Pernil no Pão | La Copa | Porto | Carapaus de Comida

Foi uma noite de promessas cumpridas: de uma só vez, tratei de eliminar da lista de “estaminés a visitar” dois espaços que queria conhecer – e isto pode parecer coisa demasiado singela para merecer referência mas a verdade é que, numa cidade em que há tanta coisa nova a abrir, semana após semana, é cada vez mais difícil conseguirmos acompanhar-lhe o ritmo.

Comecemos pelo princípio, como mandam as regras da lógica: fomos ao Pernil no Pão, ali na zona pedestre de Cedofeita (onde, desde a última vez que lá passei, surgiu mais um punhado de esplanadas que desconhecia – lá está…), casa que tem, connosco, uma história engraçada, uma vez que nos convidaram para os ir conhecer mal abriram. Claro que agradecemos muitíssimo mas declinámos, como fazemos sempre (de outro modo, sentir-nos-íamos mais condicionados do que o que é normal), embora tenhamos ficado com a coisa debaixo de olho, por uma razão muito simples, que se explica em duas penadas. Tratava-se, claramente, de uma chafarica cuja oferta era em tudo igual à da famosa Casa Guedes, o que nos provocou uma dupla reacção, a saber: por um lado, o inevitável revirar de olhos de quem vê uma ideia de sucesso ser decalcada por quem não conseguiu criar o que fosse de novo; por outro, o aplauso por haver mais um sítio onde se pode comer coisas boas, sem estar sujeita a filas nem enchentes.

Vai daí, quando a coisa se proporcionou e era preciso marcar um jantarinho à semana, em Agosto, para dizer um até já, antes das férias, ao HA e à MJ (porque somos os três daqueles que deixam as férias de praia para o final de Agosto, princípio de Setembro), acordámos em que o Pernil no Pão seria bom sítio – e foi. Chegámos cerca das 20H, o que nos permitiu encontrar lugar na esplanada, que tem meia dúzia de mesas para duas e quatro pessoas (que é possível juntar, no caso de grupos maiores), com toalhas aos quadrados vermelhos e brancos (o que me lembrou as trattorias italianas), com umas “plantas” que me pareceram do Ikea a dar o toque caseiro. E já estávamos soberbamente alapados, naquele fim de tarde quente (sim, houve fins de tarde quentes em Agosto, no Porto, juro que houve) quando reparámos que, na montra, um letreiro nos ordenava que levantássemos o pandeiro e tratássemos de ir abastecer ao balcão, se queríamos comer (ok, não eram exactamente estes os termos, vá).

Ora se isto nos causaria espécie noutro tipo de restaurante, num espaço onde os preços cobrados são um mimo, temos todo o gosto em tratar de nos servirmos – e afinal nem se tratava disso, só temos de pagar antes de comer). Já lá dentro, temos um espaço sobre o comprido, com um balcão e bancos altos, de madeira, à esquerda (onde se poderão sentar os que preferirem degustar debaixo de telha e todos os outros também, no Inverno) e, ao fundo, o sítio onde escolhemos o que queremos e pagamos. A funcionária que nos atendeu tem aquele charme que só me lembro de encontrar a Norte: simpática e faladora, foi querendo saber por que diabo fotografava eu tudo e não deixou de nos dar conta de que a estrutura em madeira onde estão pendurados os copos de vinho é obra do namorado. Depois de tudo pedido e pago, fomos convidados a sentar: o jantar iria ter connosco à mesa.

E foi já sentados que recebemos as fantásticas e muitíssimas bem servidas sandes de pernil para eles (a 2,90€) e a minha sandes de pernil com queijo da serra (3,90€), mais o belo do Espadal para mim e para a MJ (6€, a garrafa, de que obviamente demos conta, que a malta não anda aqui a brincar) e a Super Bock para o HA (não há de pressão, só garrafa; a de pressão é a espanhola Estrella – essa mesma, a da Rota das Tapas). Confesso: gostei tanto do que comi aqui como gosto do que como no Guedes: a carne é suculenta, o queijo saborosíssimo, o pão fresco e gostoso – nada a apontar! A MJ achou que a carne podia estar mais salgada, mas isso é porque ela é tão saleira como eu e eu tinha o queijo para dar ainda mais sabor; de todo o modo, é preferível assim do que o contrário, isto é, se a coisa estivesse tão salgada como ela gosta, desagradaria a muita gente.

A dada altura, e ainda para compor o estômago, quisemos experimentar as batatas, mas foi-nos dito, de forma honesta e sem salamaleques, que se tratava das pré-fritas, pelo que acabámos por dispensar a “iguaria” e fomos pregar para outra freguesia, porque as sobremesas também não nos chamaram a atenção. Sublinho, no entanto, que o meu jantar ficou por menos de 7€, sendo que emborquei meia garrafa de vinho (que não era nada mau e estava fresquíssimo, com a benesse de ter sido servido em copos também eles saídos do frio). Pernil aprovadíssimo e palminhas para o serviço que, esse sim, é completamente diferente do da Casa em que se inspirou: jovem, simpático e desempoeirado – o que faz do Pernil no Pão um estaminé a ter em conta para ir matar a fome com uma excelente relação qualidade/preço.

