O Mundo era mais um na imensa lista de estaminés que vai abrindo pelo Porto e que queria muito visitar: pese embora tenha tido acesso a opiniões heterogéneas, gosto sempre de comer para crer e, por isso, andava à procura da oportunidade para lá ir – o que quase não aconteceu, visto ter-se tratado de um jantar combinado em cima da hora e não foi fácil fazer a reserva (porque só se encontra aberto à hora de jantar, houve uns desencontros telefónicos que acabaram por ter um final feliz).
Tivemos de optar pelo turno das 22h (esta tendência de só se poder jantar entre as 20h e as 22h ou daí em diante irrita-me, mas não há como escapar-lhe, nas chafaricas-tendência) e, depois de um copo nas redondezas (ali na zona da Rua da Picaria o que não falta é oferta), foi amor ao primeiro olhar: adorei o espaço (todo ele, casas de banho incluídas) e mesmo o conceito de bar/restaurante, que a priori não me seduziria, não me incomodou de todo, mesmo porque o estaminé estava tão cheio que nem a música se ouvia (os jantares junto ao Natal têm sempre estes “problemas” logísticos).
Aguardava-nos uma mesa para duas pessoas, quase recatada no meio da barafunda especialmente provinda da mesa comprida, a meio do espaço aberto, própria para grupos de envergadura, e a partir dali tratou-se de navegar na ementa e optar pelos sabores de que queríamos que fosse feito o nosso prazer gustativo. O menu é constituído por entradas quentes e frias e a panóplia de pratos principais, representativos de todo o planeta mas, pareceu-me, sobretudo de inspiração asiática.
Optámos por nos quedar pelas entradas, para podermos provar sabores diversos e devo dizer que nada desiludiu: adorámos o Carpaccio Mexicano (o toque de abacate é fantástico), o Tataki de Presa de Porco Ibérico (o crocante do arroz frito dá-lhe charme, embora o PR tenha achado a coisa estranha), os Dumplings ao Vapor de Galinha, Fois Gras e Porcini estavam muito bons, mas os de Vieira, Camarão e Chouriço estavam ainda melhores (só é pena não adaptarem o número de peças aos convivas: vêm em número de três, o que não é necessariamente mau e é expresso na carta, mas irrita-me que não se façam pequenas adaptações, a pedido dos clientes) e os Wontons Fritos de Camarão e Molho de Ostra são uma perfeita delícia (empatados, quanto a mim, com o maravilhoso Carpaccio, no primeiro lugar de um pódio cheio de qualidade).
Acompanhámos com vinho maduro branco fresquinho e terminámos com o Bolo ao Vapor de Açúcar Mascavado, uma delicia com centro de chocolate líquido, gelado de amendoim e caramelo – que dividimos, por já estarmos assaz arredondados.
Achámos o serviço competente e descontraído (talvez um nadinha em demasia, devo confessar) e o ambiente simpático e cosmopolita, entre locais e os muitos turistas que nos visitam.
A regressar, para dissecar aquela ementa toda!
Mundo Restaurante | Porto
4.8 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
O espaço
A ementa
Negativos
O barulho
Resumo
Um dos restaurantes mais recentes e gabados da Invicta tem, de facto, um carisma particular, e merece visita cosmopolita.
Já aqui tinha revelado a minha vontade de ir ao anunciado novo Panca (o original aconteceu no Parque da Cidade, e sempre foi dito como sendo sazonal), que o Chef Camilo Jaña abriu, já sem Ruy Leão mas com a mão de mestre de Vasco Mourão, responsável por tão bons estaminés na Invicta (para os mais distraídos: Cafeína, Terra, Casa Vasco e Portarossa). Reunidas as condições necessários (a saber: disponibilidade minha e da RV), lá fomos, numa noite chuvosa de Verão, com reserva de mesa prévia, que eu nunca brinco em serviço com estas coisas.
