Visitámos este restaurante, que se anuncia como praticante da gastronomia israelita koshner, um dia depois do Natal, ainda no espírito da troca de presentes e das milhentas refeições que se fazem com amigos, por esta altura (eu cá ainda acho que o melhor era juntar todos, todos, e fazer tudo ao mesmo tempo, saía muito mais barato). Reservámos mesa, ainda que, na verdade, constatámo-lo depois, não houvesse necessidade: a 26 de dezembro poucos são os que decidem almoçar fora, ainda convalescentes dos enfardanços dos dias transatos.
Já andávamos de olho no Bola Falafel há algum tempo, pesassem embora as apreciações muito heterogéneas que lhe líamos tecidas – e, nestas coisas, não há como experimentar e decidir pelo próprio palato e impressões.
Devo dizer que o espaço me conquistou à primeira vista: quando se entra, o ambiente é simpático, com a madeira branca, o teto original e o pé direito alto a destacarem-se, para além de elementos decorativos de bom gosto; evidentemente que, ao fundo, o balcão/montra de vidro, menos requintado, lhe retira um pouco do charme – mas, que diabo, também temos de perceber que não estamos num estabelecimento candidato a estrelas de qualquer ordem.
Uma vez instaladas, foi-nos apresentada a ementa, da qual estávamos decididas a escolher tudo o que o palato exigisse e o estômago comportasse. Optámos por um Hummus Mushrooms, uma Shakshuka Israeli (a alternativa era a picante e não quisemos arriscar) e uma Aubergine Tahini. Para beber, veio o chá quente de menta, pois claro.
A beringela estava uma coisa absolutamente deliciosa: servida com grão (algo que parece intervir em todo e qualquer prato) e um molho picante, fez as nossas delícias. A Shakshuka (prato típico do Médio Oriente, descobri quando o googlei, normalmente servido ao pequeno almoço) consiste, basicamente, em ovos escalfados num molho de tomate maravilhoso, e estava muito boa. Do Hummus, o que gostei menos foi mesmo os cogumelos, servidos ligeiramente gordurosos – mas o hummus, em si, estava perfeito, e foi devorado, juntamente com o pão pita, acabadinho de fazer.
Também nos trouxeram uma tijela com legumes crus (que normalmente não comemos assim, por cá), como sendo couve flor ou couve e, para nossa surpresa, talvez imbuídos ainda do espírito natalício, veio, de oferta, a Bruschetta de Legumes da casa, muito saborosa.
De sobremesa, não tivemos opção: só havia uma espécie de pudim de coco com água de rosas, polvilhado com coco e bolacha ralados, que partilhámos e, embora estivesse longe de me encher as medidas, não era tão sensaborão como pareceu à primeira colherada – mas não repetiria.
O serviço, partilhado por duas jovens simpáticas, foi afável e competente, embora pontuado por momentos de espera incompreensíveis, dado estarmos praticamente sozinhas no estaminé. Ainda assim, foi toda uma experiência agradável, que nos ficou por 16€ a cada uma, o que nos pareceu justo, para os bons apetites.
Bola Falafel | Porto
4.4 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
A beringela, O humus
Negativos
A sobremesa
Resumo
Eis um restaurante de comida israelita, onde é possível almoçar descontraidamente, por um preço digno, com um serviço simpático.
Embora tenha sido uma decisão espontânea, não posso afirmar que não tenha sido pensada uma dúzia de vezes: quase todos os dias fico parada no semáforo da Avenida da Boavista, frente ao Nook e, desde que dei pela sua existência, penso em ir conhecer esta hamburgueria e pregaria, já que fica tão próxima do meu local de trabalho – ainda assim, ir a pé levaria muito tempo, o que é um inconveniente, por não ser de todo fácil estacionar ali nas redondezas (consegui lugar na São João de Brito mas já quase no cruzamento oposto).
Quando cheguei, num dia em que não combinara almoço com qualquer colega e a ocasião o proporcionou, já passaria um bom quarto de hora das 13h e o espaço encontrava-se praticamente lotado: aliás, grupos maiores (o que não era difícil, já que fui sozinha) tinham de aguardar até que uma mesa que os pudesse acolher fosse libertada – o que é de relevo, se pensarmos que o Nook não fica propriamente numa zona turística ou de passeio, para além de que tem uma boa área (levará umas 30 a 40 pessoas, se o meu cálculo retroativo não me falha) e, em dias bons, uma esplanada cá fora que alberga mais doze clientes.
