Era tempo de eu e a RV (honorabilíssima fundadora deste estaminé, que deixou de escrever mas não de participar de algumas das incursões que levamos a cabo) pormos a conversa em dia – e temos esta mania de que, à mesa, tudo flui. Assim, logo no princípio de Janeiro, fizemo-nos à estrada (maneira bonita de dizer “fomos”, já que nenhuma mora longe) e tratámos de voltar (a RV) e de ir conhecer o Pizza Piazza, um italiano que fica mesmo ali por detrás do Velasquez, na Alameda das Antas (e velhinha, não a do Dragão).
Curiosamente, os Carapaus já foram muito felizes neste espaço: há já quase quatro anos, fomos ali mesmo conhecer o brunch do Verde Tília, que à época nos impressionou muitíssimo, tanto pelo que nos foi dado a provar como pelo espaço, airoso, elegante e muito aprazível numa tarde de Primavera.
Desta feita, a apreciação do espaço não aconteceu: está claramente diferente mas, como fomos convidadas a sentar-nos logo na primeira mesa à direita de quem entra e nenhuma de nós estava com disposição para grandes explorações (que diabo, havia muito que conversar e a Luz do Piazza não é grande coisa para fotografias), não tenho conhecimento e muito menos fotografias dele. O que foi notório foi a quantidade de gente que entrou e saiu, enquanto ali estivemos, o que só pode reflectir a popularidade do restaurante.
Fomos recebidas com um copo de alumínio carregadinho de hidratos de carbono, como gostamos (umas tostas fininhas e deliciosas e pão de mistura), que combinou na perfeição com o azeite que nos foi servido numa tacinha. Para beber, escolhemos Cola Zero (a RV) e eu vinho tinto servido a copo (devia estar para aí virada, naquele dia).
Entretanto, debateu-se a escolha do prato principal, sendo que ambas optámos por pizzas, com a intenção de as dividir. Escolhida por mim, veio, da carta das “Pizzas Especiais”, uma Trufa Preta com Cogumelos Selvagens, a que pedi que fossem reduzidas as natas (que acho sempre assoberbantes, se em excesso); a RV optou por coisa mais simples, do menu de Pizzas Normais e de que, infelizmente, só sei o nome pelo papel onde veio a conta (devia estar destreinada e falhou-me a técnica); felizmente, há as fotografias e esta, para além da base normal (pelo menos para nós, que gostamos delas fininhas e estaladiças, sem a “fusão” norte-americana), tinha tomate cherry, rúcula e queijo (creio que de cabra, mas não posso jurar).
Divididas as estrelas principais ao meio, verificámos que havíamos procedido a belíssimas escolhas (modéstias à parte): a frescura da pizza escolhida pela RV contrabalançava na perfeição os sabores mais intensos da que eu preferi – e ingerimo-las, na nossa calma, mas deleitadas, também aconchegadas pelo ambiente, que é calmo, tranquilo e, naquela noite, bem familiar.
Na parte das sobremesas, houve vacilo: a RV achava que tinha abusado nos últimos tempos e eu estava numa fase em que o apetite não abundava, de todo. Ainda assim, Carapaua é Carapaus e tive de mandar vir uma coisa doce, que dividimos (pouco irmãmente, já que eu tratei de deglutir a maioria). Escolhi o Estaladiço de Toblerone com Toffee e… ahhh, que boa escolha, que coisa divinal. Tratava-se de uma espécie de um cannoli triangular, encimado por chocolate (imagino que Toblerone) derretido e cheio de bons sabores. Bem sei que nunca saberia se não o tivesse provado, mas faz de conta que sim: ter-me-ia arrependido amargamente (também em sentido literal) se não me tivesse dado ao trabalho de o mandar vir.
Vai daí? Olhem, o Pizza Piazza é o sítio a visitar quando não se sabe muito bem onde ir – porque um bom italiano de preço médio, com um serviço competente mas descontraído (e onde se vai de jeans e Uggs), que proporciona apetites acima da média é coisa que sabe sempre bem.
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