Desenganem-se aqueles que esperavam um artigo sobre um qualquer repasto na capital italiana. O Roma de que falo fica ali na Rua de Santo Ildefonso (no troço entre o Largo do Padrão e os Poveiros), mesmo no centro da Invicta, pertíssimo do Coliseu e, naturalmente, a um passo do resto da baixa.

Desta feita, tratou-se de uma incursão de Carapau(a) solitária (quero dizer, sem o restante cardume) mas muitíssimo bem acompanhada, que há coisas que nunca variam, mesmo na vida de um peixe. Para mim, foi uma novidade; para quem lá voltou, um retorno, o que só sucede quando a primeira visita não desanima.

A sala é ampla e acolherá entre 50 a 60 comensais. Naquela noite de sexta-feira, algumas mesas eram ocupadas por idosos habitués (certamente vizinhos da casa, uma vez que a CC lembrava-se de uma mesma senhora, numa mesma mesa, há 15 dias atrás) e outras duas por grupos pequenos (6-8 pessoas) de gente nova a começar o serão. Não tivemos dificuldades em arranjar lugar e, mal nos sentámos foram-nos servidas umas azeitonas muitíssimo bem temperadas, embora muito verdes (daquelas que, no dizer da minha avó “põem a boca grossa”, tal como os diospiros pouco maduros), broa de Avintes muito saborosa e pão de água fresquíssimo.

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Infelizmente, não havia a picanha, de boa memória para quem me apresentou o estaminé, bem como dois outros pratos (do dia) de carne e de peixe, pelo que a nossa escolha acabou por recair no entrecosto de vitela grelhado, cujo acompanhamento tinha um twist: batata grelhada (que aparecia na ementa a ser servida igualmente com a alheira). Gosto de novidades e, após ter-me certificado, junto de um dos empregados, da sua confecção (disse-me ser grelhada tal como a carne, na chapa, o que me causou alguma perplexidade, uma vez que estava à espera de uma cozedura prévia ou similar), pedi-a.

Confesso que não fiquei, de todo fã: mesmo não sendo previamente cozida, não sabia a outra coisa, a batatufa, ainda que com nítidas marcas da grelha e barrada com um misto de manteiga e ervas. Valeu-me a prudência da companhia, a quem rapinei uma boa dose das batatas fritas, caseiras e estaladiças, estas sim, recomendáveis. Já o entrecosto era tenro, saboroso e estava no ponto: mal passado mas sem resquícios de sangue (o que eu não desdenharia, já que aprecio carne de bovino quase crua, se de boa qualidade).

O vinho escolhido (que, lamentavelmente, escapou à avidez da lente do telefone-maravilha) foi o verde branco especial da casa, na ausência do Muralhas inicialmente pedido, e de outros dois, que a minha mente, nada especializada nas marcas dos líquidos etílicos provindos da uva, não me permite recordar. Estava fresco e era muito agradável; tanto, que repetimos, na condição de bebermos apenas o que nos apetecesse, uma vez que não possuem meias garrafas, e a promessa de nos ser cobrado apenas metade do valor.
Das sobremesas, não reza esta história. Foi-nos apresentada a tradicional carta de gelados de marca, com uma diminuta lista de doces caseiros, dos quais o da casa (que invejara à mesa mais próxima) já voara. Consultado o dono, fiquei com a ideia de que nunca sobram grandes doces para a noite, já que todos são feitas, ali mesmo, de manhã, a contar sobretudo com os almoços, principal mercado e hora de ponta da casa. Escolhi as sempiternas (e aborrecidas) natas do céu que, não sendo de todo deslumbrantes, sempre cumpriram a sua obrigação maior: contornar o meu vício de açúcar sem, no entanto, deixar marca.

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Assinalo ainda a simpatia da gerência que, vendo-nos pegadas à conversa, lá nos deixou permanecer na sala, já vazia, a terminar a segunda garrafa, de que acabámos por deixar coisa nenhuma, bem como os inusitados elementos decorativos (será que os senhores sabem que a Torre de Pisa fica mesmo em Pisa?):

O Roma é daqueles restaurantes  a que eu chamo de estudante, por me fazerem lembrar os estabelecimentos que, em Coimbra, procurávamos quando queríamos fugir das cantinas universitárias, sem causar grande mossa aos orçamentos mensais, norteados por magras (eram mesmo!) mesadas de estudantes deslocados, que contávamos até ao último (na altura) centavo. Ou para quem, como eu, nunca perdeu a alma de estudante e adora descobrir belas tascas, onde os adjectivos bom e o barato não precisam sequer de itálico.

Restaurante Roma

Morada: Rua de Santo Ildefonso 273, Porto
Telefone: 225 361 489
Horário: Seg a Sáb – das 11h30 às 22h30
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