recuperado.
Sabem aquela sensação raríssima de irem a um restaurante onde gostam mesmo de tudo – e até aquilo que, noutros sítios, seria potencial falha a assinalar, passa a ser só uma caraterística? Ora pronto, hoje temos uma posta dessas, para gáudio de quem acha que eu normalmente sou uma chata e uma picuinhas e tenho sempre coisas a apontar – e tenho, mas neste caso são mesmo muito boas.
O Michizaki é uma tasca japonesa, em Braga (ali pretinha da Sé) – e se há gastronomia que me encanta é a nipónica que, obviamente, inclui o sushi e o sashimi, mas não só não se resume (de todo) a estes como, quando os serve, não vai cá em frutinhas nem queijos-creme, nem frituras (embora possa condescender quanto a esta última caraterística). Foi no Shiko que descobri as muitas maravilhas destes sabores e o Michizaki provou-me que pode deixar-me igualmente encantada.
Éramos quatro e marcámos mesa para as 20h – de resto, é algo que aconselho vivamente, porque as mesas estiveram sempre cheias, durante todo o serão. O espaço, sendo pequeno e muito simples, sem aqueles imensos laivos de criatividade decorativa que, hodiernamente, parecem ser requisito essencial para qualquer estaminé (e que eu acho, as mais das vezes, demasiado forçados), é aconchegante e simpático, beneficia das janelas grandes para a rua, tem um balcão onde nos podemos sentar a ver os chefs/sushimen a fazer magia e tem mesas que albergarão umas 20 a 30 pessoas (não contei, estou a tentar não errar muito no cálculo), pelo que não estão longe umas das outras – e, curiosamente, o ambiente é tranquilo, não ouvimos as conversas do lado e o conforto é a nota principal.
Antes de avançar, um destaque para o serviço, que foi exemplar desde o primeiro minuto. Eu sou uma cliente chatinha, das que querem saber coisas (ingredientes, histórias, sei lá) e nunca compreendo por que diabo se considera, ainda, neste país, que qualquer pessoa com bracinhos e perninhas pode servir à mesa – porque não pode. Ou não deveria. Um empregado de mesa tem de ser formado no sentido de saber explicar aos clientes o que estão a comer: como se chama, de que modo é feito, qual a sua história – eu como com muito prazer e gosto muito de conhecer (também) o que como. E aqui, no Michizaki, tudo é explicado como se não percebêssemos nada do assunto – mesmo porque a verdade é que não percebemos.
Assim, soubemos que há uma ementa para cada estação do ano, toda ela com cerca de duas dezenas de pratinhos em formato de petisco (mais sushi e sashimi, em variações diversas), já que a filosofia é a da partilha – e foram-nos aconselhados cerca de 4 itens por pessoa. Absolutamente avassaladas pela carta, aceitámos imediatamente a ideia de nos ser servido o que o Chef bem entendesse – e, nesse caso, só temos de dar conta de algum tipo de intolerância alimentar (ou preferência), para que não haja surpresas. Como eu e a MBC somos de boa boca e a AC e a SF só intoleram coentros (que ali não se usam), foi só dar início ao festim, que não demorou um par de minutos a ser encetado.
Juro que, nesta altura, tinha intenção de apontar o que comíamos, por ordem cronológica, mas depois percebi que tal só me traria dissabores, porque acabaria por perder tempo quando havia ali tanto para desfrutar e, concomitantemente, ninguém quer ler tanto detalhe. Por isso, permitam-me que resuma: começámos com Nigiri de Barbatana de Pregado (nesta altura ainda estava a apontar, bem entendido), que teve duplo (bom) sabor, porque não só foi uma oferta da casa como se tratou do melhor nigiri que alguma vez me foi dado a provar: o arroz é perfeito, com o toque avinagrado certo, e a conjugação de sabores não poderia ser melhor (palmas para o peixe, tão fresco que só lhe faltava estar vivo). Logo depois, aquela que foi, consensualmente, a estrela da noite: os Onigiri são uma espécie de bolinhos de arroz triangulares, recheados com camarão grelhado e maionese japonesa (bem picantes, como se quer) e envoltos numa alga, que permite que comamos tudo à mão – garanto-vos que isto é iguaria dos deuses. Depois, foi um desfilar de 14 pratos (pelas minhas contas) que só mereceram revirares de olhos (que constituem os melhores elogios, quando se está de boca cheia) e uns breves segundos de trocas de impressões entusiásticas, até que nos trouxessem a próxima iguaria – e também nisso o Michizaki é exemplar, porque não houve, jamais, tempos de espera. O sashimi e o sushi servidos também foram do melhor que já comi, os ShitakeBatayaki (cogumelos shitake salteados em manteiga e molho de soja) são tão bonitos que até custa comer e, quando se desgustam, são tão bons que apetece bater palmas, como nos concertos – e tudo o mais que nos foi trazido encantou plenamente (incluindo a Sangria de Saké, de que bebemos duas jarras e que nos soube pela vida).
