Casa d'Avó Micas | Carapaus de Comida

A SC, que se estreou nestas andanças das carapauzadas, já nos havia avisado que não seria fácil encontrar a Casa d’Avó Micas. Foi preciso a ajuda do Tomás (o meu fiel dispositivo GPS) para que déssemos com aquela rua escondida e escura. A única luz que se via era mesmo a que irradiava do interior do nosso destino.

A sala de jantar é pequena e acolhedora, cheia de coisas que esperaríamos encontrar em casa dos pais dos nossos pais. Quando chegámos, já uma das mesas estava ocupada com fregueses, o que nos deixou com a sempre difícil tarefa de escolher qualquer uma das outras que estavam livres (não sei se se já vos aconteceu…). Lá nos decidimos por uma, bem no meio, de modo a absorvermos todo aquele ambiente, da melhor maneira possível.

Casa d'Avó Micas | Carapaus de Comida
O Interior

Fomos recebidos de forma bastante afável, como se da Casa fôssemos. Pouco depois de tomarmos os nossos lugares, fomos presenteados com o Xarope d’Avó, uma bebida que, segundo nos foi dito, cura qualquer maleita. Infelizmente não conseguimos identificar quais os ingredientes que compõem este elixir. Podemos no entanto dizer que é deliciosa! Na mesa estava também já um cesto com broa fresca, muito boa.

Na Casa d’Avó Micas não há cardápio: as delícias que ali se fazem variam diariamente. Foi-nos por isso lida uma pequena lista de entradas e, como não conseguíamos decidir quais gostaríamos mais, fizemos jus à fama de Carapaus comilões e pedimos uma de cada. Alguns minutos volvidos e tínhamos já a mesa pejada de pratos e pratinhos com Pataniscas de Bacalhau (não sendo as melhores que já comemos, eram bastante saborosas e com muitíssimo bacalhau, pecando apenas por terem óleo em excesso), Cogumelos com Pés de Coentrada (bons, com intenso sabor a coentros, o que agradará aos apreciadores), Paté de Delícias do Mar com Alho Francês (um dos tesouros da Casa. Uma entrada leve e deliciosa, acompanhada por tostinhas) e Trouxas de Bacalhau e Camarão (umas bolsas feitas com massa filo, atadas por uma folha de alho francês, recheadas com generosos pedaços de bacalhau e camarõezinhos. Esta poderia ser, por si só, um prato principal).

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Por esta altura já havíamos reparado na música que soava no estaminé: portuguesa e da boa. Pode dizer-se que a Avó Micas tem muito bom gosto musical e que talvez seja isso que a inspira enquanto cozinha as maravilhas que vão sendo servidas.

Enquanto nos deliciávamos com as entradas, foi-nos servida uma Sangria tinta, que havíamos pedido após sugestão dum dos nossos anfitriões. Surpreendeu-nos de forma muito positiva o facto de a Sangria ter sido feita na hora. Fresquíssima e bastante levezinha, o que servia bem os nossos interesses, já que tínhamos ainda viagem de regresso ao Porto. Foi-nos também lida a lista de pratos principais.

Casa d'Avó Micas | Carapaus de Comida
O Bife com Molho de Chocolate

Decidimo-nos por Bife com Molho de Chocolate (à partida poderia pensar-se que esta seria uma combinação destinada ao fracasso, mas não é assim, de todo. A carne de excelente qualidade, acompanhada de batata a murro e grelos, regada com um molho aveludado de chocolate, revelou-se uma combinação deliciosa), Posta à Ti Jaquim (um naco de carne de qualidade superior [segundo a AA, a melhor carne que havia comido nos últimos tempos], alto e tenríssimo, também acompanhado por batatas a murro [das melhores que já comemos; desfaziam-se na boca] e grelos [muito bem temperados e cozinhados]) e Rojões à Portuguesa (pequenos pedaços de carne de porco, deliciosamente temperados, acompanhados por batata frita aos quadrados e arroz branco).

Chegada a altura das sobremesas, antecipávamos já que sairíamos da Casa d’Avó a rebolar, o que não nos coibiu de afiambrar o dente numas belas sobremesas. Enquanto nos era declamada a terceira lista da noite, ansiávamos ouvir o nome Deus me Libre (nome dado ao bolo de chocolate da Casa, que já havíamos espiado enquanto fazíamos a habitual pesquisa pré-incursão). Infelizmente, aquela não seria a noite que o provaríamos, já que não havia. Escolhemos então Trouxas de Maçã Caramelizada (massa filo, recheada com maçã caramelizada e rodeada de chutney caseiro com pedaços de maçã e ainda acompanhada por uma bola de gelado), Crepe e Gelado (massa de crepe caseiro, com compota de frutos vermelhos, também ela caseira, chantilly e bola de gelado) e ainda um Baba de Camelo (caseiríssima, fofa e não muito doce, como eu gosto). Ainda nos foi dada a provar uma Pêra Bêbeda (especialidade da casa) que estava soberba.

Devorámos os docinhos da Avó ao som de música ao vivo (aquele sim, o mais pequeno concerto do mundo, só para Carapau ver e ouvir). O momento musical foi-nos oferecido por um dos nossos anfitriões, no contrabaixo, a acompanhar, segundo as suas próprias palavras, “o melhor pianista português”. Um momento diferente e que nos agradou sobremaneira.

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Seguiram-se os cafés (Nespresso) e ainda uns adoçantes de boca aos quais não nos fizemos rogados: brigadeiros de chocolate e outros de chocolate e côco, ambos deliciosos. Veio a conta, dentro dum pequeno porta-moedas feito, presumivelmente, pela Avó Micas (também é possível comprar destas relíquias naquela Casa), e mais uma agradável surpresa: 17€ a cada comensal o que, dado o que foi comido àquela mesa, nos parece um valor bem simpático.

Há restaurantes sobre os quais não conseguimos mencionar pontos negativos e a Casa d’Avó Micas é um desses raros casos. Foi tudo muitíssimo bom e deixou-nos a todos com muita vontade de voltar, ainda mais depois de vermos a Francesinha que passou para  a mesa dum outro comensal que entretanto se sentara noutra mesa (também há Francesinha de Bacalhau!). Este não é um restaurante para grupos grandes (oito pessoas no máximo, diríamos nós) já que parte do seu encanto é mesmo o ambiente intimista e familiar. Se passarem por Braga não deixem de passar pela Casa d’Avó Micas que serão bem recebidos com toda a certeza e não sairão com o bucho desiludido.

Obrigado por este bocadinho.

Abreijos para todos!

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