A Casa do Evaristo | Porto | Carapaus de Comida

A Casa do Evaristo é sítio onde planeio ir desde que o estaminé abriu, talvez há um par de anos, e apesar de algumas apreciações menos simpáticas que me chegaram, via pessoas que me são próximas. Mas acho graça ao conceito e, salvo raras e justificadas exceções (nomeadamente, quando a experiência alheia é catastrófica), gosto de decidir por mim, pelo que, quando se tratou de ir almoçar com a ES, que também gosta de petiscos como eu, achei por mim sugerir esta chafarica, de que ela nunca tinha ouvido falar e que eu não conhecia em nome próprio.

Chegámos, sem marcação, ao 535 da Rua Fernandes Tomás, por volta das 13h, e talvez metade do espaço estava já tomado por outros convivas, a maioria com o ar de quem estava a fazer a sua pausa de almoço e sem grande tempo para grandes confraternizações. Já nós, estávamos mais folgadas, pelo que nem nos importámos pelos longos minutos que tivemos de aguardar antes que um dos funcionários (na altura, o único que se avistava) nos indicasse lugar para sentar – aproveitámos para apreciar os muitos elementos decorativos que nos remetem para o nosso tempo de miúdas, em casa dos avós ou nos cafés da época.

De resto, e para os mais distraídos, o nome do restaurante remete para a época áurea do cinema português, e há várias fotografias de António Silva, Vasco Santana & Companhia a enfeitar uma das paredes, bem como um candeeiro que replica aquele com que a personagem de Vasco Santana dialoga, em O Pátio das Cantigas. Também os móveis, louceiros, mobiliário, doçaria e outros objetos característicos ajudam à festa, fazendo da Casa do Evaristo um sítio acolhedor, de bom gosto, onde é um prazer estar: nem sequer a música ambiente falha, e encanta.

Uma vez sentadas numa das mesas para duas pessoas que compõem o pequeno espaço (que, ainda assim, é menino para albergar uma trintena de pessoas), e que se juntam de acordo com as necessidades, o mesmo funcionário veio dar-nos conta dos pratos do dia, também constantes de um quadro de lousa, pendurado na parede do fundo (al lado das janelas que dariam para o pátio, se abertas): havia Sopa de Brócolos, Alheira com Grelos e Batata a Murro, Carapau Grelhado com Batata a Murro e Molho Verde, Filetes de Pescada com Arroz à Evaristo e Salada de Atum e Caril. Agradecemos a apresentação, mas perguntámos pelos petiscos, que eram o que ali nos levara, estranhando inclusivamente que não nos dessem conta da sua existência, mas justificando-o pela provável afluência de profissionais da zona que, àquela hora, alinham mais no prato do dia.

Lá vem uma pequena ementa, com sandes, pratos rápidos (incluindo francesinha) e os petiscos costumeiros, sem grande novidade. Destes, escolhemos as Azeitonas com Alho, duas Pataniscas, Polvo com Molho Verde e Alheira – sendo que, nesta altura, o funcionário nos aconselhou a optar pelo prato do dia, já que trazia o mesmo enchido, mas com acompanhamento, sendo 50 cêntimos mais barato (e nós apreciámos a honestidade). Pedimos igualmente dois finos Heineken, que é a cerveja disponível, e fomos atacando o pão.

E foi a partir daqui que a experiência descambou, numa série de sentimentos irregulares. É que as azeitonas, por exemplo, estavam uma especialidade: eram de três tipos (verde, preta e galega) e estavam muitíssimo bem temperadas e saborosas. Já o pão, num primeiro cesto, ainda agradou, porque trazia uma broa simpática (que não excelente) mas umas fatias de pão velho, meio torrado e barrado com algo que nem manteiga parecia. Ao segundo cesto, a broa desaparecera e restava a mediocridade de um pão de que nem metade comemos.

O resto também não encantou, exceção feita para a alheira, que não era má, assim como os grelos; já a batata, carecia do murro e não era do mais saboroso. Mas muito piores estavam as pataniscas: duras, feitas há demasiado tempo, massudas e com pouco peixe, pareciam uma piada de mau gosto. O polvo não correu melhor: desde logo, porque o molho verde era um eufemismo para uma mistura de salsa e cebola, onde faltavam o azeite (e o vinagre); depois, porque o bicho estava muito duro – e, mais uma vez, não parecia prato feito recentemente.

Os finos não estavam maus, o serviço não era do mais desembaraçado que já vi, mas era simpático (ao menos, o do funcionário com que mais lidámos) – mas isto não chegou sequer para que nos dispuséssemos a experimentar uma sobremesa, mesmo porque a oferta era, mais uma vez, fraquíssima (só uma tarte de maracujá me tentou, mas só antes de olhar para ela e desistir, porque sabia que não me deslumbraria).

Lá vieram os cafés e o pedido de conta que, infelizmente, se realizou ao balcão e sem fatura ou oferta de recibo, o que me parece sempre desajustado, nos dias que correm. Vá que o preço não foi disparatado: 10,40€ não é coisa má mas, se pensarmos bem, é sempre descabido quando uma refeição não nos traz bons apetites.

A Casa do Evaristo | Porto
3.1 / 5 Carapaus
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Positivos
  • Espaço
  • A Alheira
  • Negativos
  • Pataniscas
  • Salada de Polvo
  • Pão
  • Resumo
    A Casa do Evaristo é um espaço giro e bem localizado, todo ele alusivo à época áurea do cinema nacional, que serve pratos do dia com um preço simpático. Infelizmente, a qualidade deixa a desejar.
    Serviço3.5
    Comida2
    Preço/Qualidade3
    Espaço4
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    Casa do Evaristo | Porto

    Morada: Rua de Fernandes Tomás, 535
    Localidade: Porto

    Telefone: 222 011 398
    Horário: Seg a Sex – 08:00 às 19:00 | Sáb – 08:00 às 23:00 | Dom – 09:00 às 17:00
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