Juro que poderia estar para aqui mais não sei quanto tempo a relatar o bem que tudo nos soube – mas não quero ser mete-nojo, pelo que me resta sugerir que vão ao Michizaki, ó amantes da boa gastronomia japonesa. Não sairíamos sem provar as sobremesas e optámos por duas, que dividimos: a Tempura de Gelado (rolo de gelado de nata em capa de cereais e calda de chocolate) não só é belíssima, encimada por uma grade de caramelo solidificado, como foi a que melhor me soube; o Anmitsu (doce de feijão azuki, gelado de chá verde, frutas da época, gelatina kanten e calda de açúcar mascavado) é coisa mais saudável e, naturalmente, não me caiu tanto no goto, mas reconheço-lhe a categoria.
Nesta altura, apesar de me apetecer ficar ali a morar para sempre, era já tempo de pedir os cafés – e até aqui o serviço se manifestou exemplar: porque demoraram mais do que o normal a trazê-los, ofereceram-nos. E isto é um gesto de cortesia infelizmente raro, mas que vale tudo, sempre. De resto, tenho de aplaudir esta equipa, que é quase uma família, pelos laços de amizade e parentesco que os unem: ao contrário provavelmente da maioria, eu acho que trabalhar com amigos e familiares pode ser péssimo – e aqui mostram-nos que não e que a competência é contagiosa.
Um único reparo: gostaria que todos os petiscos fossem pensados para serem servidos em número exato (ou múltiplos) dos convivas que estão na mesa, para não surgir aquela situação confrangedora de sobrar uma ou duas peças e estar tudo encavacado, a ver quem se atira a ela – não foi o nosso caso, porque nos conhecemos bem, mas poderia ser.
De resto, 32€ por tão bons apetites pareceu-me preço absolutamente justo – e só penso em voltar, para a ementa de Outono. (Nota: ao almoço, o Michizaki disponibiliza as chamadas Bento Boxes, em três versões: a vegetariana, a de carne e a de sushi, sendo que todas incluem sopa miso, e água ou chá.)
Michizaki | Braga
5 / 5Carapaus
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Positivos
Todos os petiscos
O serviço
A sangria de saké
Negativos
Os pedaços, em cada petisco, não serem múltiplos de 4
Resumo
A gastronomia japonesa está longe de se cingir ao sushi (muito menos o de fusão) e o Michizaki é excelente embaixador dos sabores nipónicos: vale a pena ir a Braga, só para conhecer este estaminé.
O Bao (vamos chamar-lhe assim, que já somos íntimos) é absoluta novidade na cidade, tanto quanto sei (e eu não sei assim grande coisa, pelo que o melhor é não irem por mim): trata-se de um estaminé pequenote, de dois pisos, já na zona automóvel da Rua de Cedofeita, mesmo no cruzamento com a Rua do Breiner, que vende comida taiwanesa. À chegada, percebe-se imediatamente que o conceito é o do fast food, pelo tipo de mobiliário escolhido e dimensões do espaço: a ideia é comer e andar ou, em alternativa, encomendar e levar (porque há take away). Não sei se por ser novidade, parece que a coisa tem estado cheia mas, ainda assim, tivemos a sorte de arranjar uma mesa no piso da cave, coisa despojada (que não minimalista: apenas fria) e de acústica bera (a música está alta, as pessoa berram e fica uma confusão, com a casa cheia), que também comporta a casa de banho.
O serviço e a cozinha (conhecemos o Chef, a dada altura) são assegurados por malta nova e apaixonada, ainda que nem todos os funcionários se pautem pelo mesmo nível de simpatia e competência: há muito bom e assim-assim, o que me parece característica a rever. De todo o modo, fomos sentadas quase imediatamente e não passaram muitos minutos até que nos trouxessem a ementa, que é curta (o que, na minha opinião, nunca é necessariamente mau): seis tipos de Bao’s (a sandocha taiwanesa, servida num pão de massa branca e muito fofa, quase elástica), de que nos disseram que devíamos escolher dois por pessoa, dois tipos de Bowls de Arroz e três tipos de Acompanhamentos. Para beber, o costume e duas ofertas taiwanesas: uma sidra de maçã e dois chás frios – a este respeito, curiosamente, foi muito sublinhada a origem (estrangeira e original) dos ingredientes, o que nos pareceu pouco assisado: estamos em Portugal e o consumo de produtos importados não é propriamente o melhor dos cartões de visita (embora não esteja a incentivar ou sugerir a ocultação dos factos, achei curiosa a salvaguarda).
