Visitámos este restaurante, que se anuncia como praticante da gastronomia israelita koshner, um dia depois do Natal, ainda no espírito da troca de presentes e das milhentas refeições que se fazem com amigos, por esta altura (eu cá ainda acho que o melhor era juntar todos, todos, e fazer tudo ao mesmo tempo, saía muito mais barato). Reservámos mesa, ainda que, na verdade, constatámo-lo depois, não houvesse necessidade: a 26 de dezembro poucos são os que decidem almoçar fora, ainda convalescentes dos enfardanços dos dias transatos.
Já andávamos de olho no Bola Falafel há algum tempo, pesassem embora as apreciações muito heterogéneas que lhe líamos tecidas – e, nestas coisas, não há como experimentar e decidir pelo próprio palato e impressões.
Devo dizer que o espaço me conquistou à primeira vista: quando se entra, o ambiente é simpático, com a madeira branca, o teto original e o pé direito alto a destacarem-se, para além de elementos decorativos de bom gosto; evidentemente que, ao fundo, o balcão/montra de vidro, menos requintado, lhe retira um pouco do charme – mas, que diabo, também temos de perceber que não estamos num estabelecimento candidato a estrelas de qualquer ordem.
Uma vez instaladas, foi-nos apresentada a ementa, da qual estávamos decididas a escolher tudo o que o palato exigisse e o estômago comportasse. Optámos por um Hummus Mushrooms, uma Shakshuka Israeli (a alternativa era a picante e não quisemos arriscar) e uma Aubergine Tahini. Para beber, veio o chá quente de menta, pois claro.
A beringela estava uma coisa absolutamente deliciosa: servida com grão (algo que parece intervir em todo e qualquer prato) e um molho picante, fez as nossas delícias. A Shakshuka (prato típico do Médio Oriente, descobri quando o googlei, normalmente servido ao pequeno almoço) consiste, basicamente, em ovos escalfados num molho de tomate maravilhoso, e estava muito boa. Do Hummus, o que gostei menos foi mesmo os cogumelos, servidos ligeiramente gordurosos – mas o hummus, em si, estava perfeito, e foi devorado, juntamente com o pão pita, acabadinho de fazer.
Também nos trouxeram uma tijela com legumes crus (que normalmente não comemos assim, por cá), como sendo couve flor ou couve e, para nossa surpresa, talvez imbuídos ainda do espírito natalício, veio, de oferta, a Bruschetta de Legumes da casa, muito saborosa.
De sobremesa, não tivemos opção: só havia uma espécie de pudim de coco com água de rosas, polvilhado com coco e bolacha ralados, que partilhámos e, embora estivesse longe de me encher as medidas, não era tão sensaborão como pareceu à primeira colherada – mas não repetiria.
O serviço, partilhado por duas jovens simpáticas, foi afável e competente, embora pontuado por momentos de espera incompreensíveis, dado estarmos praticamente sozinhas no estaminé. Ainda assim, foi toda uma experiência agradável, que nos ficou por 16€ a cada uma, o que nos pareceu justo, para os bons apetites.
Bola Falafel | Porto
4.4 / 5Carapaus
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Positivos
A beringela, O humus
Negativos
A sobremesa
Resumo
Eis um restaurante de comida israelita, onde é possível almoçar descontraidamente, por um preço digno, com um serviço simpático.
Quisemos visitar o Domo, pela primeira vez, no Verão, mas tivemos falta de pontaria: estava fechado para férias – as pontuações que este pequeno estaminé tem alcançado, nos sites da especialidade, apontavam para algo de muito bom. Quase três meses depois, a coisa concretizou-se finalmente: marcámos uma hora de almoço, reservámos mesa e lá fomos conhecer o Domo, sito mesmo ao lado do parque de estacionamento da Trindade, em Fernandes Tomás.
Fui a primeira a chegar e fiquei agradavelmente surpreendida pelo modo como o espaço, ínfimo, foi sabiamente aproveitado e decorado, tornando-se numa espécie de reduto de conforto de onde avistamos a azáfama da rua. Todos os elementos parecem ter sido pensados tendo em vista um todo harmonioso, claramente alcançado. A equipa de produção de sushi é jovem (e toda masculina, como não é raro nestas andanças, embora já haja exceções) e, soubemo-lo depois, muito competente.
Há vários menus executivos de sushi (para além das ofertas da carta normal), que pretendem responder às preferências e ao bolso de cada comensal: eu e a JSS optámos pelo Tempura (12 peças e tempura de camarão, por 13€) e a RV pelo de 12 Peças, apenas (10,50€), mas para além destes há o de 16 Peças (14€) e o Temaki (16 peças e temaki de salmão, por 16€). Todos os menus incluem uma entrada, a escolher entre Sopa Miso e Dois Crepes de Legumes, bem como uma bebida (limonada, chá do dia, água ou copo de vinho): e lá veio o Miso para mim e para a RV, os Crepes para a JSS, a limonada para mim e para a JSS e uma água para a RV, que não gosta de limonada adoçada (e aquela estava-o, um pouquinho).
O serviço, feito por um senhor mais velho do que a equipa de confeção, era claramente amador e à primeira vista pouco amistoso, mas veio a revelar-se simpático, bem-humorado e relativamente rápido, o que só foi maculado pelo atraso das tempuras, que foram colocadas por engano noutra mesa, que não as havia encomendado (e a malta comeu e nada disse, pois está claro). De resto, as sopas vieram quase de imediato (e estavam ótimas), os crepes imediatamente depois (muito bons, disse a JSS) e, de seguida, os pratos de sushi, que tinham 4 quentes (fininhos, pelo que valeram por dois na contabilização das peças), dois nigiris (perfeitos), dois gunkans (sempre os meus preferidos, e aqui confirmou-se a qualidade), e uns rolinhos mais comuns, todos muito bons. A tempura, que acabou por ser comida simultaneamente, também estava belíssima: o polme crocante e as gambas grandes e carnudas, como deveriam ser sempre.