O Panca fica na Sá de Noronha, onde, nos últimos anos, têm aberto tantos espaços de restauração, e é um espaço de bom gosto, bem decorado e com um ambiente animado e convidativo; também tem meia dúzia de mesas cá fora, onde, mesmo num dia de chuva tola, dá para comer, porque são cobertas com guarda-sóis (sol e outras maleitas) dos resistentes. Lá dentro, uma primeira constatação: como é comum em restaurantes de inspiração sul-americana, a música está um nadinha alta de mais. E isto, per se, é só um apontamento – mas a verdade é que, quando a música está um bocadinho alta, num restaurante cheio, toda a gente começa a falar mais alto, o que acaba por desaguar numa barulheira que chega a incomodar, porque se não nos juntarmos à gritaria, mal conseguimos ouvir a vizinha da frente.
Ficámos sentadas numa mesa pouco simpática, porque imediatamente junta ao degrau que separa a parte de baixo da de cima – o que significa que o serviço para todo o restaurante passava por mim em particular, que estava de costas para o “corredor”.
Foi-nos trazida a ementa, que é composta por três tipos de empanadas, quatro de ceviches, quatro de grelhados na brasa, uma salada, um hambúrguer e quatro “diversos”, para além das sobremesas. Optámos, como é costume, por pedir coisas várias para partilhar: quisemos uma Maçaroca de Milho na Brasa com Manteiga de Miso, um ceviche Peixeirada e as Empanadas de Chili com Carne.
Entretanto, foi-nos trazido o couvert, que foi coisa que me dececionou bastante. Num baldezinho vinham os hidratos : a broa era boa (mas só tinha dois pedacinhos mínimos), os nachos (apenas dois. DOIS!) eram ofensivos de maus, moles e desenxabidos, e os restantes (creio que seriam os chips de banana, mas não posso jurar, porque a funcionária que nos calhou em sorte, ao contrário da da mesa do lado, não nos explicou nada) até bastantes simpáticos, pelo que tivemos de pedir mais, porque também só vinham dois. Para acompanhar, havia uma espécie de paté de frango, que achei absolutamente banal, e uma maionese picante que não deslumbra de todo.
Depois, começaram a chegar os pratos pedidos: a maçaroca tem uma apresentação genial e vem com uma faca espetada, o que nos agradou, já que queríamos parti-la a meio. Quando perguntámos ao empregado (agora outro) como devíamos fazê-lo, ele não sabia – e foi perguntar, o que me parece lindamente; o pior foi a resposta: “diz que têm de o fazer na vertical” – e foi embora. Depois de nos debatermos com a indignação pela falta de cuidado e com a própria maçaroca, que não dava sinal de querer partir, chamámo-lo e pedimos que o fizesse ele: acabou por parti-la em dois troços, de modo algo atabalhoado – mas que acabou por funcionar, vá. O sabor compensou o dislate: barrada com a manteiga de miso, a maçaroca de milho na brasa é mesmo muito boa.
Já o ceviche estava bom, como se esperava: o Peixeirada (que também permaneceu no Lucha Libre) tem leva peixe branco, batata doce, chulpi (um tipo de milho dos Andes), abacate e um marcante sabor a lima. Finalmente, as Empanadas acabaram por ser a estrela (inesperada, para mim) da companhia: a massa tenra estava sublime e o recheio de carne e feijão era mesmo muito saboroso.
Não podíamos vir embora sem experimentar as sobremesas, e da hipótese de dividirmos uma, depressa ficámos na certeza de mandar vir duas, para partilhar: a RV quis provar a I ❤️ Lima e Matcha (que não trazia qualquer descrição adicional) e eu a Mousse de Chocolate, Paçoca Toffee e Gelado de Amendoim. E permitam-me que vos diga que, de forma inesperada, foram as sobremesas que mais brilharam no Panca: a de mousse está muito bem conseguida, aconselho-a vivamente, mas a de Lima e Matcha, uma coisa dos deuses com suspiros, uma base de leite condensado e sorvete de lima, é uma combinação que nunca esquecerei e a que quererei regressar.
Mais uma vez, as sobremesas não nos foram apresentadas, como não o foram os demais pratos – e esse cuidado parece-me fundamental em geral, mas mais ainda quando se trata de um estaminé de cozinha internacional. O serviço foi, de resto, o que menos me agradou no Panca, a par com o barulho excessivo – não porque fosse deseducado (de todo!) mas porque me pareceu pouco preparado e, também, pouco conhecedor da ementa e suas caraterísticas.