Contrariamente à indicação especializada, resolvemos pedir apenas um Bao por pessoa, mais um acompanhamento e uma bebida – se fosse ao jantar, outro galo cantaria, mas era hora de almoço e não queríamos encher-nos à maluca. Nesta fase, o serviço foi assaz demorado, o que nos pareceu desadequado para quem tem uma hora de almoço com minutos contados; felizmente, não era o nosso caso, mas poderia ser.
Chegada a comida, confirmámos a informação: os Baos são de facto muito pequenos mas o Crab Bao (tempura de caranguejo de casca mole, maionese de wasabi, daikon, chalotas e coentros), escolhido por mim e pela JSS, estava gostoso, ainda que não lhe tenha sentido todos os sabores anunciados na carta. A RV preferiu o Gua Bao (barriga de porco, pickle caseiro, coentros e amendoim red sugar), que achou bom mas excessivamente salgado, a ponto de lhe ser difícil conhecer o sabor dos ingredientes; segundo ela, consegue-se comer porque o pão, que tem pouco sabor, acaba por equilibrar o resto. Eu não morri de amores pela minha Salada Formosa, que escolhi como acompanhamento: tinha couve chinesa, couve roxa, cenoura, manjericão, hortelã, amendoim red sugar e molho de sésamo, mas acho que o amendoim acaba por abafar a maioria dos outros sabores – também considero o preço (3€) excessivo. De resto, os acompanhamentos têm todos valores inflacionados, ainda que eu tenha gostado muito das Mandioca Cajun chips que elas escolheram: são estaladiças e saborosas, pejadinhas de pimenta e colorau (o que, segundo a JSS, maculará os estômagos mais sensíveis).
Na altura da sobremesa, que a RV dispensou, eu e a JSS nem hesitámos: ainda antes de pedirmos os salgados, já o olho nos ficara preso na Chocolate Salted Caramel Tart, que foi, sem concorrência à altura, a estrela desta incursão, para mim – coisa divina, que me fará voltar só para a degustar mais uma vez.
No fim, com os cafés, a brincadeira ficou-me por quase 17€, o que acho excessivo para o que comi e onde comi – não desaconselho a experiência, mas parece-me demasiado caro para o que é oferecido, sendo que eu nem sequer comi os dois Baos que me foram aconselhados. Compreendo que os mini-pães venham do Taiwan e tenham de cozer ao vapor, durante 10 minutos, antes de serem recheados (o que, naturalmente, encarece o produto final) mas, ainda assim, parece-me desajustado, para o que se saboreia.
Bao’s Taiwanese Burger | Porto
3.5 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
A tarte de caramelo salgado
Negativos
Relação qualidade/preço
Resumo
Espaço que aporta novidade ao roteiro gastronómico da cidade, por oferecer fast food taiwanesa; situado em plena Rua de Cedofeita, é original e merece a visita dos que apreciam provar sabores diferentes.
O convite partiu do turismo de Matosinhos que, em parceria com a Zomato, resolveram reunir algumas das pessoas que gostam destas coisas dos comes&bebes, de modo a dar-nos a conhecer a segunda edição do Rally Fish, uma rota gastronómica em tudo semelhante à das tapas, que acontece duas vezes por ano no Porto (espreitem aqui uma das nossas experiências) e em Lisboa, mas com algumas particularidades que a distinguem. Desde logo, acontece no concelho de Matosinhos, entre o centro da cidade, Leça da Palmeira e (é uma novidade, este ano) Angeiras; depois, a entrada/tapa tem obrigatoriamente de conter peixe ou outro bicho do mar (exceção feita para as opções vegetarianas, que também são uma novidade interessante); finalmente, o que se come é acompanhado com vinho – que é escolhido por cada estaminé. Tratava-se, então de conhecer cinco dos 43 estaminés aderentes, pelo que marcámos encontro para as 19h, que estas coisas são sempre mais demoradas (e divertidas) do que um jantar tradicional.
