Visitámos este restaurante, que se anuncia como praticante da gastronomia israelita koshner, um dia depois do Natal, ainda no espírito da troca de presentes e das milhentas refeições que se fazem com amigos, por esta altura (eu cá ainda acho que o melhor era juntar todos, todos, e fazer tudo ao mesmo tempo, saía muito mais barato). Reservámos mesa, ainda que, na verdade, constatámo-lo depois, não houvesse necessidade: a 26 de dezembro poucos são os que decidem almoçar fora, ainda convalescentes dos enfardanços dos dias transatos.
Já andávamos de olho no Bola Falafel há algum tempo, pesassem embora as apreciações muito heterogéneas que lhe líamos tecidas – e, nestas coisas, não há como experimentar e decidir pelo próprio palato e impressões.
Devo dizer que o espaço me conquistou à primeira vista: quando se entra, o ambiente é simpático, com a madeira branca, o teto original e o pé direito alto a destacarem-se, para além de elementos decorativos de bom gosto; evidentemente que, ao fundo, o balcão/montra de vidro, menos requintado, lhe retira um pouco do charme – mas, que diabo, também temos de perceber que não estamos num estabelecimento candidato a estrelas de qualquer ordem.
Uma vez instaladas, foi-nos apresentada a ementa, da qual estávamos decididas a escolher tudo o que o palato exigisse e o estômago comportasse. Optámos por um Hummus Mushrooms, uma Shakshuka Israeli (a alternativa era a picante e não quisemos arriscar) e uma Aubergine Tahini. Para beber, veio o chá quente de menta, pois claro.
A beringela estava uma coisa absolutamente deliciosa: servida com grão (algo que parece intervir em todo e qualquer prato) e um molho picante, fez as nossas delícias. A Shakshuka (prato típico do Médio Oriente, descobri quando o googlei, normalmente servido ao pequeno almoço) consiste, basicamente, em ovos escalfados num molho de tomate maravilhoso, e estava muito boa. Do Hummus, o que gostei menos foi mesmo os cogumelos, servidos ligeiramente gordurosos – mas o hummus, em si, estava perfeito, e foi devorado, juntamente com o pão pita, acabadinho de fazer.
Também nos trouxeram uma tijela com legumes crus (que normalmente não comemos assim, por cá), como sendo couve flor ou couve e, para nossa surpresa, talvez imbuídos ainda do espírito natalício, veio, de oferta, a Bruschetta de Legumes da casa, muito saborosa.
De sobremesa, não tivemos opção: só havia uma espécie de pudim de coco com água de rosas, polvilhado com coco e bolacha ralados, que partilhámos e, embora estivesse longe de me encher as medidas, não era tão sensaborão como pareceu à primeira colherada – mas não repetiria.
O serviço, partilhado por duas jovens simpáticas, foi afável e competente, embora pontuado por momentos de espera incompreensíveis, dado estarmos praticamente sozinhas no estaminé. Ainda assim, foi toda uma experiência agradável, que nos ficou por 16€ a cada uma, o que nos pareceu justo, para os bons apetites.
Bola Falafel | Porto
4.4 / 5Carapaus
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Positivos
A beringela, O humus
Negativos
A sobremesa
Resumo
Eis um restaurante de comida israelita, onde é possível almoçar descontraidamente, por um preço digno, com um serviço simpático.
Tivemos muita sorte com o dia em que escolhemos ir ao Abacate: a Primavera (quase Verão) deu um ar da sua graça ainda no Inverno, e pudemos almoçar na esplanada do Food Corner, edifício onde, mesmo à entrada, se situa este estaminé, recentemente inaugurado, cuja oferta é (quase) toda, adivinharam, à base de um dos produtos-da-moda dos últimos tempos, o abacate.