A sala é mais interessante do que imaginava de fora, e tem alguns elementos singulares, que lhe outorgam carisma: não posso deixar de nomear a placa indicadora dos lavabos como uma das mais giras que vi até hoje. A sensação principal é a de contemporaneidade (as paredes, em cimento, dão-lhe o ar minimalista, despojado e quase industrial, tão em voga), conjugada com apontamentos que tornam tudo mais aconchegante, como sendo o balcão de madeira ou as molduras de talha dourada ou os individuais, na mesa, aos quadrados de cores vivas.
Uma vez sentada (foi-me indicada uma das mesas pequenas junto à janela/montra, o que apreciei), rapidamente me foi trazida a ementa por uma das funcionárias (reparei que, ao menos naquele dia e àquela hora, a equipa de sala era constituída apenas de mulheres) – e a tarefa não foi fácil: estando sozinha, queria escolher algo de verdadeiramente emblemático. Há hambúrgueres (treze, com três opções vegetarianas e uma de frango), pregos (sete), saladas (três), a sopa do dia e um menu de criança. Acabei por achar que, dada a prevalência, deveria escolher de entre a oferta de hambúrgueres e, assente na mesma ótica, optei pelo que dá nome à casa – acho sempre que uma boa chafarica jamais escolherá como homónimo um prato que seja menos do que espetacular.
Enquanto esperava pelo meu Nook (hambúrguer, alface, tomate grelhado, cebola caramelizada, queijo de cabra, cogumelos salteados e molho barbecue), foi-me trazido o chá frio de manga e pêssego (sem açúcar) que pedira e, para ir picando, o paté de atum com pão e tostinhas caseiras, de que gostei particularmente porque não era de todo enjoativo (pareceu-me ter um nadinha de pickles picados, como eu gosto).
O hambúrguer chegou ainda não havia terminado o paté – o que faz do Nook um estaminé com timings perfeitos, para quem tem tempo contado para almoçar (categoria a que pertence, parecendo que não, a grande maioria dos comuns mortais). Fiquei muito agradada, desde logo, com o aspeto: as batatas pareciam as que a minha mãe fazia quando éramos miúdos (claramente desiguais, caseiras e clarinhas) e o hambúrguer era alto e com os ingredientes todos visíveis, que é coisa que aprecio deveras. Concomitantemente, os sabores distinguiam-se todos: a carne suculenta, a fatia de queijo de cabra de grossura assinalável (e como eu gosto de queijo), os cogumelos gordos e saborosos, a cebola bem caramelizada.
Evidentemente, tudo isto vem com talheres, porque seria impossível degustar uma torre desta magnitude sem passar um vergonhão (o que me parece evidente, mas há restaurantes que parecem não entender).
Gostei mesmo muito do Nook, sobretudo porque, mesmo com o couvert, a conta em pouco ultrapassou os 10€, pelo que me parece que será estaminé a que regressarei, mesmo pela conveniência da proximidade com o sítio onde labuto e, sobretudo, porque cada vez mais aprecio serviços simultaneamente afáveis e competentes, que só incrementam os bons apetites.
Nook Hamburgueria & Pregaria | Porto
4.6 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
O serviço rápido e simpático
Os hambúrgueres
Negativos
A dificuldade de estacionamento
Resumo
Mesmo ali juntinho à avenida da Boavista, o Nook é um espaço agradável, de ambiente arejado e eclético, excelente para um almoço rápido: os hambúrgueres são de muita qualidade.
Postazinha muito rápida para vos dar conta de uma nova pastelaria portuense, aberta há um par de meses numa das zonas mais populares da cidade, a Bolíssimo. Na verdade, parecerei, talvez, suspeitíssima para falar do Bolíssimo porque conheço e gosto muito de uma das donas, mas uma coisa é certa: continuaria a gostar imenso dela e não diria uma palavra sobre a sua doçaria, caso não os apreciasse – estava feito e seríamos amigas, como dantes.
