Imagine-se uma tarde cinzenta, invernosa e caseira (porque não me atreveria a sair para a confusão de um domingo a dois dias do Natal), onde incluo leituras e muita preguiça, mesclada pela necessidade do trabalho, que não se compadece de períodos festivos. Decido presentear-me com um repasto dos bons (antecipando o des-gosto dos pratos tradicionais da época, que não me aquecem nem arrefecem) e relembro o conselho já antigo do JC: “quando estiveres por Lisboa e te apetecer sushi, liga para o Sushi Boy: é bom, barato e entregam em casa”. E eu, que sou bem mandada e, sobretudo, não desperdiço bons conselhos, aproveitei um dia sem refeições familiares e tratei do assunto.
O primeiro passo foi a visita ao site, por forma a inteirar-me da ementa e, logo depois, o telefonema: sem surpresa, verifiquei que se trata de um estaminé como os seus primos Arco-Íris e Sabor Fresco, no Porto – não abrem se não à hora de almoço e jantar. Se, como eu, a estimada freguesia for do tipo de almoçar a meio da tarde, o melhor é acalmar a fominha e esperar pelas 19h, porque antes disso não há nada para ninguém (isto ao fim de semana porque nos dias úteis também abrem e entregam entre as 12h e as 15h). O ponto de interesse é, sem dúvida, o preço: cada caixa de sushi ou sashimi custa 6,50€ com entrega incluída, ainda que a encomenda mínima deva ser de 13€ ou duas caixas (se se comer no espaço do estaminé ou se se preferir levantar na loja não há mínimos). Há 25 combinações de sushi, temaki e sashimi, fritos e nem por isso, à escolha – cada caixa é identificada por uma letra e número, o que torna a coisa ainda mais fácil: uma vez decoradas as preferidas, é só ligar e pedi-las pelo código.
O primeiro contacto com o Sushi Boy é uma surpresa: ligado um dos números de telefone disponíveis (sendo que os há para todas as redes móveis, para além do da rede fixa), atende-nos uma voz feminina, que fala (e entende) português perfeito. De resto, de outro modo, seria extremamente complicado o processo que antecede a primeira encomenda: há que deixar morada e número de contacto, por forma a que, nas encomendas seguintes, baste fornecer o último, já que ficam com o registo. Todas as encomendas demoram cerca de 45 minutos a serem entregues, pelo que convém antecipar o acto, por forma a não se morrer de fome. Ou de apetite. Eu liguei cerca das 18h30, aceitaram-me o pedido com simpatia e competência, salvaguardando o facto de os três quartos de hora começarem a contar a partir das 19h, evidentemente. Indicam o valor total da encomenda e perguntam a necessidade de troco – isto porque os funcionários encarregados das entregas não são portadores de terminais de multibanco.
Exactamente 45 minutos depois das sete da tarde, a campaínha toca: num saco a que foi agrafada uma factura, as três caixas pedidas. E continuam aqui as grandes diferenças para com as empresas congéneres portuenses: para além da factura, cada caixa é selada com autocolante, o molho de soja vem em embalagens individuais e tanto o gengibre como o wasabi embalados à parte – não há coisa que mais me chateie do que ter as peças de sushi mergulhadas no wasabi e o gengibre a saber a sashimi. (Naturalmente, trouxeram-me pauzinhos para três; talvez não estejam habituados a apetites como os do Cardume, mas isso é característico de muitos estaminés.) E depois há o tamanho das peças, generoso. E o peixe (salmão, atum e peixe-manteiga), fresquíssimo. E, evidentemente, a vasta selecção de peças de onde podemos escolher: eu optei pelas caixas A8 (Sashimi Misto: salmão, atum e peixe-manteiga), A14 (Nigiri Misto: gambas, salmão, atum e peixe-manteiga) e A29 (Maki Misto) e nenhuma me desiludiu, embora me apetecesse ter oportunidade próxima para testar mais umas quantas iguarias.
Quanto ao preço, e tendo em conta que entregam em qualquer zona de Lisboa (eu estava perto mas pagava – e paguei – para não sair de casa), parece-me justíssimo e conveniente. Vai daí, malta de Lisboa ou visitantes esporádicos da capital (como esta vossa criada), se vos assolar um apetite súbito de sushi, é ligar ao Sushi Boy, coisa boa, barata e jeitosa.
E bons apetites, sim?
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