O Food Corner fica em plena baixa do Porto, no gaveto da Rua do Ateneu Comercial do Porto, entre Sá da Bandeira e Santa Catarina (e perpendicular a Passos Manuel) – ou seja, é ideal para quem trabalha na Baixa (e é o caso da RV e da JSS) ou mesmo para uma refeição rápida antes de um espetáculo, já que fica pertíssimo do Rivoli, do Sá da Bandeira, do Coliseu e do São João. Evidentemente que, com sol, os lugares sentados aumentam muitíssimo, e a esplanada é mesmo um dos principais atrativos do local, apesar dos autocarros que vão saindo da garagem vizinha. E é uma maravilha para ir com grupos de amigos com gostos heterogéneos: ali se come sushi, hambúrgueres gourmet, massas, pizzas e coisas que tais, capazes de agradar a toda a gente.
Mas centremo-nos no Abacate, que foi esse o motivo da nossa visita: à chegada, um balcão em L e dois funcionários estão à nossa espera. A ementa está exposta na parede, bem como a hipótese de, por mais 2€, constituirmos um menu a partir de qualquer prato (bruschettas, club sandwichs e saladas), o que dá direito a uma bebida (sumos, cerveja, etc.), a sopa do dia, batata doce frita ou húmus de abacate e café. Também há smoothies e bowls de frutas (sendo que a RV acabou por pedir um para levar, para o lanche, o que é uma opção simpática.)
Analisada a oferta, eu e a RV (a JSS haveria de chegar mais tarde) optámos mesmo pelo menu e escolhemos duas bruschettas: a Quintal (beringela e courgette salteadas com queijo feta e salsa) para ela e a Fortuna (salmão fumado, requeijão, cebola roxa, pimenta, salsa e molho balsâmico de mostarda) para mim. Para beber, ela foi na laranjada e eu na limonada, sendo que a terceira hipótese era sumo de banana e morango – e nenhum tem açúcar. A RV escolheu o húmus de abacate, eu quis a batata doce, e ambas quisemos a sopa.
Depois de feitas as contas (eu paguei os 8,50€ correspondentes ao preço da bruschetta, acrescido do valor do menu), levámos para fora uma tábua com a sopa e as bebidas e sentámo-nos ao sol, iniciando o repasto enquanto procedíamos à fotossíntese. Entretanto, chegou a JSS, que achou que um menu seria “muita comida” e optou por uma salada e uma limonada, sendo que esta, por não fazer parte do menu, vinha mais generosamente servida. A bowl de salada escolhida foi a Padang, que inclui salmão fumado, tomate, rúcula, alface, mozarela fresca, molho balsâmico de mostarda e croutons de alho.
Acabámos por ser servidas mais ou menos ao mesmo tempo (ou seja, os nossos menus demoraram muitíssimo mais do que a salada da JSS) e a primeira impressão foi unânime: não, um menu não é “muita comida”; não faço ideia se as bruschettas, servidas fora dele, são maiores, mas tal qual as comemos são muito pequenas e, comparadas com a salada (que custa mais 1€) são mesmo uma dose muito pequena. Confesso que não me preocupei muito, porque tinha um treino dali a duas horas e até me convinha não comer muito mas, numa situação normal, ficaria com muita fome a breve trecho, mesmo porque também as batatas são em quantidade modesta.
Em termos de qualidade, nada a dizer: tudo o que comemos estava ótimo, as combinações de sabores são bem conseguidas, os ingredientes fresquíssimos e tudo é preparado no momento. Soube-nos bem e, no fundo, é isso que importa – mas aconselho qualquer estômago mais reivindicativo (como o meu, em situações normais) a pedir mais qualquer coisinha, sob pena de estar esganado de fome pouco tempo depois. De todo o modo, porque o calor já ameaça, admito que numa tarde de sol não apeteça mais do que aquilo.