Só que já provo as maravilhas que saem das mãos da Patrícia (a minha amiga) e da Olga (a sócia da minha amiga, que conheci recentemente) ainda a Bolíssimo não era projeto e foi de olhos fechados que encomendei metade das sobremesas que servi na minha festa de aniversário: sem sequer ter frequentado o espaço (porque tenho ido para a Baixa, durante o dia, sobretudo ao domingo, dia de encerramento semanal) ou provado aqueles bolos específicos – conhecia o cheesecake de frutos vermelhos e o de maracujá, mas de outros estaminés, para onde elas vendem as delícias que fazem, mas sob a capa do anonimato contratual.
Uns dias antes da festa, apareceu na página de Facebook da Bolíssimo o novo cheesecake de manteiga de amendoim – e esse foi a primeira escolha. Depois quis algo que complementasse uma Pavlova de Frutos Vermelhos feito pela JSC, uma amiga com mãos de fada, e a minha Bomba Calórica, que mescla mousse de chocolate, baba de camelo, natas e bolacha – e a Patrícia sugeriu-me o Cheesecake de Lima.
No dia marcado, à hora marcada, fui levantar as iguarias: paguei 16€ pelo de manteiga de amendoim (18cms de diâmetro) e 20€ pelo de lima (26cms de diâmetro) e, em cinco minutos, estava cá fora, não sem antes ter contemplado o espaço que já conhecia de fotografias e de passagem, na noite de São João: há ali qualquer coisa de candy shop norte-americana, o que casa na perfeição com o que é servido.
Já os bolos… os bolos fizeram um sucesso, como só poderiam fazer e até o meu irmão, chocolateiro confesso, caiu de quatro pelo cheesecake de lima. E isto acontece porque os ingredientes são de excelsa qualidade, a confeção é perfeita, a base de bolacha é das melhores que já comi e, amizades à parte, a Bolíssimo é sítio que recomendo pela relação entre a (imensa) qualidade e o preço amigo.
Bolíssimo | Porto
5 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
O espaço
os cheesecakes
a venda para fora
Negativos
O estacionamento
o encerramento ao domingo
Resumo
Diz-se que aqui se vendem os melhores cheesecakes do Porto e eu, que ainda não os provei a todos, sou menina para assinar por baixo mesmo assim. Para ajudar à festa, a zona é uma maravilha, ali mesmo entre a Ribeira e o Largo de São Domingos: merece todas as visitas dos doceiros da zona.
Gentes que gostais de brunches daqueles como deve ser, que aliam qualidade à diversidade, que têm um serviço atencioso e onde nada falha, não buscais mais: cancelai todas as outras experimentações em busca do melhor brunch da Invicta, que aqui o vosso Cardume preferido já o encontrou e trá-lo hoje, com provas documentais e tudo (é só espreitarem a nossa galeria de fotografias, lá mais abaixo).
Já há algum tempo que trazia o brunch do Poivron Rouge (o restaurante do Crowne Plaza, hotel que tem este nome desde 2014 e já teve alguns outros), ali mesmo a meio da Avenida da Boavista, debaixo de olho, pelo muito bem que lia a seu respeito. Aqui há tempos, decidi-me a marcar mesa para um domingo do início de Junho e, uns dias depois, tive de alterar a reserva para dois numa outra, para quatro+um (sendo o elemento adicional um bebé de 9 meses, que calha de ser gira que se farta – e não é só por ser minha sobrinha, vá), porque a malta vem de Lisboa ao Porto também para experimentar coisas novas. Ora esta circunstância agradou-me sobremaneira porque era uma oportunidade para apreciar o modo como um estaminé lida com a presença de crianças, nomeadamente uma de colo, para além das outras que por lá andariam.
Ainda antes de sairmos de casa, naquele domingo, liguei com uma dúvida de última hora: sim, tínhamos estacionamento gratuito à disposição, no parque do hotel, que fica na cave; um elevador leva-nos do piso inferior ao da receção, onde também se situa o restaurante. Logo à entrada, um menu dá-nos conta do festim que nos espera e, uma vez na sala principal, depois de recebidos pela Chefe de Sala, verificamos que a realidade ultrapassa as melhores expectativas (que, comigo, nunca são rasteirinhas): a zona onde está disposta toda a comida, no centro da sala, augura tudo de bom, pelo que foi com alegria que constatei que ficámos numa mesa privilegiada, junto às janelas (da altura do pé direito) viradas para a esplanada e Avenida da Boavista, a dois passos do banquete.
