Visitámos este restaurante, que se anuncia como praticante da gastronomia israelita koshner, um dia depois do Natal, ainda no espírito da troca de presentes e das milhentas refeições que se fazem com amigos, por esta altura (eu cá ainda acho que o melhor era juntar todos, todos, e fazer tudo ao mesmo tempo, saía muito mais barato). Reservámos mesa, ainda que, na verdade, constatámo-lo depois, não houvesse necessidade: a 26 de dezembro poucos são os que decidem almoçar fora, ainda convalescentes dos enfardanços dos dias transatos.
Já andávamos de olho no Bola Falafel há algum tempo, pesassem embora as apreciações muito heterogéneas que lhe líamos tecidas – e, nestas coisas, não há como experimentar e decidir pelo próprio palato e impressões.
Devo dizer que o espaço me conquistou à primeira vista: quando se entra, o ambiente é simpático, com a madeira branca, o teto original e o pé direito alto a destacarem-se, para além de elementos decorativos de bom gosto; evidentemente que, ao fundo, o balcão/montra de vidro, menos requintado, lhe retira um pouco do charme – mas, que diabo, também temos de perceber que não estamos num estabelecimento candidato a estrelas de qualquer ordem.
Uma vez instaladas, foi-nos apresentada a ementa, da qual estávamos decididas a escolher tudo o que o palato exigisse e o estômago comportasse. Optámos por um Hummus Mushrooms, uma Shakshuka Israeli (a alternativa era a picante e não quisemos arriscar) e uma Aubergine Tahini. Para beber, veio o chá quente de menta, pois claro.
A beringela estava uma coisa absolutamente deliciosa: servida com grão (algo que parece intervir em todo e qualquer prato) e um molho picante, fez as nossas delícias. A Shakshuka (prato típico do Médio Oriente, descobri quando o googlei, normalmente servido ao pequeno almoço) consiste, basicamente, em ovos escalfados num molho de tomate maravilhoso, e estava muito boa. Do Hummus, o que gostei menos foi mesmo os cogumelos, servidos ligeiramente gordurosos – mas o hummus, em si, estava perfeito, e foi devorado, juntamente com o pão pita, acabadinho de fazer.
Também nos trouxeram uma tijela com legumes crus (que normalmente não comemos assim, por cá), como sendo couve flor ou couve e, para nossa surpresa, talvez imbuídos ainda do espírito natalício, veio, de oferta, a Bruschetta de Legumes da casa, muito saborosa.
De sobremesa, não tivemos opção: só havia uma espécie de pudim de coco com água de rosas, polvilhado com coco e bolacha ralados, que partilhámos e, embora estivesse longe de me encher as medidas, não era tão sensaborão como pareceu à primeira colherada – mas não repetiria.
O serviço, partilhado por duas jovens simpáticas, foi afável e competente, embora pontuado por momentos de espera incompreensíveis, dado estarmos praticamente sozinhas no estaminé. Ainda assim, foi toda uma experiência agradável, que nos ficou por 16€ a cada uma, o que nos pareceu justo, para os bons apetites.
Bola Falafel | Porto
4.4 / 5Carapaus
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Positivos
A beringela, O humus
Negativos
A sobremesa
Resumo
Eis um restaurante de comida israelita, onde é possível almoçar descontraidamente, por um preço digno, com um serviço simpático.
Quem me falou deste espaço foi a RP, que já conhecia o Sushisan de Lisboa e acabou por o visitar algumas vezes, já por cá: segundo ela, teria um rodízio com boa relação qualidade/preço, pelo que, mal acertámos agendas, lá fomos.
Começo por dizer que fiquei agradavelmente agradada com a localização, entre Oliveira Monteiro e a Rua da Boavista: ainda que pagando parquímetro, tive estacionamento à porta, com toda a facilidade – e quem mora no Porto sabe que isto vem sendo, cada vez mais, uma raridade, sobretudo no centro. Escolhemos ir ao almoço, não apenas por uma questão de conveniência, mas sobretudo porque o rodízio é 4€ mais barato do que ao jantar, o que nunca é de somenos.
O espaço é agradável e luminoso, beneficiando das janelas/montra, junto das quais escolhermos sentar-nos: mesmo num dia de chuva (e não era, de todo o caso) deve ser simpático comer ali. Há muitas mesas de 2 e 4 pessoas, mas rapidamente se constrói uma para uma dúzia de convivas, se for necessário: almoçou mesmo ao nosso lado um grupo grande e tudo correu sobre rodas.
Uma vez sentadas, fomos informadas de que o rodízio inclui uma sopa miso, uma entrada quente e um primeiro prato, com 20 peças de sushi e sashimi por pessoa. Depois, poderíamos pedir as repetições que nos aprouvesse, sendo que jamais podemos escolher as peças – tudo perfeitamente normal, para este tipo de oferta.
Vieram as sopas, saborosas e quentinhas e, logo de seguida um prato com umas peças de sushi quente – que não adorei e que considero serem a parte mais fraca deste almoço (não estavam más, repare-se, mas eram absolutamente banais). O prato maior, com as quarenta peças prometidas, veio depois (não houve tempos mortos, aqui) e estava francamente bonito: havia nigiris de salmão francamente bons, sashimi de atum, peixe branco e salmão (tudo a saber a fresco), uns gunkan de salmão muito saborosos e uns rolinhos com peixe branco braseado bastante originais. Numas colheres de loiça, vinham uns ceviches que me souberam pela vida. Nota menos boa, só mesmo para as peças com ananás, que tem um sabor demasiado avassalador e anula todos os outros, e para o uso de molhos de maionese, perfeitamente dispensáveis, mas condizentes com a promessa de “fusão e sabores inesperados” – o problema é que nem sempre as surpresas são agradáveis, para uma chatinha como eu, que gosta de peixe, arroz e nada de frutas e esquisitices, no sushi.
