Começo por dizer-vos que quando forem ao Restaurante A Grelha, em Guetim (irão com certeza), levem roupa que não se importem de sujar e bem almofadada: dali, sai-se a rebolar, prometo…
Eis mais um estaminé que estava na lista dos “a visitar com urgência” praticamente desde que abriu, pois que não oiço senão dizer muito bem: o Terminal 4450, sito ali mesmo, no antigo terminal de passageiros do Porto de Leixões, do lado de Leça da Palmeira (onde, uma vez por outra, ainda é possível ver um navio “descarregar” passageiros), não só se encontra numa localização privilegiada como tem uma luz espetacular, daquelas que tornam tudo mais simpático.
À Chegada
Depois de estacionar o carro nas redondezas, o que se revela tarefa mais simples do que à primeira vista se pensa (baste enveredar pelas ruelas do outro lado da Avenida Antunes Guimarães), a entrada no Terminal 4450 é a primeira experiência engraçada: sobe-se de elevador (ou pelas escadas, para quem gosta de se massacrar para além do ginásio) e, depois, caminha-se por um corredor que faz lembrar as mangas que conduzem aos aviões, com vista para o rio.
A Entrada
Uma vez chegados ao Terminal, toda a grandiosidade (que se mantém na zona da receção e casas de banho, toda amadeirada e com elementos decorativos de um bom gosto despojado) torna-se aconchegante, apesar do pé direito alto: um grande balcão de madeira rústica, onde se servem os cocktails que fazem do Terminal 4450 também um bar, convive com bancos altos e uns sofás, para quem espera e gosta de ir bebericando; uma mesa de mistura anuncia noites musicais, em harmonia com as traves de madeira que remetem inevitavelmente para as construções náuticas.
A Sala do Terminal 4450
A sala principal não é enorme e estava cheia que nem um ovo, o que parecia trágico para quem até tinha feito uma reserva, uma semana antes. Fomos convidadas por um dos funcionários (delicadíssimo e profissional, como todos os que passaram pela nossa mesa) a ficar numa sala mais pequena – e se o convite parecia indiciar uma experiência menor, pelo cuidado com que foi feito, veio a revelar-se uma coisa muito boa: a sala “ao lado” tem exatamente a mesma vista privilegiada, mas é bastante mais tranquila, o que é ótimo para quem, como eu, detesta ter de (e ouvir) falar alto às refeições.
O Menu e as Entradas
Uma vez instaladas, e ainda antes de nos ser trazida a ementa, foi-nos apresentado o menu do dia, uma pechincha que, por 8,50€, nos serve o couvert, sopa, o prato do dia e uma bebida. Aceitámos imediatamente: bem sei que a especialidade da casa são as carnes puras (e não tardarei a voltar para um bife dos muito bons), mas é impossível não aceitar um negócio destes. Assim, começámos por trincar o pão (entre broa com chouriço e pão de mistura) com a manteiga de linguiça (coisa mesmo muito boa) e umas pipocas salgadas com orégãos que fizeram as nossas delícias. Passados uns minutos, veio um creme de brócolos irrepreensível (e eu nem sequer sou grande fã de sopa, a não ser daquelas que são para lá de boas, como esta).
O Prato Principal
O prato principal era Secretos de Porco Preto com Castanhas e Cogumelos, servidos com Arroz de Frutos Secos (num balde de alumínio) e devo dizer que a coisa estava uma especialidade, de tão boa. As quantidades servidas são sensatas e mais do que suficientes mesmo para gente de (bastante) alimento, como eu.
As Sobremesas
Inevitavelmente, não pudemos sair sem fazer uma incursão pela oferta de sobremesas, que parece ser outra das grandes forças do Terminal 4450, a aferir pela quantidade de sugestões que tive, mal artilhei uma fotografia do sítio onde estava, no meu Instagram: da Bola de Berlim (que passei por ser recheada com o tradicional creme de pasteleiro, que dispenso) ao Petit Gateau de abóbora com Gelado de Queijo da Serra, os conselhos eram muitos, mas acabei por seguir o meu instinto, que é muito chocolateiro, e decidi-me pelo Decadente de Chocolate, uma deliciosa fatia de bolo de chocolate em três texturas, que rivaliza com o que de melhor já comi, dentro do género. Para a mesa vieram ainda uma Mousse de Chocolate (o doce daquele dia) e uma Tarte de Limão Merengada que, apesar de gostosa e belíssima, só dececionou (em parte) porque o “merengue” era, na verdade, pedaços de suspiros (e a ideia não seria exatamente essa).
Café e a Conta
Finalmente, os cafés e a conta: uma refeição deste calibre, com vinho e sobremesas, ficou por um pouco menos de 18€ por estômago, o que me parece muitíssimo razoável e justo. Claro que, porque não satisfiz toda a minha curiosidade, pretendo voltar em breve, para os bifes e mais sobremesas, de preferência ao jantar – isto porque a busca por bons apetites jamais cessa, por aqui.