Uma vez sentados, foi-nos imediatamente trazida uma cadeira para a AA (sim, a sobrinha tem o nome da tia, imaginem o quão babosa sou, também por isso), que ficou sentada entre os pais PA e MF, e tratámos de ir buscar comida, enquanto a enchente não acontecia: reserváramos mesa para as 12h30min, justamente para que pelo menos uma parte da refeição fosse feita em paz e sossego – e, de facto, depois das 13h, 13h15min, começou a chegar gente suficiente para encher as duas salas disponíveis.
Tudo quanto aqui disser ficará sempre aquém da oferta do brunch do Poivron Rouge, seja porque me esquecerei de alguma coisa, seja porque não consegui provar tudo o que é posto à disposição, em regime de self-service, para que nos sirvamos tantas vezes quantas nos apetecer, até ao limite das 15h, altura em que as hostilidades se encerram.
E é aqui, minha gente, que gente ansiosa ficará à nora: é que há um mundo de coisas carregadinhas de bom ar para enfardar e apenas um estômago, de tamanho mais ou menos limitado (o meu é bastante elástico mas, ainda assim, não pude provar de tudo). Verificarão tudo o que digo na nossa galeria de fotografias, de onde constam retratos de todas as iguarias, bem como do menu. Ainda assim, tenho de salientar a oferta de sumos e limonadas naturais, os vários tipos de pão, as carnes frias, os imensos salgadinhos, as saladas, as frutas (infelizmente, algumas eram de calda, a saber: peras, ananás e pêssegos – o que jamais me agrada e não considero digno de estabelecimento deste cariz e só por isso não demos nota máxima na categoria “comida”, lá mais abaixo), os folhados (tantos!), os pregos com queijo em bolo do caco, os hambúrgueres de frango em pão de sésamo, os pratos quentes (que não provei), o creme de abóbora (que também não), as sobremesas muitíssimo diversificadas, os queijos, as bolachas para os queijos, eu sei lá.
Também temos à disposição um chef, pronto para nos preparar pratos de ovos, sejam eles mexidos, em omeleta ou Benedict (estes últimos serão confecionados na cozinha), o que me pareceu extremamente atrativo (sou a louca dos ovos), sobretudo depois de ver o empratamento, cuidado e bonito. A verdade é que todos acabámos por prescindir deste serviço: havia tanto por onde escolher e os ovos são algo que comemos amiúde em casa (ainda que muitíssimo menos bem apresentados) e decidimos libertar o estômago para os outros petiscos. De todo o modo, um dia em que volte (e voltarei, por certo), farei questão de pedir um qualquer prato de ovos.
Concomitantemente, há o serviço, absolutamente irrepreensível: junto de cada duas ou três mesas está uma ou duas pessoas, que vão levantando a loiça suja, trazendo mais talheres ou respondendo a qualquer dúvida ou solicitação que tenhamos; no nosso caso, ainda deram uma ajuda com a apanha dos pedacinhos de pão ou fruta com que a sobrinha ia testando tanto o palato como a lei da gravidade – mas de modo absolutamente descontraído e deixando-nos perfeitamente à vontade.
A respeito das criancinhas, e quanto às famílias que as têm naquelas idades mais mexidas, há uma sala para elas, com ligação à principal, onde podem estar à vontade, sem receio de maçar os outros (inclusivamente, há a mascote do restaurante, uma beringela de espuma vestida por um funcionário, que vai entretendo os petizes). E eu só posso aplaudir isto: ter crianças deve ser maravilhoso, conviver com elas é um espanto, mas tê-las a correr aos guinchos pela sala ou a enfiarem-se debaixo da nossa mesa (como me aconteceu, num outro brunch, umas centenas de metros acima) não é coisa que me agrade de todo – nem nos filhos dos outros nem nas “minhas” crianças.
Conclusão? Olhem, Cardumezinho, encontrámos o melhor dos brunches do Porto – isso é certinho. Os 20€ que se pagam estão inteiramente justificados (muito mais do que o menos que se paga em coisas similares) e é sítio que aconselharei muitíssimo e a que voltarei sempre que puder, porque bons apetites assim merecem regresso.
