Pizzaria Lisboa | Carapaus de Comida

Esta foi uma incursão inesperada, que é coisa que sabe sempre (ainda) melhor: foi combinada de véspera, por mensagem e, basicamente, a malta iria comer a qualquer lado só para pôr a converseta em dia, mas já que estávamos no centro, por que não aproveitar o que ele tem para nos oferecer? A VPH trabalha mesmo na baixa e eu estava alojada no Chiado, pelo que acabámos por reduzir as nossas opções apenas a duas, escolhendo a Pizzaria Lisboa (ou “do Avillez”, que dá mais jeito e é mais claro) por exclusão de partes (o outro estaminé concorrente ficará para a próxima e figurará certamente por aqui, na altura).

Ali chegámos cerca das 13h00, a pé (não é fácil estacionar na zona, a propósito, mesmo em Agosto), e à nossa espera estava a mesa para duas pessoas junto à janela, que a VPH havia tentado reservar pelo telefone e que não lhe garantiram como certa – não que a vista seja deslumbrante (pelo menos para a maioria, que eu cá gosto sempre de ver quem passa e de ter luz natural directa), mas uma janela há-de ser sempre mais atractiva do que outra coisa qualquer. A Pizzaria Lisboa fica na mesma rua d’O Cantinho do Avillez (que entretanto abriu uma sucursal no Porto), mesmo ali à babujinha do Chiado e, naturalmente, mesmo no início de Agosto, estava cheiinha que nem um ovo, entre locais (provavelmente trabalhadores na área) e alguns estrangeiros dos mais bem informados.

Aconselhada pela minha parceira de comes e bebes, fomos no menu executivo que, por 12,50€, inclui o couvert, um prato à escolha (pizza, risotto, salada ou massa, de entre os seleccionados para o efeito), água ou chá frio e uma sobremesa (previamente indicada) ou café. Trocámos a água por Cola Zero (que tem de ser paga à parte) e fomos espreitando as pizzas, que ainda por cima acarretam a benesse de poderem ser duplas, isto é: podemos escolher uma pizza que é metade uma coisa e metade outra – sendo que todas têm nomes alusivos não à sua raiz italiana (como é uso fazer-se) mas ao nome do estaminé. Ele há uma Mouraria, uma Fado, uma Ladra, uma Carmo, uma Bica, uma Madragoa, uma 28 (em homenagem ao elétrico mais famosos de todos os tempos, que passa ali ao pé), uma Pessoa e, como excepções, uma Margherita e uma Marinara (certamente porque os consensos são uma chatice).

Tive alguma dificuldade em chegar ao que queria e eu nem sou de grandes indecisões; o que acontece é que ali as combinações de sabores são tão originais (e portuguesas) que me apetecia experimentá-las a todas. Acabámos por mandar vir uma metade Pessoa (tomate, mozarela, cebola, azeitonas galegas e orégãos), metade Bica (tomate, mozarela, salame picante e orégãos) para a VPH e uma metade Pessoa metade Fado (tomate, mozarela, curgete, beringela, pasta de azeitonas, alho e parmesão) para mim.

Entretanto, chegavam-nos as bebidas que, quanto a mim, só têm um inconveniente: a Coca-Cola vem servida no copo, com gelo e limão, o que nunca é profícuo para o cliente – e eu gosto sempre de ver a latinha, pronto (é deselegante, mas gosto). Com elas, veio o couvert, que já me havia sido anunciado como sendo coisa que, por si só, valia a visita – e minhanossassinhôra, se vale, caramba! É a coisa composta por gressinos caseiros (dois de alho e ervas, dois de mistura) servidos em recipiente de alumínio, fatias de pão de alho fininho, um molho com manjericão (ideal para fazer mergulhar os gressinos e o que nos der na gana), manteiga de trufas e azeite da Herdade do Esporão – e posso dizer-vos que seria feliz só a comer esta combinação de sabores (todos eles fantásticos) se, obviamente, a dose fosse maior, que a pessoa precisa de se alimentar e tal. Degustámos tudo como se fosse a primeira vez (mesmo porque para mim era mesmo, pelo que convém), e tínhamos varrido praticamente tudo quando nos chegaram as pizzas – outro espectáculo, desde logo pelo tamanho (que pode assustar os menos afoitos): são para o granjola em diâmetro mas comem-se muitíssimo bem porque a massa é muito fina (embora não tão crocante como eu desejaria, mas talvez isso seja ponto de honra, para tornar a iguaria menos italiana) e o recheio está presente na medida certa, sem exageros.

[bctt tweet=”Pizzaria Lisboa, Lisboa”]

De resto, que posso eu dizer-vos? São pizzas mesmo muito saborosas, de uma simplicidade bem conseguida, com conjugações de sabores imensamente felizes, que se comem lindamente, mesmo numa tarde de calor peganhento, como era aquela. Fomos dando cabo delas enquanto dávamos à língua (que é coisa capaz de ajudar inclusivamente na digestão) e, no final, ainda ponderámos a sobremesa, mas nem a do menu nem qualquer outra da lista foi capaz de nos convencer.

No final, um incidente encerrou com chave de ouro a experiência: foi-nos trazida uma primeira conta no valor de cerca de 54€ (o que custaria 27€ a cada uma) e, perdidas que estávamos com outros assuntos (mesmo porque somos ambas daquele género irritante que paga e não bufa ou sequer confere contas), tínhamos já os cartões em riste para pagar quando a funcionária que trouxe a máquina de multibanco à mesa (na verdade, vinha artilhada com duas: uma para cartões de débito, outra para os de crédito) se apercebeu de que a ordem enviada para a cozinha, que tem de contemplar os dois sabores presentes na pizza, fora transportada para a conta como se se tratasse de quatro pizzas (duas para cada uma, correspondentes aos dois sabores que cada uma escolheu), não sofrendo a triagem que normalmente é feita para transformar aqueles quatro sabores em duas pizzas com dois sabores cada. Resumindo: aqueles 54€ vieram a ser, afinal, cerca de 30€, o que foi bem mais simpático para as nossas carteiras e, sobretudo, abonou em favor de um estaminé que também está de parabéns pelos funcionários que escolhe.

Assim, por cerca de 15€ por estômago, sublinhámos a qualidade que subjaz a tudo o que faz um dos nossos Chefes-maravilha (que, ainda por cima, detesta que lhe chamem Chef porque se sente cozinheiro, como disse recentemente à imprensa): pusemos a conversa em dia, desfrutámos de belíssimos apetites e maldissemos a chatice que é ter de trabalhar e não poder passar a tarde na conversa, só porque apetece – que Carapau é assim: bicho reivindicativo e advogado das boas causas.

Pizzaria Lisboa

Morada: Rua dos Duques de Bragança 5H, Chiado, Lisboa
Telefone: 211 554 945
Horário: Seg a Sex – 12h30 às 15h00 e 19h00 às 24h00 | Sáb – 12h30 às 24h00 | Dom – 12h30 às 23h00
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