Começo por dizer-vos que quando forem ao Restaurante A Grelha, em Guetim (irão com certeza), levem roupa que não se importem de sujar e bem almofadada: dali, sai-se a rebolar, prometo…
Eis mais um estaminé que estava na lista dos “a visitar com urgência” praticamente desde que abriu, pois que não oiço senão dizer muito bem: o Terminal 4450, sito ali mesmo, no antigo terminal de passageiros do Porto de Leixões, do lado de Leça da Palmeira (onde, uma vez por outra, ainda é possível ver um navio “descarregar” passageiros), não só se encontra numa localização privilegiada como tem uma luz espetacular, daquelas que tornam tudo mais simpático.
À Chegada
Depois de estacionar o carro nas redondezas, o que se revela tarefa mais simples do que à primeira vista se pensa (baste enveredar pelas ruelas do outro lado da Avenida Antunes Guimarães), a entrada no Terminal 4450 é a primeira experiência engraçada: sobe-se de elevador (ou pelas escadas, para quem gosta de se massacrar para além do ginásio) e, depois, caminha-se por um corredor que faz lembrar as mangas que conduzem aos aviões, com vista para o rio.
A Entrada
Uma vez chegados ao Terminal, toda a grandiosidade (que se mantém na zona da receção e casas de banho, toda amadeirada e com elementos decorativos de um bom gosto despojado) torna-se aconchegante, apesar do pé direito alto: um grande balcão de madeira rústica, onde se servem os cocktails que fazem do Terminal 4450 também um bar, convive com bancos altos e uns sofás, para quem espera e gosta de ir bebericando; uma mesa de mistura anuncia noites musicais, em harmonia com as traves de madeira que remetem inevitavelmente para as construções náuticas.
A Sala do Terminal 4450
A sala principal não é enorme e estava cheia que nem um ovo, o que parecia trágico para quem até tinha feito uma reserva, uma semana antes. Fomos convidadas por um dos funcionários (delicadíssimo e profissional, como todos os que passaram pela nossa mesa) a ficar numa sala mais pequena – e se o convite parecia indiciar uma experiência menor, pelo cuidado com que foi feito, veio a revelar-se uma coisa muito boa: a sala “ao lado” tem exatamente a mesma vista privilegiada, mas é bastante mais tranquila, o que é ótimo para quem, como eu, detesta ter de (e ouvir) falar alto às refeições.
O Menu e as Entradas
Uma vez instaladas, e ainda antes de nos ser trazida a ementa, foi-nos apresentado o menu do dia, uma pechincha que, por 8,50€, nos serve o couvert, sopa, o prato do dia e uma bebida. Aceitámos imediatamente: bem sei que a especialidade da casa são as carnes puras (e não tardarei a voltar para um bife dos muito bons), mas é impossível não aceitar um negócio destes. Assim, começámos por trincar o pão (entre broa com chouriço e pão de mistura) com a manteiga de linguiça (coisa mesmo muito boa) e umas pipocas salgadas com orégãos que fizeram as nossas delícias. Passados uns minutos, veio um creme de brócolos irrepreensível (e eu nem sequer sou grande fã de sopa, a não ser daquelas que são para lá de boas, como esta).
O Prato Principal
O prato principal era Secretos de Porco Preto com Castanhas e Cogumelos, servidos com Arroz de Frutos Secos (num balde de alumínio) e devo dizer que a coisa estava uma especialidade, de tão boa. As quantidades servidas são sensatas e mais do que suficientes mesmo para gente de (bastante) alimento, como eu.