Eu, pelo sim, pelo não, atirei-me a um Brigadeirão na altura do café: por 1€, comi o único elemento de quantidade janota da tarde – e mesmo muito bom, tanto que me atiraria a outro, se não fosse o treino. A alternativa era Panqueca de Banana e Chocolate (3€), o que não me soa a sobremesa, mas a lanche – mas fiquei curiosa, talvez numa passagem por ali, sem muita fome, a experimente.
De resto, tudo bom, com a salvaguarda das quantidades – o que não nos tolheu (de todo) os bons apetites, está bom de ver.
Abacate | Food Corner | Porto
3.8 / 5Carapaus
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Positivos
A esplanada, em dias de sol
Os Brigadeirão
A frescura dos ingredientes
Negativos
Relação quantidade/preço
Espaço em dias de chuva ou frio
Resumo
O Abacate fica no Food Corner, no coração da Baixa, e é um estaminé muito simpático, com uma série de opções simultaneamente saudáveis e saborosas.
Permitam-me iniciar com uma declaração de interesses: pese embora eu seja do rock, nunca liguei nenhuma ao conceito Hard Rock Café enquanto estaminé de frequência. Explico-me: acho graça entrar, dar uma voltinha para apreciar as relíquias usadas por gente de quem gosto muito (e de quem nem por isso, por que não?), queixar-me do disparate dos preços praticados e sair com a mesma destreza com que entrei, seja em que cidade for.
Só que depois o Hard Rock abriu (finalmente) no Porto – o que não acho que seja propriamente magnífico para o turismo, como se diz, porque não é isso que distingue a Invicta e atrai os visitantes (vejam lá se o Bourdain vai a estas chafaricas globalizadas ou se prefere ir enfiar-se nos nossos tascos preferidos), mas pronto, abriu. E está num edifício lindíssimo, ali entre a Rua do Almada e a Avenida dos Aliados. E era sábado e a pessoa estava ali a dois passos e a morrer de fome e a pensar onde é que havia de ir picar qualquer coisa – e olhou para o lado e pronto, estava feito.
Entrar no Hard Rock do Porto é particularmente agradável, porque o interior daquilo que anteriormente foi um hotel em nada foi vilipendiado: o contraste entre a decoração e o requinte de outrora dá origem ao casamento perfeito; são três andares amplos, com temas diversos, em que se destaca este ou aquele apontamento referente a um cantor em particular, sem que se perca a noção de que estamos numa construção grandiosa e clássica, com janelas e um pé direito alto.
Há mesas do tipo diner americano, há mesas altas (tipo balcão), há cores e materiais diversos, há azulejos hidráulicos lindíssimos e escadarias bem restauradas, há balcões modernaços e ecrãs planos que passam videoclips e concertos ininterruptamente. E também há uma das maiores valências do Hard Rock portuense, o staff: são simpáticos, apresentam-se pelo nome, dão a conhecer, explicam, têm sentido de humor, bom ar, sugerem, são rápidos e eficazes. Fomos atendidas por uma meia dúzia de pessoas, tudo malta nova, desde o empregado de sala ao chefe de turno, passando por quem nos recebeu e só temos coisas boas a dizer – sendo que o fator humano é um dos critérios que pode fazer-me nunca mais voltar a um estaminé ou regressar com prazer.
Agora o menos bom: os preços. São caros. Tudo no Hard rock é caro. Bem sei que o “caro” é sempre relativo e que estamos a pagar a experiência e a decoração e a proximidade das relíquias e tal. Mas pouco menos de 20€ por um hambúrguer ou uma salada continua a ser uma pipa de massa, sobretudo quando temos coisas de igual qualidade (e superior) na proximidade. Claro que só ali vai quem quer e nós quisemos, pelo que tratámos de minimizar a dor pedindo uma entrada que mataria dois coelhos de uma só cajadada: permitir-nos-ia provar uma carrada de pratos da lista e não ficaria assim tão cara – refiro-me ao Jumbo Combo que, por menos de 19€, nos traz todas as entradas da carta, com exceção dos Classic Nachos.