No final, pagámos 21€ por pessoa, o que me pareceu justo para o espaço e para o que comemos.
Panca | Cevicheria e Pisco Bar | Porto
4.1 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
As empanadas
As sobremesas
Negativos
Serviço desatento
Os nachos
Resumo
Herdeiro do Panca original (no Parque da Cidade), o novo estaminé da baixa devolve-nos os sabores sul-americanos, num espaço cheio de cor e pinta.
Primeiramente, uma confissão embaraçosa: a pessoa nunca chegou a conhecer o Panca original, no Parque da Cidade. Eu sei, fustiguem-me, chamem-me nomes: parece impossível, mas é verdade. Por isso, quando a RP me disse que o nosso almoço, agendado para “quando o tempo estiver mesmo bom”, já não iria ser no Panca, porque este deixara de existir, quase me deu uma coisa fininha. No entanto, essas eram só as más notícias; a boa era a de que, no lugar do estaminé anterior, dedicado ao ceviche, da responsabilidade de Camilo Jaña e Ruy Leão (que sempre foi apresentado como algo sazonal e efémero), abrira um outro, em que os tacos são personagem principal. Jaña, juntamente com a mulher, Mafalda Sampaio, tratam dos apetites a todos aqueles que, de quarta a domingo, se dirigem ao espaço cedido pelo Soundwish, no Parque da Cidade – com a vantagem de estar aberto ininterruptamente do meio-dia e meia às 19h (coisa boa para almoços e lanches, portanto).
Chegámos cerca das 13h e algumas das mesas brancas de madeira, com bancos corridos (que darão, à vontade, para oito pessoas à larga), já estavam ocupadas. No pequeno “quiosque” onde se cozinha e se serve os convivas, a boa disposição é flagrante: há à-vontade e descontração, mescladas deficiência e eficácia. Tudo flui com naturalidade, mesmo quando os clientes não fazem a mínima ideia do que vão pedir (como nós) e há que explicar os menus e a carta pela enésima vez – creio que o menu “puramente sul-americano”, como é dito pelo Chef, contagia também as gentes, o que é muito positivo, sobretudo a meio de um dia de trabalho.
Tratámos de escolher o que seria o nosso repasto: por sugestão de quem nos atendeu, optámos por um menu do dia (meio ceviche, neste caso de salmão, dois tacos e uma bebida) e escolhemos mais um ceviche, um prato de tacos e um guacamole da carta – tudo para partilhar, de modo a que pudéssemos apreciar mais sabores. Para beber, escolhemos uma limonada sem açúcar (para a RP) e, para mim, um chá, cujo nome tive de apontar, sob pena de não o saber reproduzir: o mizudashimas tem matcha e sabe ligeiramente a mar – daquelas coisas que primeiro se estranham e depois… isso mesmo, todos sabemos como acaba a frase de Pessoa.
Passados uns minutos (5? 10?) fomos chamadas para levantar o resto da comida (e, para isso, por vezes usa-se um gramofone, com muita piada), o que requer que equilibremos os pratos numas tábuas disponibilizadas para o efeito (e para o que nos foi oferecida, gentilmente, ajuda – de que não precisámos), o que só pode ser aborrecido se estivermos no alto de saltos dos grandes, porque o chão de pedra com desníveis não é dos mais simpáticos para essas manifestações de elegância. Uma vez na mesa, é impossível não pegar no telefone para registar a coisa: a comida sul-americana é, de facto, muito fotogénica (e eu tenho sempre a desculpa do blogue, já se sabe).
Em termos de sabores, estava tudo muitíssimo saboroso. O guacamole não é, aqui, propriamente a “pasta” (com mais ou menos pedaços sólidos) que estamos habituados a comer em todo lado, é antes uma espécie de “picado” com todos os ingredientes que o compõem – e não estava nada mau, bem como os palitos de nachos que o acompanham. Gostei muito tanto do ceviche do dia (com salmão e algumas colheradas bem picantes) e do Peixeirada, que contém sempre um peixe branco (naquele dia, corvina) e leche de tigre. Os tacos, que são, afinal, a especialidade da casa, também valem muito a pena: os do dia (eram dois) eram de porco e estavam ótimos, mas gostei especialmente dos Healthy (contra todas as expectativas, já que nem estávamos inclinadas para os pedir, já que nenhuma de nós sai para comer propriamente preocupada com as versões fit dos pratos), com couves branca e roxa, quinoa, abacate e coentros.