As Sobremesas
Inevitavelmente, não pudemos sair sem fazer uma incursão pela oferta de sobremesas, que parece ser outra das grandes forças do Terminal 4450, a aferir pela quantidade de sugestões que tive, mal artilhei uma fotografia do sítio onde estava, no meu Instagram: da Bola de Berlim (que passei por ser recheada com o tradicional creme de pasteleiro, que dispenso) ao Petit Gateau de abóbora com Gelado de Queijo da Serra, os conselhos eram muitos, mas acabei por seguir o meu instinto, que é muito chocolateiro, e decidi-me pelo Decadente de Chocolate, uma deliciosa fatia de bolo de chocolate em três texturas, que rivaliza com o que de melhor já comi, dentro do género. Para a mesa vieram ainda uma Mousse de Chocolate (o doce daquele dia) e uma Tarte de Limão Merengada que, apesar de gostosa e belíssima, só dececionou (em parte) porque o “merengue” era, na verdade, pedaços de suspiros (e a ideia não seria exatamente essa).
Café e a Conta
Finalmente, os cafés e a conta: uma refeição deste calibre, com vinho e sobremesas, ficou por um pouco menos de 18€ por estômago, o que me parece muitíssimo razoável e justo. Claro que, porque não satisfiz toda a minha curiosidade, pretendo voltar em breve, para os bifes e mais sobremesas, de preferência ao jantar – isto porque a busca por bons apetites jamais cessa, por aqui.
Os Contactos
Telefone: 919 851 933
Horário: Dom a Qui – 12:30 às 15:00 e 19:30 às 23:00 | Sex e Sáb – 12:30 às 15:00 e 19:30 às 02:00
Aceitam reservas? Sim
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O Terminal 4450 no Zomato
Na verdade, a Cantina 32 só foi uma estreia para o AV: tanto esta vossa criada como a MAA e o TD (que compunham o ramalhete de quatro desta incursão) já lá haviam ido – curiosamente, todos em situações diferentes, tendo ficado com impressões algo heterogéneas – mas havia que fazê-lo de novo, por forma a registar a coisa como deve ser, aqui para o Cardume.
Recordo-me de que, quando estive na Cantina 32, tratava-se do estaminé-sensação do momento: estávamos no princípio de Agosto do ano passado, a coisa havia aberto ainda não há mês e, concomitantemente, não aceitava marcações (situação que entretanto se alterou: a marcação aconselha-se vivamente, sob pena de não se arranjar lugar, mesmo durante a semana), o que nos pôs a jantar quase às onze da noite e nos sujeitou a alguns inconvenientes, como uma gritante falta de pão ou a uma confusão com a faturação.
No entanto, a comida ficou-me na retina, porque já então me agradou muitíssimo.
À Chegada
Desta vez, a marcação foi feita com uns dias de antecedência, sendo que nessa altura a impressão não foi das melhores, uma vez que nos foi comunicado que, ao jantar, a Cantina 32 da Rua das Flores (artéria cada vez mais bonita, airosa e cosmopolita) recebe os comensais em dois turnos: o das 20h e o das 22h, sendo que, porque marcámos às 20h, teríamos de nos pôr a andar, por forma a que a mesa ficasse disponível para os comensais do turno seguinte, duas horas depois. Ora isto não é cartão-de-visita que se apresente a quem quer que seja, e nem sequer dispõe bem, pese embora saibamos de antemão que dificilmente ficaríamos mais tempo – mas é o princípio que não agrada e é pouco elegante (não se enganem: de “cantina” só há ali o nome – e isto é um elogio).
Poucos minutos depois da hora marcada, entrámos no espaço mais comprido do que largo, de paredes cinzentas e ar industrial, quebrado por uma decoração interessantíssima – não necessariamente original, porque já vários estaminés recorreram ao mesmo conceito de usar objetos inusitados (seja uma bicicleta pendurada na parede ou uma máquina de escrever pousada numa peça de mobiliário), mas certamente muito bem conseguida.
Também a luz quebra a estudada frieza das paredes, fazendo do Cantina 32 um local onde os contrastes caem bem e de forma natural (o que, infelizmente, nem sempre sucede).