Ora uma vez que, até aqui, não havia senão elogios, não pudemos deixar de alinhar na ideia das sobremesas, cuja oferta é reduzida: havia gelado, mousse de Nutella (para que me inclinei primeiramente) e a tarte ou bolo do dia, que viemos a saber ser uma Delícia de Chocolate “que é uma delícia”, acrescentou o funcionário. Somos facilmente convencidas e lá vieram duas: uma para mim e outra para as minhas amigas dividirem entre si – e não nos arrependemos: estava em causa um bolos de chocolate baixinho e húmido , com pouca ou nenhuma farinha, perfeito para terminar o repasto.
Prescindimos dos cafés e acabámos por pagar valores díspares, de acordo com o que comemos: eu fui a mais taxada, porque sou uma glutona e adicionei ao valor do menu o da sobremesa (pagando 17,50€), mas a RV, que escolheu o menu mais barato e só comeu meia sobremesa, pagou apenas 12,75€, o que me parece fantástico para os bons apetites que nos foram proporcionados.
Domo | Sushi | Porto
4.4 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
O sushi
a tempura
Resumo
Sushi de muita qualidade, com um menu de almoço a bom preço, num espaço muitíssimo bem recuperado.
Quem me falou deste espaço foi a RP, que já conhecia o Sushisan de Lisboa e acabou por o visitar algumas vezes, já por cá: segundo ela, teria um rodízio com boa relação qualidade/preço, pelo que, mal acertámos agendas, lá fomos.
Começo por dizer que fiquei agradavelmente agradada com a localização, entre Oliveira Monteiro e a Rua da Boavista: ainda que pagando parquímetro, tive estacionamento à porta, com toda a facilidade – e quem mora no Porto sabe que isto vem sendo, cada vez mais, uma raridade, sobretudo no centro. Escolhemos ir ao almoço, não apenas por uma questão de conveniência, mas sobretudo porque o rodízio é 4€ mais barato do que ao jantar, o que nunca é de somenos.
O espaço é agradável e luminoso, beneficiando das janelas/montra, junto das quais escolhermos sentar-nos: mesmo num dia de chuva (e não era, de todo o caso) deve ser simpático comer ali. Há muitas mesas de 2 e 4 pessoas, mas rapidamente se constrói uma para uma dúzia de convivas, se for necessário: almoçou mesmo ao nosso lado um grupo grande e tudo correu sobre rodas.
Uma vez sentadas, fomos informadas de que o rodízio inclui uma sopa miso, uma entrada quente e um primeiro prato, com 20 peças de sushi e sashimi por pessoa. Depois, poderíamos pedir as repetições que nos aprouvesse, sendo que jamais podemos escolher as peças – tudo perfeitamente normal, para este tipo de oferta.
Vieram as sopas, saborosas e quentinhas e, logo de seguida um prato com umas peças de sushi quente – que não adorei e que considero serem a parte mais fraca deste almoço (não estavam más, repare-se, mas eram absolutamente banais). O prato maior, com as quarenta peças prometidas, veio depois (não houve tempos mortos, aqui) e estava francamente bonito: havia nigiris de salmão francamente bons, sashimi de atum, peixe branco e salmão (tudo a saber a fresco), uns gunkan de salmão muito saborosos e uns rolinhos com peixe branco braseado bastante originais. Numas colheres de loiça, vinham uns ceviches que me souberam pela vida. Nota menos boa, só mesmo para as peças com ananás, que tem um sabor demasiado avassalador e anula todos os outros, e para o uso de molhos de maionese, perfeitamente dispensáveis, mas condizentes com a promessa de “fusão e sabores inesperados” – o problema é que nem sempre as surpresas são agradáveis, para uma chatinha como eu, que gosta de peixe, arroz e nada de frutas e esquisitices, no sushi.
Pedimos uma única repetição e lá veio mais um prato com doze peças, de três tipos: um era um enrolado tipo califórnia, mas vermelhusco – o melhor dos três; dos outros dois não gostei, um porque vinha coberto de maionese (para quê, senhores? Para quê?), o outro porque vinha encimado com um molho branco e doce de maracujá, a remeter visualmente para os ovinhos de codorniz habitualmente usados na gastronomia japonesa praticada em Portugal.
Ou seja, a qualidade não é de todo homogénea, mas eu sou uma esquisitóide, para quem o sushi de fusão é uma aberração desnecessária: condescendo nos quentes (embora não sejam os de que mais gosto) mas não alinho nas frutinhas e muito menos nos doces e molhos. Para quem gosta destes cruzamentos, terá certamente uma experiência mais positiva.
Nota muito positiva para a carta de sobremesas e para a única que provámos : a RP estava a recuperar de uma maleita e sem muito apetite, pelo que acabámos por dividir um Tentasan, composto de mousse de chocolate, mascarpone, gelado de sésamo e amêndoas caramelizadas que nos soube pela vida. O simpático funcionário que nos aconselhou indicou-nos, ainda, o Haromaki San, que me ficou na retina pata uma próxima vez.
Acabámos por pagar cerca de 22€ cada uma, porque as quatro coca-colas que bebemos, os cafés e a sobremesa são pagos à parte – e é justamente por essas coisas que estes negócios dos buffet/rodízio são lucrativos. Obviamente que também há serviço à lista, para quem prefere escolher cada uma das peças e não ter surpresas – será mais caro, com certeza.
Não tendo rejubilado em absoluto com o Sushisan, por não apreciar o sushi de fusão, compreendo que o problema é meu (porque eles são claríssimos quanto à sua oferta) e não deixo de o recomendar vivamente, a quem gosta do género, não só porque a qualidade dos ingredientes é indesmentível, mas também pela simpatia do serviço e conveniência da localização.
Sushisan | Porto
4.1 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
O serviço
A sobremesa
Negativos
As peças com ananás e com maionese
Resumo
Fora da confusão do centro, o Sushisan oferece um rodízio de sushi de qualidade média, com um serviço simpático e boas sobremesas.