Poivron Rouge @Crowne Plaza | Porto
4.9 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(1 voto)
Positivos
A qualidade e a variedade da oferta
o serviço atento
a existência de uma sala separada para famílias com crianças
o estacionamento
Negativos
A fruta de conserva
Resumo
Temos estado numa de descobrir brunches ainda desconhecidos (para nós), ultimamente, e é sem pejo que afirmamos que o do Poivron Rouge, no hotel que já teve muitos nomes e agora é o Crowne Plaza, é o melhor dos que experimentámos até agora – trata-se de uma afirmação destemida, mas absolutamente fundamentada.
Caríssimo Cardume, não nos levem a mal mas esta vai ser a posta mais rápida de todo o sempre, o que se explica em poucas linhas. Na verdade, o Santa Francesinha era um estaminé independente, idealizado e posto em prática por um grupo de primos, amante da mais famosa sandes a norte do Mondego – e disso falámos quando lá fomos, há pouco mais de um ano. Ora acontece que o projeto, apesar da nossa confessa admiração, não conseguiu aguentar-se (a concorrência é fortíssima, ali na zona: fazer frente ao Santiago não deve ser pera doce) e o Santa Francesinha fechou, sem que eu tivesse tido coragem de pedir o ex libris da casa, a homónima Santa Francesinha, coisa gigante e só para estômagos corajosos. De cada vez que passava nos Poveiros, acho que suspirava, por isso mesmo.
Eis senão quando nos chega a boa nova, por meio da leitura do Jornal de Notícias que, em certo dia de Maio, dava conta de uma série de convulsões francesinhísticas, a ocorrer ali na zona: parece que o Santiago iria abrir uma terceira casa (!), que o Santa havia sido comprado pela Cufra e mais umas notícias que só atestam a boa saúde do setor da restauração aqui pela Invicta. Mas havia mais: a Cufra, que tem estatuto para ser o que lhe apetecer e vender o que lhe apetece, tinha tido o rasgo de génio de se aperceber que a Santa Francesinha (não o estaminé, o prato) era coisa de se aproveitar e jamais de se deixar morrer ali.
Vai daí, na já magnífica ementa da Cufra (de que falámos aqui, acrescentando a Cufra Grill acolá), consta, neste estaminé do grupo, a Santa Francesinha, uma coisa assim a atirar para o gigantesco, do tamanho de duas francesinhas mais pequenas (como as do Bufete Fase), ainda por cima muitíssimo bem recheada – a saber: fiambre, afiambrado, mortadela, linguiça, salsicha fresca, bife da alcatra, bacon fumado, pão, ovo, hambúrguer, cebola grelhada (montes de) queijo e, claro, o famigerado molho de francesinha da Cufra (um dos meus preferidos, já o disse). E, desta vez, esta vossa criada atirou-se mesmo a uma Santa: eram três da tarde, havia mais do que tempo para fazer a digestão, e começou-se por uma saladinha mista, para auxiliar o estômago (eu sei, eu sei, mas eu fico com a sensação de que ajuda, não me lixem a moleirinha).
A verdade é que, devagarinho, e sem comer muitas batatas (só piquei meia dúzia do prato da mãezinha MAA, com quem ia ao teatro depois e que optou por uma alheira de que disse maravilhas), para não me estragar a epopeia, a coisa deu-se: só sobraram duas ou três cartilagens do bacon e o resto não sobrou para contar a história. Se gostei? Olhem, pázinhos, adorei, como não poderia deixar de ser: as matérias-primas são muitíssimo boas, o molho é dos meus preferidos e a ideia agrada-me sobremaneira – a despeito do que pensam os puristas (mesmo porque não sou purista em nada), não acho que uma francesinha só o seja quando replica a que se considera original (mesmo porque esta era feita com lombo de porco em vez de bife e eu não aprecio a primeira opção). Se isto é discutível? Com certeza, como quase tudo o que se pode debater, mas confesso que tenho temas que me interessam bem mais.
