A Padaria Portuguesa | Carapaus de Comida

Estávamos em finais de 2010 quando começou o zunzum: José Diogo Quintela, um dos Gato Fedorento, seria sócio num projecto comercial que pretendia abrir uma série de novas padarias em Lisboa, com o ambicioso nome de A Padaria Portuguesa – e o engraçado é que, quase cinco anos volvidos e muitas lojas depois (já vão nas 31, na zona da grande Lisboa, e pretendem abrir mais umas quantas até ao fim de 2016), já ninguém se lembra disso: a rede de padarias, que cresce como cogumelos dos bons, em cada esquina da cidade (e fora dela, nas cidades circundantes), vale por si mesma, em nome próprio.

Mais uma vez, estamos perante um fenómeno estranho: há quem adore a coisa, há quem não entenda o sucesso, há quem o denigra por estar em todo o lado e por toda a gente parecer gostar (ao menos a aferir pela afluência na maioria delas, seja a que horas for), há quem ache que o capital venceu mais uma vez e blábláblá. Pois nós, Carapaus simplórios e mais preocupados com sabores do que com tendências, aplaudimos, sim senhores. Francamente, nunca pensámos que Lisboa tivesse mercado para tanta nova loja de vender pão e bolos – mas estávamos, claramente a ser totós, porque tem, e não nos parece que tenha arruinado quem quer que seja (e, se tivesse, viver em democracia também é isso: se houver alguém ao lado melhor do que nós, porque não há-de ganhar, ora essa?). Damo-vos um exemplo: entre o Largo do Camões e o do Calhariz, ali mesmo no Chiado, há pelo menos três padarias e uma fábrica de pastéis de nata, incluindo a que hoje dá nome à posta, e todas elas têm clientela (e, se não tivessem, alguma coisa estariam a fazer mal).

Trazemo-vos este estaminé (que na verdade são três), porque recentemente, na minha passagem por Lisboa, vi-me na necessidade de tomar o pequeno-almoço na rua (que é coisa que jamais faço, se puder evitá-lo) e A Padaria Portuguesa (APP) foi a minha salvação: nas lojas de Campo de Ourique, Camões/Chiado e Amoreiras comi três excelentes pequenos-almoços, pela módica quantia de 2,50€ cada um, e que me fizeram desejar que APP se esticasse para o estrangeiro, abrindo urgentemente estaminés em Londres e Milão (cidades que visitarei nos próximos meses).

Pelo valor indicado, temos direito a um sumo de laranja (mesmo) natural, um croissant ou pão à escolha misto (ou só com fiambre, ou só com queijo, ou só com manteiga, ou qualquer combinação dos três ingredientes) e o belo do café para rematar. E se a coisa já parece boa só assim na teoria, na prática é mesmo bestial, porque os croissants são fresquíssimos, o pão é variado e maravilhoso (provei o de sementes e o de centeio) e tudo o mais parece apetitoso (a tarte de lima e os pãos-de-Deus são-no mesmo).

O serviço e o aspecto das instalações não é o mesmo em todas as sucursais: a loja do Camões é uma confusão de gente, o que leva a que a limpeza das mesas não seja tão eficaz (mas a vista do primeiro andar e da esplanada é privilegiada), a de Campo de Ourique é muito mais familiar e “arrumadinha” (embora apinhada, também ela), a do Saldanha ou das Amoreiras são mais calmas (dependendo, evidentemente, da hora) e imagino que, nas demais, as experiências sejam também diversas – como a maioria das coisas na vida (felizmente).

Também há menus de almoço e sandes com muitíssimo bom ar, compotas e biscoitos e um manancial de coisas janotas que só não me fizeram regressar mais vezes porque há um mundo de coisas a descobrir e Carapau é bicho curioso. Mas viva APP, que nos proporcionou magníficos apetites.

A Padaria Portuguesa

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10 Comments

  1. O Pão de Deus é de facto soberbo, mas a qualidade geral é a todos os níveis bastante boa, embora a muito afamada Bola de Berlim não me tenha agradado particularmente – a meu ver a Natário em Viana do Castelo continua a ser imbatível no que a esta bomba calórica diz respeito.
    De qualquer modo, é mais um projecto que prova que ainda é possível reinventar a roda – e não é caso único.

    Continuação de boas postas!

    DF

    1. Para mim, bolas de Berlim só nas praias do Algarve, sem creme.
      Condescendo com as da Leitaria da Quinta do Paço, porque são de chantilly.
      Ou seja, só as provaria para dizer “blherc” e a culpa continuava a não ser deles. :)
      Não acho que sejam a melhor pastelaria/padaria que conheço, mas são com certeza, e sem hesitações, coisa muito boa.
      (Obrigada!)

      1. Ana,

        Confesso que a bola de berlim também não é o meu pastel favorito, mas há algumas (poucas) excepções, e para mim a Natário é uma delas, porque o creme não é tão artificial como é costume encontrar (em aspecto e sabor), e a massa é bastante saborosa, e nada seca – a fazer lembrar um pouco a rabanada poveira que, pelo que me diz, até deve ir mais de encontro ao seu gosto.

        Quanto a pastelarias/padarias, acho que aqui no Porto temos algumas que conseguem ombrear perfeitamente com A Padaria Portuguesa mas, já agora, gostaria de saber as da sua preferência.

        DF

        1. Confesso que as da Natário não são excepção para mim – mas, mais uma vez, eu não acredito naqueles epítetos de o-melhor-x, o-melhor-y, justamente porque acho que os juízos de gosto são muito relativos (como já tivemos oportunidade de aferir).
          Também não sou muito de pastelarias/confeitarias (já padarias gosto mais, mas privilegio o que houver ao pé de casa), mas gosto da Ribeiro e da Doce Alto – são as que me vêm à cabeça, assim de repente. Agora… nenhuma delas tem o que me conquistou n’APP: o pequeno-almoço ao preço da uva mijona, que me parece ser o que a distingue verdadeiramente (sempre do meu ponto de vista, que vale o que vale).

          1. A Padaria Ribeiro é de facto uma das minhas favoritas, a Doce Alto (já) nem tanto. De uma forma geral, considero que tudo na Padaria Ribeiro é bom, desde os diversos pães e broas, aos biscoitos, passando pelos pastéis e até mesmo pelos salgados. Já agora, e caso não conheça – experimente as mini blatten da PR. São um pequeno doce, muito guloso, que nunca encontrei em nenhuma outra pastelaria portuguesa. Fica a dica!

            DF

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