Pareceu-nos a melhor das hipóteses e pedimos, também, para beber, o belo do fino: uma Heineken e uma Sagres (porque a Super Bock não mora ali – o que será coisa para incomodar muitos, mas eu nunca fui uma fundamentalista cervejeira). Entretanto, nos minutos que tínhamos entre o pedido e o serviço (menos de dez, creio, foi tudo bastante rápido), tratei de ir conhecer e fotografar o espaço – e conheci melhor do que fotografei, como aferirão pelo registo abaixo: o meu telefone estava sem bateria, tive de usar um emprestado e alguns retratos ficaram assaz pobrezinhos, pelo que apelamos para a vossa compreensão.
Servido o pedido, depressa antecipámos que iríamos ficar de barriga cheia: vêm 3 bruschettas (com tomate e queixo curado de cabra), umas sete ou oito rodelas de cebola panadas, três enormes pedaços de peito de frango panado, 3 rolinhos Primavera (muito bem recheados), uma meia dúzia de asas de frango bem picantes e 3 tipos de molhos (mostarda, barbecue e queijo azul). Também há para lá uma amostra de salada, junto aos rolos Primavera, mas é mais para enfeitar do que outra coisa.
Nota importante: tudo estava imaculadamente cozinhado e saboroso, acabadinho de fritar. Ou seja, o género gastronómico não agradará a todos, mas a qualidade é irrepreensível. Também vimos passar enormes hambúrgueres (que se mantêm na vertical porque levam uma faca espetada, o que achei genial), generosos pedaços de entrecosto, batatas fritas apetecíveis – de resto o espaço é enorme e, cerca das 14h, estava cheio. Cheio que nem um ovo, entre turistas (muitos) e locais (diria que pelo menos metade, o que me surpreendeu).
Não poderíamos vir embora sem eu dar a conhecer às minhas papilas gustativas o Cheesecake de Oreo: pousei-lhe o olho mal cheguei e nem os ultrajantes mais de 8€ que custa foram capazes de me demover. Foram minutos de rara felicidade e juro que nem um cêntimo chorei (apesar de continuar a achar um disparate de preço): foi dos melhores cheesecakes que comi em toda a minha vida de enfardadeira e agradará a todos os que, como eu, entendem que um cheesecake tem mesmo de saber a queijo, deixem-se lá de natinhas e semifrios da treta.
No final, uma conta de pouco mais de 16€ por estômago acabou por se revelar bem menos dolorosa do que previamente antecipara: a experiência foi absolutamente positiva, e não apenas no que toca aos (bons) apetites.
Hard Rock Café | Porto
4.3 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
Localização
Espaço
Serviço
Negativos
Preços
Resumo
Finalmente, o Porto tem um Hard Rock Café. A visitar por todos aqueles que apreciem o conceito e que estejam dispostos a abrir os cordões à bolsa pela gastronomia de terras do Tio Sam (muito bem confecionada, por sinal).
Se o Porto e arredores têm uma catrefada de estaminés novos para descobrirmos, o que é fator capaz de nos causar um piqueno derrame junto aos neurónios que se encarregam das tomadas de decisão, de cada vez que é preciso alinhavar nova incursão, a verdade é que, em dias de sol bom, deixamos cair o que é novo e queremos é regressar aos do costume, sobretudo se tiverem o sol mesmo ali à babujinha.
E um dos que não tem erro é mesmo o Picaba (que descobri ter o cognome de “Natural Café” – não sei se desde sempre, mas a pessoa, que é um nadinha lenta, só descobriu agora), pese embora esta vossa criada nunca lá tenha feito uma refeição principal. Até àquela tarde de princípio de junho, lembro-me de ter bebido por lá finos, sangria e café; talvez tenha comido uma ou outra tosta, mas nada que me tenha marcado verdadeiramente.