Caro Cardume, esta será, ao contrário do que acontece sempre por aqui, uma posta rápida e indolor, para vos dar conta de que já não é preciso ir à Baixa (ou à Foz, ou à Baixa outra vez) para comer os melhores cachorros do Porto: abriu mais ou menos recentemente, pela mão de alguém que trabalhou diretamente na casa-mãe de todo o cachorrame, um estaminé que no-los dá a comer, bem como outras delícias – não aconselháveis a quem faz contagem de calorias para efeitos não recreativos, na 5 de outubro, já mesmo junto à Casa da Música, na Boavista.
Infelizmente, o espaço é tão diminuto como o do Gazela e só tem lugares ao balcão (uns vinte, diria), pelo que tivemos de esperar que vagassem três lugares, para apaziguar a fome, que era já muita – claro que o facto de se tratar de comida rápida ajuda a que a rotatividade seja maior, ao menos se a maioria das pessoas não for como nós, que nos alapámos e não nos despachámos senão quanto era tempo do concerto a que assistiríamos às 22h.
Antes de mais nada, nota muito alta para o serviço, que não só é simpático e bem-disposto, como é de uma eficácia altíssima: tudo funciona como numa linha de montagem, bem ali à frente dos nossos olhos, cada um conhece o seu papel e a comida chega-nos depressa (e bem).
Uma vez sentadas, escolhemos depressinha: seria um Cachorrinho The Dog (pão fininho, salsicha fresca, queijo e vai a torrar) para partilhar, Pregos Em Pão Especial The Dog (carne da vazia, queijo Brie e mel, compota de cebola em vinho do Porto), batatas fritas (duas doses) e finos para as três. Tudo é servido com celeridade e uns minutos depois encontrávamo-nos a aniquilar a fome e a deliciar as papilas gustativas.
Não há o que quer que seja que não seja bom, no The Dog: o cachorrinho corresponde inteiramente às expectativas e é coisa gulosa, que apetece comer sem parar, as batatas são caseiras, a fritura está no ponto e não há ali gota de óleo a mais, e os finos são Super Bock e bem tirados. Mas tenho de salientar a excelência dos pregos especiais: a carne é mal passada e macia, o queijo e a cebola são notórios e saborosíssimos. Para terminar, tivemos de pedir mais um cachorro, que partilhámos, antes de partir.
Os bons apetites saldaram-se em pouco mais de 11€, o que nos pareceu perfeito.
The Dog – Casa do Cachorro | Porto
4.4 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
A rapidez do serviço
Os pregos
Negativos
O espaço exíguo
Resumo
Excelente opção para uma refeição rápida e calórica, na zona da Boavista, paredes-meias com a Casa da Música.
Embora tenha sido uma decisão espontânea, não posso afirmar que não tenha sido pensada uma dúzia de vezes: quase todos os dias fico parada no semáforo da Avenida da Boavista, frente ao Nook e, desde que dei pela sua existência, penso em ir conhecer esta hamburgueria e pregaria, já que fica tão próxima do meu local de trabalho – ainda assim, ir a pé levaria muito tempo, o que é um inconveniente, por não ser de todo fácil estacionar ali nas redondezas (consegui lugar na São João de Brito mas já quase no cruzamento oposto).
Quando cheguei, num dia em que não combinara almoço com qualquer colega e a ocasião o proporcionou, já passaria um bom quarto de hora das 13h e o espaço encontrava-se praticamente lotado: aliás, grupos maiores (o que não era difícil, já que fui sozinha) tinham de aguardar até que uma mesa que os pudesse acolher fosse libertada – o que é de relevo, se pensarmos que o Nook não fica propriamente numa zona turística ou de passeio, para além de que tem uma boa área (levará umas 30 a 40 pessoas, se o meu cálculo retroativo não me falha) e, em dias bons, uma esplanada cá fora que alberga mais doze clientes.
A sala é mais interessante do que imaginava de fora, e tem alguns elementos singulares, que lhe outorgam carisma: não posso deixar de nomear a placa indicadora dos lavabos como uma das mais giras que vi até hoje. A sensação principal é a de contemporaneidade (as paredes, em cimento, dão-lhe o ar minimalista, despojado e quase industrial, tão em voga), conjugada com apontamentos que tornam tudo mais aconchegante, como sendo o balcão de madeira ou as molduras de talha dourada ou os individuais, na mesa, aos quadrados de cores vivas.
Uma vez sentada (foi-me indicada uma das mesas pequenas junto à janela/montra, o que apreciei), rapidamente me foi trazida a ementa por uma das funcionárias (reparei que, ao menos naquele dia e àquela hora, a equipa de sala era constituída apenas de mulheres) – e a tarefa não foi fácil: estando sozinha, queria escolher algo de verdadeiramente emblemático. Há hambúrgueres (treze, com três opções vegetarianas e uma de frango), pregos (sete), saladas (três), a sopa do dia e um menu de criança. Acabei por achar que, dada a prevalência, deveria escolher de entre a oferta de hambúrgueres e, assente na mesma ótica, optei pelo que dá nome à casa – acho sempre que uma boa chafarica jamais escolherá como homónimo um prato que seja menos do que espetacular.
Enquanto esperava pelo meu Nook (hambúrguer, alface, tomate grelhado, cebola caramelizada, queijo de cabra, cogumelos salteados e molho barbecue), foi-me trazido o chá frio de manga e pêssego (sem açúcar) que pedira e, para ir picando, o paté de atum com pão e tostinhas caseiras, de que gostei particularmente porque não era de todo enjoativo (pareceu-me ter um nadinha de pickles picados, como eu gosto).
O hambúrguer chegou ainda não havia terminado o paté – o que faz do Nook um estaminé com timings perfeitos, para quem tem tempo contado para almoçar (categoria a que pertence, parecendo que não, a grande maioria dos comuns mortais). Fiquei muito agradada, desde logo, com o aspeto: as batatas pareciam as que a minha mãe fazia quando éramos miúdos (claramente desiguais, caseiras e clarinhas) e o hambúrguer era alto e com os ingredientes todos visíveis, que é coisa que aprecio deveras. Concomitantemente, os sabores distinguiam-se todos: a carne suculenta, a fatia de queijo de cabra de grossura assinalável (e como eu gosto de queijo), os cogumelos gordos e saborosos, a cebola bem caramelizada.
