Reza a lenda que, no que toca a “comezainas”, no Norte é que é, e que entre golpes de sorte ou tiradas de infortúnio, a expectativa é que num raio de vinte quilómetros à volta da capital as doses sejam tudo menos generosas, já para não falar nos sabores insípidos. Pelo menos é assim que, generalizando, nós os tripeiros pomos a coisa, jamais desperdiçando uma oportunidade de enaltecer tudo acima do Douro, em detrimento do Sul. Pois bem, um amigo alfacinha (da elite de campo de Ourique), fez questão de desmistificar a coisa e levou-me ao Tachadas, em Santos.

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O Tachadas é um restaurante informal, tipo tasca, na Rua da Esperança, bem impregnado de Lisboa-centro, daqueles que não precisam de argumentos decorativos ou de ambiente. Entra-se e, à direita, há uma grelha tipo churrasqueira, com um encorpado e imponente homem como seu guardião; esse, por sua vez, é guardado por uma vitrina artilhada de peixes frescos e enormes peças de carne. À nossa frente, mesas de madeira com toalhas aos quadrados, escoltadas por dois empregados com ar de sabidos, camisas brancas de mangas arregaçadas e prontos a transportar quinze imperais em cada mão. Está tudo dito, ou antes, visto; aqui trabalha-se, e bem, que é terça-feira e a casa vai encher.

Se dúvidas houvesse, as entradas aniquilam-nas. Pão fresco fatiado, um prato de queijo tipo Castelões e outro com finas fatias de presunto a escorrer sobre a mesa. Mandámos para trás que não nos queremos estragar muito e, segundo o anfitrião, havia que guardar barriga para o prato principal.

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Somos três, pedimos um bife e um costeletão, que é suficiente. E foi: pouco depois duas tábuas já bem usadas empoleiram-se na mesa e impressionam. Os nacos de carne suculentos e cheirosos estão salpicados de sal grosso e são acompanhados por uma pequena taça de maionese. Ao lado, umas batatas fritas caseiras, bem quentinhas, e uma salada mista. A água a crescer na boca é muito útil para ajudar a digerir tudo. O bife é mais tenro, mas o costeletão mal-passado, talvez por dar mais luta, é que é assunto com o divertido empregado nortenho, denunciado pelo sotaque e pela atitude metediça. A refeição decorre sem muito que possa ser dito. Aqui não há surpresas, fusões de sabores inesperadas nem estímulos visuais. É só muito bom!

Realmente satisfeita, só consegui testar mais a qualidade do abatanado. Mais é menos, repetia para mim ao sorver os últimos goles de café. Com o conforto de uma refeição farta, altamente proteica e de qualidade, paguei a minha parte, 10,10€, dei a razão ao alfacinha – em Lisboa come-se bem e em conta – e fui feliz para casa. Pelo caminho lembrei-me de uns quantos que “temos de cá trazer”. Há melhor resumo?

O Tachadas

Morada: Rua da Esperança  176, Santos-o-Velho, Lisboa
Telefone: 213 976 689
Horário: Ter a Dom – 12h00 às 15h00 | 19h00 às 23h00
Aceitam reservas? Sim

No Zomato
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Nota: Não temos fotografias para acompanhar esta Posta de Pescada. A imagem de destaque foi retirada do site Zomato (autor Tini Briosa)

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