Uma palavrinha para o resto da ementa, que contem os pratos que fazem da Cufra um destino seguro para tanta gente, para além da minha sobremesa preferida de sempre, o Gateau Au Chocolat, a que não resisti, mesmo depois de ter o equivalente a metade de um elefante dentro do estômago – é que não há bolo de chocolate mais guloso e satisfatório, para quem gosta mesmo muuuuuiiiiito de coisas doces e achocolatadas (o segundo lugar vai ex-aequo para o Bolo de Chocolate da Sandra da Casa de Pasto da Palmeira e para o bolo do chocolate do Cafeína). F
Contas feitas, o repasto ficou em pouco mais de 16€ por estômago, o que se nos afigura como muito bom, tendo em conta os bons (e enormes) apetites.
Um bem-haja à Cufra, por aliar a tradição à inovação, tendo a humildade de reconhecer o que é bom na alteridade – coisa rara, infelizmente. Continuo a preferir o estaminé da Avenida da Boavista, quer pelo espaço, quer pela mística, mas aplaudo vivamente esta migração (inclusiva) para a Baixa.
Santa Francesinha | Cufra | Porto
4.3 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(2 votos)
Positivos
A qualidade dos ingredientes
a manutenção da Santa Francesinha
o Gateau au Chocolat
Negativos
A falta de estacionamento gratuito
Resumo
Ter uma Cufra em plena Baixa do Porto já seria motivo suficiente para ficarmos felizes (apesar de preferirmos o espaço original, na Avenida da Boavista); ter uma Cufra capaz de absorver o que de melhor o Santa Francesinha teve, ainda por cima na Baixa, é mesmo o melhor de dois mundos.
Não há como acompanhar todas as novidades na cidade do Porto: também no que toca à gastronomia, há estaminés a abrir como se fossem cogumelos de geração espontânea. Ainda assim, quando li sobre o Avenida 830, não pude deixar de ficar com ele debaixo de olho: fica ali mesmo ao pé da Casa da Música, a cinco minutos do meu local de trabalho, e haveria de o ir experimentar em breve, sobretudo porque ouvira falar de um “menu executivo” por 8€, disponível à hora de almoço, em dias úteis.
Assim, mal se tratou de marcar um dos mais-ou-menos-regulares-almoços-durante-a-semana com a RV (Carapaua-fundadora e eternamente honorária), este menino foi um dos sugeridos por mim, sendo que a escolha definitiva aconteceu mais por exclusão de partes do que por outra coisa qualquer: o Avenida 830 faz o favor de estar aberto à segunda-feira (ainda que apenas à hora de almoço), ao contrário das outras duas sugestões. Vai daí, tratámos de marcar a coisa para as 13h (via aplicação Fork, que é simpática porque vamos acumulando pontos que acabam por proporcionar descontos, ainda que modestos) e lá fomos.
Fui a primeira a chegar e confesso que, embora tenha gostado de uma espécie de primeira salinha, mesmo junto à entrada, não fiquei impressionada quando entrei no espaço principal, que consiste numa looooonga sala (inicialmente tipo corredor, que desagua numa coisa mais arejada e, finalmente, na esplanada, onde outrora terá sido o jardim): a decoração, que muitos dirão minimalista, em tons de branco e cinzento, não abona a favor da sensação de conforto, antes dá um ar industrial (que não no bom sentido), frio.
Mas tudo bem, que o que nos interessa verdadeiramente é o serviço e o que se come – ainda que não nos tivéssemos importado nada que a mesa que nos calhou em sorte fosse na esplanada, que estava convidativa naquele dia de sol. De resto, é sítio onde me apetece voltar a breve trecho, mal o calor-como-deve-ser se instale de vez, mas adiante.
Fomos atendidas por um simpático funcionário, tão delicado que era difícil ouvir o que dizia. Explicou-nos em que consistia o menu executivo, composto por sopa do dia, pão, prato principal (à escolha de entre um de carne e um de peixe), bebida, sobremesa (opção de dois doces e fruta, naquele dia) e café. Também há serviço à carta, evidentemente, com ofertas de peixe, carne (há muitos bifes no menu) e alguns pratos vegetarianos, mas esse ficará para um eventual jantar que venha a ter lugar por ali.
