Restaurante Palmeira Olivais | Carapaus de Comida
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Estão a ver aqueles restaurantes de bairro (sendo que “bairro” não é o mesmo que “bairro social” mas sim e apenas um aglomerado residencial – está bem, ó conterrâneos portuenses?), que ninguém conhece a não ser os habitantes locais, e onde não é raro encontrar o Manel em camisola interior de cavas e a Maria de bata ou avental e chanatos de andar por casa?

Pois muito bem, o Palmeira, ali nos Olivais, mesmo ao lado de uma igreja de que desconheço o nome (não me levem a mal, sempre que lá vou é à noite e carregadinha de fome), é isso mesmo.

Nas salas interiores e esplanada (onde ficamos sempre que podemos, debaixo da árvore que dá o nome ao estaminé), encontramos 50% de locais e a mesma percentagem de gente que, como nós, descobriu aquilo nem sabe bem como e volta e meia vai lá parar, porque o que se come é bom e barato (ao menos pelos cânones da capital).

Naquele sábado à noite éramos só dois (eu e o PA) e estávamos sem saber onde havíamos de ir matar a fome, que era já alguma: o almoço havia sido tardio mas as voltas depois dele (que basicamente consistiram em jiboiar em esplanadas com vista soberba) haviam-nos aberto os apetites, que são sempre muitos.

Fui eu quem se lembrou do Palmeira, onde havíamos estado há dois ou três Verões atrás.

O gostinho do piano ficara-me na memória – e aqui cumpre-nos abrir um parêntesis para esclarecer o conceito, que não se usa a Norte: piano é uma forma de corte do entrecosto de porco, que é servido numa peça grande, de ossos fininhos e com menos carne do que o tradicional entrecosto/costelinhas, sendo que este/estas normalmente são servidos partidos, o que não acontece com o petisco a Sul.

Quando lá chegámos, o ambiente era o de sempre: pessoas conhecidas falavam de mesa para mesa, os visitantes esporádicos (como o PA) são reconhecidos e cumprimentados e a simpatia ainda sobra para quem chega de novo.

Ali, há um pouco de tudo quanto é tradicional (caracóis também, abençoados), sendo que as carnes e peixes mostram o que valem, numa vitrina logo à entrada.

As mesas, algumas corridas, são cobertas com toalhas de papel e tudo é servido em travessas de alumínio – assim mesmo, como nas tascas de bairro de que a malta gosta.

Percebemos que tivéramos sorte: no dia seguinte (domingo, dia 2), a família que gere e trabalha no Palmeira iria de férias por um mês (e fechar a chafarica em Agosto é bem esclarecedor do tipo de restaurante de que falamos) mas, naquele dia, tinha ainda muito para bulir, porque a casa estava cheia (tanto que até a filha mais nova, jogadora de futebol de sucesso, ali estava a servir às mesas).

A primeira decepção estava para vir: não havia piano.

E nós, que somos meninos de soluções rápidas, tivemos ali uns segundos absolutamente siderados – é que nem dava para voltar no dia seguinte, raios partissem o azar (e o não termos ido mais cedo).

Percorremos o olhar pela ementa, meio perdidos, até que a solução veio da filha mais nova: e por que não atacávamos o entrecosto?

Que sim, dissemos: a coisa prometia chegar para duas pessoas e, no fim de contas, não seria assim tão diferente.

Também não havia o vinho branco da casa à pressão (numa tasca, sê tasqueiro – é o nosso lema), mas havia uma garrafa de Vilarinho, que é mais caro mas soube lindamente e marchou todo.

Lá veio o entrecosto e o branco fresco – e se este soube bem do início ao fim, a carne, servida com arroz e batatas fritas, mais uma salada mista, que pedi à parte, estava muito saborosa e acabada de grelhar, mas era manifestamente pouca.

Na verdade, tanto eu como o PA, alarvezinhos como somos, teríamos comido, sozinhos, o que nos foi apresentado como servindo duas pessoas – e isso só nos surpreendeu porque a dose do piano é sempre bastante.

Claro que poderíamos ter mandado vir mais, mas eu até aproveitei a deixa para comer apenas moderadamente, a ver se adormecia cedo (o que é completamente estranho para mim) e aproveitava o dia seguinte desde a manhã.

O arroz e as batatas, por sua vez, eram mais do que suficientes, para além de que as batatas são das pré-fritas, o que não nos enche as medidas (mas a carne normalmente é tão boa e tanta que isso nem nos incomoda).

Vinguei-me na sobremesa, que o PA dispensou (mas provou da minha), e devo dizer que o doce da casa surpreendeu-nos muitíssimo: a coisa foi-nos apresentada como sendo musse de chocolate com natas e bolachas e eu estava à espera de coisa desinteressante e em camadas.

Qual não foi o meu espanto quando provei uma das melhores musses que me lembro de ter comido, boa para quem gosta delas amanteigadas e dulcíssimas, só enfeitada com chantili e bocados de bolacha grosseiramente partidos – um deleite.

Ou seja: temos sempre tantos olhos como barriga (porque a nossa é generosa, ao menos do lado de dentro), mas o que comemos acabou por nos matar a fome sem excessos e proporcionar bons apetites, em troca de 13,50€ por estômago.

Coisa boa, no fim de contas, pelo que voltaremos certamente aos Olivais, assim haja fome e tempo bom.

Contactos Para Reservas

Morada: Praça Viscondessa Olivais 25, Olivais, Lisboa
Telefone: 218 515 681
Horário: Seg a Sáb – 08:00 às 24h
Aceitam reservas? Sim

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One Comment

  1. Uiiii Que saudades eu tenho de um belo pianinho! Nos Olivais, e arredores há alguns tesourinhos bem escondidos. Este acho que nunca visitei, mas há piano e isso já me abriu o apetite! E o que eu gosto de uma boa mousse de chocolate. 👍👍

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