Pedimos uma única repetição e lá veio mais um prato com doze peças, de três tipos: um era um enrolado tipo califórnia, mas vermelhusco – o melhor dos três; dos outros dois não gostei, um porque vinha coberto de maionese (para quê, senhores? Para quê?), o outro porque vinha encimado com um molho branco e doce de maracujá, a remeter visualmente para os ovinhos de codorniz habitualmente usados na gastronomia japonesa praticada em Portugal.
Ou seja, a qualidade não é de todo homogénea, mas eu sou uma esquisitóide, para quem o sushi de fusão é uma aberração desnecessária: condescendo nos quentes (embora não sejam os de que mais gosto) mas não alinho nas frutinhas e muito menos nos doces e molhos. Para quem gosta destes cruzamentos, terá certamente uma experiência mais positiva.
Nota muito positiva para a carta de sobremesas e para a única que provámos : a RP estava a recuperar de uma maleita e sem muito apetite, pelo que acabámos por dividir um Tentasan, composto de mousse de chocolate, mascarpone, gelado de sésamo e amêndoas caramelizadas que nos soube pela vida. O simpático funcionário que nos aconselhou indicou-nos, ainda, o Haromaki San, que me ficou na retina pata uma próxima vez.
Acabámos por pagar cerca de 22€ cada uma, porque as quatro coca-colas que bebemos, os cafés e a sobremesa são pagos à parte – e é justamente por essas coisas que estes negócios dos buffet/rodízio são lucrativos. Obviamente que também há serviço à lista, para quem prefere escolher cada uma das peças e não ter surpresas – será mais caro, com certeza.
Não tendo rejubilado em absoluto com o Sushisan, por não apreciar o sushi de fusão, compreendo que o problema é meu (porque eles são claríssimos quanto à sua oferta) e não deixo de o recomendar vivamente, a quem gosta do género, não só porque a qualidade dos ingredientes é indesmentível, mas também pela simpatia do serviço e conveniência da localização.
Sushisan | Porto
4.1 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
O serviço
A sobremesa
Negativos
As peças com ananás e com maionese
Resumo
Fora da confusão do centro, o Sushisan oferece um rodízio de sushi de qualidade média, com um serviço simpático e boas sobremesas.
Caro Cardume, esta será, ao contrário do que acontece sempre por aqui, uma posta rápida e indolor, para vos dar conta de que já não é preciso ir à Baixa (ou à Foz, ou à Baixa outra vez) para comer os melhores cachorros do Porto: abriu mais ou menos recentemente, pela mão de alguém que trabalhou diretamente na casa-mãe de todo o cachorrame, um estaminé que no-los dá a comer, bem como outras delícias – não aconselháveis a quem faz contagem de calorias para efeitos não recreativos, na 5 de outubro, já mesmo junto à Casa da Música, na Boavista.
Infelizmente, o espaço é tão diminuto como o do Gazela e só tem lugares ao balcão (uns vinte, diria), pelo que tivemos de esperar que vagassem três lugares, para apaziguar a fome, que era já muita – claro que o facto de se tratar de comida rápida ajuda a que a rotatividade seja maior, ao menos se a maioria das pessoas não for como nós, que nos alapámos e não nos despachámos senão quanto era tempo do concerto a que assistiríamos às 22h.
Antes de mais nada, nota muito alta para o serviço, que não só é simpático e bem-disposto, como é de uma eficácia altíssima: tudo funciona como numa linha de montagem, bem ali à frente dos nossos olhos, cada um conhece o seu papel e a comida chega-nos depressa (e bem).
Uma vez sentadas, escolhemos depressinha: seria um Cachorrinho The Dog (pão fininho, salsicha fresca, queijo e vai a torrar) para partilhar, Pregos Em Pão Especial The Dog (carne da vazia, queijo Brie e mel, compota de cebola em vinho do Porto), batatas fritas (duas doses) e finos para as três. Tudo é servido com celeridade e uns minutos depois encontrávamo-nos a aniquilar a fome e a deliciar as papilas gustativas.
Não há o que quer que seja que não seja bom, no The Dog: o cachorrinho corresponde inteiramente às expectativas e é coisa gulosa, que apetece comer sem parar, as batatas são caseiras, a fritura está no ponto e não há ali gota de óleo a mais, e os finos são Super Bock e bem tirados. Mas tenho de salientar a excelência dos pregos especiais: a carne é mal passada e macia, o queijo e a cebola são notórios e saborosíssimos. Para terminar, tivemos de pedir mais um cachorro, que partilhámos, antes de partir.
Os bons apetites saldaram-se em pouco mais de 11€, o que nos pareceu perfeito.
The Dog – Casa do Cachorro | Porto
4.4 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
A rapidez do serviço
Os pregos
Negativos
O espaço exíguo
Resumo
Excelente opção para uma refeição rápida e calórica, na zona da Boavista, paredes-meias com a Casa da Música.
Embora tenha sido uma decisão espontânea, não posso afirmar que não tenha sido pensada uma dúzia de vezes: quase todos os dias fico parada no semáforo da Avenida da Boavista, frente ao Nook e, desde que dei pela sua existência, penso em ir conhecer esta hamburgueria e pregaria, já que fica tão próxima do meu local de trabalho – ainda assim, ir a pé levaria muito tempo, o que é um inconveniente, por não ser de todo fácil estacionar ali nas redondezas (consegui lugar na São João de Brito mas já quase no cruzamento oposto).