Evidentemente, tudo isto vem com talheres, porque seria impossível degustar uma torre desta magnitude sem passar um vergonhão (o que me parece evidente, mas há restaurantes que parecem não entender).
Gostei mesmo muito do Nook, sobretudo porque, mesmo com o couvert, a conta em pouco ultrapassou os 10€, pelo que me parece que será estaminé a que regressarei, mesmo pela conveniência da proximidade com o sítio onde labuto e, sobretudo, porque cada vez mais aprecio serviços simultaneamente afáveis e competentes, que só incrementam os bons apetites.
Nook Hamburgueria & Pregaria | Porto
4.6 / 5Carapaus
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Positivos
O serviço rápido e simpático
Os hambúrgueres
Negativos
A dificuldade de estacionamento
Resumo
Mesmo ali juntinho à avenida da Boavista, o Nook é um espaço agradável, de ambiente arejado e eclético, excelente para um almoço rápido: os hambúrgueres são de muita qualidade.
O convite partiu do turismo de Matosinhos que, em parceria com a Zomato, resolveram reunir algumas das pessoas que gostam destas coisas dos comes&bebes, de modo a dar-nos a conhecer a segunda edição do Rally Fish, uma rota gastronómica em tudo semelhante à das tapas, que acontece duas vezes por ano no Porto (espreitem aqui uma das nossas experiências) e em Lisboa, mas com algumas particularidades que a distinguem. Desde logo, acontece no concelho de Matosinhos, entre o centro da cidade, Leça da Palmeira e (é uma novidade, este ano) Angeiras; depois, a entrada/tapa tem obrigatoriamente de conter peixe ou outro bicho do mar (exceção feita para as opções vegetarianas, que também são uma novidade interessante); finalmente, o que se come é acompanhado com vinho – que é escolhido por cada estaminé. Tratava-se, então de conhecer cinco dos 43 estaminés aderentes, pelo que marcámos encontro para as 19h, que estas coisas são sempre mais demoradas (e divertidas) do que um jantar tradicional.
Tivemos muita sorte: o fim de tarde estava ótimo e solarengo, apesar de ventoso, e facilmente nos deslocámos da Loja de Turismo Interativa (que fica ali em cima do areal, na praia do Titã) ao primeiro destino, o restaurante O Valentim (de que falámos aqui), que agora compreende também um hotel e um magnífico piso superior com terraço, de onde se avista o novo Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões e o mar. A entrada que nos aguardava era Petinga de Escabeche, servida com pão de mistura e um vinho verde branco: obviamente, devorámos cada pedacinho com apetite, mesmo porque o molho de azeite e os pimentos eram um convite ao mergulho do pão – tarefa a que procedemos sem pudor.
O próximo estaminé requereu uma pequena viagem de carro (felizmente, o João e a Joana já haviam preparado tudo e deixado os carros ali mesmo em frente): o Los Ibéricos fica junto ao Forte de Leça da Palmeira (quase coladinho ao Batô) e é, como o nome deixa adivinhar, um restaurante de tapas de inspiração espanhola (mas não só). Antes de tudo o mais, fiquei muito agradada com o espaço, que é de muito bom gosto, espaçoso e de pé direito alto, com madeiras bonitas – mas o melhor estava ainda para vir: adianto já que este foi a chafarica que mais me encantou e não será difícil perceber porquê. Os responsáveis pelo Los Ibéricos tiveram a inteligência de perceber que, porque estava ali gente ligada à publicação gastronómica, seria interessante darem-nos a conhecer mais do que têm para oferecer; e tiveram a elegância de o fazer formidavelmente. Assim, antes mesmo de nos trazerem a entrada do Rally Fish, serviram-nos umas tábuas de presunto (macio e saboroso) e queijo (delicioso), que fomos trincando com o pão fatiado (muito bom) que já nos esperava. Depois, veio a entrada programada, Gambas em Tempura com Maionese de Alho – que estavam boas (sobretudo a maionese) mas não foram de todo o que mais me encantou, mesmo porque a “tempura” era mais um polme de panado; não me interpretem mal, era coisa muito boa, mas comi melhor, ali mesmo. Veio um camembert panado com molho de frutos vermelhos que estava uma delícia, umas gambas al ajillo de chorar por mais, uns huevos rotos com presunto que nunca falham, uns montadinhos de lombinho de porco preto, ovo e piquillo (que mereciam uma ovação), uma travessa de legumes na prancha (espargos, curgete, tomate e cogumelo – tudo delicioso e um belo apontamento verde) e, a cereja em cima do bolo, uns mexilhões gratinados acabadinhos de sair do forno que me fizeram dar razão ao funcionário que nos disse: “menina, o Universo existe para que esta entrada possa ser servida” – subscrevo inteiramente. Foi uma estada ótima, esta no Los Ibéricos (tal como tivemos oportunidade de dizer ao Chef que, simpaticamente, veio cumprimentar-nos) e, por mim, já não saía dali – mas havia ainda mais três estaminés para experimentar e o dever chamava-nos.
A paragem seguinte foi o Sushi no Mercado (para onde nos dirigimos, obviamente, de carro), um espaço pequenino, mas muito bem decorado e interessante, por se situar justamente no Mercado de Matosinhos, onde ainda se vende tudo aquilo a que temos direito e sítio privilegiado para os restaurantes circundantes fazerem as suas compras fresquíssimas. Ali o petisco era dois Temaris, bolas de arroz com peixe do dia (no caso, salmão e atum) – o que permite, justamente, ir alterando o bicho de acordo com o que houver de melhor para servir. Gostei do que comi, embora não me tenha marcado pela originalidade ou sequer pelo sabor (mesmo porque não serviram wasabi); fiquei com alguma vontade de voltar, mais porque gostaria de experimentar o sushi “a metro”, que vi noutra mesa.