O Menu
Na mesa para quatro, esperavam-nos já, para além do AV, que foi o primeiro a chegar, a deliciosa manteiga de banana com flor-de-sal (devo dizer que não agrada a todos, mas eu sou fã assumidíssima) bem como um cesto de delicioso pão caseiro fatiado, boas azeitonas e o belo do tremoço – coisa muito nacional e que, ao que parece, os turistas acham pitoresco (cfr. artigo do New York Times sobre o Cantina 32).
Trouxeram-nos o menu com celeridade e, enquanto picávamos do que havia, procedemos ao debate do costume e concluímos sobre o que nos forraria os estômagos e testaria as papilas gustativas nas horas seguintes (não mais do que duas, já se sabe).
As Nossas Escolhas
Optámos por quatro entradas e dois pratos principais, a saber: Chouriço Assado na Brasa, Bacalhau à Brás, Ovinhos de Codorniz com Bacon Panados e Croquetes de Alheira com Molho de Mel e Mostarda para entradas e, para depois, os dois pratos “Para Dois Com Alguma Fome” (não seria o caso, quando lá chegássemos, mas apetite temos sempre), Vitela na Brasa à Lafões com Batata a Murro e Salada Básica e Cachaço de Bísaro com Tripas e Feijocas (acompanhamento que podia ser trocado por Arroz de Cogumelos e Castanhas).
As Entradas

O Manjar
Encerradas estas hostilidades, a verdade é que, se ficássemos assim, já não saíamos com fome – a MAA (que não sai à filha – esta vossa criada) disse-se mesmo incapaz de deglutir o que quer que fosse a mais, mas acabou por fazer um pequeno esforço quando vieram os pratos principais.
Na verdade, que maravilha de petiscos ali tínhamos: o porco parecia manteiga e poderia comer-se à colher, apesar das fatias generosas de grossas (eram três), o tachinho com as tripas e as feijocas ficou a cargo da MAA (que nem um quarto comeu) e da carne não sobrou sequer uma lasca para contar a história; a vitela foi outro deleite: excelsamente cozinhada, apresentou-se em meia dúzia de fatias, também elas entusiasticamente saboreadas.
Faremos apenas um reparo negativo a uma das batatas que vieram como acompanhamento que, provavelmente por causa da sua dimensão mais avantajada, apresentou-se meio crua.
De resto, até a salada básica, que consistia num quarto de alface iceberg com um molho avinagrado delicioso, satisfez plenamente (a mim, que fui a única que a comeu).
As Sobremesas
No final de tudo isto, já mais para lá do que para cá, ainda tivemos forças para as sobremesas – eu jamais entrarei naquele restaurante sem que comer um cheesecake, isso é sagradinho.
Como estávamos com dificuldades em decidir, optámos por mandar vir três doces, que partilharíamos e comeríamos de acordo com os apetites de cada um. Vieram o Bolo de Bolacha com Nougat de Amêndoa (vendido ao centímetro, num mínimo de dois), o Cheesecake de Banana Caramelizada e Chocolate e a Terrina de Chocolate 32 – sendo que os primeiros, eram valores seguríssimos (já os prováramos) e o terceiro despertou a curiosidade do AV.
E confirmou-se: o bolo de bolacha satisfez bem, o cheesecake (servido num vasinho de barro, com cobertura de Oreos esfareladas, que se assemelham a terra) encantou e a terrina só desiludiu porque vinha com uma cobertura de menta que não é propriamente a nossa onda – mas deliciará aqueles que apreciam a junção dos sabores.
A Conta
No final de tudo isto, havíamos descoberto o mistério dos WCs (um marcado com um 6, outro com um 9 – qual deles o para mulheres e qual o reservado aos homens?), eram 22h03 e estava a conta pedida: 24€ a cada um parecem uma ninharia quando se come o que nós comemos, o que nos leva a afirmar a Cantina 32 como o local certo para quem está com sede de bons apetites.