Quando cheguei, num dia em que não combinara almoço com qualquer colega e a ocasião o proporcionou, já passaria um bom quarto de hora das 13h e o espaço encontrava-se praticamente lotado: aliás, grupos maiores (o que não era difícil, já que fui sozinha) tinham de aguardar até que uma mesa que os pudesse acolher fosse libertada – o que é de relevo, se pensarmos que o Nook não fica propriamente numa zona turística ou de passeio, para além de que tem uma boa área (levará umas 30 a 40 pessoas, se o meu cálculo retroativo não me falha) e, em dias bons, uma esplanada cá fora que alberga mais doze clientes.
A sala é mais interessante do que imaginava de fora, e tem alguns elementos singulares, que lhe outorgam carisma: não posso deixar de nomear a placa indicadora dos lavabos como uma das mais giras que vi até hoje. A sensação principal é a de contemporaneidade (as paredes, em cimento, dão-lhe o ar minimalista, despojado e quase industrial, tão em voga), conjugada com apontamentos que tornam tudo mais aconchegante, como sendo o balcão de madeira ou as molduras de talha dourada ou os individuais, na mesa, aos quadrados de cores vivas.
Uma vez sentada (foi-me indicada uma das mesas pequenas junto à janela/montra, o que apreciei), rapidamente me foi trazida a ementa por uma das funcionárias (reparei que, ao menos naquele dia e àquela hora, a equipa de sala era constituída apenas de mulheres) – e a tarefa não foi fácil: estando sozinha, queria escolher algo de verdadeiramente emblemático. Há hambúrgueres (treze, com três opções vegetarianas e uma de frango), pregos (sete), saladas (três), a sopa do dia e um menu de criança. Acabei por achar que, dada a prevalência, deveria escolher de entre a oferta de hambúrgueres e, assente na mesma ótica, optei pelo que dá nome à casa – acho sempre que uma boa chafarica jamais escolherá como homónimo um prato que seja menos do que espetacular.
Enquanto esperava pelo meu Nook (hambúrguer, alface, tomate grelhado, cebola caramelizada, queijo de cabra, cogumelos salteados e molho barbecue), foi-me trazido o chá frio de manga e pêssego (sem açúcar) que pedira e, para ir picando, o paté de atum com pão e tostinhas caseiras, de que gostei particularmente porque não era de todo enjoativo (pareceu-me ter um nadinha de pickles picados, como eu gosto).
O hambúrguer chegou ainda não havia terminado o paté – o que faz do Nook um estaminé com timings perfeitos, para quem tem tempo contado para almoçar (categoria a que pertence, parecendo que não, a grande maioria dos comuns mortais). Fiquei muito agradada, desde logo, com o aspeto: as batatas pareciam as que a minha mãe fazia quando éramos miúdos (claramente desiguais, caseiras e clarinhas) e o hambúrguer era alto e com os ingredientes todos visíveis, que é coisa que aprecio deveras. Concomitantemente, os sabores distinguiam-se todos: a carne suculenta, a fatia de queijo de cabra de grossura assinalável (e como eu gosto de queijo), os cogumelos gordos e saborosos, a cebola bem caramelizada.
Evidentemente, tudo isto vem com talheres, porque seria impossível degustar uma torre desta magnitude sem passar um vergonhão (o que me parece evidente, mas há restaurantes que parecem não entender).
Gostei mesmo muito do Nook, sobretudo porque, mesmo com o couvert, a conta em pouco ultrapassou os 10€, pelo que me parece que será estaminé a que regressarei, mesmo pela conveniência da proximidade com o sítio onde labuto e, sobretudo, porque cada vez mais aprecio serviços simultaneamente afáveis e competentes, que só incrementam os bons apetites.
Nook Hamburgueria & Pregaria | Porto
4.6 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
O serviço rápido e simpático
Os hambúrgueres
Negativos
A dificuldade de estacionamento
Resumo
Mesmo ali juntinho à avenida da Boavista, o Nook é um espaço agradável, de ambiente arejado e eclético, excelente para um almoço rápido: os hambúrgueres são de muita qualidade.
Há já algum tempo que andava para ir experimentar os estaminés mais ou menos recentes do Mercado da Foz, que coexistem com um punhado de bancas que vendem frutas, legumes e flores. Afinal, trabalho a dois passos e é sempre uma boa alternativa à mesmice da cantina ou à marmita no gabinete, quando se trata de almoçar por lá – pelo menos quando temos uma amiga que vem ter connosco ou em dias de festa, já que comer hambúrgueres e cachorros todos os dias não é propriamente o meu sonho.
Marcado que estava o almoço com a CP, encontrámo-nos à porta do Mercado, que está em obras, e, depois de uma voltinha (pequenina, porque este espaço é bem pequeno), decidimo-nos pela Hamburgueria do Mercado da Foz, o primeiro estabelecimento, à esquerda – onde, de resto, encontrei uma série de gente conhecida, já que este espaço é muito frequentado por estudantes da vizinhança, seja da Universidade Católica ou dos colégios e escolas das redondezas. De resto, há ali o cuidado de oferecer um Menu Estudante que, por menos de 5€, dispõe de um hambúrguer, limonada e batata frita.
Não usufruindo nós do estatuto de estudante (ao menos o tradicional, já que, se quisesse bater o pé, a condição de doutoranda permitir-me-ia usufruir de descontos em todo o lado em que não se institui também uma idade máxima para a “profissão”), tratámos de olhar para a ementa, que apresenta 8 tipos de hambúrgueres de carne de vaca, uma opção vegetariana (de cogumelos), uma de peito de frango panado e um prego no pão. Todos os itens incluem batata frita, mas somente os hambúrgueres mais simples (o Mercado e o Castelo do Queijo) oferecem também a bebida.