Tivemos muita sorte: o fim de tarde estava ótimo e solarengo, apesar de ventoso, e facilmente nos deslocámos da Loja de Turismo Interativa (que fica ali em cima do areal, na praia do Titã) ao primeiro destino, o restaurante O Valentim (de que falámos aqui), que agora compreende também um hotel e um magnífico piso superior com terraço, de onde se avista o novo Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões e o mar. A entrada que nos aguardava era Petinga de Escabeche, servida com pão de mistura e um vinho verde branco: obviamente, devorámos cada pedacinho com apetite, mesmo porque o molho de azeite e os pimentos eram um convite ao mergulho do pão – tarefa a que procedemos sem pudor.
O próximo estaminé requereu uma pequena viagem de carro (felizmente, o João e a Joana já haviam preparado tudo e deixado os carros ali mesmo em frente): o Los Ibéricos fica junto ao Forte de Leça da Palmeira (quase coladinho ao Batô) e é, como o nome deixa adivinhar, um restaurante de tapas de inspiração espanhola (mas não só). Antes de tudo o mais, fiquei muito agradada com o espaço, que é de muito bom gosto, espaçoso e de pé direito alto, com madeiras bonitas – mas o melhor estava ainda para vir: adianto já que este foi a chafarica que mais me encantou e não será difícil perceber porquê. Os responsáveis pelo Los Ibéricos tiveram a inteligência de perceber que, porque estava ali gente ligada à publicação gastronómica, seria interessante darem-nos a conhecer mais do que têm para oferecer; e tiveram a elegância de o fazer formidavelmente. Assim, antes mesmo de nos trazerem a entrada do Rally Fish, serviram-nos umas tábuas de presunto (macio e saboroso) e queijo (delicioso), que fomos trincando com o pão fatiado (muito bom) que já nos esperava. Depois, veio a entrada programada, Gambas em Tempura com Maionese de Alho – que estavam boas (sobretudo a maionese) mas não foram de todo o que mais me encantou, mesmo porque a “tempura” era mais um polme de panado; não me interpretem mal, era coisa muito boa, mas comi melhor, ali mesmo. Veio um camembert panado com molho de frutos vermelhos que estava uma delícia, umas gambas al ajillo de chorar por mais, uns huevos rotos com presunto que nunca falham, uns montadinhos de lombinho de porco preto, ovo e piquillo (que mereciam uma ovação), uma travessa de legumes na prancha (espargos, curgete, tomate e cogumelo – tudo delicioso e um belo apontamento verde) e, a cereja em cima do bolo, uns mexilhões gratinados acabadinhos de sair do forno que me fizeram dar razão ao funcionário que nos disse: “menina, o Universo existe para que esta entrada possa ser servida” – subscrevo inteiramente. Foi uma estada ótima, esta no Los Ibéricos (tal como tivemos oportunidade de dizer ao Chef que, simpaticamente, veio cumprimentar-nos) e, por mim, já não saía dali – mas havia ainda mais três estaminés para experimentar e o dever chamava-nos.
A paragem seguinte foi o Sushi no Mercado (para onde nos dirigimos, obviamente, de carro), um espaço pequenino, mas muito bem decorado e interessante, por se situar justamente no Mercado de Matosinhos, onde ainda se vende tudo aquilo a que temos direito e sítio privilegiado para os restaurantes circundantes fazerem as suas compras fresquíssimas. Ali o petisco era dois Temaris, bolas de arroz com peixe do dia (no caso, salmão e atum) – o que permite, justamente, ir alterando o bicho de acordo com o que houver de melhor para servir. Gostei do que comi, embora não me tenha marcado pela originalidade ou sequer pelo sabor (mesmo porque não serviram wasabi); fiquei com alguma vontade de voltar, mais porque gostaria de experimentar o sushi “a metro”, que vi noutra mesa.
Nesta altura, e sobretudo por culpa do Los Ibéricos, já estávamos bastante cheios, mas ainda nos restavam dois estaminés para conhecer, sendo o próximo o Restaurante/Marisqueira Serpa Pinto, onde a simpatia é cartão de visita: sendo uma das bloggers do nosso grupo alemã, e tendo anteriormente manifestado curiosidade face a essa coisa estranha que é o percebe, foi com toda a disponibilidade que se prontificaram para lhe dar a provar (e ensinar a comer) a iguaria – e eu continuo a achar que as pessoas também são importantíssimas nos restaurantes. Aqui, o petisco era Recheio de Sapateira com Tostas, sendo que preferimos os finos, a acompanhar – e gostámos bastante do sabor e consistência do “patê”, sendo que eu preferiria ter ficado por aqui. Infelizmente, a simpatia acabou por se revelar contraproducente: quiseram trazer-nos o prato do Rally Fish do ano passado, uma espécie de massa filo com recheio indefinido e molho agridoce – e a impressão foi francamente má. A nota positiva é que, de facto, houve uma melhoria significativa na oferta, de um ano para o outro, porque o recheio de sapateira merece em absoluto a visita (sobretudo pelos 3€ que custa, com o copo de vinho).