Contacto para Reservas
Morada: Rua das Flores 32, Porto
Telefone: 222 039 069
Horário: Seg a Sáb – 12h30 às 22h30
Aceitam reservas? Sim
O Cantina 32 no Zomato
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Há muito que tínhamos esta jantarada combinada: um dos nossos jantares mensais haveria de ser no Romando Sushi Caffé, onde tanto a MC como a SC vão amiúde, mas eu e a AC nem por isso – e reuniram-se as condições para que fosse o de fevereiro (já quase março, na realidade). Plantado à beira da marina, num edifício em forma de cubo-aquário e sem grande beleza, goza, no entanto, de uma vista privilegiada que as enormes janelas deixam vislumbrar. Imagino que de dia, ou numa noite iluminada de Verão, o espetáculo seja deslumbrante.
Confesso que a primeira impressão não me deslumbrou de todo: a entrada é feita por uma rampa que termina abruptamente à porta, sem corrimão nem qualquer proteção que impeça as consequências de um desequilíbrio, uma distração ou uma criança menos atenta; depois, a porta é alta, em vidro e de correr – e a pessoa, que não é propriamente uma franganota sem força, estava a ter sérias dificuldades em abrir a coisa, sem aquilo sair das calhas. Quando consegui que se abrisse o suficiente para poder passar a cabeça pelo espaço, perguntei aos três funcionários que estavam a um metro, a confraternizar (de tal modo que achei que poderia estar a invadir uma zona exclusiva dos funcionários) se era por ali a entrada. Que sim, disseram, não tardando em continuar a conversa, deixando-me na minha luta – foi pouco profissional e deselegante, para dizer o mínimo.
Mas adiante: marcámos a coisa com uma semana de antecedência e tivemos sorte de arranjar mesa para quatro, porque o Romando é bicho concorrido e pouco depois das 20h já estava absolutamente lotado; curiosamente, ainda há tempo para uma segunda ronda: entre as 21h00 e as 22h30 não pararam de chegar gentes para ocupar que as mesas que, entretanto, haviam vagado.
O pedido foi feito pela MBC, que conhece a ementa de trás para a frente, coadjuvada pela SC, que vai pelo mesmo caminho; viria a Tempura de Camarão e Amêndoa com Molho Agridoce para entrada e, depois, dois combinados: um de 50 peças de sushi e sashimi (Special Marina) e outro de 22 peças de sushi (Combinado Romando). Para beber, escolhemos a Sangria de Saké para todas e uma Coca-Cola Zero para a AC, que só provaria a sangria.
Fiquei agradavelmente surpreendida com o tempo de serviço da entrada e da sangria: foi rapidíssimo e a tempura de camarão chegou, saborosa, crocante e acabadinha de fritar. Infelizmente, eram 5 peças, sendo nós quatro pessoas – e eu entendo que haja uma predefinição das doses, mas os restaurantes deveriam ter a flexibilidade de ajustar a norma às circunstâncias, mesmo porque nem todas as pessoas sentadas a uma mesma mesa podem não fazer cerimónia em situações similares. No nosso caso, foi fácil: o quinto camarão foi para a enfardadeira de serviço, esta vossa criada.
Já o sushi demorou o que pareceu uma eternidade a ser servido: esperámos mais de meia hora (cerca de 40 minutos, para ser rigorosa) pelas 50 peças e mais uns minutos pelas 22, que eram uma versão diminuída das 50, mas sem sashimi – no sentido em que as peças se repetiam. Cumpre-me dizer que, no caso do combinado de 50 peças, as de sushi estavam em grupos de 4, o que é simpático, mas fortuito, isto é: é assim e nada teve que ver com o número de pessoas sentadas à mesa.
Devo dizer que o sashimi (robalo, atum, barriga de salmão e um peixe típico japonês do qual não apanhei o nome) estava soberbo, do melhor que já me foi dado a provar: as peças estavam bem cortadas, eram de tamanho generoso e a frescura e qualidade do peixe era de aplaudir. Também o sushi era muitíssimo bom: pouco arroz e muito peixe, nada de frutinhas e parvoíces que tais, só uns quentes que não só não ofendiam como estavam especialmente bem conseguidos – e algumas peças de exceção, como os nigiris de robalo e outras com ovo de codorniz. De todo o modo, não havia uma única peça de que pudéssemos dizer que era menos boa, até os makis foram aplaudidos.