Os Contactos
Morada: Avenida Doutor Antunes Guimarães, Terminal dos Passageiros
Localidade: Leça da Palmeira
Telefone: 919 851 933
Horário: Dom a Qui – 12:30 às 15:00 e 19:30 às 23:00 | Sex e Sáb – 12:30 às 15:00 e 19:30 às 02:00
Aceitam reservas? Sim
Terminal 4450, Leça da Palmeira
4.8 / 5 Carapaus
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Positivos
o serviço, a ementa, o menu de almoço, as sobremesas
Negativos
o estacionamento pode não ser fácil
Resumo
No antigo terminal de Passageiros do Porto de Leixões, ergue-se o Terminal 4450, onde a carne é rainha (mas há opções vegetarianas), a vista e a luz são magníficas e as sobremesas são uma tentação.
Serviço5
Comida4.5
Preço/Qualidade4.5
Espaço5
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O Terminal 4450 no Zomato
Nesta altura do ano, as refeições de Natal multiplicam-se – e não falo necessariamente de grandes grupos ou de jantares lá do sítio onde se trabalha, mas tão só aquela coisa de termos de nos encontrar com amigos para trocar presentes de Natal e optarmos por fazê-lo à mesa, enquanto se degustam novos ou velhos sabores, que é sempre a melhor forma de se fazer a maioria das coisas.
Eu e a ES fomos ao Pisca num dia de sol do quentinho: o rio estava lindo e nada mais apetecia do que tratarmos da fome num espaço com vista para a água – e porque o prevíamos, tratámos de escolher o Pisca, que o AG me recomendara há séculos e que trazia na minha infinita lista dos “a visitar” desde então (não há probabilidade alguma de um dia acabar com a dita lista, dada a miríade de novos e convidativos espaços que abrem por aí). Obviamente, fizemos a reserva com alguns dias de antecedência – prática que aconselhamos por regra, mas reforçamos em épocas festivas.
Esperava-nos uma mesa com vista para o Douro (conforme nos fora prometido ao telefone, aquando da reserva), no primeiro andar, que preferimos à esplanada – não porque esta não pareça convidativa, mas porque, no Inverno, não gosto de arriscar, mesmo com sol. Ao redor, grupos maiores ou mais pequenos antecipavam o dia de Natal, entre trocas de presentes e comemorações, quem sabe anuais, em que se festeja a vida e a amizade – e tudo aquilo para que o Natal serve como (bom) pretexto.
Uma vez instaladas, foi-nos trazido o couvert, constituído por pão de água fofo e uma mistura de bom azeite com belíssimo molho pesto – combinação simples mas sempre vencedora, se os ingredientes forem de boa qualidade, como eram. Depois tratámos de escolher o vinho (Evel branco, fresquinho e mantido em balde de gelo – coisa sempre segura) e os petiscos que nos aprouve, como se segue.
Abrimos hostilidades com uma Tábua de Queijos, acompanhada por tostinhas caseiras e doce de abóbora, que nos soube pela vida, já que, ambas queijeiras assumidas, apreciamos todos os tipos que se nos ofereceram, a saber: gorgonzola, queijo da Ilha e queijo de ovelha amanteigado. Logo de seguida, degustámos um Pisto, que consiste numa espécie de refogado de ovo, tomate e pimento, novamente com queijo, que é coisa que nunca enjoa, e acompanhado pelas mesmas tostas caseiras. Em terceiro lugar, uns Ovos Rotos, combinação sempre ganhadora. Finalmente, uma Tempura de Gambas e Cebola (em tamanho mini), que só me desgostou porque os pedaços de gambas eram pouquíssimos e os de cebola de qualidade menos que mediana.
Não querendo terminar nesta nota menos positiva, atirámo-nos à sobremesa, sendo que desprezámos as da carta (não porque nos pareceram más, ressalve-se) e aceitámos a sugestão das do dia, que pareciam ótimas, mas não nos encantaram. Por um lado, uma Tarte de Chocolate Crocante, de pouca crocância e pouco sabor e, por outro, um Crumble de Banana, a priori arriscado, porque eu não sou grande apreciadora do fruto – e que se revelou entre o enjoativo e o sensaborão ( o que parece contraditório mas garanto que não).
Ainda assim, o cômputo geral foi muito positivo e o Pisca caiu-me no goto, ficando registado para as muitas vezes em que me apetece comer qualquer coisa para aqueles lados. Depois do café, a coisa ficou em cerca de 25€ por estômago, o que me parece muito razoável, tendo em conta os bons apetites e a vista (que também se paga).
Pisca Restaurante | Porto
4.6 / 5 Carapaus
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PositivosA vista para o Douro O conceito
NegativosAs sobremesas
Resumo
Na Foz do Douro e com vista privilegiada para o rio, o Pisca é sítio elegante e convidativo para quem gosta de bons petiscos, num espaço atraente, com bom serviço.