Os sabores correspondem, portanto, ao bom aspeto que tudo tem – e foi por isso que não pude deixar de provar uma qualquer sobremesa (ou, pelo menos, foi essa a justificação que primeiro me ocorreu): de entre o punhado de opções disponíveis (que, naquele dia, não incluíam os gelados, que a RP gabara), optei pelas Hóstias com Dulce de Leche, porque sou da opinião de que tudo quanto tem leite condensado não pode, de todo, ser mau. E as hóstias são exatamente o mesmo que a parte não cremosa daquilo a que, na minha longínqua infância denominávamos de “bolachas de baunilha” (mesmo que o creme fosse de chocolate ou de morango; nesse caso, diríamos “bolachas de baunilha de chocolate” e estava o assunto arrumado), sendo que a sobremesa consiste numa espécie de “sandes” de hóstia, com recheio de leite condensado cozido (o tal “doce de leite”). Não desgostei, e sou menina para replicar em casa, mas confesso que esperava algo de mais surpreendente.
O cômputo geral é, no entanto, muito bom: o Lucha Libre é o típico restaurante de Primavera/Verão (e de Outono e Inverno, nos dias secos – por que não?), não só pela logística mas também pelos sabores. Os bons apetites cifraram-se em 16€ por estômago, ao que acresceram, 4€ e pouco da sobremesa e do café – não é propriamente barato, mas o menu do dia fica por 11€, o que é mais simpático para quem não for tão guloso.
Post Scriptum | Entretanto, soubemos que o o Chef Camilo Jaña se prepava para abrir um novo Panca, na Baixa; e, já agora, que o Chef Ruy Leão, seu parceiro no estaminé original, estava a tratar da abertura de um novo estaminé de ramen, na cidade – só boas notícias, portanto, para quem privilegia os bons apetites. Entretanto, ambos os projetos se concretizaram, para bem de todos.
Lucha Libre | Porto
4.5 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
Os ceviches
Os tacos
O espaço
o serviço
Negativos
A dependência da meteorologia
Resumo
Afirma-se como sendo a primeira taqueria do Porto e diz-se puramente sul-americano: trata-se de um estaminé em pleno Parque da Cidade, onde se está belissimamente num dia de sol.
Tivemos muita sorte com o dia em que escolhemos ir ao Abacate: a Primavera (quase Verão) deu um ar da sua graça ainda no Inverno, e pudemos almoçar na esplanada do Food Corner, edifício onde, mesmo à entrada, se situa este estaminé, recentemente inaugurado, cuja oferta é (quase) toda, adivinharam, à base de um dos produtos-da-moda dos últimos tempos, o abacate.
O Food Corner fica em plena baixa do Porto, no gaveto da Rua do Ateneu Comercial do Porto, entre Sá da Bandeira e Santa Catarina (e perpendicular a Passos Manuel) – ou seja, é ideal para quem trabalha na Baixa (e é o caso da RV e da JSS) ou mesmo para uma refeição rápida antes de um espetáculo, já que fica pertíssimo do Rivoli, do Sá da Bandeira, do Coliseu e do São João. Evidentemente que, com sol, os lugares sentados aumentam muitíssimo, e a esplanada é mesmo um dos principais atrativos do local, apesar dos autocarros que vão saindo da garagem vizinha. E é uma maravilha para ir com grupos de amigos com gostos heterogéneos: ali se come sushi, hambúrgueres gourmet, massas, pizzas e coisas que tais, capazes de agradar a toda a gente.
Mas centremo-nos no Abacate, que foi esse o motivo da nossa visita: à chegada, um balcão em L e dois funcionários estão à nossa espera. A ementa está exposta na parede, bem como a hipótese de, por mais 2€, constituirmos um menu a partir de qualquer prato (bruschettas, club sandwichs e saladas), o que dá direito a uma bebida (sumos, cerveja, etc.), a sopa do dia, batata doce frita ou húmus de abacate e café. Também há smoothies e bowls de frutas (sendo que a RV acabou por pedir um para levar, para o lanche, o que é uma opção simpática.)