Depois, decidimos que iríamos comer um gelado: dizem os nórdicos que se trata de um magnífico digestivo e nós jamais pomos em causa o saber de povos constituídos por gente gira e alta que vive bem. Rumámos, por isso, à recentemente renovada geladaria Sincelo, porque tínhamos os carros junto a Cedofeita e não queríamos andar muito. Mal sabíamos que os modos desadequados de uma jovem funcionária nos poria a mexer para bem longe: enquanto esperávamos para ser atendidos (o que estava demorado: com défice dos empregados antigos, a Sincelo contratou gente nova que, claramente, ainda está um nadinha à nora), eu fui tratando de adiantar trabalho, tirando fotografias a tudo quanto me pareceu elemento novo; pois a catraia, lá do outro lado do balcão e enquanto interrompia o acto de servir outro cliente (por isso é que a fila não andava…), perguntou-me, com ar sobranceiro, se eu costumava tirar tantas fotografias em todos os sítios onde entrava. Estando sempre à espera de reacções semelhantes, retorqui que sim, mas que não o faria se os responsáveis não mo permitissem. Perguntei se era o caso e responde-me a fulana, lá do outro lado: “Não, não. Desde que eu não apareça…”. Juro que tive vontade de lhe dizer que ela não era assim tão tentadora de fotografar; em vez disso, limitámo-nos a trocar olhares a rebentar de riso e rumámos à concorrência primeira: o La Copa, na Batalha, geladaria recente e fundada por ex-empregados da Sincelo, justamente.

A opção foi proposta pelo HA mas há muito que lá queria ir: o AV (a outra metade deste Cardume) farta-se de gabar o espaço e o que se lá come – pelo que não poderia deixar de ir, para vir aqui contar como foi. E o mais engraçado é que, ficando num sítio que não é de passagem, entre a Batalha e São Lázaro, a La Copa estava mais à pinha do que a Sincelo, com uma diferença: o sistema de serviço é organizado e as pessoas são servidas muitíssimo mais depressa. Outra vantagem: enquanto na Sincelo vi sobretudo sabores tradicionais, maioritariamente de fruta, aqui havia coisas que apelavam bem mais ao meu paladar guloso, como Bolacha Maria, Nutella ou Caramelo Salgado. Melhor: para além das mesas interiores, num espaço já muito agradável, há a esplanada que, pelo menos à noite, é uma delícia, como apreciarão pelas fotografias juntas (a qualidade é pouca, mas o carinho é muito, vale?). E lá estivemos nós, eu e a MJ com o nosso copo de dois sabores (3,10€), o HA com o seu crepe com dois sabores e chantilly (o La Copa, por 5,40€), a dar-nos por imensamente felizes por termos sido tratados por uma jovenzinha mal-criada, naquela que foi a nossa primeira escolha. Francamente, depois de experienciar a La Copa, dificilmente irei a outra, se me estiver a apetecer uma geladaria mais tradicional (excluo deste conceito as Spiritos e as Amorefratos desta vida, que também adoro).

E foi assim que passámos um serão estival: na companhia de bons apetites, como é nosso apanágio.

Pernil no Pão
4.1 / 5 Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5 (1 voto) Cardume
Positivos
  • As sandes de pernil
  • A esplanada, no Verão
  • Negativos
  • As batatas fritas
  • O ínfimo espaço interior
  • Resumo
    Concorrência séria para o eterno Guedes, no que às sandes de pernil diz respeito.
    Serviço4
    Comida4
    Preço/Qualidade5
    Espaço3.5
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    La Copa
    4.4 / 5 Carapaus
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    Positivos
  • A organização do atendimento
  • Os sabores dos gelados
  • O espaço
  • Negativos
  • Nada a apontar
  • Resumo
    Provavelmente a melhor geladaria tradicional da cidade, neste momento.
    Serviço4
    Comida4.5
    Preço/Qualidade4.5
    Espaço4.5
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    Pernil no Pão

    Morada: Rua de Cedofeita 192, Porto
    Telefone: 925 879 594
    Horário: Seg a Qua – 10h30 às 22h00 | Qui – 10h30 às 24h00 | Sex e Sáb – 10h30 às 02h00
    Aceitam reservas? Não

    No Zomato
    Pernil no Pão Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
    La Copa

    Morada: Avenida Rodrigues de Freitas 366, Porto
    Telefone: 222 032 501
    Horário: Ter a Dom – 12h00 às 24h00
    Aceitam reservas? Não

    No Zomato
    La Copa Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
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