Faltava-nos o último restaurante e a escolha recaiu no Dish – Sushi and Fish, ali na Heróis de França. Antes de mais nada, surpreendeu-me o espaço: o chão é magnífico e os apontamentos decorativos de muito bom gosto, o que nunca é despiciendo. O staff recebeu-nos já muito junto à hora de encerrar a cozinha – mas, ainda assim, com toda a boa vontade e simpatia. Éramos os únicos no restaurante e, ainda que estivéssemos já mais do que satisfeitos, ninguém quis deixar de provar a Ceviche à Dish, com peixe branco, abacate, puré de batata doce e coentros, que estava simplesmente deliciosa – e leve, que era justamente o que precisávamos. Adicionalmente, a simpática sushi woman Joana (como é bom ver uma mulher numa função tradicional e maioritariamente masculina!) serviu-nos uns nigiris de atum, com um acompanhamento de algas e flores comestíveis que estavam irrepreensíveis de bons. Para finalizar, ainda fomos conhecer a esplanada do terraço, que será em breve remodelada, e que me pareceu apetecível num fim de tarde estival.
Em suma? Olhem, só tenho de agradecer à Joana, à Graça e ao João, do Turismo de Matosinhos, pelo convite e pela companhia: não foi só um serão bem passado, que me permitiu escrever esta posta de dois metros; foi a sensação de estar a jantar entre amigos, com pessoas que acabara de conhecer – e isso é um privilégio.
Quanto ao Rally Fish, creio que é mais uma ótima forma de conhecer alguns dos milhentos restaurantes de qualidade que Matosinhos tem para oferecer: é só reunir um grupo de amigos (ou não, que há quem adore degustar sozinho), olhar para o mapa que a organização oferece, escolher de acordo com um qualquer critério (espacial ou gastronómico, por exemplo) e preparar-se para ser feliz, nuns minutos ou horas de bons apetites.
Rally Fish Rota Gastronómica | Matosinhos
0 / 5Carapaus
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Positivos
A possibilidade de conhecer restaurantes a preço baixo
A ideia de petiscar
Negativos
As distâncias entre alguns restaurantes
Resumo
O conceito não é novo mas está sempre atual: quando uma autarquia desafia os seus restaurantes para criarem um petisco que sirva como cartão de visita e para o servirem a 3€, juntamente com um copo de vinho, ganhamos todos.
Há muito que tínhamos esta jantarada combinada: um dos nossos jantares mensais haveria de ser no Romando Sushi Caffé, onde tanto a MC como a SC vão amiúde, mas eu e a AC nem por isso – e reuniram-se as condições para que fosse o de fevereiro (já quase março, na realidade). Plantado à beira da marina, num edifício em forma de cubo-aquário e sem grande beleza, goza, no entanto, de uma vista privilegiada que as enormes janelas deixam vislumbrar. Imagino que de dia, ou numa noite iluminada de Verão, o espetáculo seja deslumbrante.
Confesso que a primeira impressão não me deslumbrou de todo: a entrada é feita por uma rampa que termina abruptamente à porta, sem corrimão nem qualquer proteção que impeça as consequências de um desequilíbrio, uma distração ou uma criança menos atenta; depois, a porta é alta, em vidro e de correr – e a pessoa, que não é propriamente uma franganota sem força, estava a ter sérias dificuldades em abrir a coisa, sem aquilo sair das calhas. Quando consegui que se abrisse o suficiente para poder passar a cabeça pelo espaço, perguntei aos três funcionários que estavam a um metro, a confraternizar (de tal modo que achei que poderia estar a invadir uma zona exclusiva dos funcionários) se era por ali a entrada. Que sim, disseram, não tardando em continuar a conversa, deixando-me na minha luta – foi pouco profissional e deselegante, para dizer o mínimo.
Mas adiante: marcámos a coisa com uma semana de antecedência e tivemos sorte de arranjar mesa para quatro, porque o Romando é bicho concorrido e pouco depois das 20h já estava absolutamente lotado; curiosamente, ainda há tempo para uma segunda ronda: entre as 21h00 e as 22h30 não pararam de chegar gentes para ocupar que as mesas que, entretanto, haviam vagado.
