Capela Cristina | Porto | Carapaus de Comida

Há já muito tempo que o DQ tinha lançado o desafio: ‘bora ao choco frito? Juro que até os olhos se me riram: sou uma fanática das tiras de choco panadas, sobretudo quando acabaram de sair do lume e o polme deu lugar a uma cobertura crocante. Infelizmente, só posso (ou podia) degustá-las quando me desloco ao Sul – e já aqui falámos dum dos sítios onde, anualmente, tiro a barriga de misérias: o Pedro, em Cabanas de Tavira. Por isso, ficou o Capela Cristina marcado como um dos estaminés-a-visitar, na nossa imensa lista.

Claro não me parece nada bem é que, num mundo globalizado como o nosso e com um país de metro e meio, me fosse mais fácil ter acesso a comida indiana ou chinesa ou o diabo, do que a uma iguaria típica de uma terra a 350 quilómetros de distância, pelo que aplaudi com vigor esta ideia de se trazer para a Invicta o que já cá deveria morar há séculos. Por isso, e sem mais, a nossa vénia para o Capela Cristina – e para o nome, de refinada inteligência e humor, que joga (também) com o da proprietária.

Depois de muitas tentativas falhadas (às vezes, é difícil acertar disponibilidades), um almoço marcado com o AG foi o pretexto de que precisava: estávamos ambos folgados em termos de horário naquela quarta-feira de “férias” de Páscoa e tratámos de marcar a coisa de véspera, não fosse o diabo tecê-las. Felizmente, acertámos no dia: o Capela Cristina está fechado às segundas e terças-feiras, o que não sei se será muito assisado de um ponto de vista comercial, mas terá certamente que ver com a questão turística, já que estamos a falar de uma zona que é muito frequentada por quem, de fora, nos visita – o estaminé fica na Rua das Taipas, ali entre os Clérigos e o Palácio da Justiça, mas já a descer em direcção à Ribeira. Nesta zona, o estacionamento de rua não será dos mais fáceis (embora possa acontecer) mas nós, pelo sim pelo não, deixámos o carro no parque (pago) do tribunal, que isto mais vale prevenir do que remediar (diz a tipa que só ganhou juízo depois de ser rebocada duas vezes).

À entrada, a primeira contrariedade: o Capela não aceita pagamentos com Multibanco ou outros cartões, o que é uma maçada porque não há propriamente uma caixa de ATM na esquina, onde possamos colmatar a falta de numerário. A mim safou-me o AG, já que tinha pouco mais de 10€ comigo. Já lá dentro, verificamos um espaço pequeno (não chegará a comportar umas 20 pessoas– pelas minhas contas, feitas à distância), mas com pormenores de decoração encantadores – eu cá fiquei logo derretida com a máquina de escrever em acção, no aparador da entrada, bem como pelo vermelho das toalhas de mesa, que emparelha na perfeição com os pedaços de parede em pedra, que se vêem ao fundo.

À nossa espera, para além de dois dos responsáveis (a outra estava na cozinha, a fazer magia), uma mesa com bom pão e tostinhas de supermercado, azeitonas de fazer rejubilar qualquer pedra da calçada (carregadinhas de alho, benzásdeus) e um patê sei lá bem de quê, que comemos até ao último pedacinho. No que toca ao prato principal, nem hesitámos: tiras de choco para os dois (duas meias doses, a conselho da proprietária) e uma vinhaça de Setúbal, frutada e fresquinha (em detrimento de um do Douro, que provámos graças à simpatia da casa, francamente bom, também ele), que nos foi servida sem que os copos alguma vez ficassem vazios.

Vindo o choco, acompanhado de batata frita caseira e do belo do molho de maionese, que jamais pode faltar, tratámos de lhe fazer a folha, sendo que posso dizer que já comi coisa melhor (nomeadamente em termos de maciez do molusco e da qualidade das batatas fritas) mas que aquele bocadinho me soube pela vida, porque me remeteu para o prazer das férias e dos bons sabores que nem sempre posso comer.

Já na sobremesa, acedemos à sugestão da proprietária, que somente nos perguntou se gostávamos de chocolate – e foi um coro afinado de “oh sim, por favor” –, trazendo-nos, na sequência da afirmação assertiva, duas fatias de tarte que nos deliciaram. Ficámos a saber que aquela espécie de doce de mousse de chocolate com fundo de bolacha levava, afinal, alfarroba – o que, ao que parece, só deve ser desvendado depois da ingestão, porque afasta clientela (não eu, que adoro pão de alfarroba, bolo de alfarroba, gelado de alfarroba, bolas de Berlim de alfarroba e… bom, tenho muito boa boca, vamos dizer assim). Ao que parece, todos os doces são ali feitos, sem que qualquer deles leve açúcar – o que, garanto, em nada atrapalha os bons apetites de que desfrutámos.

No final, e já depois dos cafezinhos da ordem, acompanhados de um moscatel de Setúbal que, mais uma vez, nos foi delicadamente oferecido pela casa, veio a conta, apresentada num barquinho tradicional da zona (obviamente primo do Rabelo): foram 18€ por estômago, o que, não sendo propriamente barato, também não é disparatado. Por acaso, não ficaria mal ao Capela Cristina ter uma espécie de menu executivo (mantendo a carta para turista ver), a pensar em quem trabalha na área que, assim, poderia fazer ali as suas refeições de quando em vez – mas isto é só uma ideia de quem, destas coisas, só percebe de comeres e beberes.

Capela Cristina | Porto
4.1 / 5 Carapaus
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Positivos
  • As tiras de choco
  • a localização
  • o espaço
  • Negativos
  • Estacionamento nas redondezas
  • Resumo
    Os apaixonados pelos chocos fritos à moda de Setúbal têm aqui um espaço de excelência, numa zona típica e convidativa, para os degustar. Atenção às sobremesas, que são feitas sem açúcar e merecem a prova.
    Serviço4.5
    Comida4
    Preço/Qualidade4
    Espaço4
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    Capela Cristina | Porto

    Morada: Rua das Taipas, 51
    Localidade: Porto

    Telefone: 224 053 010 | 936 532 810
    Horário: Qua a Sáb – 12h00 às 23h00 | Dom – 12h00 às 17h00
    Aceitam reservas? Não

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