Analisada a oferta, eu e a RV (a JSS haveria de chegar mais tarde) optámos mesmo pelo menu e escolhemos duas bruschettas: a Quintal (beringela e courgette salteadas com queijo feta e salsa) para ela e a Fortuna (salmão fumado, requeijão, cebola roxa, pimenta, salsa e molho balsâmico de mostarda) para mim. Para beber, ela foi na laranjada e eu na limonada, sendo que a terceira hipótese era sumo de banana e morango – e nenhum tem açúcar. A RV escolheu o húmus de abacate, eu quis a batata doce, e ambas quisemos a sopa.
Depois de feitas as contas (eu paguei os 8,50€ correspondentes ao preço da bruschetta, acrescido do valor do menu), levámos para fora uma tábua com a sopa e as bebidas e sentámo-nos ao sol, iniciando o repasto enquanto procedíamos à fotossíntese. Entretanto, chegou a JSS, que achou que um menu seria “muita comida” e optou por uma salada e uma limonada, sendo que esta, por não fazer parte do menu, vinha mais generosamente servida. A bowl de salada escolhida foi a Padang, que inclui salmão fumado, tomate, rúcula, alface, mozarela fresca, molho balsâmico de mostarda e croutons de alho.
Acabámos por ser servidas mais ou menos ao mesmo tempo (ou seja, os nossos menus demoraram muitíssimo mais do que a salada da JSS) e a primeira impressão foi unânime: não, um menu não é “muita comida”; não faço ideia se as bruschettas, servidas fora dele, são maiores, mas tal qual as comemos são muito pequenas e, comparadas com a salada (que custa mais 1€) são mesmo uma dose muito pequena. Confesso que não me preocupei muito, porque tinha um treino dali a duas horas e até me convinha não comer muito mas, numa situação normal, ficaria com muita fome a breve trecho, mesmo porque também as batatas são em quantidade modesta.
Em termos de qualidade, nada a dizer: tudo o que comemos estava ótimo, as combinações de sabores são bem conseguidas, os ingredientes fresquíssimos e tudo é preparado no momento. Soube-nos bem e, no fundo, é isso que importa – mas aconselho qualquer estômago mais reivindicativo (como o meu, em situações normais) a pedir mais qualquer coisinha, sob pena de estar esganado de fome pouco tempo depois. De todo o modo, porque o calor já ameaça, admito que numa tarde de sol não apeteça mais do que aquilo.
Eu, pelo sim, pelo não, atirei-me a um Brigadeirão na altura do café: por 1€, comi o único elemento de quantidade janota da tarde – e mesmo muito bom, tanto que me atiraria a outro, se não fosse o treino. A alternativa era Panqueca de Banana e Chocolate (3€), o que não me soa a sobremesa, mas a lanche – mas fiquei curiosa, talvez numa passagem por ali, sem muita fome, a experimente.
De resto, tudo bom, com a salvaguarda das quantidades – o que não nos tolheu (de todo) os bons apetites, está bom de ver.
Abacate | Food Corner | Porto
3.8 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
A esplanada, em dias de sol
Os Brigadeirão
A frescura dos ingredientes
Negativos
Relação quantidade/preço
Espaço em dias de chuva ou frio
Resumo
O Abacate fica no Food Corner, no coração da Baixa, e é um estaminé muito simpático, com uma série de opções simultaneamente saudáveis e saborosas.
Permitam-me iniciar com uma declaração de interesses: pese embora eu seja do rock, nunca liguei nenhuma ao conceito Hard Rock Café enquanto estaminé de frequência. Explico-me: acho graça entrar, dar uma voltinha para apreciar as relíquias usadas por gente de quem gosto muito (e de quem nem por isso, por que não?), queixar-me do disparate dos preços praticados e sair com a mesma destreza com que entrei, seja em que cidade for.