Serviço4.5
Comida4.5
Preço/Qualidade4.5
Espaço5
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Assumo: o primeiro impacto com a Casa Serrão não foi, de todo, feliz: marcáramos lá um jantar de família, a um sábado à noite, para as 21h; infelizmente, porque estacionar na zona da “rua dos restaurantes” de Matosinhos (como eu lhe chamo) pode ser um perfeito pesadelo, eram já quase 21h15 quando chegámos ao restaurante e, depois de darmos o nome no sentido de nos indicarem mesa, esperámos mais uns 5 minutos, para que soubessem do que falávamos – após o que viemos a saber que haviam sentado cinco pessoas na mesa redonda para seis que reserváramos.
E não tenhamos ilusões, um estaminé como o Serrão, daqueles com esplanada a levar com a fumarada do grelhador de rua, não tem tempo para reclamações ou manifestações de indignação, apelando ao bom senso: ali alimenta-se muita gente por dia e as técnicas de marketing não são uma prioridade. Trata-se de duas salas bem grandes, mais um terraço no primeiro andar e a esplanada cá fora, capazes de albergar muitas dezenas de comensais. Os funcionários são daqueles que aprenderam praticando e o serviço despachado é a marca da casa. Ainda assim, há falhas de comunicação, esperas incompreensíveis e algumas lacunas no que toca à gestão – mas nem por isso o Serrão deixa de estar à pinha, ao contrário de outros estaminés na mesma rua.
A fome era muita, a paciência face à absoluta desorganização estava a chegar ao limite e valeu-nos a simpatia da proprietária, que se dispôs a sentar-nos aqui ou acolá – e nunca aceitámos, por serem mesas para 4 que ela queria transformar em para 6 (mais uma criança). Mas era missão quase impossível, em meados de agosto e àquela hora, arranjar outro restaurante que servisse com peixe grelhado, sem marcação. Por isso, esperámos, e deviam ser umas 22h30 quando nos sentámos, já com os pedidos preparadíssimos (tivemos mais do que tempo para estudar a ementa, como se imagina).
Felizmente, a partir do momento em que nos sentámos, tudo correu maravilhosamente. O funcionário que nos calhou em sorte era competente e educado, soube lidar com alguma desinformação chegada da cozinha (houve pelo menos quatro pratos que quisemos e que só soubemos uns dez minutos depois que não os havia: polvo na brasa, lombinhos de pescada, petinga e peixe espada) e, mais importante do que tudo, optou por alimentar-nos, mesmo sem pedirmos: veio uma ótima broa de milho com centeio, salada mista, salada de ovas, umas das melhores pataniscas que já comi e salada de polvo – e só se ouviram suspiros e elogios, sobretudo por parte dos familiares estrangeiros, que nunca haviam provado algumas das iguarias.
Como pratos principais, optámos por pedir cinco (éramos seis e uma mini de quase 2 anos), para dividir – mais uma vez a conselho do funcionário e mesmo sabendo que 3 de nós são reconhecidas enfardadeiras – e a verdade é que não só chegou como foi penoso não deixar nada por comer. Vieram os Jaquinzinhos com Arroz Malandro, o arroz de Marisco (1/2 dose), as Lulas, uma Dourada e um robalo grelhados, tudo acompanhado de batatas a murro (deliciosas). Estava tudo absolutamente delicioso, não houve sequer um de nós que ficasse desagradado com o que quer que fosse. Acompanhámos tudo com vinho da casa à pressão, em honra dos nossos convidados, que adoram a beberagem (e eu, devo confessar, também).
Mas não ficámos por aqui, porque as sobremesas esperavam por nós: veio um Leite-creme acabadinho de sair do tacho, bem queimado, um Folhado à Braga (com creme de ovos) fresquíssimo, uma Tarte de Amêndoa tão boa como a que a minha mãe fazia em tempos, e um Bolo Brigadeiro, que foi o que menos elogios obteve, por ser assim mais para o seco e banal.
No final, cafés e a conta, que se saldou em cerca de 22€ por estômago, o que me parece valor muito satisfatório, para a qualidade do que nos foi dado a provar. Não me vou esquecer da espera nem da desorganização, também não adorei o espaço, mas tenho de dar a mão à palmatória: na Casa Serrão, os bons apetites são uma certeza.
Casa Serrão | Matosinhos
4.5 / 5 Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5 Cardume (0 votos)
Positivos
O peixe grelhado, As pataniscas, O leite-creme, As entradas
Negativos
A espera inicial, Alguma desorganização
Resumo
Especialista em peixes grelhados, a Casa Serrão é estaminé de renome em Matosinhos, capaz de servir pratos simples mas muitíssimo bem confecionados, a saber a mar.
Serviço4.5
Comida5
Preço/Qualidade5
Espaço3.5
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Evidentemente, não foi a minha primeira ida ao Tripeiro, sito em Passos Manuel (escrevemos sobre a experiência há pouco mais de dois anos), mas foi a primeira incursão no novo Tripeiro, que mudou de mãos e está de cara lavada – e é uma satisfação verificar que não se deixou morrer um dos restaurantes mais tradicionais e clássicos do Porto, que sempre serviu comida tradicional, mas estava, de facto a precisar urgentemente de renovação, sobretudo no que toca ao espaço, mas também, admito, no modo como se apresenta às novas gerações de locais e de turistas, que serão a clientela do presente e do futuro.
