É o novo restaurante do Chef  Kiko no Príncipe Real, fruto da sua viagem pelo Mundo em 2010 e inspirado na gastronomia do Peru. A base do menu é peixe cru marinado em citrinos.

Chegámos na hora marcada, que é como quem diz, a 5 ou 7 minutos do lusco-fusco, entre as 7 e as 10. Numa citação que circula pela internet lê-se que “sabes que estás no caminho certo quando não fazes ideia para onde vais”, porque se não há destino qualquer trilho é bom. O mesmo se passa com os restaurantes que não aceitam reservas – não há como atrasarmo-nos, o que é logo um princípio muito positivo. A desvantagem é que timings apertados aqui não combinam; chegas e esperas o que for preciso, que és lindo. Por acaso, nem se deu o caso, mas vale mais ir com essa expectativa, porque dez minutos depois de nos sentarmos, já uma mão cheia de pontuais clientes se distribuíam pelos 2 m2 de chão junto à entrada.

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É, trata-se de um espaço pequeno. É um quadrado com um bar tipo sushi vigiado por um polvo gigante suspenso, com uns 10 lugares e mais umas 4 mesas. Tem um ar fresco de peixaria contemporânea e a batida da música é alta o suficiente para preencher os espaços entre clientes cosmopolitas e empregados com pinta. O ambiente é, portanto, bom e sofisticado, pincelado de risos charmosos, olhares cúmplices de quem veio ver e ser visto, palavras em “estrangeiro”, bater de talheres e palatos a expressar satisfação. O sítio está na moda e isso justifica-se só pelo que entra pelos olhos e ouvidos, ainda antes de se meter o que quer que seja à boca.

Sentar ao balcão dá uma visão global da cena e enriquece a experiência, sobretudo se se tem a mania das análises. Dali vêem-se os rapazes a trabalhar o peixe e a enfeitar os pratos como quem treina a produção de uma obra-prima. Foi um destes dinâmicos chefs que nos perguntou o que bebíamos e assumiu o papel do anfitrião, escanção e empregado de mesa. Em dez segundos motivou-nos para começarmos com um cocktail “Pisco Sour” perfazendo com esta habilidade a dose de waw para a forma de estar descomplicadamente inovadora do pessoal ao serviço na Cevicheria.

O cocktail típico do Peru, ácido e fresco, veio com o couvert em que a manteiga com tinta de choco e o pão de milho “cozido cá em casa com muito orgulho” prenderam a nossa atenção. Percebemos logo que as iguarias iam justificar o investimento e pedimos um Sauvignon Blanc maravilhoso, a transpirar aroma a maracujá. Estávamos convencidos, tínhamos comprado a ideia e viríamos a comprar tudo o que dois jovens simpáticos com sotaque do norte, e natureza, como logo a seguir ficamos a saber, nos sugerissem.

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Indicaram que escolhêssemos “dois frios e um quente” e optamos pelo Ceviche Puro (peixe branco da época, puré de batata doce, cebola, algas e leite de tigre), pois diziam as línguas que o prato justifica a visita. O peixe do dia era Corvina, marinada ao momento na nossa frente no leite de tigre. A suavidade do peixe contrasta com a intensidade do caldo e sim, justifica a visita! Também do balcão saiu a Causa de Bacalhau (bacalhau confitado, batata preta, molho holandês e ovas de truta); a apresentação em camadas é gira mas não achámos fantástico: demos feedback para o excesso de puré de batata preto que ofuscava os restantes sabores.

Quentinha e a fumegar chegou da cozinha a Mini Sandes de bochecha de porco (não tirei anotações, erro de principiante), partida ao meio, com a carne a mostrar-se rosada no núcleo, os sucos a escorrem para o prato e a saliva a abundar-nos na boca. Arriscamos que merece um restaurante só dela, qual Prego da Peixaria.

Ainda houve espaço, patrocinado sobretudo pela curiosidade, para tirar a prova ao Chocolate das Américas (chocolate em bolo cremoso, areia e crocante), que fomos sucessivamente vendo ser construído em camadas em pratinhos que desapareciam tão depressa como nasciam do outro lado do balcão. Valeu pela “areia” salgada e para fechar com doçura aquela bela abertura de noite.

A Cevicheria configura-se basicamente numa Maria-vai-com-todos: recomenda-se a quem gosta de experiências,  a quem quer acompanhar as trends,  a quem aprecia  comer e a quem gosta de ver nascer conceitos bem-sucedidos. Vale a pena. A conta? 86€ e não se fala mais nisso, que o combinado não é caro nem é barato.

A Cevicheria

Morada: Rua D. Pedro V 129, Príncipe Real, Lisboa
Telefone: 21 803 8815
Horário: Seg a Dom – 12h às 24h
Aceitam reservas? Sim

No Zomato
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Nota: Não temos fotografias para acompanhar esta Posta de Pescada. A imagem de destaque foi retirada do site Zomato (autora Catarina Veiga França)

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