Nesta altura, e sobretudo por culpa do Los Ibéricos, já estávamos bastante cheios, mas ainda nos restavam dois estaminés para conhecer, sendo o próximo o Restaurante/Marisqueira Serpa Pinto, onde a simpatia é cartão de visita: sendo uma das bloggers do nosso grupo alemã, e tendo anteriormente manifestado curiosidade face a essa coisa estranha que é o percebe, foi com toda a disponibilidade que se prontificaram para lhe dar a provar (e ensinar a comer) a iguaria – e eu continuo a achar que as pessoas também são importantíssimas nos restaurantes. Aqui, o petisco era Recheio de Sapateira com Tostas, sendo que preferimos os finos, a acompanhar – e gostámos bastante do sabor e consistência do “patê”, sendo que eu preferiria ter ficado por aqui. Infelizmente, a simpatia acabou por se revelar contraproducente: quiseram trazer-nos o prato do Rally Fish do ano passado, uma espécie de massa filo com recheio indefinido e molho agridoce – e a impressão foi francamente má. A nota positiva é que, de facto, houve uma melhoria significativa na oferta, de um ano para o outro, porque o recheio de sapateira merece em absoluto a visita (sobretudo pelos 3€ que custa, com o copo de vinho).
Faltava-nos o último restaurante e a escolha recaiu no Dish – Sushi and Fish, ali na Heróis de França. Antes de mais nada, surpreendeu-me o espaço: o chão é magnífico e os apontamentos decorativos de muito bom gosto, o que nunca é despiciendo. O staff recebeu-nos já muito junto à hora de encerrar a cozinha – mas, ainda assim, com toda a boa vontade e simpatia. Éramos os únicos no restaurante e, ainda que estivéssemos já mais do que satisfeitos, ninguém quis deixar de provar a Ceviche à Dish, com peixe branco, abacate, puré de batata doce e coentros, que estava simplesmente deliciosa – e leve, que era justamente o que precisávamos. Adicionalmente, a simpática sushi woman Joana (como é bom ver uma mulher numa função tradicional e maioritariamente masculina!) serviu-nos uns nigiris de atum, com um acompanhamento de algas e flores comestíveis que estavam irrepreensíveis de bons. Para finalizar, ainda fomos conhecer a esplanada do terraço, que será em breve remodelada, e que me pareceu apetecível num fim de tarde estival.
Em suma? Olhem, só tenho de agradecer à Joana, à Graça e ao João, do Turismo de Matosinhos, pelo convite e pela companhia: não foi só um serão bem passado, que me permitiu escrever esta posta de dois metros; foi a sensação de estar a jantar entre amigos, com pessoas que acabara de conhecer – e isso é um privilégio.
Quanto ao Rally Fish, creio que é mais uma ótima forma de conhecer alguns dos milhentos restaurantes de qualidade que Matosinhos tem para oferecer: é só reunir um grupo de amigos (ou não, que há quem adore degustar sozinho), olhar para o mapa que a organização oferece, escolher de acordo com um qualquer critério (espacial ou gastronómico, por exemplo) e preparar-se para ser feliz, nuns minutos ou horas de bons apetites.
Rally Fish Rota Gastronómica | Matosinhos
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Positivos
A possibilidade de conhecer restaurantes a preço baixo
A ideia de petiscar
Negativos
As distâncias entre alguns restaurantes
Resumo
O conceito não é novo mas está sempre atual: quando uma autarquia desafia os seus restaurantes para criarem um petisco que sirva como cartão de visita e para o servirem a 3€, juntamente com um copo de vinho, ganhamos todos.
Há já algum tempo que andava para ir experimentar os estaminés mais ou menos recentes do Mercado da Foz, que coexistem com um punhado de bancas que vendem frutas, legumes e flores. Afinal, trabalho a dois passos e é sempre uma boa alternativa à mesmice da cantina ou à marmita no gabinete, quando se trata de almoçar por lá – pelo menos quando temos uma amiga que vem ter connosco ou em dias de festa, já que comer hambúrgueres e cachorros todos os dias não é propriamente o meu sonho.
Marcado que estava o almoço com a CP, encontrámo-nos à porta do Mercado, que está em obras, e, depois de uma voltinha (pequenina, porque este espaço é bem pequeno), decidimo-nos pela Hamburgueria do Mercado da Foz, o primeiro estabelecimento, à esquerda – onde, de resto, encontrei uma série de gente conhecida, já que este espaço é muito frequentado por estudantes da vizinhança, seja da Universidade Católica ou dos colégios e escolas das redondezas. De resto, há ali o cuidado de oferecer um Menu Estudante que, por menos de 5€, dispõe de um hambúrguer, limonada e batata frita.
Não usufruindo nós do estatuto de estudante (ao menos o tradicional, já que, se quisesse bater o pé, a condição de doutoranda permitir-me-ia usufruir de descontos em todo o lado em que não se institui também uma idade máxima para a “profissão”), tratámos de olhar para a ementa, que apresenta 8 tipos de hambúrgueres de carne de vaca, uma opção vegetariana (de cogumelos), uma de peito de frango panado e um prego no pão. Todos os itens incluem batata frita, mas somente os hambúrgueres mais simples (o Mercado e o Castelo do Queijo) oferecem também a bebida.
Absolutamente assoberbadas pelas opções, não tanto porque sejam muitas, mas porque nos parecem todas demasiado parecidas, pedimos conselho ao funcionário (seria gerente ou dono? Fiquei com essa sensação, mas não posso jurar) que nos atendeu, que era de uma educação, disponibilidade e paciência louváveis (logo depois de nós, entraram na divisão de pré-pagamento meia dúzia de rapazinhos de um colégio vizinho, animados e barulhentos, que foram tratados como velhos amigos e clientes – que provavelmente até serão). Foram-nos recomendados dois, o Boavista (pão brioche com sementes de sésamo, hambúrguer de novilho, alface iceberg, ketchup, maionese de alho, queijo das ilhas e ovo) e o Tripeiro (pão brioche com sementes de sésamo, hambúrguer de novilho, alface iceberg, molho barbecue, queijo flamengo e linguiça pincante); porque a ênfase recaiu sobretudo no primeiro, com a sugestão de substituirmos o ketchup por compota de cebola, comprámos imediatamente a ideia.