Em contraste com a imensa qualidade da comida, esteve infelizmente o serviço, que não está de todo à altura do resto (muito menos da conta): demorado, atabalhoado (foi preciso pedir uma coca-cola três vezes para que ela viesse para a mesa), trapalhão (houve um par de vezes em que não perceberam o que pedíamos e trouxeram coisas tontas), pouco naturalmente simpático. Primeiramente, até nos serviam a sangria, de cada vez que um copo precisava de ser cheio; depois, servíamos nós, certamente para não nos habituarmos mal.
Passando às sobremesas, optámos por pedir quatro coisas diferentes, para podermos provar o máximo de sabores possível: veio um Red Velvet Cheesecake para a AC, uma Torta de Laranja Húmida com Mousse de Iogurte Grego para a MBC, um Tiramisú de Chocolate e Framboesas para a SF e um Fondant de Caramelo com Bola de Gelado de Gengibre (este feito na hora, pelo que demorou cerca de 15 minutos, o que nos foi dado a conhecer pela funcionária) para mim. E, caríssimo Cardume, se batemos barbatanas ao resto, as sobremesas em nada desmereceram a fama que têm: que coisas tão boas, caramba. Confesso que o meu preferido foi o Cheesecake, que é assim uma coisa de sonho – mas tudo o mais tem a mesma qualidade, dependerá apenas das preferências de cada um.
No final, uma conta redonda: 40€, nem mais nem menos, o que corresponde inteiramente à imensa qualidade de tudo quanto comemos; só o serviço precisa de melhorar para que possamos chamar ao Romando um estaminé de referência, sem hesitações.
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Romando Sushi Caffé | Vila do Conde
Localidade: Vila do Conde
Telefone: 917 477 735
Horário: Seg a Dom- 11h00 às 02h00
Aceitam reservas? Sim
Permitam-me iniciar com uma declaração de interesses: pese embora eu seja do rock, nunca liguei nenhuma ao conceito Hard Rock Café enquanto estaminé de frequência. Explico-me: acho graça entrar, dar uma voltinha para apreciar as relíquias usadas por gente de quem gosto muito (e de quem nem por isso, por que não?), queixar-me do disparate dos preços praticados e sair com a mesma destreza com que entrei, seja em que cidade for.
Só que depois o Hard Rock abriu (finalmente) no Porto – o que não acho que seja propriamente magnífico para o turismo, como se diz, porque não é isso que distingue a Invicta e atrai os visitantes (vejam lá se o Bourdain vai a estas chafaricas globalizadas ou se prefere ir enfiar-se nos nossos tascos preferidos), mas pronto, abriu. E está num edifício lindíssimo, ali entre a Rua do Almada e a Avenida dos Aliados. E era sábado e a pessoa estava ali a dois passos e a morrer de fome e a pensar onde é que havia de ir picar qualquer coisa – e olhou para o lado e pronto, estava feito.
Entrar no Hard Rock do Porto é particularmente agradável, porque o interior daquilo que anteriormente foi um hotel em nada foi vilipendiado: o contraste entre a decoração e o requinte de outrora dá origem ao casamento perfeito; são três andares amplos, com temas diversos, em que se destaca este ou aquele apontamento referente a um cantor em particular, sem que se perca a noção de que estamos numa construção grandiosa e clássica, com janelas e um pé direito alto.