De resto, o Picaba foi, até agora, o sítio-onde-a-malta-se-encontrava-antes-das-corridas-noturnas-e-se-reunia-no-fim-delas, ou seja: é local de boa memória, onde ríamos muito nas noites de Primavera/Verão em que juntávamos um grupo de uma dúzia de pessoas para ir fazer os cerca de 7kms que correspondem ao caminho do Picaba ao Titã, do Titã à Praia da Luz e desta novamente ao Picaba. Punha-se a conversa em dia, bebia-se um copo e ainda se tratava da saúde às pernas, que isto de vida de Carapau também ocorre para além da mesa.
Desta vez, eu e a RV optámos pelo almoço. Chegámos por volta do meio-dia e meia, para termos a certeza de que apanhávamos mesa (a sede de sol e calor era tanta, numa altura em que parecia que a Primavera tardava em fazer-se anunciar, que nunca fiando) e, mesmo assim, já ficámos numa perto da montra (e, portanto, a três filas da “primeira linha” de mesas). Tínhamos sol e sombra, víamos o mar, a areia e as pessoas que passavam: que mais querer?
Já agora, uma nota para o serviço que, no Picaba, é relativamente rápido, próprio de um estaminé que comummente está cheio – embora não o considere propriamente simpático ou acolhedor (provavelmente pelo mesmo motivo, embora não reconheça aqui uma necessária relação de causa-efeito), o que me causa alguma espécie, porque creio que as pessoas que dão a cara pelos sítios deviam ter sempre esta competência maravilhosa de nos cativarem também pelos afetos (provavelmente, estou a ficar cota e sentimentalona).
Foi muito rápido o ato de nos ser facultado o menu, que inclui a oferta habitual e uma pequena adenda com o menu do dia – mas depois não houve aquela sensibilidade para regressar só quando a nossa linguagem corporal indicasse que a escolha havia sido feita: estávamos pegadas na conversa, sim senhores, mas no espaço de menos de dez minutos fomos duas vezes abordadas para fazermos o pedido, o que me pareceu um nadinha desadequado (só porque estávamos de ementa na mão, claramente a debater o que escolher).
Acabámos por decidir-nos assim “sob pressão” e, de uma ementa carregadinha de wraps, bruschettas, saladas, hambúrgueres e outras sandes, para além das sugestões do dia, a RV optou pelos Lombelos com Abacaxi, Batata Assada e Salada (prescindindo da batata e optando por mais salada) e eu quis o Wrap de Salmão, Queijo Fresco, Molho de Ervas e Salada Crocante. Pedimos ainda, ambas, o sumo do dia, de laranja, banana e kiwi – uma pechincha, por apenas 2€, o que me agradou muitíssimo (porque é normal que estes bares de beira-praia se façam valer da localização e da muita procura que se verifica na Primavera e Verão, para cobrarem preços descabidos.
Não estava à espera que qualquer dos pratos fosse uma revelação gastronómica, mas ambos cumpriram e não defraudaram expectativas, o que é bom. Eu cá acho a combinação de salmão, queijo fresco e salada absolutamente vencedora (é, de resto, coisa que como amiúde, em jantares tardios, em casa), sobretudo com tempo quente; para além do mais, é leve mas nutritiva. Já a RV gostou do casamento do porco com o abacaxi (eu não adoro, devo confessar) e também se mostrou satisfeita. O sumo era naturalíssimo e de boa consistência: nem demasiado grosso (há alguns que parecem sopas de lavrador) nem tão fluido e rarefeito que apetece mandar para trás.
Confesso que o que melhor me soube foi mesmo a sobremesa: das quatro opções que nos apresentaram (menos do que as que constam da ementa), escolhemos crumble de maçã (eu) e tarte de mousse de chocolate (a RV), juntamente com os cafés, já que ambas gostamos de os conjugar com o doce. A tarte, segundo a RV, era mais de brigadeiro do que de mousse e tinha uma quantidade anormal de confeitos de chocolate por cima, mas a base de bolacha era boa e o resto também; eu cá adorei o crumble, que parecia o meu (modéstia à parte, o melhor que já comi): ainda morno, de cobertura crocante, carregado de canela e com o gelado de baunilha (que deveria ser de nata) a fazer o contraste de temperaturas. Muito bom.