Não nos foi referido porquê e quais são as circunstâncias, mas cada hambúrguer tem uma versão Slim e uma XL, sendo que nos foi vendida a primeira – e bem, porque não imagino o tamanho descumunal da outra, que custaria mais 1€. Simpaticamente, foram-nos oferecidas as bebidas, por ser a nossa estreia na Hamburgueria, o que considero um ato que merece aplauso, pela amabilidade, mas também um ato digno de um verdadeiro marketeer, o que vale a minha ovação. Uma vez pagas as refeições, que ficaram por 6,35€ a cada uma de nós (pagámos apenas o hambúrguer e o café, já que as batatas vêm incluídas e as limonadas foram oferecidas), sentámo-nos numa mesa ali perto, já que dentro do mini-estaminé só existem dois ou três lugares, ao balcão.
As cadeiras são de ripas, com pés de metal, tal como as cadeiras – o que faz destas uma coisa um nadinha desconfortável e daquelas uma base muitíssimo instável, o que levou a que uma das nossas limonadas fosse entornada ainda mal nos sentáramos. E eu percebo que a ideia seja recolher o material quando se fecha o tasco e que a malta coma depressinha e se ponha a andar, mas, ainda assim, não faria mal apostar mais na qualidade da mobília.
Uma vez chegados os hambúrgueres, depressa concordámos num ponto: o pão, designado de “brioche com sementes de sésamo” é too much, o que o nome já adianta. É coisa quase doce e tem demasiado miolo, o que me incomoda sempre – e este é, para mim, o ponto menos bom do que ali se come, embora também não tenha gostado muito das batatas, que são meio sensaboronas e sem graça. Já o recheio do hambúrguer é coisa boa: os sabores são bem conjugados, o ovo é frito como deve ser e sabe a ovo (o que pode parecer redundante, mas não: há sítios onde o ovo parece plástico) e a carne é mesmo muito boa. Não é fácil comermos sem que corramos o risco de nos sujarmos todas (embora eu tenha conseguido essa proeza) e, sobretudo o ovo é um perigo – mas no fim sobrevivemos.
Em conclusão, a Hamburgueria do Mercado da Foz não é a primeira cozinha do género que recomendaria a quem me pedisse conselho sobre as melhores hamburguerias do Porto, mas não está nada mal e é simpático tê-la como vizinha.
Hamburgueria do Mercado da Foz | Porto
3.6 / 5Carapaus
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Positivos
A simpatia do serviço
Carne Saborosa
Negativos
As mesas traiçoeiras
O pão
Resumo
Hamburgueria situada no Mercado da Foz, muitíssimo frequentada por estudantes (dos 10 aos 20 e poucos anos), com algumas opções simpáticas e muito agradável em dias de tempo bom.
O gatilho de tudo isto foi o Shiko (onde regressarei sempre, é um dos meus restaurantes preferidos): foi por lá que provei, pela primeira vez, aquele caldo-com-cenas que se tornou uma das minhas coisas preferidas de sempre; depois disso, foi a incursão ao RO, que foi o sucesso que relatámos aqui na chafarica – vai daí, não poderíamos deixar de ir àquele que foi, tanto quanto sabemos, o primeiro estaminé inteiramente dedicado ao ramen, na cidade do Porto (e, suponho, arredores). O mais estranho é que o Ramen Break fica a menos de um punhado de quilómetros de minha casa, sempre em linha reta e, por mais que lá passe (e passo amiúde), não teria dado por ele se não me tivessem chamado atenção para a sua existência.
De resto, tudo no Ramen Break é discrição, ao menos na medida em que escolheu situar-se longe do bulício da Baixa, ali entre a Boavista e Cedofeita ou, para os que conhecem a zona, entre os Liceus Carolina Michaelis e Rodrigues de Freitas – o que provavelmente justificará o seu horário atípico, já que só abre de quinta feira a sábado e não se fala mais nisso. Talvez a vizinhança não seja a maior consumidora do caldo japonês, mas a verdade é que as pessoas se deslocam ali, propositadamente, para o comer: foi o nosso caso e, coincidentemente, da PG e do ZM, com quem não estávamos há algum tempo e que acabaram por ser a nossa companhia para o almoço, tornando a coisa ainda mais simpática.
O espaço é o arauto do kitsch intencional (ele há bandeirinhas, andorinhas, gatinhos orientalinhos – e tudo o mais acabado em -inho), isto é: porque é pensado, torna apontamentos duvidosos em coisa de bom gosto. Eu cá, na minha limitada visão estética, adorei o mural colorido que reveste uma das paredes compridas, bem como os sinalefos que identificam as casas de banho feminina e masculina (só não quero aqueles robôs fofinhos aqui em casa já porque as minhas casas de banho são unissexo).
Mas vamos ao ramen, que é para isso que bosselências (pelo menos os que ainda não desistiram de me ler os testamentos) cá estão, verdade? Olhem, é coisa muito boa – pronto, acabei com o suspense. Ainda hesitámos entre dois deles, cada uma, mas a RP decidiu-se pelo Ramarati (noodles de trigo, pernil desfiado, bamboo menma, 1 ovo nitamago, cebola frita, cebolinho, molho de soja e manteiga de amendoim), enquanto eu optei pelo Ramazuki 2.0 (noodles, entremeada chashu, bambu menma, milho, meio ovo nitamago, cebolinho, sésamo narutomaki, nori, molho de soja e óleo de chili), que me foi dito ser “o preferido do Vítor” (que é o chef). De resto, quando pedi a opinião à simpática funcionária (ou dona, não sei) que nos atendeu, sobre qual seria o prato que me aconselharia, a resposta foi “são todos bons, foram todos criados por nós” – e eu gosto desta segurança que, no caso, é inteiramente justificada.