Há mesas do tipo diner americano, há mesas altas (tipo balcão), há cores e materiais diversos, há azulejos hidráulicos lindíssimos e escadarias bem restauradas, há balcões modernaços e ecrãs planos que passam videoclips e concertos ininterruptamente. E também há uma das maiores valências do Hard Rock portuense, o staff: são simpáticos, apresentam-se pelo nome, dão a conhecer, explicam, têm sentido de humor, bom ar, sugerem, são rápidos e eficazes. Fomos atendidas por uma meia dúzia de pessoas, tudo malta nova, desde o empregado de sala ao chefe de turno, passando por quem nos recebeu e só temos coisas boas a dizer – sendo que o fator humano é um dos critérios que pode fazer-me nunca mais voltar a um estaminé ou regressar com prazer.
Agora o menos bom: os preços. São caros. Tudo no Hard rock é caro. Bem sei que o “caro” é sempre relativo e que estamos a pagar a experiência e a decoração e a proximidade das relíquias e tal. Mas pouco menos de 20€ por um hambúrguer ou uma salada continua a ser uma pipa de massa, sobretudo quando temos coisas de igual qualidade (e superior) na proximidade. Claro que só ali vai quem quer e nós quisemos, pelo que tratámos de minimizar a dor pedindo uma entrada que mataria dois coelhos de uma só cajadada: permitir-nos-ia provar uma carrada de pratos da lista e não ficaria assim tão cara – refiro-me ao Jumbo Combo que, por menos de 19€, nos traz todas as entradas da carta, com exceção dos Classic Nachos.
Pareceu-nos a melhor das hipóteses e pedimos, também, para beber, o belo do fino: uma Heineken e uma Sagres (porque a Super Bock não mora ali – o que será coisa para incomodar muitos, mas eu nunca fui uma fundamentalista cervejeira). Entretanto, nos minutos que tínhamos entre o pedido e o serviço (menos de dez, creio, foi tudo bastante rápido), tratei de ir conhecer e fotografar o espaço – e conheci melhor do que fotografei, como aferirão pelo registo abaixo: o meu telefone estava sem bateria, tive de usar um emprestado e alguns retratos ficaram assaz pobrezinhos, pelo que apelamos para a vossa compreensão.
Servido o pedido, depressa antecipámos que iríamos ficar de barriga cheia: vêm 3 bruschettas (com tomate e queixo curado de cabra), umas sete ou oito rodelas de cebola panadas, três enormes pedaços de peito de frango panado, 3 rolinhos Primavera (muito bem recheados), uma meia dúzia de asas de frango bem picantes e 3 tipos de molhos (mostarda, barbecue e queijo azul). Também há para lá uma amostra de salada, junto aos rolos Primavera, mas é mais para enfeitar do que outra coisa.
Nota importante: tudo estava imaculadamente cozinhado e saboroso, acabadinho de fritar. Ou seja, o género gastronómico não agradará a todos, mas a qualidade é irrepreensível. Também vimos passar enormes hambúrgueres (que se mantêm na vertical porque levam uma faca espetada, o que achei genial), generosos pedaços de entrecosto, batatas fritas apetecíveis – de resto o espaço é enorme e, cerca das 14h, estava cheio. Cheio que nem um ovo, entre turistas (muitos) e locais (diria que pelo menos metade, o que me surpreendeu).
Não poderíamos vir embora sem eu dar a conhecer às minhas papilas gustativas o Cheesecake de Oreo: pousei-lhe o olho mal cheguei e nem os ultrajantes mais de 8€ que custa foram capazes de me demover. Foram minutos de rara felicidade e juro que nem um cêntimo chorei (apesar de continuar a achar um disparate de preço): foi dos melhores cheesecakes que comi em toda a minha vida de enfardadeira e agradará a todos os que, como eu, entendem que um cheesecake tem mesmo de saber a queijo, deixem-se lá de natinhas e semifrios da treta.
No final, uma conta de pouco mais de 16€ por estômago acabou por se revelar bem menos dolorosa do que previamente antecipara: a experiência foi absolutamente positiva, e não apenas no que toca aos (bons) apetites.