Absolutamente assoberbadas pelas opções, não tanto porque sejam muitas, mas porque nos parecem todas demasiado parecidas, pedimos conselho ao funcionário (seria gerente ou dono? Fiquei com essa sensação, mas não posso jurar) que nos atendeu, que era de uma educação, disponibilidade e paciência louváveis (logo depois de nós, entraram na divisão de pré-pagamento meia dúzia de rapazinhos de um colégio vizinho, animados e barulhentos, que foram tratados como velhos amigos e clientes – que provavelmente até serão). Foram-nos recomendados dois, o Boavista (pão brioche com sementes de sésamo, hambúrguer de novilho, alface iceberg, ketchup, maionese de alho, queijo das ilhas e ovo) e o Tripeiro (pão brioche com sementes de sésamo, hambúrguer de novilho, alface iceberg, molho barbecue, queijo flamengo e linguiça pincante); porque a ênfase recaiu sobretudo no primeiro, com a sugestão de substituirmos o ketchup por compota de cebola, comprámos imediatamente a ideia.
Não nos foi referido porquê e quais são as circunstâncias, mas cada hambúrguer tem uma versão Slim e uma XL, sendo que nos foi vendida a primeira – e bem, porque não imagino o tamanho descumunal da outra, que custaria mais 1€. Simpaticamente, foram-nos oferecidas as bebidas, por ser a nossa estreia na Hamburgueria, o que considero um ato que merece aplauso, pela amabilidade, mas também um ato digno de um verdadeiro marketeer, o que vale a minha ovação. Uma vez pagas as refeições, que ficaram por 6,35€ a cada uma de nós (pagámos apenas o hambúrguer e o café, já que as batatas vêm incluídas e as limonadas foram oferecidas), sentámo-nos numa mesa ali perto, já que dentro do mini-estaminé só existem dois ou três lugares, ao balcão.
As cadeiras são de ripas, com pés de metal, tal como as cadeiras – o que faz destas uma coisa um nadinha desconfortável e daquelas uma base muitíssimo instável, o que levou a que uma das nossas limonadas fosse entornada ainda mal nos sentáramos. E eu percebo que a ideia seja recolher o material quando se fecha o tasco e que a malta coma depressinha e se ponha a andar, mas, ainda assim, não faria mal apostar mais na qualidade da mobília.
Uma vez chegados os hambúrgueres, depressa concordámos num ponto: o pão, designado de “brioche com sementes de sésamo” é too much, o que o nome já adianta. É coisa quase doce e tem demasiado miolo, o que me incomoda sempre – e este é, para mim, o ponto menos bom do que ali se come, embora também não tenha gostado muito das batatas, que são meio sensaboronas e sem graça. Já o recheio do hambúrguer é coisa boa: os sabores são bem conjugados, o ovo é frito como deve ser e sabe a ovo (o que pode parecer redundante, mas não: há sítios onde o ovo parece plástico) e a carne é mesmo muito boa. Não é fácil comermos sem que corramos o risco de nos sujarmos todas (embora eu tenha conseguido essa proeza) e, sobretudo o ovo é um perigo – mas no fim sobrevivemos.
Em conclusão, a Hamburgueria do Mercado da Foz não é a primeira cozinha do género que recomendaria a quem me pedisse conselho sobre as melhores hamburguerias do Porto, mas não está nada mal e é simpático tê-la como vizinha.
Hamburgueria do Mercado da Foz | Porto
3.6 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
A simpatia do serviço
Carne Saborosa
Negativos
As mesas traiçoeiras
O pão
Resumo
Hamburgueria situada no Mercado da Foz, muitíssimo frequentada por estudantes (dos 10 aos 20 e poucos anos), com algumas opções simpáticas e muito agradável em dias de tempo bom.
O gatilho de tudo isto foi o Shiko (onde regressarei sempre, é um dos meus restaurantes preferidos): foi por lá que provei, pela primeira vez, aquele caldo-com-cenas que se tornou uma das minhas coisas preferidas de sempre; depois disso, foi a incursão ao RO, que foi o sucesso que relatámos aqui na chafarica – vai daí, não poderíamos deixar de ir àquele que foi, tanto quanto sabemos, o primeiro estaminé inteiramente dedicado ao ramen, na cidade do Porto (e, suponho, arredores). O mais estranho é que o Ramen Break fica a menos de um punhado de quilómetros de minha casa, sempre em linha reta e, por mais que lá passe (e passo amiúde), não teria dado por ele se não me tivessem chamado atenção para a sua existência.
De resto, tudo no Ramen Break é discrição, ao menos na medida em que escolheu situar-se longe do bulício da Baixa, ali entre a Boavista e Cedofeita ou, para os que conhecem a zona, entre os Liceus Carolina Michaelis e Rodrigues de Freitas – o que provavelmente justificará o seu horário atípico, já que só abre de quinta feira a sábado e não se fala mais nisso. Talvez a vizinhança não seja a maior consumidora do caldo japonês, mas a verdade é que as pessoas se deslocam ali, propositadamente, para o comer: foi o nosso caso e, coincidentemente, da PG e do ZM, com quem não estávamos há algum tempo e que acabaram por ser a nossa companhia para o almoço, tornando a coisa ainda mais simpática.