Depois, a PG e o ZM acabaram por pedir os outros dois pratos de carne (porque há mais quatro, vegetarianos), e acabámos por poder tirar o retrato a todos. Para que conste, não são só refeições bonitas, servidas em faiança do tipo Bordallo Pinheiro: são também estupidamente saborosas – e, decidimos por unanimidade e aclamação, a epítome da “comfort food” (a expressão funciona melhor no original inglês, perdoem-me!).
O único item que nos agradou um bocadinho menos foi a massa, que mais se assemelhava a esparguete do que às fininhas noodles, que tanto a RP como eu preferimos – mas ainda assim comemos a sopinha toda, como meninas bonitas. Já agora, o ZM, que já provou os oito pratos da casa, elegeu como o melhor o que comeu naquele dia: o Ramazonic 2.0, que é o mais picante dos carnívoros (mas mesmo assim suportável, tanto que ele acrescentou molho picante), e leva noodles, carne picada picante, espinafres, milho, meio ovo nitamago, cebolinho, narutomaki e nori. A PG quis o Ramazonic – e lá terei de voltar para provar qualquer dos dois.
Algo que não esperava provar (só o fiz porque os nossos convivas no-lo recomendaram vivamente) e muito menos gostar é o Mochi de chocolate: trata-se de um bolinho (acento no diminutivo) de arroz recheado que tem o tamanho de uma trufa, vem coberto de cacau em pó e custa uns infames 3€. Mas eles tinham razão, o único problema é que ingeriria mais meia dúzia, assim a carteira e o bom senso o permitissem
Foi o culminar de um almoço carregadinho de bons apetites, num espaço giro e airoso, de serviço simpático e eficaz (demorámos menos de uma hora, mesmo com direito a muita conversa) e uma conta absolutamente adequada: 15€, nem mais nem menos. Havemos de voltar, com certeza.
Ramen Break | Porto
4.5 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(6 votos)
Positivos
O Ramen
o Mochi de Chocolate
Negativos
A Localização
A Massa
O Estacionamento
Resumo
O Ramen Break foi o primeiro estaminé dedicado somente ao Ramen que abriu no Porto, há cerca de um ano. Vale a pena a visita, para quem gosta deste caldo japonês, tão reconfortante como delicioso.
A Casa do Evaristo é sítio onde planeio ir desde que o estaminé abriu, talvez há um par de anos, e apesar de algumas apreciações menos simpáticas que me chegaram, via pessoas que me são próximas. Mas acho graça ao conceito e, salvo raras e justificadas exceções (nomeadamente, quando a experiência alheia é catastrófica), gosto de decidir por mim, pelo que, quando se tratou de ir almoçar com a ES, que também gosta de petiscos como eu, achei por mim sugerir esta chafarica, de que ela nunca tinha ouvido falar e que eu não conhecia em nome próprio.
Chegámos, sem marcação, ao 535 da Rua Fernandes Tomás, por volta das 13h, e talvez metade do espaço estava já tomado por outros convivas, a maioria com o ar de quem estava a fazer a sua pausa de almoço e sem grande tempo para grandes confraternizações. Já nós, estávamos mais folgadas, pelo que nem nos importámos pelos longos minutos que tivemos de aguardar antes que um dos funcionários (na altura, o único que se avistava) nos indicasse lugar para sentar – aproveitámos para apreciar os muitos elementos decorativos que nos remetem para o nosso tempo de miúdas, em casa dos avós ou nos cafés da época.
De resto, e para os mais distraídos, o nome do restaurante remete para a época áurea do cinema português, e há várias fotografias de António Silva, Vasco Santana & Companhia a enfeitar uma das paredes, bem como um candeeiro que replica aquele com que a personagem de Vasco Santana dialoga, em O Pátio das Cantigas. Também os móveis, louceiros, mobiliário, doçaria e outros objetos característicos ajudam à festa, fazendo da Casa do Evaristo um sítio acolhedor, de bom gosto, onde é um prazer estar: nem sequer a música ambiente falha, e encanta.
Uma vez sentadas numa das mesas para duas pessoas que compõem o pequeno espaço (que, ainda assim, é menino para albergar uma trintena de pessoas), e que se juntam de acordo com as necessidades, o mesmo funcionário veio dar-nos conta dos pratos do dia, também constantes de um quadro de lousa, pendurado na parede do fundo (al lado das janelas que dariam para o pátio, se abertas): havia Sopa de Brócolos, Alheira com Grelos e Batata a Murro, Carapau Grelhado com Batata a Murro e Molho Verde, Filetes de Pescada com Arroz à Evaristo e Salada de Atum e Caril. Agradecemos a apresentação, mas perguntámos pelos petiscos, que eram o que ali nos levara, estranhando inclusivamente que não nos dessem conta da sua existência, mas justificando-o pela provável afluência de profissionais da zona que, àquela hora, alinham mais no prato do dia.
Lá vem uma pequena ementa, com sandes, pratos rápidos (incluindo francesinha) e os petiscos costumeiros, sem grande novidade. Destes, escolhemos as Azeitonas com Alho, duas Pataniscas, Polvo com Molho Verde e Alheira – sendo que, nesta altura, o funcionário nos aconselhou a optar pelo prato do dia, já que trazia o mesmo enchido, mas com acompanhamento, sendo 50 cêntimos mais barato (e nós apreciámos a honestidade). Pedimos igualmente dois finos Heineken, que é a cerveja disponível, e fomos atacando o pão.
E foi a partir daqui que a experiência descambou, numa série de sentimentos irregulares. É que as azeitonas, por exemplo, estavam uma especialidade: eram de três tipos (verde, preta e galega) e estavam muitíssimo bem temperadas e saborosas. Já o pão, num primeiro cesto, ainda agradou, porque trazia uma broa simpática (que não excelente) mas umas fatias de pão velho, meio torrado e barrado com algo que nem manteiga parecia. Ao segundo cesto, a broa desaparecera e restava a mediocridade de um pão de que nem metade comemos.