Só que depois o Hard Rock abriu (finalmente) no Porto – o que não acho que seja propriamente magnífico para o turismo, como se diz, porque não é isso que distingue a Invicta e atrai os visitantes (vejam lá se o Bourdain vai a estas chafaricas globalizadas ou se prefere ir enfiar-se nos nossos tascos preferidos), mas pronto, abriu. E está num edifício lindíssimo, ali entre a Rua do Almada e a Avenida dos Aliados. E era sábado e a pessoa estava ali a dois passos e a morrer de fome e a pensar onde é que havia de ir picar qualquer coisa – e olhou para o lado e pronto, estava feito.
Entrar no Hard Rock do Porto é particularmente agradável, porque o interior daquilo que anteriormente foi um hotel em nada foi vilipendiado: o contraste entre a decoração e o requinte de outrora dá origem ao casamento perfeito; são três andares amplos, com temas diversos, em que se destaca este ou aquele apontamento referente a um cantor em particular, sem que se perca a noção de que estamos numa construção grandiosa e clássica, com janelas e um pé direito alto.
Há mesas do tipo diner americano, há mesas altas (tipo balcão), há cores e materiais diversos, há azulejos hidráulicos lindíssimos e escadarias bem restauradas, há balcões modernaços e ecrãs planos que passam videoclips e concertos ininterruptamente. E também há uma das maiores valências do Hard Rock portuense, o staff: são simpáticos, apresentam-se pelo nome, dão a conhecer, explicam, têm sentido de humor, bom ar, sugerem, são rápidos e eficazes. Fomos atendidas por uma meia dúzia de pessoas, tudo malta nova, desde o empregado de sala ao chefe de turno, passando por quem nos recebeu e só temos coisas boas a dizer – sendo que o fator humano é um dos critérios que pode fazer-me nunca mais voltar a um estaminé ou regressar com prazer.
Agora o menos bom: os preços. São caros. Tudo no Hard rock é caro. Bem sei que o “caro” é sempre relativo e que estamos a pagar a experiência e a decoração e a proximidade das relíquias e tal. Mas pouco menos de 20€ por um hambúrguer ou uma salada continua a ser uma pipa de massa, sobretudo quando temos coisas de igual qualidade (e superior) na proximidade. Claro que só ali vai quem quer e nós quisemos, pelo que tratámos de minimizar a dor pedindo uma entrada que mataria dois coelhos de uma só cajadada: permitir-nos-ia provar uma carrada de pratos da lista e não ficaria assim tão cara – refiro-me ao Jumbo Combo que, por menos de 19€, nos traz todas as entradas da carta, com exceção dos Classic Nachos.
Pareceu-nos a melhor das hipóteses e pedimos, também, para beber, o belo do fino: uma Heineken e uma Sagres (porque a Super Bock não mora ali – o que será coisa para incomodar muitos, mas eu nunca fui uma fundamentalista cervejeira). Entretanto, nos minutos que tínhamos entre o pedido e o serviço (menos de dez, creio, foi tudo bastante rápido), tratei de ir conhecer e fotografar o espaço – e conheci melhor do que fotografei, como aferirão pelo registo abaixo: o meu telefone estava sem bateria, tive de usar um emprestado e alguns retratos ficaram assaz pobrezinhos, pelo que apelamos para a vossa compreensão.
Servido o pedido, depressa antecipámos que iríamos ficar de barriga cheia: vêm 3 bruschettas (com tomate e queixo curado de cabra), umas sete ou oito rodelas de cebola panadas, três enormes pedaços de peito de frango panado, 3 rolinhos Primavera (muito bem recheados), uma meia dúzia de asas de frango bem picantes e 3 tipos de molhos (mostarda, barbecue e queijo azul). Também há para lá uma amostra de salada, junto aos rolos Primavera, mas é mais para enfeitar do que outra coisa.
Nota importante: tudo estava imaculadamente cozinhado e saboroso, acabadinho de fritar. Ou seja, o género gastronómico não agradará a todos, mas a qualidade é irrepreensível. Também vimos passar enormes hambúrgueres (que se mantêm na vertical porque levam uma faca espetada, o que achei genial), generosos pedaços de entrecosto, batatas fritas apetecíveis – de resto o espaço é enorme e, cerca das 14h, estava cheio. Cheio que nem um ovo, entre turistas (muitos) e locais (diria que pelo menos metade, o que me surpreendeu).