E foi há pouco tempo, no início do Verão, que um punhado de gente que já dava cartas na (boa) restauração da Invicta (falamos dos responsáveis pelo LSD, Cantina 32 ou Puro 4050) agarrou no Tripeiro e o tornou mais apelativo, até do lado de fora: lembro-me de ter vontade de lá ir quando passei à porta, no dia da reabertura, e tudo me pareceu moderníssimo e sofisticado, pese embora se tenha mantido o letreiro original, que constitui já um toque vintage.
Recentemente, num dos nossos almoços mais ou menos mensais, eu, a JSS e a RV optámos por marcar mesa para lá e foi com muito agrado que apreciámos a elegância do novo espaço, que manteve muito do que anteriormente existia, mas com um toque contemporâneo (mas rústico) e, sobretudo, muito mais acolhedor e confortável: ficámos numa mesa que incluía um “sofá” de madeira com almofadas. A luz, que a JSS achou excessivamente baixa, agradou-me também – num dia de sol e calor, soube-me muito bem.
O couvert é constituído por um cestinho de pão (broa de Avintes, pão rústico e regueifa) e uma taça com manteiga, que creio só eu ter degustado (não resisto a manteiga, há que admiti-lo). Não pedimos entradas, porque nenhuma de nós gosta de comer muito ao almoço, e partimos desde logo para os pratos principais, sendo que para além dos da lista, existe também a oferta do dia que, no caso, era Caldeirada de Bacalhau e Costeletas Panadas com Arroz de Chouriço. Eu optei por estas, a RV foi para os Panados de Vitela com Arroz de Tomate e a JSS para os Filetes de Pescada com Salada Russa. Para beber, eu e a JSS quisemos a limonada que, a pedido, pode vir sem açúcar (porque nenhuma de nós gosta dela doce), enquanto a RV se manteve fiel ao seu hábito de não ingerir líquidos (por nada de especial, só porque não lhe sabe bem).
E só temos a dizer bem de tudo quanto comemos: a qualidade do Tripeiro, que sempre foi um marco na gastronomia da Invita, mantem-se, o respeito pela cozinha tradicional portuguesa também, e o empratamento é mais bonito e cuidado. No entanto, não posso mentir: não gostei do serviço, que achei blasé e em chocante contraste com o anteriormente existente, muito mais próximo e diligente. Por outro lado, a não existência de doses e meias doses (só permanecem as doses) parte do princípio de que todos temos os mesmos apetites – o que não acontece, de todo, e acabei por comer uma grande parte do segundo panado da RV.
Mas a comida é francamente boa: a carne era tenra e bem temperada, a fritura estava ótima, a salada russa era pejadinha de ervilhas e cenoura (e não apenas batata, como tantas vezes se vê), os filetes foram muito gabados e os arrozes, cada qual no seu estilo (o de tomate malandrinho, o de chouriço seco e maravilhoso), estavam perfeitos.
Não quisemos sobremesa, embora a oferta seja agradável, para quem se delicia pelos sabores tradicionais, terminámos com um café e pagámos 13€ cada uma, o que me parece bastante bem, para um estaminé do gabarito do Tripeiro. Obviamente que, ao jantar, com vinhos, entradas e sobremesas, a conta atirar-se-á para os vinte e qualquer coisa euros por estômago, mas ainda assim aconselho vivamente a visita – embora recomende uma revisão do serviço às mesas, que só ganharia em ser mais caloroso e presente.
Restaurante Tripeiro | Porto
4.1 / 5 Carapaus
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PositivosA decoração a comida
NegativosO serviço
Resumo
O renovado Tripeiro soube manter a qualidade da comida tradicional portuguesa, com um toque de autor, e renovar um espaço que estava absolutamente ultrapassado. É um valor seguro, na Baixa do Porto.
Serviço3.5
Comida4.5
Preço/Qualidade4
Espaço4.5
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Há já algum tempo que este estaminé, sito ali na zona do Jardim de São Lázaro, estava nos meus planos mais imediatos: desde logo porque gosto de conceitos originais e um restaurante que se proponha a ter uma carta toda com base num dos melhores enchidos à face da terra (a alheira) merece visita; depois porque a zona mais a leste da cidade está a crescer e bem, quanto a mim. Vai daí, quando se tratou de marcar um almoço para um dos rendez-vous costumeiros com a RV, ex-Carapau ativa e para sempre Carapau-honorária, foi o Tabafeira (sinónimo de Alheira, como aprendi na inscrição dos marcadores de mesa, de papel) que escolhemos.