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Se me permitem a honestidade, começo por dizer que a Adega São Nicolau esteve longe de ser a nossa primeira escolha para a noite em causa – a verdade é que decidimos marcar um jantar para cinco pessoas com 48 horas de antecedência e a coisa estava assim para o difícil, o que só prova que a noite portuense continua vivíssima e recomenda-se. Vai daí, depois de um punhado de tentativas frustradas, seja porque os estaminés que queríamos experimentar estavam cheios, seja porque nos impunham um horário limitado (por exemplo: que nos despachássemos entre as 8h00 e as 21h30, o que para nós, que gostamos de estar à mesa, é absolutamente contranatura), não nos foi possível assegurar qualquer das reservas que primeiramente intentámos.
Já em desespero de causa, não porque na Invicta faltem opções, mas porque nos apetecia um sítio que nos proporcionasse simultaneamente boa comida e um serão bem-disposto e relaxado, ocorreu-me que o meu irmão, que viera ao Porto em trabalho no início da semana, tivera um jantar com os colegas num sítio novo, de que gostara bastante: é aqui que entra a Adega São Nicolau, sita na rua com o mesmo nome, ali mesmo à beira-rio, na Ribeira.
Por boa fortuna (e tenho noção de que foi mesmo um golpe de sorte, sobretudo depois de lá ter estado), havia uma mesa para nós, a partir das 21h (o que significa que alguém ia ser bastante expulso, a esta hora, para nos dar lugar) – e fechei o “negócio” sem pensar duas vezes.
Na noite agendada, tinha chovido violentamente à tarde mas, bendito seja São Pedro, a noite estava húmida mas sem aguaceiros; ainda assim, foi com alguma surpresa que vi a pequena (mas engenhosa) esplanada repleta de gente: pela estreita rua acima, mesas de quatro e duas pessoas contrariam a considerável inclinação, aquecidas por lareiras verticais de exterior – o que me causou uma certa inveja, já que a vista para o rio Douro e para a Serra do Pilar é, dali, deliciosa.
Claro que, bem vistas as coisas, uma mesa interior é sempre mais confortável numa noite de Outono a puxar para o frescote; ainda assim, a nossa sofria de um enorme inconveniente: era uma mesa para quatro, onde tiveram de caber cinco (e não, não no-lo comunicaram de antemão), o que é sempre algo desagradável, mesmo que caibamos, como foi o caso. Aqui, acresce que o espaço entre as mesas é diminuto, o que agrava ainda mais as circunstâncias: quem estava nas extremidades ou de costas para a passagem para a cozinha, tendia a (por mais desembaraçados e cuidadosos ou habituados a desviar-se de “obstáculos” que fossem os funcionários – e eram-no) sofrer algum contacto físico por parte de quem se desloca no ínfimo espaço interior, mesmo que apenas para ir à casa de banho.
Evidentemente que, se não fosse assim, provavelmente, não teríamos tido mesa – e apreciámos sobremaneira a gentileza – mas ainda assim, e porque não há forma de fazer esticar o espaço, era importante dar conta aos clientes dos constrangimentos, de modo a que pudéssemos decidir se nos apetecia sujeitarmo-nos a eles ou nem por isso (e nós se calhar acataríamos a coisa).
Uma nota final para a estética do espaço, que é muito interessante: as paredes são revestidas a madeira clara e fizeram-me lembrar o interior de um barco (também nos pareceu uma pipa de vinho, mas optámos pela interpretação do barco, que sempre é mais elegante) e a luz é quente e acolhedora – embora inimiga das fotografias tiradas com a câmara do telefone-a-precisar-de-ser-substituído, como vos será dado a ver pelos retratos amarelados que acompanham esta prosa.