O espaço é o arauto do kitsch intencional (ele há bandeirinhas, andorinhas, gatinhos orientalinhos – e tudo o mais acabado em -inho), isto é: porque é pensado, torna apontamentos duvidosos em coisa de bom gosto. Eu cá, na minha limitada visão estética, adorei o mural colorido que reveste uma das paredes compridas, bem como os sinalefos que identificam as casas de banho feminina e masculina (só não quero aqueles robôs fofinhos aqui em casa já porque as minhas casas de banho são unissexo).
Mas vamos ao ramen, que é para isso que bosselências (pelo menos os que ainda não desistiram de me ler os testamentos) cá estão, verdade? Olhem, é coisa muito boa – pronto, acabei com o suspense. Ainda hesitámos entre dois deles, cada uma, mas a RP decidiu-se pelo Ramarati (noodles de trigo, pernil desfiado, bamboo menma, 1 ovo nitamago, cebola frita, cebolinho, molho de soja e manteiga de amendoim), enquanto eu optei pelo Ramazuki 2.0 (noodles, entremeada chashu, bambu menma, milho, meio ovo nitamago, cebolinho, sésamo narutomaki, nori, molho de soja e óleo de chili), que me foi dito ser “o preferido do Vítor” (que é o chef). De resto, quando pedi a opinião à simpática funcionária (ou dona, não sei) que nos atendeu, sobre qual seria o prato que me aconselharia, a resposta foi “são todos bons, foram todos criados por nós” – e eu gosto desta segurança que, no caso, é inteiramente justificada.
Depois, a PG e o ZM acabaram por pedir os outros dois pratos de carne (porque há mais quatro, vegetarianos), e acabámos por poder tirar o retrato a todos. Para que conste, não são só refeições bonitas, servidas em faiança do tipo Bordallo Pinheiro: são também estupidamente saborosas – e, decidimos por unanimidade e aclamação, a epítome da “comfort food” (a expressão funciona melhor no original inglês, perdoem-me!).
O único item que nos agradou um bocadinho menos foi a massa, que mais se assemelhava a esparguete do que às fininhas noodles, que tanto a RP como eu preferimos – mas ainda assim comemos a sopinha toda, como meninas bonitas. Já agora, o ZM, que já provou os oito pratos da casa, elegeu como o melhor o que comeu naquele dia: o Ramazonic 2.0, que é o mais picante dos carnívoros (mas mesmo assim suportável, tanto que ele acrescentou molho picante), e leva noodles, carne picada picante, espinafres, milho, meio ovo nitamago, cebolinho, narutomaki e nori. A PG quis o Ramazonic – e lá terei de voltar para provar qualquer dos dois.
Algo que não esperava provar (só o fiz porque os nossos convivas no-lo recomendaram vivamente) e muito menos gostar é o Mochi de chocolate: trata-se de um bolinho (acento no diminutivo) de arroz recheado que tem o tamanho de uma trufa, vem coberto de cacau em pó e custa uns infames 3€. Mas eles tinham razão, o único problema é que ingeriria mais meia dúzia, assim a carteira e o bom senso o permitissem
Foi o culminar de um almoço carregadinho de bons apetites, num espaço giro e airoso, de serviço simpático e eficaz (demorámos menos de uma hora, mesmo com direito a muita conversa) e uma conta absolutamente adequada: 15€, nem mais nem menos. Havemos de voltar, com certeza.
Ramen Break | Porto
4.5 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(6 votos)
Positivos
O Ramen
o Mochi de Chocolate
Negativos
A Localização
A Massa
O Estacionamento
Resumo
O Ramen Break foi o primeiro estaminé dedicado somente ao Ramen que abriu no Porto, há cerca de um ano. Vale a pena a visita, para quem gosta deste caldo japonês, tão reconfortante como delicioso.
Já lá iam uns meses valentes desde que tivéramos o privilégio de conhecer um sítio novo, a convite da Zomato, pelo que, mal nos chegou às mãos e hipótese de ir ao RT-Bom Sucesso, agarrámos no telefone e tentámos proceder à reserva normalmente requerida. Foi nessa altura que ficámos a saber que não só não seria necessária a marcação, por se tratar de um estabelecimento-tipo-shopping, como também de que estávamos perante o irmão mais novo (e menos quitado – estava a ver que nunca teria oportunidade de usar esta expressão, por aqui) do Reitoria, na Baixa, de que já aqui falámos.
Aproveitámos o facto de estarmos perante um estaminé sem horários, como o são todos os do Mercado do Bom Sucesso, para proceder a um jantar arraçado de lanche, o que não só nos facilitou a busca de estacionamento (mesmo à porta, do lado de trás), como nos permitiu ser atendidas sem filas nem grandes tempos de espera.
A funcionária que nos recebeu foi inexcedível em todas as circunstâncias: não sabia de que convite se tratava mas foi saber (apesar de estar sozinha), sem descurar o atendimento dos outros clientes, aconselhou com segurança quando lhe pedimos a opinião, quis saber se estava tudo bem, despediu-se com afabilidade – e bem sei que este deveria ser o comportamento de todos os que lidam com o público, mas infelizmente é cada vez mais uma exceção (e um gostinho) encontrar quem tenha nascido para lidar com pessoas e o faça com prazer e sapiência.
Este Reitoria (RT, para os amigos) oferece o que, no Reitoria da Baixa, terá mais saída: as (re)conhecidas focaccias; para além disso, também há saladas, pré-embaladas, que imagino que sejam do agrado de quem, à hora do almoço, quer uma refeição rápida e leve. Nós cá nem hesitámos: focaccias seria, mesmo porque eu já as degustara e lambera os beiços.