Não tinha uma previsão muito definida quanto ao espaço, mas creio que esperava algo mais tradicional, pelo que me surpreendeu pela positiva a sala comprida e de ar contemporâneo, com um mini-pátio ao fundo (como é típico destas antigas casas de habitação da Baixa), onde aproveitaram para montar uma pequena esplanada que me pareceu bem convidativa. Ainda assim, ficámos dentro: eu havia reservado mesa (como costumo fazer, sempre que possível) e foi-nos oferecida uma das mesas para duas pessoas, à direita de quem entra.
Uma vez sentadas, foi-nos trazida a ementa. Eu sabia que há um menu do dia, porque costumo fazer os trabalhos de casa (nada de muito aprofundado) antes de ir onde quer que seja, mas isso não nos foi comunicado no momento (e perceberão adiante eu teria sido importante, embora estou certa de que, pelo menos uma de nós, não iria por aí), ainda que, na porta, do ainda antes de entrar no estaminé, uma lousa comunicasse que o prato (imagino que de entre os três sugeridos, apenas um declaradamente com alheira), acompanhado de água ou chá e café, para finalizar, ficaria por 5€ (o que me parece muito bom preço).
Depois de algum tempo, e de muita hesitação da minha parte, porque me apetece invariavelmente mais do que uma coisa, vieram recolher o nosso pedido: seria a Beringela Recheada (prato vegetariano) para a RV e os Crepes de Alheira para mim. Ambos os pratos viriam acompanhado de arroz malandrinho de tomate, mas eu resolvi alterar (como nos foi dito que seria possível fazer) para Batata Gratinada com Mozzarela e Salsa, sendo que havia ainda a opção da salada, da batata gratinada simples, da batata palha e dos legumes salteados (e é possível acrescentar qualquer deles ao prato, por 2€).
A Coca Cola que eu pedira foi-me trazida quase imediatamente mas, coitada, ficou tão “mole” como nós, já que entre o pedido e a vinda dos pratos para a mesa passaram um pouco mais de 30 minutos, o que me parece incomportável para quem, como nós (e a maioria dos clientes, certamente), tem horários para cumprir – felizmente, nenhuma de nós pica o ponto, porque estaríamos metidas em trabalhos, se assim fosse. Quando perguntámos à funcionária pela nossa comida, foi-nos dito que havia uma mesa de seis que, entretanto, pedira primeiro do que nós, mas não me pareceu de todo que a demora se justificasse – mesmo porque se trata de uma espécie de “fast food” à nossa moda, que não requer grandes tempos de cozedura.
De todo o modo, há que fazer justiça ao que ali se serve: veio tarde mas estava tudo de facto muito bom. Provei a beringela da RV, recheada de alheira 100% vegetariana, cebola, tomate e queijo parmesão, e é uma daquelas coisas que apetece reproduzir em casa, de tão saboroso; só o arroz de tomate parece excedentário, não combina de todo com um prato que se basta, definitivamente, a si mesmo. Os meus crepes eram de massa filo e o recheio, para além de alheira de aves, tinha cenoura, alho francês e tomate – uma conjugação simples e feliz, capaz de agradar a muita gente. Infelizmente, não cheguei a provar a batata gratinada, porque houve um erro e trocaram-na por uma salada; mas esta, com alface, cenoura, maçã, croutons e queijo fresco, tinha tão bom aspeto que recusei a oferta de reposição do pedido.
Se já estávamos convencidas com a qualidade do que se serve no Tabafeira, mais ainda ficámos com a sobremesa. Ali, não há uma oferta de doces pré-definida, antes se fala em “sugestões do chefe” – o que dá para todo e poderia recair no sempiterno (e chato) “doce da casa”, que acaba por ser uma das infinitas e modestas variações de natas do céu. Mas não: entre outras coisas também apetecíveis, a nossa escolha recaiu sobre um doce-tipo-conventual, de cujo nome não conseguiria lembrar-me (blogger feia, má blogger!) nem para salvar a minha vida, mas cuja confeção consistia em misturar ovos, açúcar e pão. Ficámos imediatamente convencidas e aquilo que parecia uma coisa de quantidade diminuta, servida num maravilhoso tachinho vermelho e à qual pudemos acrescentar amêndoa laminada e canela a gosto, não só chegou perfeitamente para ambas (porque é bastante doce e denso) como foi o complemento perfeito de uma refeição muito agradável, que terminou com café e custou 12,25€ por estômago. Não fora o episódio da demora no serviço (algo que o Tabafeira tem mesmo de melhorar, sob pena de perder clientes) e teríamos apenas gloriosos apetites a relatar.
Tabafeira – Casa d’Alheira | Porto
4.1 / 5 Carapaus
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Positivos
A beringela recheada, a sobremesa conventual
Negativos
A demora do serviço
Resumo
Espaço interessante, onde se reinventa um dos nossos enchidos mais apreciados: a alheira não só tem uma história digna de ser contada como ganha vida nova (e boa) na Tabafeira.
