“Carapau Graúdo” — seria isto que se leria em letreiro, escrito à mão, com letras gordas, se por ventura nos anunciassem num qualquer mercado.
Era véspera do primeiro aniversário do projecto Carapaus de Comida e, por coincidência — normalmente escolhemos o estaminé a visitar na própria semana da incursão — caiu-nos no prato uma chafarica de marisco, do qual gostamos pouco, gostamos.
O Restaurante A Cabana já nos havia sido recomendado há bastante tempo por uma seguidora assídua dos Carapaus, pelo que decidimos não adiar mais a visita.
Juntaram-se a nós — AV e AA — os habitués DB, RC e BC, a (também ela fundadora dos Carapaus) RV, além da SC — que já nos havia acompanhado na incursão à Casa d’Avó Micas — e da AC, única estreante nestas andanças.
O Restaurante A Cabana fica na Apúlia, na marginal, juntinho ao mar, e o caminho que se faz para lá chegar pode não ser fácil para quem não conhece a zona, como foi o nosso caso.
Nada que não se resolva com recurso à tecnologia. Carapau que é Carapau chega sempre ao seu destino, mesmo que seja fazendo batota.
Rodeado por outros estaminés de dimensões mais avantajadas, o Restaurante A Cabana distingue-se pelo enorme outdoor que assinala o seu trigésimo aniversário.
Embora, à primeira vista, não se revele especialmente acolhedora, A Cabana é-o sem dúvida e percebe-se isso mal se põe a barbatana dentro da sala de jantar, antecedida por uma pequena antecâmara, onde se encontra um balcão e o frigorífico onde esperam peixes e mariscos pela sua vez de saltar para o estrelato.
A sala, não muito grande, decorada com motivos piscatórios, com paredes pejadas de bacalhaus de madeira, pequenas pinturas de pescadores e redes de apanha do caranguejo que pingam do tecto — entre outros adereços que enganam quanto ao que se come por ali — e vinho, muito vinho.
Quando eu, a AA e a RV chegámos ao estaminé, já nos esperavam os restantes convivas, bem como um presente de aniversário delicioso que nos foi trazido pelas irmãs bracarenses SC e AC. T
ambém jaziam já na mesa algumas entradas — azeitonas pretas não muito bem temperadas, pão e broa, chouriço ainda quentinho — que depressa desapareceram. Pouco depois aterraram dois pratos com amêijoas à espanhola (com louro e pimento) que, ainda que saborosas, teríamos preferido que fossem à Bulhão Pato.
Quase em simultâneo materializaram-se também uns pratinhos de polvo, ainda quente, tenríssimo e delicioso.
Enquanto devorávamos as entradas, sem clemência, fomos pedindo o prato principal, sendo unanimemente decidido que seria o misto de marisco — uma fotografia daquele manjar já nos aguçara o apetite e a curiosidade uns dias antes, no Facebook.
Naquela altura deslindou-se o único ponto negativo da noite: a espera.
Na nossa opinião a vinda da estrela da noite demorou mais tempo que o expectável e razoável.
Como agravante, foram trazidas para a mesa, um pouco antes, as torradas com manteiga que serviriam para comer o recheio da sapateira incluída no misto de marisco, que, quando aquele chegou, já haviam secado, esfriado e endurecido, dada a demora.
No entanto, tudo isto foi rapidamente esquecido mal pusemos os olhos de peixe nas travessas enormes, a abarrotar de marisco, que seguiam na nossa direcção a alta velocidade.
Mal pousaram, só houve tempo para se tirarem as fotografias da praxe antes de se abater o silêncio sobre a mesa, apenas interrompido por ruídos de satisfação gastronómica.
Nas travessas, dispostos de forma organizada, estavam camarões, lagostins, mexilhões, sapateira, abacaxi e até uma maçã cortada de forma a parecer-se com um galo, numa das travessas, e com um cisne, noutra.
Estava tudo delicioso e havia quantidade suficiente para que nenhum Carapau saísse d’A Cabana com fome. O banquete foi regado a finos, pela maioria, a panaché pelas DB e SC e a refrigerante pela AC.
De realçar que o serviço foi sempre impecável e eficiente. Para terem uma ideia, mal um copo esvaziava, era imediatamente substituído por outro, até que se dissesse algo em contrário.
Passámos então às sobremesas e houve bolo de bolacha, leite creme e mousse de chocolate, que cumpriram a sua função de adoçar a boca dos convivas.
Em termos de doces, o melhor ficou guardado para o fim, com a surpresa que as irmãs SC e AC em boa hora se lembraram de levar para os Carapaus, a propósito do aniversário: dois cupcakes da Spirito, estaminé de coisas muito boas, em Braga: um de manteiga de amendoím e outro de chocolate red velvet — ambos deliciosos, embora deva confessar a minha preferência pelo primeiro.
Curiosamente, até esta incursão, nunca tínhamos coincidido com festas de aniversário num estaminé.
Pois n’A Cabana cantou-se os Parabéns três vezes, e considerámos, por iniciativa própria, que alguns daqueles acordes nos eram dirigidos, pelo nosso primeiro aninho.
Vieram então os cafés e, coisa que detestamos, a conta: esta incursão cotou-se como a mais dispendiosa até ao momento, com 42€ por conviva, embora, dada a ocasião e aquilo que se comeu, tenhamos pagado de bom grado.
Obrigado por este bocadinho.
Abreijos para todos.
Restaurante A Cabana
Morada: Lugar de Cedovém · Apúlia, Esposende
Telefone: 253 982 065
Horário: Seg a Dom – 12h00 Às 22h30
Aceitam reservas? Sim