O pedido foi feito pela MBC, que conhece a ementa de trás para a frente, coadjuvada pela SC, que vai pelo mesmo caminho; viria a Tempura de Camarão e Amêndoa com Molho Agridoce para entrada e, depois, dois combinados: um de 50 peças de sushi e sashimi (Special Marina) e outro de 22 peças de sushi (Combinado Romando). Para beber, escolhemos a Sangria de Saké para todas e uma Coca-Cola Zero para a AC, que só provaria a sangria.
Fiquei agradavelmente surpreendida com o tempo de serviço da entrada e da sangria: foi rapidíssimo e a tempura de camarão chegou, saborosa, crocante e acabadinha de fritar. Infelizmente, eram 5 peças, sendo nós quatro pessoas – e eu entendo que haja uma predefinição das doses, mas os restaurantes deveriam ter a flexibilidade de ajustar a norma às circunstâncias, mesmo porque nem todas as pessoas sentadas a uma mesma mesa podem não fazer cerimónia em situações similares. No nosso caso, foi fácil: o quinto camarão foi para a enfardadeira de serviço, esta vossa criada.
Já o sushi demorou o que pareceu uma eternidade a ser servido: esperámos mais de meia hora (cerca de 40 minutos, para ser rigorosa) pelas 50 peças e mais uns minutos pelas 22, que eram uma versão diminuída das 50, mas sem sashimi – no sentido em que as peças se repetiam. Cumpre-me dizer que, no caso do combinado de 50 peças, as de sushi estavam em grupos de 4, o que é simpático, mas fortuito, isto é: é assim e nada teve que ver com o número de pessoas sentadas à mesa.
Devo dizer que o sashimi (robalo, atum, barriga de salmão e um peixe típico japonês do qual não apanhei o nome) estava soberbo, do melhor que já me foi dado a provar: as peças estavam bem cortadas, eram de tamanho generoso e a frescura e qualidade do peixe era de aplaudir. Também o sushi era muitíssimo bom: pouco arroz e muito peixe, nada de frutinhas e parvoíces que tais, só uns quentes que não só não ofendiam como estavam especialmente bem conseguidos – e algumas peças de exceção, como os nigiris de robalo e outras com ovo de codorniz. De todo o modo, não havia uma única peça de que pudéssemos dizer que era menos boa, até os makis foram aplaudidos.
Em contraste com a imensa qualidade da comida, esteve infelizmente o serviço, que não está de todo à altura do resto (muito menos da conta): demorado, atabalhoado (foi preciso pedir uma coca-cola três vezes para que ela viesse para a mesa), trapalhão (houve um par de vezes em que não perceberam o que pedíamos e trouxeram coisas tontas), pouco naturalmente simpático. Primeiramente, até nos serviam a sangria, de cada vez que um copo precisava de ser cheio; depois, servíamos nós, certamente para não nos habituarmos mal.
Passando às sobremesas, optámos por pedir quatro coisas diferentes, para podermos provar o máximo de sabores possível: veio um Red Velvet Cheesecake para a AC, uma Torta de Laranja Húmida com Mousse de Iogurte Grego para a MBC, um Tiramisú de Chocolate e Framboesas para a SF e um Fondant de Caramelo com Bola de Gelado de Gengibre (este feito na hora, pelo que demorou cerca de 15 minutos, o que nos foi dado a conhecer pela funcionária) para mim. E, caríssimo Cardume, se batemos barbatanas ao resto, as sobremesas em nada desmereceram a fama que têm: que coisas tão boas, caramba. Confesso que o meu preferido foi o Cheesecake, que é assim uma coisa de sonho – mas tudo o mais tem a mesma qualidade, dependerá apenas das preferências de cada um.
No final, uma conta redonda: 40€, nem mais nem menos, o que corresponde inteiramente à imensa qualidade de tudo quanto comemos; só o serviço precisa de melhorar para que possamos chamar ao Romando um estaminé de referência, sem hesitações.
Romando Sushi Caffé | Vila do Conde
4 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(1 voto)
Positivos
O sushi
As sobremesas
A localização
Negativos
A entrada
O serviço
Resumo
O Romando Sushi Café, irmão mais novo do Romando e do Romando Privé, faz valer a viagem a Vila do Conde: o sushi e o sashimi são de primeira qualidade, a localização (na Marina) é muito agradável e as sobremesas são um sonho.
Não sendo nós, de todo, das pessoas que mais fazem refeições fora, somos meninos para alinhar em incursões a um par de vezes por semana, sendo que em ao menos uma delas tratamos de conhecer estaminés novos: ora isto dá uma meia centena de restaurantes por ano, o que nem sequer é extraordinário. Ainda assim, é o suficiente para que nos permitamos descobrir o que está na berra, o que sempre esteve e o que não está mas adorava estar – e isto aporta um espírito crítico que nos deixa dizer de nossa justiça, sem medos, mas também nos torna mais exigentes: é difícil que nos surpreendem a é ainda mais complicado que nos deslumbrem.