Serviço3
Comida4.5
Preço/Qualidade4.5
Espaço4.5
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Creio que seria difícil ter ido parar a este estaminé, sito algures em Mondim de Basto, não fora gente da terra (ou dali de perto, Vila Real) ter ali reservado mesa: iríamos fazer um percurso pelo Trilho das Figas de Ermelo (que eu já conhecia, mas a que é sempre bom regressar) e, porque haveria gente que só se nos juntaria a meio (a primeira parte não é aconselhável a quem, não estiver numa forma física razoável), achou-se por bem repor energias a meio. Assim, começámos em Ermelo e percorremos os cerca de 6kms (sempre a subir) até Varzigueto, onde se nos juntaram os elementos da tarde (sobretudo, pais com crianças – ainda que eu considere que mesmo a segunda parte do percurso não seja propriamente para levar miudagem pequena), que nos deram boleia até à Tasca da Alice, em Bobal (a cerca de 10 minutos, de carro).
Uma vez chegados, e depois de alguns nos perdermos a tirar fotografias aos vários elementos de decoração que revestem o pátio e as paredes, aguardava-nos, numa das duas salas (a primeira, parece ser mais usada como café/petiscaria) uma mesa em L, para 21 adultos e meia dúzia de infantes: o menu havia sido previamente definido e só tivemos de escolher os vinhos, sendo que a maioria optou pelo verde branco (da casa, sem rótulo, e bem aprazível), alguns pelo maduro tinto e uma pequena minoria pelo maduro branco. Também houve, obviamente, lugar a água e refrigerantes para quem os quis (e vínhamos todos sequiosos). De resto, é importante de referir que esta Tasquinha só serve pratos por encomenda (e para grupos a partir de 6 pessoas); se aparecermos sem reservar, há direito a petiscos – e, quanto a mim, ficamos mesmo muito bem servidos, sobretudo com eles.
Depois de sentados, e para fazer companhia ao pão que já nos aguardava (a broa era uma coisa de sonho!), os petiscos começaram a cair-nos à frente: o serviço, muito heterogéneo, era despachado (havia um funcionário bastante cordial, e um outro, mais novo, cuja antipatia e enfado eram flagrantes), e nunca estivemos muito tempo em espera.
Assim, vieram azeitonas negras e carnudas (de que comi infinitamente), pratos com salpicão e presunto (deliciosos), pataniscas de bacalhau (sem salsa nem cebola, que adoro e julgava imprescindíveis – e muito boas, estaladiças e carregadinhas de bacalhau) e pratos de enchidos grelhados (alheira e chouriço de sangue, ambos muitíssimo saborosos e tostadinhos), estes já a acompanhar o prato principal: arroz de feijão e carne de porco em vinha d’alhos.
Estava tudo bom e saboroso, embora nada me tenha marcado de tal forma que me apeteça voltar já para a semana – ainda assim, gostaria de ter provado os pratos mais típicos que a casa oferece, nomeadamente os ossos de assuã ou a vitela maronesa, mas já se sabe que em almoços de grupo desta magnitude nem tudo funciona às mil maravilhas.
A conta saldou-se em 13€ certos, o que só parece excessivo porque os 21 adultos pagaram o almoço das 6 crianças (que são menores, mas também comem, não nos iludamos) – mas comemos muito bem, de tal modo que a caminhada depois do almoço foi bastante mais custosa.
Tasquinha d’Alice | Bobal, Mondim de Basto
4 / 5 Carapaus
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PositivosOs elementos decorativos; O presunto; Os enchidos; As pataniscas
NegativosNada a assinalar
Resumo
Esta Tasca não fica propriamente à mão, mas torna-se conveniente para quem vai fazer o trilho das Fisgas do Ermelo e quer repor energias depois.
Serviço3.5
Comida4
Preço/Qualidade4.5
Espaço4
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Tasquinha d’Alice | Bobal, Mondim de Basto
Morada: Bobal, Mondim de Basto
Localidade: Vila Real
Localidade: Vila Real
Telefone: 255 381 381
Horário: ND
Aceitam reservas? Sim
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Saí de casa meio sem destino: tinha cá uma amiga de Lisboa, tínhamos combinado almoçar e a única cosia que sabia era que queria levá-la a um sítio “à Porto” mas era domingo e sabia que os sítios mais tradicionais estão, normalmente, fechados neste dia. Para além disso, é difícil escolher um só dos muitos bons estaminés a que já fomos (e os amigos sabem: quando me pedem recomendações, sou a pior do mundo a responder), pelo que tratei de resolver o assunto de modo a matar dois coelhos com uma só cajadada (a expressão é feia e merece substituição, mas serve para ilustrar a ideia): iríamos a um sítio novo para ambas, mas daqueles que eu intuía que só poderia ser muito bom.
E o estaminé escolhido foi a Taberna de Santo António, vizinha do Passeio das Virtudes, sita na esquina da rua do mesmo nome com a Rua do Dr. Barbosa de Castro – perto de tudo, portanto. Ali passei muitas vezes, sobretudo ao sábado junto à hora de almoço, despertando-me curiosidade a quantidade de gente à espera de mesa, o que só poderia prenunciar uma de duas coisas: um espaço demasiado pequeno e uma qualidade muito grande. Ora a verdade é que ambas se confirmaram: sendo eu a maníaca das reservas, desta feita fui à maluca, sem marcar, e o “castigo” foi esperar meia hora (que veio a ser uma hora, no fim de contas) para ter mesa.