Como o resto dos comensais que ali estavam (curiosamente, todos homens, provavelmente trabalhadores nas redondezas), optámos pela opção low cost e encetámos hostilidades com um creme de legumes que estava francamente bom e acabadinho de fazer (é que até escaldava!). Como prato principal, prescindimos ambas do frango na púcara e optámos pelas lulas recheadas com puré: estavam saborosas, embora muito provavelmente deixassem com fome estômagos mais vorazes; por outro lado, a RV encontrou um pedaço de palito numa das suas duas lulas, o que poderia ser perigoso e merece atenção por parte da cozinha.
Para sobremesa, havia bolo de profiteroles, aquilo que a casa designou de bavaroise de manga e salada de frutas; eu escolhi o primeiro, a RV a segunda. Desde logo, a bavaroise, se o era, não estava bem confecionada: parecia uma mousse, mais líquida do que cremosa, com pouca consistência, talvez porque a gelatina em placa usada não estava completamente diluída, o que levou a que fossem encontrados pedaços de gelatina no meio de uma textura que devia ser uniforme – de resto, esta foi a maior desilusão do almoço e a sobremesa não foi sequer terminada. Já o meu bolo de profiteroles estava agradável, embora não sensacional.
Vieram os cafés, deram-se mais duas de letra (tínhamos pressa mas não muita), fomos praticamente as últimas a sair (o Avenida830 fecha às 15h) e encerrámos do melhor modo, a pagar apenas 8€ por uma refeição completa e acima da média, para o preço.
De salientar que não é difícil encontrar estacionamento na zona: para além do parque (pago) da Casa da Música, não é difícil encontrar lugar junto ao cemitério de Agramonte ou numa das ruelas ali perto.
E é muito isto.
Bons apetites, sim?
Avenida 830 | Porto
4 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
A localização
o menu executivo
a esplanada
o creme de legumes
Negativos
A “bavaroise” de manga
o aspecto frio do espaço
Resumo
Um menu completo, à hora de almoço, por 8€, num sítio que está longe de ser uma tasca (e nós adoramos tascas, que se note) parece-me uma alternativa muito simpática para quem tem de (ou quer) almoçar fora de casa, na zona da Boavista.
Era o almoço do sábado que se sucedia aos dois dias natalícios e a ideia era aproveitar o sol e ir trincar qualquer coisa nas proximidades do mar, desfrutando do bom tempo (sol aberto e temperatura amena) que ainda se fazia sentir. Escolhemos o Cufra Grill, no topo do Edifício Transparente, não apenas porque havia gentes com desejos de francesinhas (sim, sim, as tainadas natalícias não nos encantam por aí além e ninguém se sentia especialmente farto de comida, na altura), mas também porque acaba por não ser muito complicado estacionar por ali e a oferta, em termos de ementa é vasta o suficiente para agradar a gregos, troianos e os que mais vierem (há comida tradicional portuguesa, bons bifes, as famigeradas francesinhas, peixe fresco e por aí vai). Read more
Nós por cá temos um fraquinho por aqueles bolinhos de chá fumegantes, que em Londres se saboreiam durante o five o’clock tea e que por cá já começam a aparecer nas casas de chá mais in da Invicta, nos mais diversos feitios e sabores. Read more
Permitam-me a honestidade: o My Palace não foi apenas uma segunda escolha (porque a Cufra estava à pinha, naquele domingo ao almoço, e tínhamos gente para pôr no comboio a horas determinadas), foi também um estaminé a que fui contrariada. Pensem comigo: aquele nome não faz lembrar um restaurante asiático de quinta categoria, carregadinho de quadros de cascatas e parolices que tal? Pois. Claro que eu devia saber que Mãezinha jamais me levaria para sítio semelhante (quanto mais não seja porque não é gastronomia por que rejubile), mas só quando se estacionou o carro, em plena Avenida da Boavista, mesmo em frente ao Parque da Cidade e na vizinhança da Fashion Clinic, percebi que teria ajuizado precipitada e erradamente. Read more
Descendo a Avenida da Boavista em direcção ao Castelo do Queijo, encontra-se o Restaurante Tokyo, do lado direito, dentro do Centro Comercial Boavista. Não é um espaço com o glamour que outros estaminés têm mas nem por isso um que valha menos a pena visitar. A sala é ampla, com largo espaço entre as mesas e talvez isso o torne um espaço frio, pouco convidativo. De realçar que o parque é gratuito durante uma hora ao almoço e duas horas ao jantar. Read more