Quando falámos em retomar a actividade do Cardume, não foi difícil encontrar o estaminé por onde (re)começar: seria na Taberna do Barqueiro, ali em Miragaia e não se falaria mais nisso como diria o nosso MS, um dos Carapaus fundadores e actual proprietário da chafarica escolhida. Quem nos segue desde 2012 sabe que temos por política nunca dar conta antecipada da nossa presença aos restaurantes que escolhemos visitar (para depois dizermos de nossa justiça, enquanto apreciadores perfeitamente amadores, em todos os sentidos do termo, o etimológico incluído) ou sequer identificarmo-nos, até ao dia em que a posta sai aqui no blogue.

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Desta vez, abrimos uma excepção, por todos os motivos. De resto, o nosso intuito nunca foi, de todo o de proporcionar à Taberna do Barqueiro uma publicidade de que não precisa (quem tem o Trip Advisor a elogiá-lo não precisa de Carapaus); a nossa ideia era, acima de qualquer outra coisa, a de irmos onde soubéssemos de antemão que o repasto iria correr (muito) bem – e, porque somos visitantes habituais da casa, saberíamos escrever a crónica de olhos fechados, o que nos dá um duplo prazer: porque gostamos de gostar do que comemos e porque adoramos gostar do que os nossos amigos fazem – embora não viéssemos para aqui gabá-los se não fosse caso disso. Também não diríamos mal, não somos parvos nem mais papistas do que o papa, mas remeter-nos-íamos ao silêncio e tínhamos o caso resolvido.

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Mas passemos ao que interessa a quem nos lê. A Taberna do Barqueiro fica ali naquele mesmo largo onde, no São João, se realiza o melhor bailarico da Imbicta (carago!). Se estiverem de costas para a Alfândega, basta atravessar a rua e descer a rampa ou as escadas que vos conduzem àquele aglomerado de casas altas e estreitinhas, tão típicas da zona, onde se passeiam gentes, gatos e pombos, com o mesmo à vontade. Já teve gerências várias, sendo que eu conheci duas, a contar com a do Miguel (e ficar-me-ia mal tecer comparações, porque só a presente está aqui em apreço), ambas com um mesmo problema: o tamanho do espaço é definitivamente o principal defeito da Taberna do Barqueiro (nome dado ao espaço pela senhoria, em homenagem ao falecido marido – e que ninguém lhe fale em trocá-lo!). Lá dentro cabem, com jeitinho, dez a doze pessoas. Cá fora, quando o tempo o permite, mais meia dúzia (talvez mais, se numa mesma mesa e a gostarem de calor humano). E isso só é chato porque o que se ali come é muito bom, a coisa já se sabe pelo Porto e, de todas as vezes que lá estive, vi gente a ter de ir embora porque não marcara mesa e porque não havia, efectivamente lugar.

Agora… se apreciam comida da boa, seja sob a forma de pratos principais, seja no formato de tapas (o nosso preferido), vão muito experimentar este estaminé (mas marquem primeiro, sim?): no dia da nossa (literalmente) re-união, saí a correr do trabalho poucos minutos antes das nove e, quando entrei pela porta encostada, ao lado da montra decorada com motivos natalícios, esperavam-me já quatro dos sete convivas (ficavam a faltar duas, que chegaram logo depois), sentados nas mesas de madeira altas cobertos com tolhas com motivos inspirados nos famosos lenços dos namorados. Com eles, tínhamos um belíssimo queijo da Serra, pão variado (ai a broa de Avintes…!) e duas tábuas de presunto com um sabor e corte que só me lembro de comer em dois sítios: ali e em casa dos meus avós. E a partir daí foi a verdadeira loucura, sendo que ainda hoje estou para saber como é que não sofri uma transfiguração física visível, passando para o formato redondo.

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Ele foram amêijoas apuradíssimas, as melhores pataniscas que este palato teve já o prazer de saborear (altas, fofas, estaladiças, com um recheio pejado de bacalhau e salsa), petinga frita (e o que eu gosto de petinga frita…), umas moelas de comer e chorar por mais, rojões em vinho tinto (querem provar carne que parece manteiga a desfazer-se? Atirem-se a estes meninos), morcela e alheira de qualidade superior e, em jeito de remate, e porque este nunca pode faltar (tenhamos comido o que tivermos) o belo do pernil, vieram dois magníficos exemplares destes meninos, em formato de tapa – e eu sou daquelas que aprecia tudo mas a pele do pernil, tostada e com mil abores … minha nossa-senhora-dos-sabores, aquilo é de outro mundo.

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Neste momento, estávamos já em formato de balão, sendo que a Ruca, que terão o prazer de conhecer se lá forem, é de uma eficiência daquelas raras: ainda temos um neurónio a articular com o outro no sentido de concluir que acabámos um fino e precisamos doutro, e já o belo do fino está em cima da mesa; estamos a deglutir a penúltima garfada do que quer que seja e já temos de arregalar o olho para a que acabou de chegar. Foram três horas e picos do mais puro festim gastronómico, acompanhado de um Vallado para quem preferiu o tinto, de cervejinha para mim (faça chuva ou sol, adoro o belo do fininho) e Cola para a RV, que tinha feito alergia ao vinho uns dias antes (num outro jantar, cujo relato aparecerá aqui em breve) e não estava para arriscar outra reacção estranha.

No final, umas mousses de chocolate e manga para quem aguentou, mais um belíssimo pudim Abade de Priscos para dividir pelos que têm mais olhos do que barriga. Café para quem quis e mais duas de letra, que há já muito tempo que não tínhamos os quatro Fundadores sentados à mesma mesa (mais duas habituées e uma conviva em estreia) e havia muito que pôr em dia – e, de todo o modo, estava-se ali lindamente, resguardados do frio de uma noite húmida e nublosa.

No fim? Menos de 24€ a cada um: nem mais nem menos – porque nem sempre a excelsa qualidade arruína carteiras. Depois, as despedidas, o regresso aos carros, estacionados à porta (basta descer a rampa e, à noite, não é difícil encontrar lugar por ali) – e a certeza de que seria só um até já.
Tenham bons apetites, na época das Festas e fora delas, sim?

Nós voltamos em breve, para vos fazer companhia.

Taberna do Barqueiro

Morada: Rua de Miragaia 124, Porto
Telefone: 937 691 732
Horário: Seg – 11h00 às 15h30 | Ter a Qui – 11h00 às 22h00 | Sex e Sáb – 11h00 às 23h00
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