No final, para além do privilégio de duas horas e meia ao sol (ainda pouco quente mas já janota) e de apetites satisfatórios, acabámos por pagar menos de 12€ cada uma, o que me parece incrível – só a vista vale, pelo menos, metade.
De salientar ainda que o Picaba é famoso também pelas suas taças de iogurte, açaí e granola, fantásticas para um pequeno-almoço (quem sabe, depois de uma horinha de exercício, no passeio da marginal ou no Parque da Cidade, logo acima) ou para um lanche, a meio da tarde ou da manhã, idealmente depois de umas horinhas de praia, mesmo ali em frente (ou perto, seja para o lado da Foz ou em Matosinhos).
É local a fixar, para quem gosta tanto de mar e de praia e de sol como esta vossa serva.
Picaba Natural Café | Porto
4 / 5Carapaus
Positivos
A vista para o mar
a oferta de refeições saudáveis
Negativos
Estacionar pode não ser fácil
Resumo
Creio que, mesmo se o Picaba tivesse a pior comida do mundo, eu jamais conseguiria detestá-lo: poder ali estar, dentro ou fora de portas, com o Oceano em frente, é um privilégio inigualável. Felizmente, a oferta de comida e bebida também não está nada mal-amanhada – e as opções ditas saudáveis são bastantes.
Serviço3.5
Comida4
Preço/Qualidade4
Espaço4.5
Picaba Natural Café | Porto
Morada: Edificio Transparente, Via do Castelo do Queijo, 389, Piso Praia Localidade: Porto
Telefone: 229 388 007 Horário: Seg a Qui – 10h00 às 18h00 | Sex a Dom – 10h00 às 19h00 Aceitam reservas? Sim
Pode parecer impossível mas era já a terceira vez que apontava para uma ida a este estaminé, sito em São Lázaro, com os mesmos companheiros de gula, a MJ e o HM. Infelizmente, das duas primeiras vezes, o facto de pretendermos jantar (ou cear, vamos ser rigorosos) a desoras, em dias úteis, não nos permitiu ir conhecer a Tasquinha do Caco: de terça a quinta e ao domingo, o horário de fecho queda-se pelas 22h – e só às sextas e sábados é estendido até às 24h. Acrescente-se o facto de, ao fim-de-semana, estarem abertos ininterruptamente entre as 12h30 e a hora de fecho e rapidamente se perceberá por que, para não corrermos riscos, optámos por um almoço tardio (não conseguimos outra coisa) a um sábado.
Chovia torrencialmente naquele dia e, talvez por isso, não nos foi difícil encontrar poiso para o carro, mesmo em frente à Biblioteca, o que deu lugar a apenas 50 metros a sermos fustigados peças rajadas de vento batidas a pingos grossos de água (de resto, nesse dia, molhei-me até à medula, umas horas mais tarde). De todo o modo, a zona dos Poveiros/São Lázaro não costuma ser pródiga em lugares de estacionamento gratuitos, havendo como alternativa os parques pagos e os parquímetros.
Quando entrámos, afogueados, no espaço, relativamente pequeno (levará umas 20 pessoas, nesta dependência da Baixa, aberta há cerca de um ano) e sobre o comprido, percebemos que rapidamente ficaríamos com a casa à nossa disposição: eram já umas 15h00 e os ocupantes da única mesa ainda com gentes preparavam-se para dar de frosques – o que, francamente, não deixou de nos agradar (às vezes somos muito sectários), porque nos asseguraria um serviço mais rápido (estávamos esganados de fome).