Não houve qualquer problema: aproveitei para mostrar as redondezas à AM e, na volta, esperámos a meia hora restante na esplanada, onde só se servem bebidas e petiscos – aproveitámos para degustar uns excelsos rissóis de polvo e um belo de um fininho, em tarde de céu cinzento, mas quente e seca. Connosco, nas outras mesas de madeira e bancos corridos, havia sobretudo espanhóis, mas também nórdicos e britânicos – tudo unido em volta de uma linguagem comum: a comida. De resto, este é espaço onde se falam quatro idiomas com desenvoltura e muita simpatia: assisti a conversas variadas, com clientes habituais e visitantes ocasionais e a sensação de familiaridade era comum a todos.
Entretanto, chegou a nossa vez (a fome já era negra, nesta altura): fomos convidadas a ir para a sala de refeições, que não levará mais do 20 a 25 pessoas e estava pejadinha de gente. A decoração, inesperada, consiste em instrumentos musicais de capas de (bons) álbuns nas paredes de granito e as mesas e cadeiras são simples e despojadas. Uma vez sentadas numa mesa para quatro (a cozinha estava para fechar e éramos das últimas na fila de espera já não era necessário gerir lugares), foi-nos trazida a ementa, reduzida a meia dúzia de pratos tradicionais portugueses, dos quais escolhemos o bacalhau no forno e a vitela estufada com puré. Continuámos na cervejinha e, enquanto esperávamos, foi-nos trazido um pratinho com folhado de alheira, outro dos ex libris da casa, que estava muito saboroso, ainda que a massa folhada já não se apresentasse estaladiça, como deveria estar inicialmente.
Os pratos principais não demoraram e começámos, naturalmente, pelo bacalhau, que se apresentava em posta grossa e de tamanho generoso, acompanhado de batatas a murro, grelos, azeitonas, pimento e cebola – e estava tudo ótimo, como se tivesse sido feito pela mãe/avó (dependendo da faixa etária de quem nos lê e das competências culinárias da sua ascendência). Também a vitela, tenra e acompanhada de um molho apuradinho, que misturámos com o puré e com as ervilhas, não desiludiu: os sabores são, nesta Taberna, definitivamente caseiros, confecionados como em nossas casas, sem nenhum dos truques dos restaurantes de maior tiragem e menor qualidade.
Francamente, teríamos ficado satisfeitas por aqui: já tínhamos decidido que haveríamos de ir comer uma sobremesa a outro lado e prescindiríamos do doce ali. Mas, nessa altura, já a proprietária e cozinheira-chefe do restaurante, se sentara a almoçar ali a duas mesas e, ouvindo a nossa conversa com o filho, que nos servira (e que estava, também ele, já a matar a fome, seriam umas quatro e tal da tarde), nos dissera que nem imaginávamos o que perdíamos se saíssemos sem provar, pelo menos, o seu afamado bolo de chocolate. E nós, que somos umas fáceis, recordámos que, logo à entrada, havíamos catrapiscado os doces: a AM ficara de olho num tabuleiro salpicado de coco que, viemos a saber, era um bolo de bolacha (do bom com creme de manteiga). Vai daí, tomámos uma decisão nada difícil: comeríamos duas sobremesas (uma ali, outra no sítio em que primeiramente pensáramos) e não se falava mais nisso.
Vieram, por isso, uma dose do boblo de chocolate e outra do de bolacha – e só temos de agradecer encarecidamente à Sra. D. Hermínia, que não nos deixou ir embora sem ceder à tentação: o bolo de chocolate, servido com natas é baixinho e húmido, quase um pudim (não admira que o auto-intitulado melhor-bolo-de-chocolate-do-mundo, que abriu uma chafarica umas portas acima, se tenha visto obrigado a encerrar portas); o bolo de bolacha fez-me lembrar o da avó M, feito com bolacha torrada em vez de maria e salpicado com muito coco – uma especialidade.
Contas feitas e os excelentes apetites ficaram a penos de 15€ por estômago, o que veio a ser um excelente negócio e um ótimo cartão de visita para a minha amiga. Hei de voltar para os panados ou pataniscas com arroz de feijão. E para os rissóis de atum. E para a bola. Acho que ainda vou ser muito feliz (outra vez) nesta Taberna Santo António, casa familiar (aos comandos, pai, mãe e filho) e de bem-receber.
Taberna Santo António | Porto
4.5 / 5 Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5 (0 votos) Cardume
PositivosTudo o que ali se come As sobremesas O preço A simpatia
NegativosEspaço reduzido O tempo de espera sem marcação
Resumo
Taberna de referência na Invicta, junto ao Passeio das Virtudes, de ementa simples e confeção de qualidade superior. O ambiente é eclético e o serviço simpático e eficiente. Excelente para levar os amigos que vêm conhecer o Porto.