Para os mais distraídos, a focaccia é petisco tipicamente italiano, que consiste numa base de pão de azeite e orégãos, semelhante à massa de pizza (e que ali é especialmente bom, porque leve e nada massudo), com os recheios que nos apetecer – e o RT/Reitoria tem combinações diversas, todas elas apetecíveis, o que também dificulta a escolha.
Nós, podendo escolher dois menus, optámos dividir duas focaccias: a de Rosbife II (com rosbife, tomate seco, pecorino picante e rúcula) e a de Salame Picante (com salame picante, creme de ricotta com chalotas e cebolinho e rúcula), sendo que ambas viriam acompanhadas por batata frita ou palitos de cenoura e por uma bebida à escolha (de entre refrigerantes diversos, sumos naturais e vinho). Quisemos as batatas, porque eu já as conhecera e gabara, e fomos nos sumos: um de ananás, o outro de melancia e lima, sendo que ambos estavam ótimos, levezinhos e sem açúcar. A limonada também não era má (permitiram-me que a provasse) mas estava um nadinha açucarada demais para o meu gosto (só porque a prefiro sem doce algum).
E pronto, tratou-se depois apenas de confirmar o que já sabia: o segredo do Reitoria e do Rt está mesmo nos ingredientes, que são de suprema qualidade, fresquíssimos e carregados de sabor – e, quando assim é, até a confeção se torna fácil. Ainda assim, há que gabar a combinação (simples mas ganhadora) de sabores, que torna a degustação qualquer coisa de muito bom. Por uma questão de gosto pessoal, preferimos a focaccia de rosbife, só porque estava mais picantezinha – mas ambas são de aplaudir.
Evidentemente que, para uma refeição com amigos, prefiro largamente o estaminé da baixa, mas este tem a enorme vantagem de estar próximo de casa e do trabalho, e longe da confusão do centro, pelo que se me afigura como sítio onde voltarei mais do que uma vez.
RT Bom Sucesso | Porto
4.4 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
O serviço
A qualidade dos ingredientes
O espaço (num shopping)
Negativos
A falta de estacionamento (?)
Resumo
Ter uma espécie de irmão mais novo do Reitoria no Mercado do Bom Sucesso é um privilégio, sobretudo porque ali moram as suas focaccias, que serão certamente das sandes mais bem conseguidas da cidade.
Postazinha muito rápida para vos dar conta de uma nova pastelaria portuense, aberta há um par de meses numa das zonas mais populares da cidade, a Bolíssimo. Na verdade, parecerei, talvez, suspeitíssima para falar do Bolíssimo porque conheço e gosto muito de uma das donas, mas uma coisa é certa: continuaria a gostar imenso dela e não diria uma palavra sobre a sua doçaria, caso não os apreciasse – estava feito e seríamos amigas, como dantes.
Só que já provo as maravilhas que saem das mãos da Patrícia (a minha amiga) e da Olga (a sócia da minha amiga, que conheci recentemente) ainda a Bolíssimo não era projeto e foi de olhos fechados que encomendei metade das sobremesas que servi na minha festa de aniversário: sem sequer ter frequentado o espaço (porque tenho ido para a Baixa, durante o dia, sobretudo ao domingo, dia de encerramento semanal) ou provado aqueles bolos específicos – conhecia o cheesecake de frutos vermelhos e o de maracujá, mas de outros estaminés, para onde elas vendem as delícias que fazem, mas sob a capa do anonimato contratual.
Uns dias antes da festa, apareceu na página de Facebook da Bolíssimo o novo cheesecake de manteiga de amendoim – e esse foi a primeira escolha. Depois quis algo que complementasse uma Pavlova de Frutos Vermelhos feito pela JSC, uma amiga com mãos de fada, e a minha Bomba Calórica, que mescla mousse de chocolate, baba de camelo, natas e bolacha – e a Patrícia sugeriu-me o Cheesecake de Lima.
No dia marcado, à hora marcada, fui levantar as iguarias: paguei 16€ pelo de manteiga de amendoim (18cms de diâmetro) e 20€ pelo de lima (26cms de diâmetro) e, em cinco minutos, estava cá fora, não sem antes ter contemplado o espaço que já conhecia de fotografias e de passagem, na noite de São João: há ali qualquer coisa de candy shop norte-americana, o que casa na perfeição com o que é servido.
Já os bolos… os bolos fizeram um sucesso, como só poderiam fazer e até o meu irmão, chocolateiro confesso, caiu de quatro pelo cheesecake de lima. E isto acontece porque os ingredientes são de excelsa qualidade, a confeção é perfeita, a base de bolacha é das melhores que já comi e, amizades à parte, a Bolíssimo é sítio que recomendo pela relação entre a (imensa) qualidade e o preço amigo.
Bolíssimo | Porto
5 / 5Carapaus
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Positivos
O espaço
os cheesecakes
a venda para fora
Negativos
O estacionamento
o encerramento ao domingo
Resumo
Diz-se que aqui se vendem os melhores cheesecakes do Porto e eu, que ainda não os provei a todos, sou menina para assinar por baixo mesmo assim. Para ajudar à festa, a zona é uma maravilha, ali mesmo entre a Ribeira e o Largo de São Domingos: merece todas as visitas dos doceiros da zona.
Gentes que gostais de brunches daqueles como deve ser, que aliam qualidade à diversidade, que têm um serviço atencioso e onde nada falha, não buscais mais: cancelai todas as outras experimentações em busca do melhor brunch da Invicta, que aqui o vosso Cardume preferido já o encontrou e trá-lo hoje, com provas documentais e tudo (é só espreitarem a nossa galeria de fotografias, lá mais abaixo).
