Rally Fish Rota Gastronómica 2017 | Matosinhos | Carapaus de Comida

O convite partiu do turismo de Matosinhos que, em parceria com a Zomato, resolveram reunir algumas das pessoas que gostam destas coisas dos comes&bebes, de modo a dar-nos a conhecer a segunda edição do Rally Fish, uma rota gastronómica em tudo semelhante à das tapas, que acontece duas vezes por ano no Porto (espreitem aqui uma das nossas experiências) e em Lisboa, mas com algumas particularidades que a distinguem. Desde logo, acontece no concelho de Matosinhos, entre o centro da cidade, Leça da Palmeira e (é uma novidade, este ano) Angeiras; depois, a entrada/tapa tem obrigatoriamente de conter peixe ou outro bicho do mar (exceção feita para as opções vegetarianas, que também são uma novidade interessante); finalmente, o que se come é acompanhado com vinho – que é escolhido por cada estaminé. Tratava-se, então de conhecer cinco dos 43 estaminés aderentes, pelo que marcámos encontro para as 19h, que estas coisas são sempre mais demoradas (e divertidas) do que um jantar tradicional.

Tivemos muita sorte: o fim de tarde estava ótimo e solarengo, apesar de ventoso, e facilmente nos deslocámos da Loja de Turismo Interativa (que fica ali em cima do areal, na praia do Titã) ao primeiro destino, o restaurante O Valentim (de que falámos aqui), que agora compreende também um hotel e um magnífico piso superior com terraço, de onde se avista o novo Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões e o mar. A entrada que nos aguardava era Petinga de Escabeche, servida com pão de mistura e um vinho verde branco: obviamente, devorámos cada pedacinho com apetite, mesmo porque o molho de azeite e os pimentos eram um convite ao mergulho do pão – tarefa a que procedemos sem pudor.

O próximo estaminé requereu uma pequena viagem de carro (felizmente, o João e a Joana já haviam preparado tudo e deixado os carros ali mesmo em frente): o Los Ibéricos fica junto ao Forte de Leça da Palmeira (quase coladinho ao Batô) e é, como o nome deixa adivinhar, um restaurante de tapas de inspiração espanhola (mas não só). Antes de tudo o mais, fiquei muito agradada com o espaço, que é de muito bom gosto, espaçoso e de pé direito alto, com madeiras bonitas – mas o melhor estava ainda para vir: adianto já que este foi a chafarica que mais me encantou e não será difícil perceber porquê. Os responsáveis pelo Los Ibéricos tiveram a inteligência de perceber que, porque estava ali gente ligada à publicação gastronómica, seria interessante darem-nos a conhecer mais do que têm para oferecer; e tiveram a elegância de o fazer formidavelmente. Assim, antes mesmo de nos trazerem a entrada do Rally Fish, serviram-nos umas tábuas de presunto (macio e saboroso) e queijo (delicioso), que fomos trincando com o pão fatiado (muito bom) que já nos esperava. Depois, veio a entrada programada, Gambas em Tempura com Maionese de Alho – que estavam boas (sobretudo a maionese) mas não foram de todo o que mais me encantou, mesmo porque a “tempura” era mais um polme de panado; não me interpretem mal, era coisa muito boa, mas comi melhor, ali mesmo. Veio um camembert panado com molho de frutos vermelhos que estava uma delícia, umas gambas al ajillo de chorar por mais, uns huevos rotos com presunto que nunca falham, uns montadinhos de lombinho de porco preto, ovo e piquillo (que mereciam uma ovação), uma travessa de legumes na prancha (espargos, curgete, tomate e cogumelo – tudo delicioso e um belo apontamento verde) e, a cereja em cima do bolo, uns mexilhões gratinados acabadinhos de sair do forno que me fizeram dar razão ao funcionário que nos disse: “menina, o Universo existe para que esta entrada possa ser servida” – subscrevo inteiramente. Foi uma estada ótima, esta no Los Ibéricos (tal como tivemos oportunidade de dizer ao Chef que, simpaticamente, veio cumprimentar-nos) e, por mim, já não saía dali – mas havia ainda mais três estaminés para experimentar e o dever chamava-nos.