Não poderíamos vir embora sem eu dar a conhecer às minhas papilas gustativas o Cheesecake de Oreo: pousei-lhe o olho mal cheguei e nem os ultrajantes mais de 8€ que custa foram capazes de me demover. Foram minutos de rara felicidade e juro que nem um cêntimo chorei (apesar de continuar a achar um disparate de preço): foi dos melhores cheesecakes que comi em toda a minha vida de enfardadeira e agradará a todos os que, como eu, entendem que um cheesecake tem mesmo de saber a queijo, deixem-se lá de natinhas e semifrios da treta.
No final, uma conta de pouco mais de 16€ por estômago acabou por se revelar bem menos dolorosa do que previamente antecipara: a experiência foi absolutamente positiva, e não apenas no que toca aos (bons) apetites.
Hard Rock Café | Porto
4.3 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
Localização
Espaço
Serviço
Negativos
Preços
Resumo
Finalmente, o Porto tem um Hard Rock Café. A visitar por todos aqueles que apreciem o conceito e que estejam dispostos a abrir os cordões à bolsa pela gastronomia de terras do Tio Sam (muito bem confecionada, por sinal).
Já lera qualquer coisa sobre este novo estaminé, inaugurado no início de dezembro, na Rua da Picaria; adicionalmente, no fim de semana anterior, também à mesa, alguém me relembrou de que ele existia – e vinha a calhar para o jantar de segunda feira, visto que havia teatro no Sá da Bandeira às 21h30 e teríamos cerca de uma hora para comer qualquer coisa e pôr a escrita rapidamente em dia. É que o conceito da Casa das Arepas é justamente o de “fast food venezuelana”: se recorrermos à famigerada Wikipédia, que nestas coisas costuma ser mais ou menos fiável, temos que “a arepa é um prato de massa de pão feito com milho moído ou com farinha de milho pré-cozido nas culinárias populares e tradicionais da Venezuela, Colômbia e Panamá. É um dos pratos tradicionais e emblemáticos da Venezuela e Colômbia”, ou seja, estamos perante um novo espaço que oferece sandochas feitas a partir de arepas.
De resto, e para já (porque já li que a intenção é estender a carta, incluindo entradas e sobremesas), o que há ali é mesmo só isto: arepas. Os recheios variam e, por ora, temos alguns mais tipicamente sul americanos, intercalados com outros, claramente a puxar à portugalidade: imagine-se um que é praticamente uma francesinha, e um outro, arraçado de bacalhau com natas, ou mesmo aquele que é constituído de alheira, ovo estrelado e couve portuguesa.
Evidentemente, ou nem eu seria eu, apetecia-me desmesuradamente o que se assemelha à francesinha, mas a ideia acabou por me soar a parva: quis o Maracaibo, com frango, pimento e maionese de abacate, enquanto que a RP acabou por escolher o Bolívar, com feijão preto, bacon e queijo mozarela – todos os menus vêm com batata frita e “molho do chefe”.
Para beber, optámos pelo belo do fino, apesar de haver especialidades como os mojitos (tradicional e de frutos vermelhos) e a sangria de vinho do Porto – e ambas as opções me pareceriam muito bem, não fora o pouco tempo que tínhamos para a saborear, pelo que ficarão para uma próxima oportunidade. Também escolhemos as arepas grelhadas, já que a alternativa eram serem fritas – e temos gordura suficiente nas nossas vidas para a evitarmos, quando faz sentido que o façamos.
As sandochas não demoraram muito tempo a chegar, sendo que a casa estaria talvez com três quartos dos lugares ocupados e só se encontrava uma pessoa a servir às mesas – a RP fez uma pressãozinha aquando do pedido, dada a nossa limitação de tempo, mas creio que o serviço estava a ser relativamente rápido para toda a gente. E lá vieram, numa espécie de um prato-travessa: as batatas, a sandes e a tal molhaca. As batatas são claramente caseiras, cortada em palitos bem grossos, e bem saborosas; já o molho “do chefe” é apenas um eufemismo para o molho cocktail (maionese e ketchup) do costume, percebemos rapidamente – e, até aqui, nada de avassalador.