É, por isso, com redobrado prazer que, esta semana, trazemos ao conhecimento do nosso Cardume um restaurante que nos encheu as medidas, sem reservas – não se trata sequer de um estaminé novo, porque o Esquina do Avesso já abriu há uns meses (tantos quantos a nossa vontade de lá ir, porque o conceito de imediato nos cativou), mas é coisa que recomendamos de olhos fechados a quem gosta dos bons comeres. Como veem, hoje nem há direito a suspense: ao segundo parágrafo, já estamos a afirmar que gostamos muito, e nem sequer é por distração.
Mas passemos à nossa experiência, ocorrida em meados de agosto, numa noite daquelas mais frescas mas com um sol lindo, o que torna o Largo do Castelo (Leça da Palmeira), onde fica a Esquina do Avesso, coisa ainda mais simpática. O único problema desta localização é que há ali carradas de outros restaurantes, pelo que o estacionamento pode ser complicado, mas arranja-se sempre qualquer coisa, nas ruelas para o lado de trás – eu tive sorte e estacionei a dois passos da porta, devo confessar.
O nome do estaminé não é fruto do acaso: a casa faz mesmo esquina e, na primeira página da ementa, há o cuidado de nos explicarem o conceito de uma casa que já o era antes de ser, uma vez que nasce da “Tasca da Esquina” e vira-se “do avesso” para nos apresentar uma ementa original – mas já lá vamos. Comecemos pelo espaço: há uma esplanada cá fora, onde teria feito questão de ficar, não fosse o fresquinho dessa noite. Assim, quando me foi dada a escolher a mesa que reservara (a PG haveria de chegar um nadinha mais tarde), não hesitei muito: o piso térreo é mais bonito e bem decorado (as madeiras e os objetos escolhidos para ali figurar revelam a simplicidade do bom gosto que aconchega), mas o superior, embora mais pequeno, tem mais charme – e pudemos sentar-nos mesmo junto à janela junto ao teto, felizmente aberta.
Uma vez instaladas ambas as convivas, foi-nos facultada a ementa, que apresenta três sopas (a Do Dia, Caldo Verde e Sopa de Peixe) e três pratos “clássicos” (Bacalhau à Brás, Bife à Portuguesa e Bochechas de Porco à Alentejana), para além de duas opções em pão (prego e mini-hambúrgueres), para além dos petiscos por que o Esquina é conhecido. E estes, sendo treze, acabaram por nos assoberbar, porque tudo nos parecia bom – e é nestas alturas que peço sempre a ajuda-do-funcionário, o que também serve para aferir a qualidade do serviço: odeio pedir opinião e não ma saberem dar ou, pior, nem sequer terem grande conhecimento acerca do que é servido. Ora no Esquina do Avesso esse não é, de todo, o caso: a simpática funcionária que nos atendeu nesta fase soube responder a todas as nossas perguntas e, perante a nossa indecisão e pedido, aconselhou-nos a escolher 3 a 4 pratos, sendo que nos sugeriu aqueles que, no seu entender, seriam os mais apetecíveis – e desde já adianto, que hoje não há mistérios, que acertou no alvo.
Entretanto, havia-nos sido trazido o couvert, composto por pão do muito bom (fatiado, rústico), azeitonas saborosas (das miúdas) e uma trilogia de manteigas (manjericão, chouriço e milho – qual delas a melhor e mais fresquinha) que nos foi entretendo o palato e acompanhando a sangria de espumante e frutos vermelhos que escolhemos para beber.
Aguardámos pelos pratos principais muito pouco tempo (de resto, neste estaminé, o compasso está afinadíssimo e não há tempos de espera incomodativos): em primeiro lugar, vieram as Gambas Kataifi, que nos foram apresentadas como sendo um dos pratos mais pedidos – e eram de facto muito boas, aquelas quatro bichinhas envoltas numa massa frita (tempura) também usada no sushi, e servidas com molho sweet chili e maionese; logo depois, veio uma das estrelas da noite, o Scotch Egg de Pato Confitado, com o ovo mal cozido a fazer as nossas delícias (mesmo porque é um prato lindíssimo, para além de saboroso); em seguida, aquele que pensávamos que era o prato final: Gnochi Trufado com Cogumelos e Ovo Mole, coisa só para quem gosta muito de cogumelos (gordos e suculentos) dos muito bons. E nós gostamos, mas não ficámos satisfeitas, pelo que decidimos pedir o quarto prato que nos havia sido sugerido, o Pica-Pau do Mar – e que maravilha, outra vez: as gambas, as lulas, as amêijoas cheias, os mexilhões e o tomate cherry numa comunhão perfeita.
