A sala do Restaurante Loureiro

Mesmo no Cruzamento do Monte dos Burgos, na esquina da Estrada Exterior da Circunvalação com a Rua do Monte dos Burgos, frente ao BPI, fica o restaurante Loureiro, que outrora se chamou Poleiro, e que faz parte do imaginário infanto-adolescente desta vossa criada, já que, lá em casa, este estaminé foi sempre “o restaurante do Avô A.” – em alturas de comemoração das coisas boas de todos os dias (a recuperação de uma operação às cataratas, os juros de uma conta bancária, o regresso de uma viagem), lá íamos nós jantar onde ele escolhia – e ele escolhia amiúde o Poleiro, que agora é Loureiro. Não me lembro exactamente do que lá comia, mas recordo-me de que era bom, não sei se pela comida se pelas circunstâncias, mas estou certa de que por tudo (porque o avô A. jamais voltaria a uma chafarica onde se comesse mal – há um gene que herdei claramente dele: o de gostar de comer bem).

Restaurante Loureiro
Restaurante Loureiro

Quando se tratou de percorrermos a trindade de restaurantes do Cruzamento do Monte dos Burgos (sendo que já fomos à Churrasqueira e ao Asiático), acabámos por, inadvertidamente, deixar para o fim o estaminé cuja existência motivou o percurso – há muito tempo que quero voltar a este sítio, onde não entro há mais de vinte anos mas que a crítica especializada continua a assinalar como sendo recomendável. Guardámos a última incursão ordinária do Cardume para o efeito e fomos ao Loureiro, que já foi Poleiro mas manteve a identidade, quer quanto ao espaço em si (numa intercepção entre o rústico, presente nos apontamentos em pedra, com o contemporâneo, patente na decoração quase minimalista e elegante), que albergará umas quatro dezenas de comensais, quer quanto à oferta gastronómica, de cariz regional, privilegiando os pratos nortenhos.

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 Quando lá entrámos, francamente não reconheci nada: nem o espaço, nem a ementa (nem eu nem a MAA que, sendo minha mãe, teve experiência similar; foi ela quem fez companhia ao Cardume fixo, desta vez): uma sala média, com as mesas (bem) postas, esperava por nós. Ao fundo, numa mesa recolhida, dois comensais haviam já encetado hostilidades. Por detrás de um balcão que constitui praticamente a única decoração da sala (à excepção de uma construção com garrafas de vinho, que irrompe da parede de pedra, frente à qual figura um enorme espelho que torna a sala maior), surgiu a empregada que nos haveria de acompanhar, e bem, o resto da noite: educadíssima, conhecedora das regras de etiqueta e de bem servir, foi uma mais-valia durante toda a refeição.

Uma vez na posse da ementa, que é curta (o que, quanto a mim, constitui normalmente um benefício, porque indica a especialização, no lugar da dispersão que observamos amiúde), a selecção foi rápida: Tripas à Moda do Porto para a MAA e Bochechas de Porco Alentejano Confitadas com Açorda de Cogumelos do Monte para mim (ambos os pratos Sugestões do Dia); já o AV optou por Secretos de Porco Alentejano na Brasa com Batata a Murro e Legumes. Nos entretantos, e por sugestão da empregada, petiscámos um dos melhores patés de atum que já comi na vida (pouca maionese, muito cebolinho e pimento), umas azeitonas como saboreei poucas (e eu sou muito dada à degustação da azeitona), tanto em termos de qualidade do fruto como de tempero, manteiga média e broa muito simpática. Só o pão, branco e daquele que parece pastilha-elástica, destoou do conjunto. A acompanhar, um Lambrusco que os entendidos rotularam como demasiado doce e que eu (que não percebo nadinha de vinhos e enjôo ao segundo copo, na maioria das vezes) achei simpático.

Secretos de Porco Alentejano
Secretos de Porco Alentejano

Os pratos principais demoraram só uns minutos mais do que o que seria expectável (normalmente, tenho como bitola o findar das entradas) mas, quando chegaram, encheram-nos as medidas: as tripas estavam perfeitas, os secretos e tudo quanto os acompanhava (até o esparregado, que eu provei, no fim) saborosíssimos e às bochechas só não as digo divinas (tenras, apuradinhas, saborosas) porque a açorda as suplantou e leva o título. Estávamos encantados, até em termos de quantidades, que foram as suficientes, deixando-nos satisfeitos mas não empanturrados (à excepção das tripas, que nisto de tamanho de estômago não saí à mãezinha). Adicionalmente, o ambiente deste estaminé é uma calmaria: não há televisão, o barulho da rua não se ouve e o único ruído é o das conversas, pelo que constituirá local privilegiado para reuniões de negócios ou mesmo um jantar romântico – desde que os pombinhos já estejam naquele ponto em que a conversa flui (o que, por vezes, pode não acontecer quando as relações são muito recentes) e ainda não tenham atingido aquele ponto em que pouco têm para dizer um ao outro. Pelas mesmas razões, não se aconselha o Restaurante Loureiro a menores de 10 (e crianças até aos 99, se não se souberem comportar).

Faltavam as sobremesas e, como de costume, resolvemos diversificar: Maçã Assada à Moda do Douro para a MAA (que a adorou, gabando-lhe o sabor temperado de Vinho do Porto e a mescla com amêndoa e passas), Tarde de Castanhas e Chocolate com Base de Avelã para o AV e Bolo de Chocolate Branco e Café para mim – e a verdade é que se começámos bem e continuámos melhor, não findámos em beleza: tanto o meu bolo de bolacha como a tarde de castanhas (apenas respingada de um molho de chocolate que podia ser de frasco) estavam sensaborões, nada doces, mais ou menos como imaginamos que seja uma sobremesa dietética. Evidentemente que este facto não chegou para manchar a excelência do resto, mas é vertente que o Loureiro deveria apostar em melhorar.

De resto, o descanso semanal deste estaminé é à segunda-feira e domingos ao jantar, sendo que é bastante procurado à hora de almoço, o que é extraordinário, numa zona em que o estacionamento não é propriamente pêra doce; para além disso (maravilha das maravilhas), aceita cartões,  de débito e crédito, que pudemos usar para pagar os 20,50€ (ainda sem gorjeta, sendo que quem nos atendeu mereceu-a) que nos coube a cada um – valor mais do que justo, para o que nos foi servido.

Aqui fica, portanto, mais um restaurante onde os bons apetites são satisfeitos.
Até breve, freguesia mai’linda.

Restaurante Loureiro

Morada: Rua Monte dos Burgos 1112, Porto
Telefone: 229 350 477 | 962 737 294
Horário: Ter a Sáb – 12h00 às 15h00 – 19h00 às 22h00 | Dom – 12h00 às 15h00
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