Não quero maçar o caríssimo Cardume com pormenores da minha vidinha pouco interessante, mas se vos disser que este almoço no Bira dos Namorados (mais uma hamburgueria tradicional/gourmet, como as várias de que já falámos aqui na chafarica) demorou um serão a ser marcado para Março, para depois ser adiado sine die e marcado, umas semanas depois, para o 25 de Abril, estou apenas a delinear o contexto de uma refeição que tinha tudo para dar errado (somos três mocinhas de agenda social lotada, eu e as manas SC e AC – esséquéessa) e foi coisa para lá de boa.
Desde logo, tivemos uma sorte tremenda: ao contrário do que costuma acontecer, o Bira (vamos chamar-lhe assim, que já somos íntimos) abriu num feriado; por outro lado, pelo menos aqui a Norte, o dia 25 de Abril foi assim o primeiro dia de Primavera-como-deve-ser de uma leva grande de dias bons, com sol quentinho e temperaturas que já apetecem.
Estacionar ali por perto não seria difícil, apesar de o centro de Braga estar pejadinho de gente naquela tarde, entre manifestações costumeiras, turistas nacionais e estrangeiros, e locais com vontade de ar livre (que o Inverno foi carrasco); de todo o modo, eu e a SC optámos por fazer a pé o caminho de 15 minutos que distam a casa dela da casa da AC, já mesmo no centro – e, por isso, perto do Bira. O passeio foi bom e abriu-nos o apetite, pese embora não fosse necessário: o que o estaminé do dia tinha para nos oferecer seria capaz de tornar faminto o menos guloso dos fregueses, digo-vos eu (que sou suspeita, porque tenho sempre vontade de comer e adoro hambúrgueres, como já disse em postas passadas).
Uma vez transformado o duo em trio, tratámos de chegar ao Bira dos Namorados à hora marcada (14h), sendo que tudo ali é um charme, a começar pela montra e micro-esplanada, no passeio. Uma vez entrados, a loja de produtos artesanais tipicamente portugueses, em geral, e minhotos, em particular, reitera-nos a certeza de que comprar recuerdos/souvenirs em Portugal é cada vez mais fácil: temos lojas que são um charme, espalhadas por todo o país. Depois, há toda uma decoração deliciosa (a máquina registadora da entrada é apenas um exemplo), que me excetuo a descrever, na medida em que as fotografias (mesmo as fraquinhas, tiradas por esta vossa criada) falam por si: há ali muita cor, excelso bom gosto e originalidade, distribuída por duas salas (à pinha, diga-se de passagem) onde é um prazer estar.
Também a ementa é um charme, tanto em termos de forma como de conteúdo; de resto, foi-me difícil escolher de entre a oferta de hambúrgueres (a de pregos é também muitíssimo apelativa, mas ficou para outra investida) – e isto é tanto mais extraordinário se pensarmos que, normalmente, sou pepe-rápida a tomar decisões (também no que respeita à comida), como confirmará qualquer alminha que tenha o fado de lidar comigo de perto. Se as manas C. foram rápidas em optar pelo Bailinho (hambúrguer de vaca grelhado, sal, pimenta, ), eu patinei uns minutos, indecisa entre o Malhão (hambúrguer de vaca grelhado, sal, pimenta, tomate, alface, queijo minhoto, duo de cogumelos [shitake e pleurotus] e maionese de alho em pão de hambúrguer) e o Adufe (hambúrguer de vaca grelhado, sal, pimenta, queijo gouda, cornichons fritos, cebola grelhada, tomate e trio de molhos: mostarda Dijon, molho inglês e ketchup). O primeiro agradava-me mais, mas o segundo tinha a bela da cebola grelhada, que se tornou naquela altura indispensável – felizmente, o imenso problema foi facílimo de resolver, já que o Bira (provavelmente a pensar em melgas como eu) permite que se acrescente ingredientes a cada hambúrguer ou prego. Assim, por 50 cêntimos, enriqueci a guarnição do meu Malhão com cebola frita e acabou-se a conversa.
Para beber, optámos, cada uma, por um dos tipos de limonada disponíveis naquele dia: para a SC veio a tradicional, para a AC a de frutos vermelhos e, para mim, a de abacaxi – vieram todas servidas em frascos recauchutados (adoro a onda e faço o mesmo em casa, com os meus sumos de fruta e vegetais), com uma palhinha. Todas foram gabadíssimas ao primeiro gole – e foi só o princípio de um não acabar de elogios.
Os hambúrgueres vieram, pujantes, acompanhados de rodelas de batata comum e batata-doce, misturadas – sendo que a mistura resulta lindamente e devia ser adotada por mais estaminé – em pratos que apetecia trazer para casa, também eles alusivos à região do país onde nos encontrávamos. Os molhos eram três e vieram para a mesa em frascos de plástico à americana: Mostarda e Mel, Maionese de Alho e um outro, de cujo nome não me lembro (nem consigo ler no rótulo, na fotografia em que foram retratados), porque estou a ficar cota – de todo o modo, são todos caseiros e têm a data em que foram fabricados (na véspera e antevéspera, naquele dia). Já os hambúrgueres são coisa dos deuses, desde logo porque respeitam as indicações dadas pelos clientes, quando ao grau em que a carne deve ser servida: eu gosto da minha estupidamente-mal-passada e é difícil encontrar quem me entenda verdadeiramente – e aqui os nossos três graus (bem passado para a SC, médio para a AC e para mim, como já referi, quase em sangue – perdoem-me os mais suscetíveis) estavam no ponto.
O resto é um festim de ingredientes de boa qualidade, conjugações de sabores magníficas e, mais uma vez (disse o mesmo na semana passada, relativamente ao DeGema), um pão tão bom que só muito remotamente faz lembrar aquele pão de hambúrguer a que as cadeias de fast food (e, infelizmente, alguns restaurantes desta nova vaga de hamburguerias) nos habituaram, e um serviço simpático e descontraído.
Quando chegou a hora das sobremesas, não nos fizemos rogadas – e eu, mais uma vez, balancei-me entre a mousse de Oreo e o cheesecake (que havia em três variedades). Acabou por convencer o facto de a mousse ser feita com manteiga de amendoim (que se sentia no palato) e pedacinhos de bolacha, mas agora tenho pena de não ter optado por um dos cheesecakes (iria, com certeza, para o de maracujá), porque a SC foi para a mousse de Oreo e a AC para a de chocolate – e eu teria debicado de cada uma e ficaria com uma perspetiva mais ampla. Mas bom, estava tudo fantástico e não há o que lamentar.
Bebemos ainda um cafezinho e tratámos de pagar as nossas dívidas, o que se faz no caixa da entrada: os magníficos apetites quedaram-se por pouco mais de 12€ a cada uma, o que me parece fantástico – e me provoca muita vontade de regressar, para provar o resto da ementa.
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Bira dos Namorados | Braga
Localidade: Braga
Telefone: 253 039 571
Horário: Seg – 19h30 às 23h00 | Ter a Sex – 12h00 às 14h30 e 19h30 às 23h00 | Sáb – 12h30 às 15h00 e 19h30 às 23h00
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