Se há coisa que nos dá prazer é poder dar conta de estaminés que recomendamos vivamente: não porque saibamos dar dicas gastronómicas extraordinárias e persuasivas (essas deixamo-las para quem percebe mesmo do assunto, o que não é, decididamente, o nosso caso), mas porque neles tivemos boas experiências – são essas as que gostamos de relatar. Mas a nossa existência enquanto Carapaus é exactamente como o resto da vida: a maior parte das vezes é assim-assim, há dias em que corre estupidamente bem e outros que, se pudéssemos, riscaríamos da nossa cronologia (e não, não estamos a falar do Facebook): a ida ao Koi foi coisa para esquecer.

Num dia em que parecia que o céu nos desaguaria em cima da cabeça e o vento era menino para levantar do chão pesos-pluma como esta vossa criada, fizemos a nossa primeira incursão à hora de almoço (o que acontecerá uma ou outra vez, doravante); como estávamos só os dois e ambos somos viciados em sushi, tendo de “matar o bicho” ocasionalmente, eu e o AV decidimos que era um bom dia para descobrir mais um buffet de que nos haviam falado há tempos e que ambos já conhecíamos do lado de fora, porque fica na mesma artéria do Requinte (dois ou três prédios acima) e do Toupeirinho (na outra ponta).

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No número 886 da Rua do Godinho, em Matosinhos, encontramos o Palácio Ásia (designação do registo camarário), que se auto-designa de Restaurante Japonês Koi, pese embora a ausência de qualquer sinalização de relevo no exterior – o que talvez se justifique pela mudança de gerência de que tivemos notícia e que é patente nas ementas impressas em máquina caseira de fraca resolução.

Restaurante Japonês Koi | A sala
A sala

Uma vez entrados, deparamo-nos com uma sala grande e de uma simplicidade agradável. As mesas são espaçosas e para quatro pessoas, embora não seja difícil juntá-las, para grupos maiores, já que não estão umas em cima das outras. A decoração, toda ela em tons de preto e vermelho, torna o espaço simpático e acolhedor, o que contrasta com o frio que se faz sentir lá dentro – a que não deve ser alheio o facto de, para além de nós, só lá estar outro casal e, um nadinha mais tarde, um grupo de quatro adolescentes, dois dos quais nitidamente familiares do chef/dono: foram servidos mais depressa e muito mais vezes do que nós.

De resto, no Koi, o conceito é similar ao do Temaki D’Lux ou do Musaxi II: selecciona-se o que se pretende de uma lista que nos é apresentada e os pratos vão chegando à mesa (ao contrário do Gokobe, o meu confesso preferido, em que cada um se serve das peças que vão saindo em quantidade bastante e qualidade diversa). Infelizmente, apenas conceptualmente o Koi se aproxima dos anteriormente visitados estaminés: mal nos sentamos, é-nos trazida (por uma empregada simpatiquíssima, oriental mas falante de portugês perfeito) uma lista de peças de sushi em papel A4 policopiado, com fotografias de resolução medíocre, dispostas sem qualquer preocupação estética e mal legendadas (chamar nigiri de côco a duas coisas visivelmente diferentes é, no mínimo, desleixo); simultaneamente, vem uma ementa de pratos chineses, que nos palpita serem a verdadeira especialidade da casa.

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Arrumámos com os pratos chineses, que na altura críamos firmemente não vir a pedir, e mandámos vir os dois mixes de suhi e uns niguiri. Desde logo, os únicos peixes disponíveis são salmão (bom e fresco) e atum (de que não gostei nadinha), para além das gambas que, por serem cozidas (ali como em todo o lado), nem deviam contar; as peças à nossa disposição resumiam-se a niguiri vários, onde até um de linguíça se incluia – mas sushi do bom e variado não mora ali: só peças poucas e de qualidade sofrível. Depois, temos o serviço, que é leeeeeento que dói, a ponto de sentirmos a digestão feita, entre cada prato, e apesar de sermos precavidos e pedirmos nova dose, a cada serviço.

Restaurante Japonês Koi | Gambas fritas com arroz chao-chao
Gambas fritas com arroz chao-chao

A dada altura, deu-se o momento de desespero: fartínhamos que estávamos por esperar por meia dúzia de peças de cada vez, já sem nada para provar e sem a fome saciada, fomos aos pratos chineses que inicialmente recusámos: vieram gambas fritas e gambas com carne de vaca com arroz chao-chao. Cumpre notar, a este respeito, que os pratos de gambas estão reduzidos a dois por pessoa e são a única ressalva a fazer ao serviço de buffet, dado que todos os outros pratos (nos quais se inclui um deslocado “bife com batatas fritas e ovo”) podem ser pedidos à vontade da freguesia – pelo menos daquela que tem a tarde toda para almoçar e pode esperar, sem stresses (nem nervoso miudinho!).

Depois disto, já vencidos pelo cansaço da espera e pela desilusão, só queríamos sair dali e bem depressa: pedimos uma sobremesa para mim (gelado frito com chantilly e molho de chocolate) e café para o AV – ambos apenas medianos – pagámos o que devíamos (e é nestes momentos que 12,25€ podem ser um perfeito roubo, o que só reitera a tese carapauniana de que o “caro” é absolutamente relativo) e acabámos com o sofrimento.

Do Koi, apenas uma impressão: quedem-se pelos pratos chineses, que para o sushi não têm unhas.

Bons apetites freguesia, mas bem longe dali.

Koi

Morada: Rua do Godinho 886, Matosinhos
Telefone: 229 371 892
Horário: Seg a Sex – 12h00 às 15h00 – 19h00 às 22h30
Aceitam reservas? Sim

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