RO | Ramen e Outros | Porto | Carapaus de Comida

Iniciemos com um esclarecimento: soube que queria ir ao RO muito antes de ele abrir (o que aconteceu muito recentemente, em Novembro), mal a coisa começou a ser partilhada no Facebook, ainda em tom de mistério. Não que o efeito surpresa tenha grande resultado em mim per se, mas quando se trata de um restaurante de conceito inovador, no Porto, que tem como cartão de visita dois chefs que muito admiro, eu agarro a ideia e só descanso quando a concretizar.

Falo do Francisco Bonneville, que tenho tido o prazer de ver crescer em competências, ao longo dos últimos oito anos e picos (só porque o conheci ainda enquanto estudante), e do João Pupo Lameiras, com cuja cozinha travei conhecimento na Casa de Pasto da Palmeira, justamente através do Francisco, que lá trabalhava também – e fiquei cliente, até hoje –, e que tem dado tantas cartas na oferta gastronómica do Porto, sendo considerado por muitos um dos chefs mais promissores da atualidade. Eu, que posso dizer estas coisas porque não sou especialista, acho que há muito que o João saiu do patamar da “promessa”, para ser já um crédito firmado – mas que sei eu?

O prato mais famoso que aqui se serve (porque há outros) é o ramen que, segundo a Wikipédia (que é útil para estas definições mais inócuas), é um “alimento japonês de origem chinesa, composto por filamentos longos de massa alimentícia mergulhados em caldo extraído de verduras, legumes, carcaça suína, bovina, de aves ou frutos do mar, temperados com shoyu, sal ou miso e decorado comumente com carne de porco, cebolinha, broto de feijão e broto de bambu”. Trata-se, portanto, de um caldinho cheio de cenas em geral e tanto eu como a RV lambemos os beiços quando pensámos nele, pelo que tratámos de agendar o nosso almoço-mesmo-junto-ao-Natal para lá.

Procedi à reserva de forma muito simples, através de mensagem no Facebook; a confirmação foi feita pela mesma via e pronto, tudo muito simples – infelizmente, no dia marcado houve uma pequena confusão e, imediatamente antes de chegarmos, duas outras pessoas foram sentadas na mesa que nos estava destinada, o que nos deixava duas opções: esperar um bocadinho ou sentarmo-nos ao balcão. Depois percebi que, para além da simpática sala do piso térreo, com mesas mesmo junto à vitrina que dá para a Ramalho Ortigão/Rua do Almada e outras em pequenos cubículos, perto das janelas das traseiras, há uma outra na cave – mas nós escolhemos sem hesitações o balcão, mesmo porque tanto eu como a RV gostamos de observar a azáfama das cozinhas (e de restaurantes que no-la dão a conhecer).

Uma vez sentadas, foi-nos apresentada a ementa, bem como o menu de almoço, que inclui, por 12,50€, um prato de ramen à escolha, bebida e café (e uma tacinha de gelado, por mais 50 cêntimos). Decidimo-nos por ele, embora soubéssemos de antemão que queríamos provar as sobremesas – mas pagá-las-íamos à parte. Decidimo-nos pelo Ramen Puro Shoyu (a RV), composto por noodles, cachaço do porco, ovo, ceboleto, bomi e nori, e pelo Tantan Ramen (eu), feito a partir de noodles, cachaço de porco, porco picado, sésamo, chili, ovo, ceboleto e nori. Para beber, pedimos, respetivamente, água e Cola Zero (ao almoço, dificilmente ingerimos outras coisas).

Enquanto esperávamos, já babosas pelo que víamos sair da cozinha, o Chef Francisco Bonneville serviu-nos, “como tentativa de compensação pela confusão com a mesa” (o que só demonstra belíssimas competências em termos de como-tratar-clientes) um Okonomyiaki (espécie de panqueca, como esclarece o menu) Misto, com couve, lulas, gambas, porco, bacon, molhos, nori, ceboleto e katsuobushi – e, minha nossa senhora das coisas boas, que delícia… a mistura de sabores pode afigurar-se algo difícil de resultar mas a verdade é que o resultado é ótimo. De resto, conceito não nos era estranho, já havíamos degustado algo semelhante no Shiko – mas este não se apresentou de todo menos bom, antes pelo contrário: uma perfeição.

Logo depois, vieram os ramen, servidos em tijela grande, com colher de pau funda para quem gosta de beber o caldo, e fumegantes de quentes. E o ramen, caro Cardume, é um deleite para os sentidos, seja porque as carnes se desfazem (sem se desfazer) de tão tenras, as noodles são macias sem estarem moles, o ovo vem (mal) cozido no ponto e o ceboleto dá um sabor incrível a tudo. O ato de comer ramen é, também ele, um ritual: como comentávamos ao almoço, não será o prato ideal para um primeiro encontro ou para um almoço de negócios, já que o melhor é pendurar o guardanapo ao pescoço e prepararmo-nos para alguma desordem, dependendo da aselhice de cada um. Seja como for, elejo ramen como um dos meus pratos favoritos: é comida de conforto, mas cheia de sabor e de bons nutrientes, não constituindo dos maiores pecados que conheço, em termos de facada numa eventual dieta.

Claro que nesta altura já estaríamos satisfeitíssimas fisicamente, mas mais depressa sairíamos dali a fazer o pino do que sem comer sobremesas, pelo que tratámos de pedir o Salame de Chocolate Branco e Wasabi (para a RV) e o Chocolate com Caramelo Líquido de Miso (para mim, que não posso ouvir falar de caramelo salgado sem querer mergulhar nele). Com eles, o Chef Bonneville trouxe-nos duas tacinhas de gelado “para provarem” (ele sabe que nos pelamos por estas coisas); um de chá verde polvilhado com um crocante de chocolate (muitíssimo bom) e o outro de sésamo (eleito unanimemente como o melhor dos dois), sendo que a opinião imediata de ambas foi que raramente se comem gelados que sabem tanto àquilo de que dizem ser feitos – são ideais para quem quer uma sobremesa mais leve e fresca. Já as sobremesas pedidas foram muito aplaudidas, não só pelo sabor como pela originalidade – que, de resto, é a pedra de toque deste RO.

Acabámos por ser as últimas a sair, na ante-ante-véspera do Natal, mas com uma imensa vontade de regressar mal seja possível: ficámos mesmo fãs. Pagámos 16€, cada uma, pela refeição (sem contar com os gelados e a panqueca) e a coisa sai barata, para aquilo que é oferecido – afinal, o ramen é dos pratos mais cosmopolitas do mundo, sendo que, na Invicta, ao que sei, só um outro estaminé, algures perto do Carolina Michaelis, o servia.

Na verdade, qualquer preço é bom quando nos são proporcionados tão bons apetites, pelo que aconselhamos vivamente o RO, a todos os apreciadores da oferta gastronómica.

RO | Ramen e Outros
4.9 / 5 Carapaus
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Positivos
A comida, A cozinha aberta, O espaço, A localização
Negativos
Pode ser difícil estacionar (?)
Resumo
Aberto recentemente, o RO é estaminé obrigatório para todos os que apreciam comida japonesa para além do sushi (mesmo porque este raramente é servido, por cá, à moda nipónica), sobretudo ramen, um caldo cheio de coisas boas.
Serviço4.5
Comida5
Preço/Qualidade5
Espaço5
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RO | Ramen e Outros | Porto

Morada: Rua Ramalho Ortigão, 61
Localidade: Porto

Telefone: 222 008 297
Horário: Dom a Qui – 12:00 às 23:00 | Sex e Sáb – 12:00 às 24:00
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