Quando começámos a pensar este mês dedicado aos estaminés situados junto ao mar, o Restaurante Bar Azul, em Leça da Palmeira, ali entalado entre a Praia do Aterro (a Norte) e o Farol da Boa Nova (a Sul), praticamente em frente à Petrogal, foi um dos que saltaram imediatamente para os primeiros lugares da lista. Não se tratava, sequer, de uma novidade para mim ou para a RV, habituadas que estávamos a ir lá petiscar depois das corridas matinais de domingo, por sugestão da Carapaua honorária PG; mais: acabei por fazer lá o meu jantar de aniversário em 2011 e os convivas saíram todos compostinhos e satisfeitos.

Sabíamos ao que íamos e, justamente por isso, quisemos lá levar o terço dos Carapaus que desconhecia o sítio, jamais podendo antever que, devido compromissos profissionais de última hora, o AV continuaria a desconhecer o restaurante (não seja por isso, voltaremos lá em breve, rapaz!). Tivemos, por isso, e pela primeira vez, uma incursão exclusivamente feminina: para além das duas Carapauas, a honorabilíssima IP, a repetende AC e a estreante AC.

A primeira impressão que se tem do Bar Azul é a de mais uma chafarica situada junto ao mar, que serve a praia com o mesmo nome. Pelo menos até sair do carro: é justamente por ser mais uma dessas chafaricas (com estacionamento fácil, ao fim da tarde) que  nos proporciona a impagável mistura do cheiro a mar com as cores do pôr-do-sol que faz qualquer fim de dia valer a pena. Se ao olfacto e à visão se juntasse a sensação confortável do calor costumeiro em Julho, em vez de uma nortada que levantava pés do chão, então teria sido perfeito, também porque seria possível termos pensado em ficar na esplanada que, posicionada a Sul, está abrigada do vento, para além de possui tecto de correr, para evitar as orvalhadas nortenhas.

Bar Azul | A sala
A sala “dos fundos”

O Bar Azul não é um restaurante bonito ou imediatamente acolhedor. À entrada, passada a esplanada, há uma primeira sala, atascalhada, onde os habitués se reúnem a ver a Sport TV e a beber minis, com um balcão de onde vão saindo petiscos e as casas de banho, mesmo ao lado do escritório (que costuma estar aberto); ultrapassado uma espécie de arco em pedra de gosto duvidoso, temos uma segunda sala, a mais próxima da cozinha, já com ar de restaurante e, logo depois, separado do anterior por uma porta de correr, o maior dos compartimentos: a sala dos fumadores. Quanto a mim, nunca hesito: a melhor das salas é mesmo a do fundo, com vista para a praia e que, por ser uma espécie de anexo em vidro, beneficia do efeito de estufa tão agradável nos Verões tímidos como o deste ano – pelo que foi aí que pedi expressamente que me reservassem a mesa, quando telefonei (sabia de antemão que não seria necessário, mas trata-se de um acto que não custa nada e avisa quem recebe de que terá mais umas quantas bocas a alimentar).

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Mal veio a lista (trazida pelo mesmo empregado que nos acompanhou o resto do serão e que, não sendo especialmente requintado, era despachado, atencioso e diligente, como os Carapaus gostam), não tivemos dificuldades em elencar  os pedidos: moelas, caracóis (os grandes responsáveis pelo meu regresso amiúde), percebes e amêijoas à Bulhão Pato, para além de caldo verde e papas de sarrabulho para as AC’s. Entretanto, foram-nos colocando à frente pão e entradas de pacote (que, creio, terão ficado intactos), uns pastéis salgados (rissóis de conteúdo indeterminado, rolinho de caranguejo e pastel de bacalhau) que cortámos em pedacinhos pequeninos (e que não nos marcaram especialmente) e salada de polvo, merecendo esta referência pela consistência perfeita do bicho, salsa e cebola em quantidade boa e tempero que agradou bastante à maioria, ainda que tenhamos acordado em que dificilmente faria o gosto de quem implicasse com o sabor do vinagre.

