A minha primeira ida ao Honorato foi absolutamente fortuita: depois de passar meses e meses a ver fotografias e apreciações sobre o estaminé em Lisboa (Sei que há mais do que um mas ouvia falar, sobretudo, do do Chiado), eis que uma bela tarde de finais de Agosto, numa ida espontânea à Baixa, dei de caras com ele, ali mesmo, onde antes morava o Twins-Baixa, junto aos Clérigos e perto de tudo. Eram umas três da tarde, tinha tomado um segundo pequeno-almoço (dos reforçados) umas duas horas antes, mas não consegui resistir: fui dar as voltas que tinha de dar e, ainda não eram 16h00 e já lá estava: sem fome mas com muito apetite.

Daí a pouco mais de uma hora, tinha treino, pelo que sabia que não me podia esticar, mas macacos me mordessem se não sairia dali com uma perceção sobre o mérito da fama do Honorato. Vai daí, entrei no espaço, belissimamente decorado, com sofás fixos, numa mescla entre o diner de meados do século passado e um estilo contemporâneo bem interessante. O espelho a todo o comprimento, à esquerda, dá uma sensação de grandeza que a sala (comprida mas estreita) não tem. O imenso bar é a coqueluche de um sítio onde apetece estar.

Naquela tarde, não me foi difícil arranjar mesa, porque ninguém almoça às quatro da tarde, mas ainda assim havia várias mesas preenchidas, com locais e turistas – o que terá confundido o funcionário que me atendeu, já que me falou em castelhano desde que me recebeu, à porta, até ao momento em que me sentou numa mesa e me entregou a ementa no mesmo idioma. Juro que lhe falei sempre em português, mas convenci-me enfim de que falo mesmo muito depressa. Aproveitei a passagem de outra funcionária para desfazer a confusão mas ainda hoje estou para perceber o que ali se passou.

Porque estava limitada, tanto em termos de fome como de tempo, aproveitei a prerrogativa que a ementa do Honorato oferece: a possibilidade de escolhermos mini-hambúrgueres, que são um nadinha mais baratos do que os normais (e caríssimos, em termos relativos), para quando a gula (ou os constrangimentos, no meu caso) não permitem que nos afiambremos a eles. A escolha não foi difícil: de entre os 14 hambúrgueres artesanais oferecidos, não tinha como não escolher o que dá nome à casa. O Honorato vem com maionese, milho, alface, tomate, ovo, bacon e queijo cheddar, para além, obviamente, do tradicional (e bom) pão de hambúrguer em três fatias, intercaladas com os ingredientes mencionados e a belíssima carne picada, de qualidade superior. As batatas fritas são caseiras e quentinhas mas o ponto alto é mesmo a molhaca de maioneses com que são servidas: sabe a pickles, acho, ou então a outra coisa igualmente (muito) boa.

Nesta primeira visita, não fui capaz de comer mais nada (sabia que sofreria mais tarde, se o fizesse, na aula de Attack), mas sabia que regressaria em breve. Meu dito, meu feito: aproveitei o dia do concerto dos Ujos (Miguel Araújo e António Zambujo, para os 5% da população nacional que não foram a uma das noites dos Coliseus), a meio de Setembro e lá voltei eu, desta vez com mais fome e disponibilidade. Felizmente, chegámos cerca das 19h30: meia hora mais tarde, já se fazia fila à porta e a casa estava cheia que nem um ovo. À noite, o espaço torna-se ainda mais bonito e a presença de um DJ assegurava música-ambiente, ainda por cima de bom gosto. No balcão e fora dele, uma boa quantidade de funcionários (entre os quais a T., uma “velha” conhecida que adorei encontrar ali) assegurava que tudo decorria sobre carris, tanto na receção como nas mesas e conceção dos cocktais e paparoca.

Desta feita, deixei a Coca-Cola de lado e fui mesmo para os cocktails, no que fui acompanhada por Mãezinha, que foi comigo: ela optou pelo Berry Good, a conselho da simpática funcionária, e deliciou-se com a bebida sem álcool, composta de limão, puré de frutos vermelhos, hortelã, sumo de arando e amora fresca. Já eu, também depois de consultada a menina que nos atendia, fui no Melodream (adoro nomes inteligentes), com gin, meloa, manjericão e pepino, que adorei com paixão. De resto, não me passara pela cabeça acompanhar hambúrgueres senão com um fino bem tirado (e há ali simpática quantidade de cervejas de pressão) ou a coca-colinha da praxe, mas adorei a combinação.

Para pratos principais, e depois de saboreados os croquetes de entrada, escolhemos o Falcão (a mãezinha) e o Capitão Fausto (eu, confesso que muito pelo nome, mesmo porque tudo me parecia bem). O primeiro, para além da carnucha e do pão em três fatias, tem agrião, tomate, bacon, cebola e cheddar; o meu tem agrião, tomate, pickles, molho barbecue, cheddar e cebola – e ambos agradaram muitíssimo, apesar de, à primeira vista, parecer quase impossível ter ângulo de abertura dos maxilares para abarcar tamanha quantidade de comida. Reitera-se o elogio ao molho das batatas fritas, que é do melhor.

No fim, já estávamos a modos que cheias-até-cima, mas quando percebemos não só que havia sobremesa, mas também que só havia uma sobremesa, imediatamente decidimos que tínhamos de provar a Mousse de Chocolate: afinal, que estaminé tem tanta segurança num prato, qualquer que ele seja, para que o assuma como único, sem pretender agradar a gregos e troianos? O Honorato. E com toda a propriedade, devo acrescentar: a mousse, que é anunciada como sendo feita sem ovos (hmmm, mousse sem ovos? – desconfiou Mãezinha, que é uma clássica) e servida em frasquinho (como agora é costume disseminado), basta-se a si mesma e é das melhores que já comi na vida (e olhem que já fiz a folha a muita mousse). Tem consistência que faz lembrar a de brigadeiro, um crocante por cima e um sabor de comer e carpir por muito mais.

Se gostei do Honorato? Olhem, gostei tanto que considero os 20€ por estômago que pagámos adequados (embora elevados, face à concorrência) e elegi-o, à segunda visita, a minha hamburgueria preferida e pronto.

Honorato Hamburgueria | Porto
4.9 / 5 Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5 Cardume (3 votos)
Positivos
  • O espaço
  • a música
  • a qualidade das matérias-primas
  • os cocktails
  • a mousse
  • o serviço
  • Negativos
  • Pode ser difícil arranjar mesa
  • estacionamento na área
  • Resumo
    O Honorato veio, finalmente, de Lisboa para o Porto e ainda bem: a comida é boa, os cocktails são uma maravilha, a mousse é de chorar por mais e o ambiente recomenda-se. Passou “só” a ser a minha hamburgueria favorita.
    Serviço5
    Comida5
    Preço/Qualidade4.5
    Espaço5
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    Honorato Hamburgueria | Porto

    Morada: Rua Cândido dos Reis, 12
    Localidade: Porto

    Telefone: 910 028 957
    Horário: Dom a Ter – 12h00 às 24h00 | Qua e Qui – 12h00 às 02h00 | Sex e Sáb – 12h00 às 04h00
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