Já as sandochas, e ao contrário do que é comum, têm como elemento de interesse o que as reveste e não o recheio: as arepas são feitas de uma massa leve e simpática; mas, infelizmente, se a parte de baixo se apresentou fininha e crocante, a de baixo estava húmida, quase crua – e isso não me incomoda per se, mas gostaria de ver a crocância replicada. Já o recheio é assim uma espécie de meh: não é mau de todo, mas também não surpreendeu nem encantou nem avassalou.
O serviço é competente, sem grandes laivos de originalidade ou simpatia (sobretudo quando se tentou reservar, ao telefone, porque o site da Zomato o aconselhava, a empatia foi mínima – e ficámos a saber que só há marcação de mesa para um mínimo de seis pessoas), o espaço é despojado mas com alguma preocupação estética (as ripas verdes no teto e os apontamentos de vegetação demonstram-no) e, o melhor de todo, o preço é mesmo muito amigo da carteira: pagámos cerca de 6,50€ cada uma, o que não está mesmo nada mal para um jantarinho na Baixa.
Talvez regressemos, quando a ementa tiver outras atrações, mesmo porque o horário (corrido, entre as 12h00 e as 24h00) é muito simpático para quem gosta de comer fora das horas a que os estaminés da Baixa são mais disputados: não ficámos deslumbrados (porque a originalidade – ou a falta dela – acabou por ser dececionante) mas não desistimos dos bons apetites num sítio tão bem localizado e conveniente.
Casa das Arepas | Porto
3.6 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
a localização
o preço
Negativos
a parte de baixo da arepa
o molho “do chefe”
Resumo
Este é um estaminé que traduz o conceito de fast food sul-americana, privilegiando os sabores venezuelanos, mas sem esquecer o piscar de olho à portugalidade, para os mais conservadores.
Nem parece coisa de Carapau: que a visita ao Terra, um dos restaurantes mais aplaudidos da cidade do Porto, tenha tardado tanto, é coisa que não tem explicação, mesmo porque somos fãs confessos dos outros três estaminés da responsabilidade de Vasco Mourão (para quem quiser espreitar, temos apreciações do Casa Vasco, do Portarossa e do Cafeína), um homem, já o dissemos, que faz com elegância e sucesso o que quer que seja que se disponha a fazer. Read more
Passámos o Teatro da Trindade, que tinha um considerável ajuntamento de pessoas giras à porta e, ao desfazer a curva já se encontra o largo de bonitas fachadas, recém-remodelado. De um lado o Café Royal com a sua charmosa iluminação “de Natal” no toldo preto, ao fundo o Chiado cheio de transeuntes e, à nossa direita, La Parisienne. Podíamos, de facto, muito bem estar em Paris. Read more
Não sei se de propósito ou não, mas as minhas incursões com posterior escrita de crítica por mim têm sido marcadas por um clima pouco simpático. Desta vez, a chuva não deu descanso, tornando, inclusivamente, a viagem até ao restaurante numa mini aventura com direito a uma infracçãozinha (ninguém viu, só nós e mais uns 3 ou 4 carros, coisa pouca) provocada pela fraca visibilidade e por um repentino “está ali uma placa do restaurante, vira à direitaaaa!”. O que é certo é que para compensar o mau tempo, a incursão foi um sucesso! E não há chuva que lave o nosso gosto pela comida. Read more
Foi a última incursão do ano de 2012 e, curiosamente, repetiu-se o local (e algumas das pessoas) de há três ou quatro anos: o Le Chien Qui Fume, na Rua do Almada, é dos poucos estaminés bem localizados e com preço simpático, aberto da noite de passagem de ano, pelo menos para quem só faz a reserva com uma semana de antecedência, como foi o nosso caso. Ainda assim, lá nos esperava uma mesa para seis (para além desta vossa criada, os estreantes TJ e SA e os repetentes PF, HA e MJ), desta feita logo à entrada e separados da porta unicamente por um biombo, que sempre nos protegia do frio e, simultaneamente, do calor imenso que emanava de uma salamandra, perfeitamente dispensável naquela que foi a passagem de ano (e Natal, já agora) mais quente de que me lembro, dos últimos anos. Read more