Bar Azul | Os Caracóis
Os Caracóis

E eis que nos foram trazidas as petiscadas que, não sendo novidade para as Carapauas presentes, sê-lo-iam para o resto das convivas (para além de que estas Carapauas, este ano, ainda não tinham feito o gostinho ao dente). Os caracóis não só foram aprovadíssimos (tempero perfeito,  a puxar ao fino – que era Super Bock e bem tirado –  ou ao panaché (para as AC’s) e bichos maioritariamente fora da carapaça) como se tornaram “viciantes” [sic] para quem nunca havia degustado a iguaria (embora os primeiros toques nos moluscos terrestres tivessem acontecido a medo, não fossem eles ressuscitar ou coisa que lhes valesse). Marcharam duas travessas, entre quatro atacantes – e mais houvesse, digo eu. As amêijoas são tradicionalmente boas, com bastante limão a cortar a manteiga, e não deixaram os seus créditos em concha alheia: desapareceram rapidamente. Também as moelas nos satisfizeram: tenras e com molho espesso não demasiado atomatado, só pecaram, de acordo com a maioria, por não serem um nadinha mais picantes. Os percebes pareciam acabadinhos de saltar de um barco, de tão frescos e eram de um tamanho que já muito raramente se encontra: apesar disso, fomos só duas a dar cabo deles como deve ser.

Bar Azul | Amêijoas
Amêijoas à Bulhão Pato

No que toca às sopas, se o caldo verde não agradou especialmente, dada a dificuldade em deglutir as couves, excessivamente rijas, as papas de sarrabulho nem chegaram a vir: constatada a demora inusitada, a AC perguntou ao empregado o que se passaria, obtendo a resposta de que estariam, provavelmente, a aquecer. Volvidos mais uns minutos, veio a notícia: afinal, teriam acabado ao almoço, sendo que o pessoal que serve às mesas não tomara conhecimento do facto. E eis como uma falha que, comunicada de outro modo, seria muito possivelmente alvo de nota negativa, transformou o serviço em algo cúmplice e agradável: o senhor desfez-se em desculpas e compensou-nos com a amabilidade desajeitada com que nos tratou até ao fim. E lá veio mais um caldo verde, pronto, estava o assunto arrumado.

Entretanto, enquanto as Carapauas insistiam nos petiscos (nem sopas nem nada!), as outras meninas, para além das sopas, ainda não estavam satisfeitas, pelo que se mandaram vir dois pregos mistos no pão. E se a aparência era simpática, a verdade é que tento a AC como a IP se queixaram do mesmo: carne dura e com nervo e sabor perfeitamente esquecível (não fora a luta dos dentes com a carne) constituíram a única nota absolutamente negativa da noite (a par com as cadeiras, segundo a RV, embora tenha de confessar que para mim estava tudo bem – mas isto sou eu que sou uma fácil).

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Quando se tratou de passar às sobremesas, ainda se ponderou ir adoçar as bocas a outro lado, mas creio que o frio que sabíamos fazer-se sentir lá fora levou a que todas, tacitamente, acordássemos em ficar, mesmo quando soubemos que, para além de fruta, só tínhamos à nossa disposição mousse de chocolate (e o provador oficial ausente!!) e bolo de bolacha. Vieram duas mousses e dois bolos e se a primeira mereceu largos elogios (após um primeiro momento de hesitação, por se tratar de chocolate de leite, que não seria o preferido dos apetites em causa), o bolo limitou-se a cumprir: para mim demasiado seco (sou daquelas que gosta é de quantidade igual de bolacha Maria e creme e isso só se encontra cá em casa, feito por mim, porque nenhuma pastelaria encontra clientes para tamanha dose de colesterol), para a RV aprazível, ainda que não deslumbrasse.

O melhor?! A conta. 14,50€ a cada uma (já com gorjeta, que só deixamos a quem merece) pareceu-nos a cereja em cima do bolo.
O pior? Eu ter-me esquecido da carteira (e não foi voluntário nem nada!). Valeu-me a IP, como me valeria a RV – a nota fica para o facto de que, apesar de o Bar Azul possuir terminal de pagamento automático, não há caixas de levantamento de dinheiro nas redondezas, pelo que convém ir prevenido.

E esta semana é tudo, freguesia giraça.
Até já e tenham (sempre) bons apetites.

Bar Azul

Morada: Avenida da Liberdade, Leça da Palmeira, Matosinhos
Telefone: 229 951 810
Horário: Qui a Ter – 09h00 às 24h00
Aceitam reservas? Sim

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