Já há algum tempo que trazia o brunch do Poivron Rouge (o restaurante do Crowne Plaza, hotel que tem este nome desde 2014 e já teve alguns outros), ali mesmo a meio da Avenida da Boavista, debaixo de olho, pelo muito bem que lia a seu respeito. Aqui há tempos, decidi-me a marcar mesa para um domingo do início de Junho e, uns dias depois, tive de alterar a reserva para dois numa outra, para quatro+um (sendo o elemento adicional um bebé de 9 meses, que calha de ser gira que se farta – e não é só por ser minha sobrinha, vá), porque a malta vem de Lisboa ao Porto também para experimentar coisas novas. Ora esta circunstância agradou-me sobremaneira porque era uma oportunidade para apreciar o modo como um estaminé lida com a presença de crianças, nomeadamente uma de colo, para além das outras que por lá andariam.
Ainda antes de sairmos de casa, naquele domingo, liguei com uma dúvida de última hora: sim, tínhamos estacionamento gratuito à disposição, no parque do hotel, que fica na cave; um elevador leva-nos do piso inferior ao da receção, onde também se situa o restaurante. Logo à entrada, um menu dá-nos conta do festim que nos espera e, uma vez na sala principal, depois de recebidos pela Chefe de Sala, verificamos que a realidade ultrapassa as melhores expectativas (que, comigo, nunca são rasteirinhas): a zona onde está disposta toda a comida, no centro da sala, augura tudo de bom, pelo que foi com alegria que constatei que ficámos numa mesa privilegiada, junto às janelas (da altura do pé direito) viradas para a esplanada e Avenida da Boavista, a dois passos do banquete.
Uma vez sentados, foi-nos imediatamente trazida uma cadeira para a AA (sim, a sobrinha tem o nome da tia, imaginem o quão babosa sou, também por isso), que ficou sentada entre os pais PA e MF, e tratámos de ir buscar comida, enquanto a enchente não acontecia: reserváramos mesa para as 12h30min, justamente para que pelo menos uma parte da refeição fosse feita em paz e sossego – e, de facto, depois das 13h, 13h15min, começou a chegar gente suficiente para encher as duas salas disponíveis.
Tudo quanto aqui disser ficará sempre aquém da oferta do brunch do Poivron Rouge, seja porque me esquecerei de alguma coisa, seja porque não consegui provar tudo o que é posto à disposição, em regime de self-service, para que nos sirvamos tantas vezes quantas nos apetecer, até ao limite das 15h, altura em que as hostilidades se encerram.
E é aqui, minha gente, que gente ansiosa ficará à nora: é que há um mundo de coisas carregadinhas de bom ar para enfardar e apenas um estômago, de tamanho mais ou menos limitado (o meu é bastante elástico mas, ainda assim, não pude provar de tudo). Verificarão tudo o que digo na nossa galeria de fotografias, de onde constam retratos de todas as iguarias, bem como do menu. Ainda assim, tenho de salientar a oferta de sumos e limonadas naturais, os vários tipos de pão, as carnes frias, os imensos salgadinhos, as saladas, as frutas (infelizmente, algumas eram de calda, a saber: peras, ananás e pêssegos – o que jamais me agrada e não considero digno de estabelecimento deste cariz e só por isso não demos nota máxima na categoria “comida”, lá mais abaixo), os folhados (tantos!), os pregos com queijo em bolo do caco, os hambúrgueres de frango em pão de sésamo, os pratos quentes (que não provei), o creme de abóbora (que também não), as sobremesas muitíssimo diversificadas, os queijos, as bolachas para os queijos, eu sei lá.
Também temos à disposição um chef, pronto para nos preparar pratos de ovos, sejam eles mexidos, em omeleta ou Benedict (estes últimos serão confecionados na cozinha), o que me pareceu extremamente atrativo (sou a louca dos ovos), sobretudo depois de ver o empratamento, cuidado e bonito. A verdade é que todos acabámos por prescindir deste serviço: havia tanto por onde escolher e os ovos são algo que comemos amiúde em casa (ainda que muitíssimo menos bem apresentados) e decidimos libertar o estômago para os outros petiscos. De todo o modo, um dia em que volte (e voltarei, por certo), farei questão de pedir um qualquer prato de ovos.
Concomitantemente, há o serviço, absolutamente irrepreensível: junto de cada duas ou três mesas está uma ou duas pessoas, que vão levantando a loiça suja, trazendo mais talheres ou respondendo a qualquer dúvida ou solicitação que tenhamos; no nosso caso, ainda deram uma ajuda com a apanha dos pedacinhos de pão ou fruta com que a sobrinha ia testando tanto o palato como a lei da gravidade – mas de modo absolutamente descontraído e deixando-nos perfeitamente à vontade.
A respeito das criancinhas, e quanto às famílias que as têm naquelas idades mais mexidas, há uma sala para elas, com ligação à principal, onde podem estar à vontade, sem receio de maçar os outros (inclusivamente, há a mascote do restaurante, uma beringela de espuma vestida por um funcionário, que vai entretendo os petizes). E eu só posso aplaudir isto: ter crianças deve ser maravilhoso, conviver com elas é um espanto, mas tê-las a correr aos guinchos pela sala ou a enfiarem-se debaixo da nossa mesa (como me aconteceu, num outro brunch, umas centenas de metros acima) não é coisa que me agrade de todo – nem nos filhos dos outros nem nas “minhas” crianças.
Conclusão? Olhem, Cardumezinho, encontrámos o melhor dos brunches do Porto – isso é certinho. Os 20€ que se pagam estão inteiramente justificados (muito mais do que o menos que se paga em coisas similares) e é sítio que aconselharei muitíssimo e a que voltarei sempre que puder, porque bons apetites assim merecem regresso.
