O Bao (vamos chamar-lhe assim, que já somos íntimos) é absoluta novidade na cidade, tanto quanto sei (e eu não sei assim grande coisa, pelo que o melhor é não irem por mim): trata-se de um estaminé pequenote, de dois pisos, já na zona automóvel da Rua de Cedofeita, mesmo no cruzamento com a Rua do Breiner, que vende comida taiwanesa. À chegada, percebe-se imediatamente que o conceito é o do fast food, pelo tipo de mobiliário escolhido e dimensões do espaço: a ideia é comer e andar ou, em alternativa, encomendar e levar (porque há take away). Não sei se por ser novidade, parece que a coisa tem estado cheia mas, ainda assim, tivemos a sorte de arranjar uma mesa no piso da cave, coisa despojada (que não minimalista: apenas fria) e de acústica bera (a música está alta, as pessoa berram e fica uma confusão, com a casa cheia), que também comporta a casa de banho.
O serviço e a cozinha (conhecemos o Chef, a dada altura) são assegurados por malta nova e apaixonada, ainda que nem todos os funcionários se pautem pelo mesmo nível de simpatia e competência: há muito bom e assim-assim, o que me parece característica a rever. De todo o modo, fomos sentadas quase imediatamente e não passaram muitos minutos até que nos trouxessem a ementa, que é curta (o que, na minha opinião, nunca é necessariamente mau): seis tipos de Bao’s (a sandocha taiwanesa, servida num pão de massa branca e muito fofa, quase elástica), de que nos disseram que devíamos escolher dois por pessoa, dois tipos de Bowls de Arroz e três tipos de Acompanhamentos. Para beber, o costume e duas ofertas taiwanesas: uma sidra de maçã e dois chás frios – a este respeito, curiosamente, foi muito sublinhada a origem (estrangeira e original) dos ingredientes, o que nos pareceu pouco assisado: estamos em Portugal e o consumo de produtos importados não é propriamente o melhor dos cartões de visita (embora não esteja a incentivar ou sugerir a ocultação dos factos, achei curiosa a salvaguarda).
Contrariamente à indicação especializada, resolvemos pedir apenas um Bao por pessoa, mais um acompanhamento e uma bebida – se fosse ao jantar, outro galo cantaria, mas era hora de almoço e não queríamos encher-nos à maluca. Nesta fase, o serviço foi assaz demorado, o que nos pareceu desadequado para quem tem uma hora de almoço com minutos contados; felizmente, não era o nosso caso, mas poderia ser.
Chegada a comida, confirmámos a informação: os Baos são de facto muito pequenos mas o Crab Bao (tempura de caranguejo de casca mole, maionese de wasabi, daikon, chalotas e coentros), escolhido por mim e pela JSS, estava gostoso, ainda que não lhe tenha sentido todos os sabores anunciados na carta. A RV preferiu o Gua Bao (barriga de porco, pickle caseiro, coentros e amendoim red sugar), que achou bom mas excessivamente salgado, a ponto de lhe ser difícil conhecer o sabor dos ingredientes; segundo ela, consegue-se comer porque o pão, que tem pouco sabor, acaba por equilibrar o resto. Eu não morri de amores pela minha Salada Formosa, que escolhi como acompanhamento: tinha couve chinesa, couve roxa, cenoura, manjericão, hortelã, amendoim red sugar e molho de sésamo, mas acho que o amendoim acaba por abafar a maioria dos outros sabores – também considero o preço (3€) excessivo. De resto, os acompanhamentos têm todos valores inflacionados, ainda que eu tenha gostado muito das Mandioca Cajun chips que elas escolheram: são estaladiças e saborosas, pejadinhas de pimenta e colorau (o que, segundo a JSS, maculará os estômagos mais sensíveis).
Na altura da sobremesa, que a RV dispensou, eu e a JSS nem hesitámos: ainda antes de pedirmos os salgados, já o olho nos ficara preso na Chocolate Salted Caramel Tart, que foi, sem concorrência à altura, a estrela desta incursão, para mim – coisa divina, que me fará voltar só para a degustar mais uma vez.
No fim, com os cafés, a brincadeira ficou-me por quase 17€, o que acho excessivo para o que comi e onde comi – não desaconselho a experiência, mas parece-me demasiado caro para o que é oferecido, sendo que eu nem sequer comi os dois Baos que me foram aconselhados. Compreendo que os mini-pães venham do Taiwan e tenham de cozer ao vapor, durante 10 minutos, antes de serem recheados (o que, naturalmente, encarece o produto final) mas, ainda assim, parece-me desajustado, para o que se saboreia.
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