Agora sim, dávamo-nos por vencidas, mas não sem antes provarmos as sobremesas, porque a mousse de chocolate do Esquina do Avesso foi algo que me ficou na retina desde que lhe vi a fotografia, há já muito tempo. Paradoxalmente, outros sabores acabaram por se lhe sobrepor e a mousse acabou por ficar para outra oportunidade. Vieram o Mascarpone com Frutos Vermelhos e Suspiros para a PG (que eu provei e estava delicioso e fresco) e o Cheesecake de Manteiga de Amendoim e Caramelo Salgado para mim: ver dois dos meus sabores preferidos conjugados foi coisa para me impedir de pensar sequer noutro doce – e saboreá-los, num cheesecake desconstruído, foi de ir ao céu e voltar (mas muito mais feliz).
Para encerrar o festim, pedimos os belos do café e descafeinado (eu sou daquelas loucas que, se bebem qualquer coisa com cafeína depois das 16h, passam a noite em claro), que vieram com um delicioso bombom de caramelo rijo com recheio de chocolate, e a conta, que ficou em 32,20€ para cada uma de nós – preço simpático, se atentarmos na qualidade do que comemos (e na originalidade; afinal, trata-se de uma cozinha “de chef”), no modo como fomos servidos e na vontade com que ficámos de voltar depressinha.
Esquina do Avesso | Leça da Palmeira
5 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(1 voto)
Positivos
O serviço
toda a ementa
a relação qualidade/preço
Negativos
Pode ser difícil estacionar na área
Resumo
A Esquina do Avesso é tão-só, na nossa humilde (mas fundamentada) opinião um dos melhores restaurantes do grande Porto: a comida é original e muitíssimo boa, o serviço é descontraído e competente e o preço, face àquilo de que se desfruta, nem sequer é disparatado.
Ora vamos lá começar pelo início, sem perder muito tempo: há muito tempo que andava a dizer que queria aprender a fazer sushi quando, no Verão passado, a RV me ofereceu pelo aniversário um workshop orientado pelo Sushi Chef Ruy Leão, de que há muito ouvia falar pelo seu aplaudido trabalho no Quarenta e 4, em Matosinhos. Por coincidência, a JS e o AG tinham comprado vales para o mesmo evento, que acontecia em dois fins-de-semana sucessivos, certificámo-nos de que conseguíamos vagas para o mesmo dia e foi assim que, em Outubro passado, passámos de meros apreciadores/deglutidores a gente que até se safa a fazer o arroz e a cortar o peixe e a enrolar tudo e a cortar as peças. Mais: o trabalho do Ruy cativou-nos também porque ele não alinha cá em frutinhas e outras loucuras que por aí grassam, cedendo unicamente no que toca aos quentes, que são já fusão – mas não mais (o que vem ao encontro do nosso gosto pessoal). Read more
Desta feita, desafiei-as para irmos conhecer um novo restaurante de sushi, o que calhava lindamente, porque todas tínhamos um dia cheio e cansativo, no passado domingo: vai daí, e depois de mesa marcada com cerca de uma semana de antecedência (creio que não será preciso ser-se tão zeloso como esta vossa criada, mas a marcação é muitíssimo aconselhável), rumámos ao Two:su.shi (como os próprios gostam de grafar), na Rua da Picaria que, ao domingo, serve festival de sushi – e o que nós gostamos da possibilidade de repetir até ficarmos saciadas não tem mesura. Read more
O que sucede é isto: o Cardume não pode ouvir falar de estaminé onde se sirva sushi em modelo festival ou buffet (basicamente, difere este daquele porque enquanto no primeiro somos servidos, no segundo somos convidados a desalapar a barbatana da cadeira e servirmo-nos) que não vá lá meter o nariz. Desta feita, coube a vez ao Kanpai Fusion Sushi (ali mesmo ao lado da Avenida da Boavista, no Aviz, ao fundo da Rua Pedro Homem de Mello), onde sabíamos de antemão que o valor do festival de sushi ao domingo à noite era de 15,90€ por pessoa (o mesmo preço dos almoços; já nos outros dias da semana, a mesma refeição da noite fica por 22,90€). Não precisávamos de mais para sermos convencidos: reunimos uma tropa amiga, marcámos mesa e ansiámos pela hora. Read more