Poivron Rouge @Crowne Plaza | Porto
4.9 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(1 voto)
Positivos
A qualidade e a variedade da oferta
o serviço atento
a existência de uma sala separada para famílias com crianças
o estacionamento
Negativos
A fruta de conserva
Resumo
Temos estado numa de descobrir brunches ainda desconhecidos (para nós), ultimamente, e é sem pejo que afirmamos que o do Poivron Rouge, no hotel que já teve muitos nomes e agora é o Crowne Plaza, é o melhor dos que experimentámos até agora – trata-se de uma afirmação destemida, mas absolutamente fundamentada.
Caríssimo Cardume, não nos levem a mal mas esta vai ser a posta mais rápida de todo o sempre, o que se explica em poucas linhas. Na verdade, o Santa Francesinha era um estaminé independente, idealizado e posto em prática por um grupo de primos, amante da mais famosa sandes a norte do Mondego – e disso falámos quando lá fomos, há pouco mais de um ano. Ora acontece que o projeto, apesar da nossa confessa admiração, não conseguiu aguentar-se (a concorrência é fortíssima, ali na zona: fazer frente ao Santiago não deve ser pera doce) e o Santa Francesinha fechou, sem que eu tivesse tido coragem de pedir o ex libris da casa, a homónima Santa Francesinha, coisa gigante e só para estômagos corajosos. De cada vez que passava nos Poveiros, acho que suspirava, por isso mesmo.
Eis senão quando nos chega a boa nova, por meio da leitura do Jornal de Notícias que, em certo dia de Maio, dava conta de uma série de convulsões francesinhísticas, a ocorrer ali na zona: parece que o Santiago iria abrir uma terceira casa (!), que o Santa havia sido comprado pela Cufra e mais umas notícias que só atestam a boa saúde do setor da restauração aqui pela Invicta. Mas havia mais: a Cufra, que tem estatuto para ser o que lhe apetecer e vender o que lhe apetece, tinha tido o rasgo de génio de se aperceber que a Santa Francesinha (não o estaminé, o prato) era coisa de se aproveitar e jamais de se deixar morrer ali.
Vai daí, na já magnífica ementa da Cufra (de que falámos aqui, acrescentando a Cufra Grill acolá), consta, neste estaminé do grupo, a Santa Francesinha, uma coisa assim a atirar para o gigantesco, do tamanho de duas francesinhas mais pequenas (como as do Bufete Fase), ainda por cima muitíssimo bem recheada – a saber: fiambre, afiambrado, mortadela, linguiça, salsicha fresca, bife da alcatra, bacon fumado, pão, ovo, hambúrguer, cebola grelhada (montes de) queijo e, claro, o famigerado molho de francesinha da Cufra (um dos meus preferidos, já o disse). E, desta vez, esta vossa criada atirou-se mesmo a uma Santa: eram três da tarde, havia mais do que tempo para fazer a digestão, e começou-se por uma saladinha mista, para auxiliar o estômago (eu sei, eu sei, mas eu fico com a sensação de que ajuda, não me lixem a moleirinha).
A verdade é que, devagarinho, e sem comer muitas batatas (só piquei meia dúzia do prato da mãezinha MAA, com quem ia ao teatro depois e que optou por uma alheira de que disse maravilhas), para não me estragar a epopeia, a coisa deu-se: só sobraram duas ou três cartilagens do bacon e o resto não sobrou para contar a história. Se gostei? Olhem, pázinhos, adorei, como não poderia deixar de ser: as matérias-primas são muitíssimo boas, o molho é dos meus preferidos e a ideia agrada-me sobremaneira – a despeito do que pensam os puristas (mesmo porque não sou purista em nada), não acho que uma francesinha só o seja quando replica a que se considera original (mesmo porque esta era feita com lombo de porco em vez de bife e eu não aprecio a primeira opção). Se isto é discutível? Com certeza, como quase tudo o que se pode debater, mas confesso que tenho temas que me interessam bem mais.
Uma palavrinha para o resto da ementa, que contem os pratos que fazem da Cufra um destino seguro para tanta gente, para além da minha sobremesa preferida de sempre, o Gateau Au Chocolat, a que não resisti, mesmo depois de ter o equivalente a metade de um elefante dentro do estômago – é que não há bolo de chocolate mais guloso e satisfatório, para quem gosta mesmo muuuuuiiiiito de coisas doces e achocolatadas (o segundo lugar vai ex-aequo para o Bolo de Chocolate da Sandra da Casa de Pasto da Palmeira e para o bolo do chocolate do Cafeína). F
Contas feitas, o repasto ficou em pouco mais de 16€ por estômago, o que se nos afigura como muito bom, tendo em conta os bons (e enormes) apetites.
Um bem-haja à Cufra, por aliar a tradição à inovação, tendo a humildade de reconhecer o que é bom na alteridade – coisa rara, infelizmente. Continuo a preferir o estaminé da Avenida da Boavista, quer pelo espaço, quer pela mística, mas aplaudo vivamente esta migração (inclusiva) para a Baixa.
Santa Francesinha | Cufra | Porto
4.3 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(2 votos)
Positivos
A qualidade dos ingredientes
a manutenção da Santa Francesinha
o Gateau au Chocolat
Negativos
A falta de estacionamento gratuito
Resumo
Ter uma Cufra em plena Baixa do Porto já seria motivo suficiente para ficarmos felizes (apesar de preferirmos o espaço original, na Avenida da Boavista); ter uma Cufra capaz de absorver o que de melhor o Santa Francesinha teve, ainda por cima na Baixa, é mesmo o melhor de dois mundos.