Um destes dias, assim num impulso (que a malta é jovem e espontânea), resolvemos ir almoçar ao Stash: de resto, esta auto-cognominada “The Sandwish Room” estava-nos nos planos deste que o Chef Pedro Lemos, recentemente premiado com uma estrela Michelin pelo seu trabalho no restaurante homónimo, ali na Foz do Douro, resolveu abrir esta “tasca contemporânea” de sandes, em pleno centro do Porto (ali mesmo frente à Leitaria da Quinta do Paço e à Ribeiro – que belíssima vizinhança), gerida pela mulher, Joana Espinheira.

A ideia era, ao que li, criar um espaço de comida rápida que pudesse ir ao encontro das necessidades de quem almoça, por norma, na Baixa, sem perder a qualidade. De resto, em entrevista dada aquando da abertura, o Chef afirmou que “para mim, o importante numa sande é: primeiro, tem de estar quente; segundo, o pão tem de ser fofo e estaladiço; terceiro, tem de ser saborosa” – e estas parecem-me premissas essenciais e determinantes para o sucesso da coisa. De resto, se há mercado por explorar no Porto é o das boas sandes e é com aplausos entusiastas que recebemos as intenções de Pedro Lemos e que estávamos desde Novembro para sentir o sabor das suas criações.

A Sala

(Permitam-me intercalar aqui um apontamento, antes que chovam comentários a este respeito: se pelo Norte o singular é ‘sande’ e o plural ‘sandes’, no sítio de onde eu venho, singular e plural dizem-se da mesma forma: ‘sandes’ – e ambas as formas são correctas, em língua portuguesa, pelo que me permito utilizar a que me é mais familiar.)

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O Stash (em inglês, local secreto, esconderijo) é um espaço pequeno e algo escuro, mais comprido do que largo, onde caberão umas 25 a 30 pessoas (digo eu, fazendo cálculos mentais); o aspecto sombrio é, não se enganem, confortável e acolhedor, uma vez que se optou por mesas e assentos com um ar de diner norte-americano dos anos sessenta do século passado, mas com muito mais pinta e bom gosto. Ao fundo, uma cozinha pequena alberga duas a três pessoas que vão dando conta dos pedidos, enquanto outras duas servem às mesas.

E deixem-me avançar, desde já, que foi no serviço que encontrámos a maior das lacunas do Stash: não que não seja afável e competente, muito pelo contrário, o problema é mesmo o tempo, que ali é bem maior do que normalmente temos para disponibilizar ao almoço. Outro dos problemas é a impossibilidade de se reservar mesa – e eu compreendo, juro que sim, mas pelo menos ao jantar (já que isto é espaço aberto até às 24h, de terça a sábado – ao domingo o horário é diminuto e fecham à segunda) deveria existir essa possibilidade. O que nos aconteceu foi estarmos pouco tempo à espera de mesa (a vantagem é que ninguém está ali para se demorar) mas cerca de vinte minutos (se não mais) à espera de que os pedidos nos chegassem – o que estranhámos, porque a ementa é curta e fácil de ir adiantando.

O Repasto

Passemos ao menu – que é, quanto a mim, a maior das vitórias desta nova aposta de Pedro Lemos. A carta tem sido sempre composta por cerca de meia dúzia de sandes várias, e vai sendo alterada à medida da vontade do Chef: desta feita, tínhamos cinco itens à disposição, sendo que escolhemos três (éramos duas e a ideia era dividir tudo). Optámos pela de Porco de Raça Alentejana (barriga assada 12 horas no forno, em pão de centeio), pelo Stash Burguer (carne de vaca e queijo Roquefort em pão de hambúrguer) e pela Sapateira (recheio e caranguejo panado em pão de molde – que é como quem diz pão de forma), que pedimos para serem acompanhadas pelas Batatas Fritas Stash (com alho e alecrim).

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E bom, nem sei bem que vos diga, para além de que estive perante (e saboreei e degluti) as melhores sandes que já comi na vida, justamente porque a intenção de Pedro Lemos de usar poucos ingredientes (mas estupidamente bons) dá tantos frutos que só fincando o dente na coisa se percebe a dimensão do sucesso. A carne de porco era saborosíssima, bem cozinhada, com uma gordurinha saborosa (era barriga, não febra) e bem temperada; o hambúrguer, de uma altura impensável, casa perfeitamente com o roquefort (e acrescentar mais era estragar) e a sandes de caranguejo de um sabor incrível. Todos os pães estavam igualmente divinos, frescos, estaladiços, sem miolo em excesso, absolutamente ideais. E eu, francamente, não fora a limitação temporal e ainda teria travado conhecimento com a sandes de espadarte, só porque sim. Uma nota apenas para as batatas fritas, que seriam tudo de bom (fininhas, bem fritas, com claro sabor a alho), não se desse o caso de estarem já entre o morno e o frio, quando chegaram à mesa, e mal se sentir o alecrim.

As Sobremesas

Claro que não sairíamos sem experimentar as sobremesas: a oferta é reduzida (mais uma vez, a aposta na especialização, que me agrada muitíssimo, em vez da dispersão que caracteriza tanto estaminé) mas, caramba, tão boa… Optámos por dois cheesecakes de forno (como todo o cheesecake deve ser, que não os semi-frios que nos habituámos a ver): um de frutos vermelhos, o outro de maracujá e ananás, sendo que mais uma vez dividimos ambos. O seu único defeito é mesmo serem diminutos (do tamanho e formato de um pastel de nata ou de feijão, mais ou menos), ao menos para gente de apetites largos, como os nossos, porque são absolutamente divinos em termos de sabor (e apresentação).

Acompanhámos tudo apenas com uma Coca-Cola (a RV não bebeu) e, no final, após os cafés, pagámos menos de 14€ cada uma – o que pode parecer muito, para quem saiu para comer sandes, mas é claramente pouco, para quem saboreou o que nós saboreámos.

O Stash não é, de todo, o sítio ideal para grupos de mais de quatro pessoas, mas é certamente o “esconderijo” certo para quem gosta de comer bem e experimentar coisas novas. Esta vossa criada, regressará, por certo, em busca dos novos sabores que Pedro Lemos vier a combinar para nós.

No Stash ou seja onde for, bons apetites, sim?

Stash – The Sandwich Room

Morada: Pç Guilerme Gomes Fernandes, Porto
Telefone: 914 567 616
Horário: Seg a Sáb – 12h às 17h – 19h30 às 0h00
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2 Comments

  1. finalmente lá consegui ir ao Stash e ainda bem! Apesar de ter ido em plena hora de almoço, não estava cheio e ainda havia uma mesa. Gostei do ambiente. Os funcionários foram simpáticos, sem ser em demasia, que é como se quer. O serviço foi muito rápido e as batatas fritas quentes e deliciosas. Penso que desde que abriram até agora devem ter “melhorado” alguns aspectos que não estariam tão bem. Tanto é que a forma de servir é diferente das fotos que apresentas. Por ex., as batatas fritas vinham servidas numa espécie de invólucro. Eu comi a sande de sapateira e de carangueijo e adorei. Saí de lá com a certeza de que tenho que provar todas as sandes do cardápio!! Aprovado!

    1. Nós na altura tentámos comer o máximo de sandes que conseguimos e a sandes de sapateira também foi a que nos chamou mais a atenção, mas em termos de qualidade para lá de boa, tenho mesmo de destacar o hambúrguer, que é de outro mundo. :) Ainda bem que gostaste e que mudaram as coisas para melhor. :)

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