A paragem seguinte foi o Sushi no Mercado (para onde nos dirigimos, obviamente, de carro), um espaço pequenino, mas muito bem decorado e interessante, por se situar justamente no Mercado de Matosinhos, onde ainda se vende tudo aquilo a que temos direito e sítio privilegiado para os restaurantes circundantes fazerem as suas compras fresquíssimas. Ali o petisco era dois Temaris, bolas de arroz com peixe do dia (no caso, salmão e atum) – o que permite, justamente, ir alterando o bicho de acordo com o que houver de melhor para servir. Gostei do que comi, embora não me tenha marcado pela originalidade ou sequer pelo sabor (mesmo porque não serviram wasabi); fiquei com alguma vontade de voltar, mais porque gostaria de experimentar o sushi “a metro”, que vi noutra mesa.

Nesta altura, e sobretudo por culpa do Los Ibéricos, já estávamos bastante cheios, mas ainda nos restavam dois estaminés para conhecer, sendo o próximo o Restaurante/Marisqueira Serpa Pinto, onde a simpatia é cartão de visita: sendo uma das bloggers do nosso grupo alemã, e tendo anteriormente manifestado curiosidade face a essa coisa estranha que é o percebe, foi com toda a disponibilidade que se prontificaram para lhe dar a provar (e ensinar a comer) a iguaria – e eu continuo a achar que as pessoas também são importantíssimas nos restaurantes. Aqui, o petisco era Recheio de Sapateira com Tostas, sendo que preferimos os finos, a acompanhar – e gostámos bastante do sabor e consistência do “patê”, sendo que eu preferiria ter ficado por aqui. Infelizmente, a simpatia acabou por se revelar contraproducente: quiseram trazer-nos o prato do Rally Fish do ano passado, uma espécie de massa filo com recheio indefinido e molho agridoce – e a impressão foi francamente má. A nota positiva é que, de facto, houve uma melhoria significativa na oferta, de um ano para o outro, porque o recheio de sapateira merece em absoluto a visita (sobretudo pelos 3€ que custa, com o copo de vinho).

Faltava-nos o último restaurante e a escolha recaiu no Dish – Sushi and Fish, ali na Heróis de França. Antes de mais nada, surpreendeu-me o espaço: o chão é magnífico e os apontamentos decorativos de muito bom gosto, o que nunca é despiciendo. O staff recebeu-nos já muito junto à hora de encerrar a cozinha – mas, ainda assim, com toda a boa vontade e simpatia. Éramos os únicos no restaurante e, ainda que estivéssemos já mais do que satisfeitos, ninguém quis deixar de provar a Ceviche à Dish, com peixe branco, abacate, puré de batata doce e coentros, que estava simplesmente deliciosa – e leve, que era justamente o que precisávamos. Adicionalmente, a simpática sushi woman Joana (como é bom ver uma mulher numa função tradicional e maioritariamente masculina!) serviu-nos uns nigiris de atum, com um acompanhamento de algas e flores comestíveis que estavam irrepreensíveis de bons. Para finalizar, ainda fomos conhecer a esplanada do terraço, que será em breve remodelada, e que me pareceu apetecível num fim de tarde estival.

Em suma? Olhem, só tenho de agradecer à Joana, à Graça e ao João, do Turismo de Matosinhos, pelo convite e pela companhia: não foi só um serão bem passado, que me permitiu escrever esta posta de dois metros; foi a sensação de estar a jantar entre amigos, com pessoas que acabara de conhecer – e isso é um privilégio.

Quanto ao Rally Fish, creio que é mais uma ótima forma de conhecer alguns dos milhentos restaurantes de qualidade que Matosinhos tem para oferecer: é só reunir um grupo de amigos (ou não, que há quem adore degustar sozinho), olhar para o mapa que a organização oferece, escolher de acordo com um qualquer critério (espacial ou gastronómico, por exemplo) e preparar-se para ser feliz, nuns minutos ou horas de bons apetites.

Rally Fish Rota Gastronómica | Matosinhos
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Positivos
  • A possibilidade de conhecer restaurantes a preço baixo
  • A ideia de petiscar
  • Negativos
  • As distâncias entre alguns restaurantes
  • Resumo
    O conceito não é novo mas está sempre atual: quando uma autarquia desafia os seus restaurantes para criarem um petisco que sirva como cartão de visita e para o servirem a 3€, juntamente com um copo de vinho, ganhamos todos.
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