Quanto à experiência gastronómica em si, só temos coisas boas a apontar: eu e a AC escolhemos as Lulas Grelhadas, que viriam servidas com batatas cozidas e que foram substituídas por batatas a murro, a nosso pedido; a SC e a MBC optaram pelos Bifinhos de Atum Grelhados (mesmo acompanhamento original, igual pedido de substituição) e a MB escolheu a Bochecha de Vitela Estufada, servida no tacho e acompanhada por arroz branco. E a verdade é que, às primeiras dentadas, estava feita a apreciação: das suas (salva seja) bochechas, a MB disse parecerem “um estufadinho caseiro”; os bifinhos de atum só mereceram elogios; já as nossas lulas, encontravam-se no ponto ótimo: tenras mas sem perderem a consistência. É que até as batatas, que primeiramente granjearam olhares de esguelha, por mais parecerem terem levado um tabefe mal dado do que um murro como deve ser, eram saborosas e macias como poucas e combinavam lindamente com a fina cama de azeite a saber a alho, em que repousavam.
Para beber, a nossa perita AC tratou de escolher a beberagem: fizemos a folha a duas garrafas de CARM, um maduro branco do Douro servido fresquinho, que nos soube muitíssimo bem.
A nossa única crítica, nesta dimensão, vai para a falta de legumes: pedimos que nos trouxessem verduras “com fartura”, veio apenas uma travessa de couve cozida (saborosa, mas a precisar de cor); quando quisemos repetir, não havia mais nada – e parece-nos desadequado que um estaminé com tanta afluência não esteja preparado para, num sábado à noite, servir coisas verdes aos clientes, a mais de uma hora do horário de encerramento.
Quando chegou a hora das sobremesas, foi-nos sugerido que deixássemos que escolhessem por nós, pelo que nem olhámos para a ementa – e, se por um lado me agrada que me sirvam o que de melhor a casa tem, por outro fico sempre na dúvida (sobretudo depois da falta de legumes): será que havia mais alguma coisa? Neste caso, não foi preocupante, porque gostámos bastante do que o funcionário nos trouxe: seminaristas (jesuítas pequeninos) frescos e fininhos, toucinho-do-céu saboroso, uma torta de laranja com passas fantástica, e um quindim que reuniu a preferência da maioria – embora nisso não tenhamos estado de acordo: umas gostaram mais de uma coisa, outras de outra… e eu gostei igualmente de tudo, porque não consigo comparar coisas diferentes e sou mocinha de bom palato, vá.
Passámos aos descafeinados e à conta, que se revelou também ela uma excelente surpresa: 22,70€, que passámos a 23,50€ – porque apreciámos o serviço, embora saibamos que poderá não agradar a toda a gente: não discuto a competência, mas a descontração é rainha, o que pode não convir a todos os clientes.
Em jeito de conclusão, a Adega São Nicolau é estaminé que recomendo sem hesitações, não só apenas pelo que lá nos é dado a provar, mas também pela localização privilegiada, que o torna um sítio onde locais e turistas (nacionais e estrangeiros) se encontram, num ambiente eclético e descontraído.
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Tratava-se de um daqueles almoços com hora marcada e era mais importante a conversa a pôr em dia do que propriamente onde iríamos comer – embora isso nunca seja de todo despiciendo, pelo menos para mim e para a RV (Carapaua Fundadora e eterna presença nesta chafarica). Vai daí, e porque o horário era limitado, a RV desafiou-me para ir conhecer um estaminé relativamente perto do trabalho dela, na marginal de Gondomar, a que já tinha ido algumas vezes e que me assegurava ser muito agradável, sobretudo no Verão, e não se comer nada mal. Read more
Jantar entre amigos a meio da semana é do melhor que há. Põem-se em dia as vidas, quebra-se a rotina e cultiva-se os elos que nos vêm unindo ao longo dos anos, mesmo que não seja preciso. Aliás, não se cultiva por necessidade. Antes, pelo prazer de ver amizades crescerem e perdurarem ao longo das vidas. Este foi um desses jantares. Tive como companhia a AC e escolhemos a Yuko Tavern, estaminé que conheço muitíssimo bem, há anos, e do qual sou fã, devo confessar. Aproveitando esta ida, decidi escrever esta crónica e falar-vos deste sítio que, pelo que vos vou contar, vale a pena visitar. Read more