O resto também não encantou, exceção feita para a alheira, que não era má, assim como os grelos; já a batata, carecia do murro e não era do mais saboroso. Mas muito piores estavam as pataniscas: duras, feitas há demasiado tempo, massudas e com pouco peixe, pareciam uma piada de mau gosto. O polvo não correu melhor: desde logo, porque o molho verde era um eufemismo para uma mistura de salsa e cebola, onde faltavam o azeite (e o vinagre); depois, porque o bicho estava muito duro – e, mais uma vez, não parecia prato feito recentemente.
Os finos não estavam maus, o serviço não era do mais desembaraçado que já vi, mas era simpático (ao menos, o do funcionário com que mais lidámos) – mas isto não chegou sequer para que nos dispuséssemos a experimentar uma sobremesa, mesmo porque a oferta era, mais uma vez, fraquíssima (só uma tarte de maracujá me tentou, mas só antes de olhar para ela e desistir, porque sabia que não me deslumbraria).
Lá vieram os cafés e o pedido de conta que, infelizmente, se realizou ao balcão e sem fatura ou oferta de recibo, o que me parece sempre desajustado, nos dias que correm. Vá que o preço não foi disparatado: 10,40€ não é coisa má mas, se pensarmos bem, é sempre descabido quando uma refeição não nos traz bons apetites.
A Casa do Evaristo | Porto
3.1 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
Espaço
A Alheira
Negativos
Pataniscas
Salada de Polvo
Pão
Resumo
A Casa do Evaristo é um espaço giro e bem localizado, todo ele alusivo à época áurea do cinema nacional, que serve pratos do dia com um preço simpático. Infelizmente, a qualidade deixa a desejar.
Já lá iam uns meses valentes desde que tivéramos o privilégio de conhecer um sítio novo, a convite da Zomato, pelo que, mal nos chegou às mãos e hipótese de ir ao RT-Bom Sucesso, agarrámos no telefone e tentámos proceder à reserva normalmente requerida. Foi nessa altura que ficámos a saber que não só não seria necessária a marcação, por se tratar de um estabelecimento-tipo-shopping, como também de que estávamos perante o irmão mais novo (e menos quitado – estava a ver que nunca teria oportunidade de usar esta expressão, por aqui) do Reitoria, na Baixa, de que já aqui falámos.
Aproveitámos o facto de estarmos perante um estaminé sem horários, como o são todos os do Mercado do Bom Sucesso, para proceder a um jantar arraçado de lanche, o que não só nos facilitou a busca de estacionamento (mesmo à porta, do lado de trás), como nos permitiu ser atendidas sem filas nem grandes tempos de espera.
A funcionária que nos recebeu foi inexcedível em todas as circunstâncias: não sabia de que convite se tratava mas foi saber (apesar de estar sozinha), sem descurar o atendimento dos outros clientes, aconselhou com segurança quando lhe pedimos a opinião, quis saber se estava tudo bem, despediu-se com afabilidade – e bem sei que este deveria ser o comportamento de todos os que lidam com o público, mas infelizmente é cada vez mais uma exceção (e um gostinho) encontrar quem tenha nascido para lidar com pessoas e o faça com prazer e sapiência.
Este Reitoria (RT, para os amigos) oferece o que, no Reitoria da Baixa, terá mais saída: as (re)conhecidas focaccias; para além disso, também há saladas, pré-embaladas, que imagino que sejam do agrado de quem, à hora do almoço, quer uma refeição rápida e leve. Nós cá nem hesitámos: focaccias seria, mesmo porque eu já as degustara e lambera os beiços.
Para os mais distraídos, a focaccia é petisco tipicamente italiano, que consiste numa base de pão de azeite e orégãos, semelhante à massa de pizza (e que ali é especialmente bom, porque leve e nada massudo), com os recheios que nos apetecer – e o RT/Reitoria tem combinações diversas, todas elas apetecíveis, o que também dificulta a escolha.
Nós, podendo escolher dois menus, optámos dividir duas focaccias: a de Rosbife II (com rosbife, tomate seco, pecorino picante e rúcula) e a de Salame Picante (com salame picante, creme de ricotta com chalotas e cebolinho e rúcula), sendo que ambas viriam acompanhadas por batata frita ou palitos de cenoura e por uma bebida à escolha (de entre refrigerantes diversos, sumos naturais e vinho). Quisemos as batatas, porque eu já as conhecera e gabara, e fomos nos sumos: um de ananás, o outro de melancia e lima, sendo que ambos estavam ótimos, levezinhos e sem açúcar. A limonada também não era má (permitiram-me que a provasse) mas estava um nadinha açucarada demais para o meu gosto (só porque a prefiro sem doce algum).
E pronto, tratou-se depois apenas de confirmar o que já sabia: o segredo do Reitoria e do Rt está mesmo nos ingredientes, que são de suprema qualidade, fresquíssimos e carregados de sabor – e, quando assim é, até a confeção se torna fácil. Ainda assim, há que gabar a combinação (simples mas ganhadora) de sabores, que torna a degustação qualquer coisa de muito bom. Por uma questão de gosto pessoal, preferimos a focaccia de rosbife, só porque estava mais picantezinha – mas ambas são de aplaudir.
Evidentemente que, para uma refeição com amigos, prefiro largamente o estaminé da baixa, mas este tem a enorme vantagem de estar próximo de casa e do trabalho, e longe da confusão do centro, pelo que se me afigura como sítio onde voltarei mais do que uma vez.
RT Bom Sucesso | Porto
4.4 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
O serviço
A qualidade dos ingredientes
O espaço (num shopping)
Negativos
A falta de estacionamento (?)
Resumo
Ter uma espécie de irmão mais novo do Reitoria no Mercado do Bom Sucesso é um privilégio, sobretudo porque ali moram as suas focaccias, que serão certamente das sandes mais bem conseguidas da cidade.