Recebeu-nos aquele que julgo ser o proprietário (ou gerente ou responsável) das Tasquinhas do Caco (recentemente, abriram mais um estaminé junto ao Campus São João – jogada inteligente, já que ali há muita miudagem universitária, das várias faculdades da UP e Universidades privadas) que, não sendo propriamente o mais afável e acolhedor dos anfitriões, mostrou-se eficiente e eficaz no serviço, também prestado por uma outra funcionária.
Para além das entradas, nos puseram à frente e não negámos, que a fome era negra (os croquetes de espinafres estavam uma especialidade), a carta é composta eminentemente pelos ditos hambúrgueres artesanais em número de doze, a que acresce o menu infantil e as estrelas da companhia: os hambúrgueres do mês e do ano (sendo que este, naturalmente, resultou de votação feita no Facebook pelos clientes e respeita a 2015). Também há um trio de bruschettas, meia dúzia de tostas, saladas e um par de lasanhas, para quem não alinha na cena do momento – mas nós somos dos alinhados e quisemos foi os hambúrgueres. De entre estes, predominam os de novilho (com direito a 160g de carnucha da boa), mas também os há de peito de frango e de salmão, para além de uma proposta vegetariana, em que o grão é rei.
E agora era justamente aquela parte em que eu vos apontaria e descreveria cada um dos hambúrgueres que cada um de nós escolheu, mas esta vossa criada tem dois defeitos (para além dos outros que agora não são relevantes) que, juntos, são uma catástrofe: já não vou para nova mas continuo a achar que tenho uma memória espantosa e que, só pelas fotografias, serei capaz de vos relatar, semanas depois da refeição (porque nem sempre a ponho por escrito logo depois), exactamente o que ingerimos.
Ora é tempo de confessar que não sou não senhora: olho para os retratos que tirei às iguarias e a única coisa de que sou capaz de me lembrar é que pedimos três hambúrgueres diferentes, todos de novilho, sendo que eu fui a única que troquei o bolo do caco comum pelo de alfarroba, e que todos adorámos o que comemos, embora eu tenha de ressalvar que o pão de alfarroba se apresentava manifestamente mais duro e menos fresco. Mas o que o pão encerra, isto é, o hambúrguer e aquilo com que cada um é servido, é de altíssima qualidade e gabámos cada uma das combinações escolhidas, que vieram servidas com dois molhos (maionese de alho e ketchup) e batatas fritas (numa rede daqueles de mergulhar no óleo, giríssima). Quanto a estas, poderíamos escolher entre batata normal, batata-doce (estas servidas às rodelas muito fininhas) ou noisettes – sendo que optámos pelas duas primeiras, que estas parecem-me sempre puré pré-congelado e frito.
Para beber, optámos pelo belo do fininho Super Bock e por uma Guiness para o cavalheiro, embora a Tasquinha do Caco tenha à disposição cervejas artesanais portuguesas, cocktails e uma afamada sangria – que, desta vez, passámos.
Claro que depois de termos enfardado um hambúrguer monumental, gritava o bom senso que tomássemos café e zarpássemos dali – mas a malta não tem juízo e mandou vir o “Doce de comer e chorar por mais”, que é coisa de comer à colher e tem pedaços de Oreos mergulhadas, e o “Brownie”, que é afinal um fondant de chocolate servido com chantilly. Ambos mereceram o nosso aplauso – de resto, tudo ali tem um quê de encantador, desde os objectos alusivos à Madeira como o caminho para a casa de banho e os próprios placards alusivos ao género; também o bolo do caco é confeccionado na Ilha, o que nos parece cuidadosos e assisado.
No final e depois dos cafés, cada um de nós pagou uns meros 13€, que nos parecem perfeitamente justos para os bons apetites que nos foram proporcionados e para a converseta da despedida, em que já tudo nos pareceu mais natural e descontraído.
