Ikeda | Porto | Sushi | Comida Japonesa | Carapaus de Comida

Há um bom par de meses que queria ir ao Ikeda: o mais recente japonês da Invicta estava a dar brado mas, ainda assim, decidi esperar, já que as primeiras críticas que aparecem na internet são sempre de quem foi convidado para provar o menu – e eu tendo a relativizar quase sempre as experiências que não correspondem a um débito na carteira dos “críticos”, porque raros são os casos em que a isenção é a mesma (e daí nós só em casos muito excecionais aceitarmos os convites que nos endereçam, porque sentimo-nos condicionados quando assim não é). De todo o modo, fui recebendo recomendações por parte de amigos e lendo boas apreciações na comunicação social e chegámos a acordo: iríamos provar a coisa e não se falava mais nisso.

Marcámos mesa (faço-o sempre que os restaurantes aceitam reserva) e certificámo-nos de que havia estacionamento, já que a Rua do Campo Alegre não é a mais rica em lugares para os carros – e, pelo telefone, informaram-nos que podíamos estacionar no parque em frente, que é pago, que no Ikeda logo nos trocariam o talão (a expressão foi mesmo esta, “trocar”) por outro, que nos isentaria do pagamento. Perceberemos à frente a relevância desta informação.

À chegada, uma primeira constatação: o espaço é agradabilíssimo, desde logo no rés do chão, com um balcão imenso e bonito, mas o primeiro andar é quase mágico, graças à média luz e aos muitos origamis pendurados no teto – e isto, queiramo-lo ou não, é cartão de visita irrepreensível, que não substitui a qualidade do que se come, mas conforta e dispõe bem.

Uma vez instalados, colocou-se a questão de saber o que pediríamos; eu, o AG, o RFM e o DQ estávamos dispostos a deixar os pedidos nas mãos da RV e da JSS, mas, entretanto, outra hipótese se colocou: uma vez que era a nossa estreia no Ikeda e que não dominamos propriamente a nomenclatura da gastronomia nipónica, por que não deixar, a exemplo do que fazemos sempre no Shiko e do que fizemos no Michizaki (com excelentes resultados), que o chef ou a funcionária responsável pela nossa mesa nos trouxesse os pratos mais icónicos do estaminé, em jeito de degustação? Todos concordámos e assim foi. Para beber, aceitámos o conselho da casa e escolhemos a sangria de vinagre balsâmico. Entretanto, deixámos uma única exigência, que foi introduzida por mim: que as peças, quaisquer que fossem, viessem sempre em número múltiplo de seis, ou divididas em seis partes. Só isto – não haveria de ser difícil, não é?

Entretanto começou o banquete: vieram as Espetadas de Vieiras, deliciosas; as Guiosas  foram “só” as melhores que já comi, mas entretanto começou o disparate com os múltiplos: trouxeram duas doses, de 4 peças cada, e tivemos de pedir mais uma – sendo que demorou uma eternidade. Trouxeram a Okonomiaki, uma omeleta japonesa que adorámos no RO, e que aqui é medíocre, constituindo a maior deceção da refeição (depois houve um susto, ainda maior do que a deceção, mas já lá vamos), por ser seca, farinhenta e pouco gostosa. Mas rapidamente a ordem foi reposta: o ceviche e a barriga de salmão com molho ponzu (uma dose de cada, para os seis) estavam bastante bons, e o edamame com flor de sal jamais falha. Depois, vieram dois King Prawns, camarão salteado em alho e saké, que agradou a todos (e não deixámos sequer o interior da cabeça) e um tártaro de atum com ovo de codorniz (bom, mas não extraordinário). Logo em seguida, duas doses (para que houvesse um pedaço de cada peixe para todos) do New Style Sashimi, um sashimi de vieira, salmão, lírio e atum, de corte muito fininho, num molho especial do chefe – e todos adorámos.

Veio igualmente um Gunkan Freestyle, um prato com seis peças de sushi, de três qualidades diferentes. Naturalmente, para que todos pudessem provar cada um dos tipos, insisti para que viessem mais dois pratos iguais – o que durou uma eternidade e não foi cumprido, porque um dos pratos era diferente (e a funcionária nem sequer soube explicar porquê). Mal sabíamos que, só por essas 18 peças, estávamos a pagar 60 euros. Sessenta, redondinhos. Também desfrutámos de um prato de 12 peças de sushi e 12 de sashimi, mais uma vez sem que se respeitasse o critério dos múltiplos de seis, por peça, nem explicação condizente.

Finalmente, dois pratos que me pareceram menos contextualizados: do Wagyu, um naco de carne de vaca de sabor soberbo, todos gostámos – embora as batatas fritas de pacote surjam como um quase insulto (e, depois de chegada a conta, mais ainda); já o Black Cod (não sei por que diabo não lhe chamam “bacalhau negro”), achei-o desnecessário e podia ter sido perfeitamente grelhado na casa de qualquer um de nós – e ainda não tinha visto o preço dele (nota-se que estou traumatizada?).

Achámos por bem encerrar hostilidades por aqui: tínhamos comido de tudo um pouco (eu dispensaria os pratos finais, mas vá) e era tempo de passar aos doces, que também haviam sido muito elogiados: escolhemos uma Tarte de Lima, um Fondant de Chocolate e Caramelo Salgado e um Tiramisú – todos bons, nenhum extraordinário.

Infelizmente, o pior estava para vir: comemos bem, estávamos à espera de pagar em conformidade. Mas não mais do que uns 50€, que é o que pagamos no Shiko (onde comemos pelo menos o mesmo, normalmente mais, e bebemos vinho) e bem mais do que o que pagamos no Michizaki – sendo que estes dois são estaminés de categoria similar, em termos de qualidade. Que cada um tenha sido depauperado em 75€ parece-me desadequado e sobranceiro: esse é o preço de uma refeição de luxo e o Ikeda não é um restaurante de luxo. Claro que poderíamos pensar e voltar e comer menos – mas eu não saio de casa para ficar com fome ou apetite, pelo que só aconselho este estaminé a apetites modestos e pouco curiosos.

O golpe final foi o estacionamento: num sítio onde uma conta de quase 500€ nem deu direito à oferta do café (um dos poucos artigos de preço decente, a 1€, já que meio litro de água custa 3€), tivemos de pagar 2€ de estacionamento por carro, porque Suas Excelências só oferecem 2 horas no parque em frente – ou seja, o jantar acabou por ficar ainda mais caro. E são estes pequenos pormaiores que mudam tudo. Ou nada, como foi o caso, porque os bons apetites não justificam tudo.

Ikeda | Porto
4 / 5 Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5 (0 votos) Cardume
Positivos
  • Os sabores.
  • A originalidade dos pratos.
  • O 1.º andar.
  • Negativos
  • O okonomiaki.
  • O preço.
  • O estacionamento.
  • Resumo
    Restaurante de bons sabores japoneses, no Campo Alegre, mas apenas para as carteiras mais abastadas ou apetites modestos.
    Serviço3.5
    Comida5
    Preço/Qualidade2.5
    Espaço5
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    Ikeda | Porto

    Morada: Rua do Campo Alegre, 416
    Localidade: Porto

    Telefone: 915 499 363
    Horário: Seg a Qui – 12:30 às 15:00 e 19:00 às 23:00 | Sex e Sáb – 12:30 às 15:00 e 20:00 às 24:00
    Aceitam reservas? Sim

    Data da Visita: 5 de Outubro de 2017
    No Zomato
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