Restaurante Book, Porto

Esta incursão revestiu-se de contornos especiais a níveis diversos, o que só merece apontamento porque nós somos gente muito normalzinha e nada nos acontece de extraordinário, pelo menos no que aos comeres diz respeito. Mas tínhamos, desde logo, uma semi-estreia: eu já visitara o Book, pouco tempo depois da sua abertura, em 2011 (ainda os Carapaus não eram um cardume formado), mas o AV iria pela primeira vez a esta casa, que é já uma referência no mundo gastronómico portuense. Por outro lado, este jantar soube-nos melhor ainda porque marcámo-lo com um voucher Lifecooler (um daqueles pacotes “Mesa Para Dois”, que ganhámos em troca da redacção de uma posta especial, que está neste momento a bombar lá no site.

Na verdade, a opção pelo Book acabou por resultar da exclusão de outras partes, uma vez que a oferta de restaurantes associados ao Lifecooler nos referidos pacotes, sobretudo no que toca a diversidade, é muito pobrezinha em todo o país, paupérrima fora de Lisboa e Porto e muito modesta na Invicta. De todo o modo, porque ainda não havíamos registado a nossa impressão obre este estaminé, tratámos de reservar mesa e lá fomos nós, numa terça-feira de finais de Julho.

O Book beneficia, antes de mais nada, de uma localização estupenda, no coração da baixa, perto de tudo o que é bom: na verdade, embora fosse um dia útil, as ruas estavam cheias de gente e os estaminés circundantes muitíssimo compostos. Depois, porque ocupa o espaço de uma antiga livraria (de que me lembro muitíssimo bem) e fez questão de manter uma série de apontamentos desse tempo (e daí, também, o nome), a decoração é original e divertida; ali, os livros fazem de fundo para tachos, albergam os menus e decoram as estantes, para além de que servem para distinguir as casas de banho: à porta da das senhoras, uma série deles com figuras femininas na capa e, na da masculina, o mesmo, mas com silhuetas e/ou nomes masculinos.

Ainda no que toca à decoração, não posso deixar de salientar os candeeiros que, com os livros, aquecem um espaço, contrastando com elementos frios, cinzentos – o que lhe dá um charme engraçado. Na zona do bar, garrafas de vinho aninham-se ao lado de mais livros e uma bicicleta compõe o ramalhete – que só não é perfeito porque há por lá umas cabeças de animais nas paredes que, mesmo não sendo verdadeiras (espero), não são bonitas de ver.

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No que toca ao serviço, e ainda que não me lembre com exactidão de quem me serviu da outra vez, senti que tudo era mais descontraído desta feita: os funcionários, todos na casa dos vinte, têm um ar cool e são afáveis e empáticos, o que nos agradou – gostamos de profissionalismo mas não necessariamente de salamaleques, mesmo porque é preciso conhecimento e são raros os estaminés onde não se sentem como forçados.

Uma vez sentados numa mesa junto à parede (por acaso teria preferido a janela), rapidamente nos foram facultadas as ementas, de que escolhemos directamente o prato principal, porque nenhuma entrada nos pareceu tão chamativa que valesse o que se pedia por ela. Ficámos, portanto, com o couvert (e finos, porque não temos emenda, temos mentalmente 25 anos e continuamos a achar uma loucura gastar 20€ numa garrafa de vinho, salvo em ocasiões especialíssimas), constituído por paté de atum (muito bom, diz o AV), pasta de azeitona (média, digo eu) e uma manteiga estupenda, sendo que deglutimos tudo acompanhado por pãezinhos que devem ter vindo do céu dos padeiros, de tão bons que eram: servidos de uma enorme cesta de que podíamos escolher de entre três variações (eu fiquei com o de sementes e o AV com o branco), tivemos de pedir segunda dose – e mais houvesse.

Entretanto, chegaram os pratos principais: o AV resolveu comer o seu primeiro Bife de Atum (à Portuguesa) e eu optei pelo Tornedó de Vitela com Brás de Cogumelos e Molho de Jamaica. O primeiro, servido com ovo a cavalo e batatas às rodelas, estava no ponto de cozedura (deve haver poucas coisas melhores do que um bom bife de atum e quase nenhumas piores do que um mau bife de atum – sendo que já tive oportunidade de provar de ambos) e agradou ao estreante, ainda que tenha achado os grelos pouco macios e demasiado cozidos e que tudo arrefeceu depressa demais, mesmo estando uma noite muito boa – o que se admite em restaurantes baratuchos mas não num da gama de preços do Book. Quanto ao meu Tornedó, também tenho as minhas reservas: gostei bastante do Brás de Cogumelos, servidos num pucarinho à parte, mas o Tornedó estava demasiado passado e só a parte do meio, semi-rosada, me agradou verdadeiramente. O molho era banal (mas bom), tipo bife.

Comemos tudo, como meninos crescidos, e não resistimos a explorar as sobremesas: o AV escolheu o Salame de Chocolate Gelado e eu, primeiramente inclinada para o Book (Tiramisú com Ganache de Chocolate), acabei por escolher o Doce de Terra, após consulta a um dos simpáticos funcionários, que o descreveu entusiasticamente. Na verdade, o Salame não agradou de todo: o nome é enganador, porque o doce só muito remotamente (e com dose maciça de boa vontade) lembra o salame de chocolate das avós/mães; por outro lado, o gelado de nata era pouco cremoso (quase farelento) e a bolacha que acompanhava era mais fudge do que outra coisa. Já o Doce da Terra foi uma belíssima surpresa: a uma base de morango e manga sobrepunha-se um creme de natas e leite condensado, encimado por bolacha Oreo ralada e… peta zetas!! A combinação é assaz feliz e agradou-nos a ambos, embora achemos que o valor do que se come é muito inferior ao preço.

No final, depois dos cafés, veio a cereja em cima do bolo: o voucher, que achávamos ser de 50€, era afinal de 60€, o que nos proporcionou um jantar simpático, por que tivemos de pagar apenas 1€. De todo o modo, e se não fosse essa circunstância, não sei se não teríamos achado a relação qualidade/preço um nadinha desajustada; aliás, estamos crentes de que o Book só beneficiaria se se posicionasse numa gama de preços ligeiramente inferior e (mais) correspondente ao que se come e à experiência que se tem. Deste modo, os bons apetites seriam, sem dúvida, garantidos.

Restaurante Book

Morada: Rua de Aviz 10, Porto
Telefone: 917 953 387
Horário: Dom a Sex – 12h00 às 15h00 e 19h00 às 24h00
Aceitam reservas? Sim

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2 Comments

  1. já fui lá num jantar da empresa e achei bastante simpático. boa comida, gostei de tudo o que se pediu, bom serviço, ambiente acolhedor. no entanto em relação ao preço, não posso opinar, pois como foi da empresa não sei quanto se pagou. mas tenho a certeza que também foi puxadote.
    já agora, e sendo um bocado abelhuda, podemos ver essa crítica do lifecooler ou preferem manter-se anónimos? :)

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