ADENDA, um mês depois | Voltámos (perdoem-me a liberdade literária, já que o único elemento comum às duas incursões era mesmo eu) à Tasquinha do Caco, numa noite de Coliseu, sem marcação nem nada, mesmo à maluca. Por sorte, arranjámos uma mesa que estava reservada para às nove e meia (hora do concerto, o que nos garantia que nos púnhamos na alheta a tempo), já que a casa estava à pinha e muitos pequenos grupos, chegados depois de nós, viram-se obrigados a procurar outro estaminé.
Desta vez, achei o serviço muitíssimo amistoso e tudo correu muito melhor. As entradas foram as mesmas bolinhas de queijo (deliciosas, acabadas de fazer) e os croquetes de espinafres e pinhões (francamente divinos) e, para pratos principais, optámos por um Tasquinha e por um Puro (a MAA estava a sair de uma gastroenterite pouco simpática) e ambos estavam francamente bons; o mesmo não posso dizer da batata-doce, já que alguns chips estavam moles e sem graça, para além de que não estavam tão quentes como deveriam. Para variar, experimentei a sangria branca (a copo), que li valer a pena – mas, francamente, não posso concordar: achei-a sem graça, embora não má. As sobremesas encerraram a experiência com chave de ouro: tanto a mouse de lima como a minha tarte holandesa (base de bolacha digestiva, corpo de natas e leite condensado, topo de mousse/ganache de chocolate) estava perfeita e super fresca.
A conta foi surpreendentemente elevada, tendo em conta a experiência anterior: 17,50€ por estômago, o que me pareceu algo elevado, para o tipo de estaminé.
Tasquinha do Caco | Porto
4.3 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
Os hambúrgueres em bolo do caco
as sobremesas
o espaço
Negativos
O bolo do caco de alfarroba
o serviço algo distante
falta de estacionamento
Resumo
Sim, trata-se de mais uma hamburgueria gourmet, mas esta tem a vantagem adicional de, por defeito, servir os seus hambúrgueres em bolo do caco, um pão madeirense de que somos irredutíveis fãs. As sobremesas são igualmente simpáticas e o espaço tem por menores de decoração interessante.
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Tasquinha do Caco | Porto
Morada: Passeio de São Lázaro, 51 Localidade: Porto
Telefone: 224 940 183 | 934 061 271 Horário: Ter a Qui – 12h00 às 15h00 e 19h00 às 22h00 | Sex – 12h00 às 15h00 e 19h00 às 24h00 | Sáb – 12h30 às 24h | Dom – 12h30 às 22h00 Aceitam reservas? Sim
Parece impossível que nunca aqui tenhamos falado deste estaminé, detentor do único nome que lhe faz jus: que outra designação para um restaurante situado em plena Rua do Ouro, já resvés com o Rio Douro? Como curiosidade, o espaço, feio que dói, de um ponto de vista estético amador (como o meu), tem a carga histórica de ter sido o abrigo dos engenheiros que erigiram a Ponte da Arrábida – e, quanto mais não fosse, só por isso, tem carradas de pinta. Dividido por três andares (o do rés-do-chão, onde se é recebido e se paga, o do meio e o cimeiro, com uma esplanada imperdível em dias de sol), o Casa d’Oro compensa em raça (e paisagem) o que aquele bloco de betão à beira rio não promete, à primeira vista. Read more
Este é um mês que vai deixar saudades a este Carapau que vos escreve. Visitar restaurantes à beira-mar plantados, é um privilégio que nos é oferecido de bandeja por este nosso cantinho. A boa comida que experimentámos, acompanhada de excelentes vistas e cheiro a mar, dá-nos vontade de ter meses com o tema que este teve (“Linha de Praia”) durante muito, muito tempo. Infelizmente este chegou ao fim e decidimos fechar com um estaminé de gastronomia que ainda não havíamos experimentado enquanto Carapaus: comida italiana. A escolha recaíu sobre o Ciao Bella, em frente à praia da Aguda, do qual já havíamos recolhido excelentes impressões. Read more