Serviço4.5
Comida4.5
Preço/Qualidade5
Espaço4
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Esta, meus caros, será posta breve e, ainda assim, dificílima de escrever, porque foi o culminar de uma manhã passada a comer e a beber, o que leva inevitavelmente à ideia (própria) de que as coisas poderiam ter sido apreciadas de outro modo (não necessariamente melhor ou pior, apenas outro), não fora a circunstância de estarmos já todos cheios que nem padres – embora não carecêssemos, obviamente, de apetite, como se verá.
Sucede pois que esta vossa criada, integrada em grupo avantajado de velhos e novos amigos, deslocou-se a Malgaço, por alturas da Páscoa, com o objetivo de ir a duas ou três adegas de Alvarinho (o rei dos vinhos verdes, para os mais distraídos) proceder às provas que antecederiam uma série de compras – tudo em nome individual, que ali éramos todos bons garfos e bons copos e só adquirimos para consumo próprio. Acresce que estas provas de vinho foram acompanhadas, nas duas primeiras adegas (aquelas em que marcáramos a visita e a que fomos antes do almoço) são sempre acompanhadas de mesa mais ou menos cheia de coisas boas: enchidos, queijos, pães, presunto, bolinhos e sei lá mais o quê – a tal ponto que, à hora de almoço, já a pessoa se sente almoçada (mas não desarma, isso é que nunca).
O grupo em me integrei é useiro e vezeiro nestas atividades lúdico-culturais, pelo que são belissimamente recebidos, circunstância de que desfrutei como caloira nestas coisas (das que regressa, assim me convidem e eu não falharei). Juntei-me a eles na comezaina e bebericagem, bem como na aquisição de bom vinho, a preços do produtor – o que, só por si, valeria a visita. Mas não, que esta malta não brinca em serviço: o culminar do enfardamento ocorreria no Café/Restaurante Jardim, em Penso, Melgaço.
Tudo havia sido planeado de antemão, porque éramos grupo de respeito: 18 adultos e 2 crianças, pelas minhas contas. Assim, a ementa fora decidida previamente, pelo que não pude estudar a oferta de outros pratos, mas pelo que fui observando, trata-se sobretudo de comida tradicional portuguesa de cariz minhoto. O Café/Restaurante Jardim é coisa de gestão familiar, sem grandes pretensões mas de qualidade, que também tem produção própria de vinhos, sendo que, ao almoço, degustámos o seu alvarinho e espumante Casa de Canhotos.
O espaço fica no piso térreo de uma casa típica, com paredes de granito e lustres de há algumas décadas, o que lhe aporta um ar castiço que não trocaria por nada. Esperavam-nos, à chegada, pão e pratinhos com uma grande novidade: paio, presunto e queijo, pois claro – e o mais-do-mesmo, quando é bom, jamais enjoa. Depois, em jeito de entrada e enquanto se esperava pelo prato principal, uma bela de uma feijoada com feijão branco (que não é, de todo, o meu favorito) e acompanhada com arroz, que soube muito bem (talvez dado o nosso estado de fraqueza) – tudo a anteceder umas travessas avantajadas de bacalhau à Braga, portadoras de umas postas tão grossas que aqui a esquisitóide (que gosta é de lascas e posta fininha) se viu à nora para escolher uma parte que lhe conviesse. As batatas fritas às rodelas e o apontamento de cebola, pimento e azeitonas deram a pincelada final de um quadro que já estava mais do que terminado.
Porque é tradição levar-se brigadeiros (a B.) e amêndoas (a E.), nem sequer olhámos para a carta de sobremesas, limitando-nos a brindar (à nossa, ao Alvarinho, e a mais passeios como aquele, que eu cá fiquei fã) com o espumante da casa, após o que passámos à esplanada para os cafés – que, estranhamente, têm de ser pedidos no estaminé ao lado (o Café), bem como a conta. Prolongámos este momento, a ver se as muitas digestões se encetavam, o que veio ser sabotado pela oferta de pão-de-ló por parte do sr. Fernando, que alguns descreveriam como sisudo e que eu até achei um simpático (sobretudo porque partilhou connosco um tesouro: uma lampreia fumada de 40€, feia como as coisas feias, mas aparentemente muito afamada).
E foi assim, cerca de 20€ mais leves (alguns só virtualmente, que o estaminé tem teminal de multibanco), que partimos para uma última adega, já capazes de rebolar até ao Porto, mas ainda cheios de moral para ir comprar mais vinho.
Foi, portanto, uma manhã mais do que plena de muitíssimos bons apetites, num espaço fora do comum.
Café Resturante Jardim | Melgaço
4 / 5 Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5 Cardume (0 votos)
Positivos
As entradas
o vinho
as postas de bacalhau
Negativos
Nada a apontar
Resumo
Uma boa opção para quem anda por terras do Alvarinho: no café Jardim come-se boa comida tradicional portuguesa, a preços sensatos.
Serviço4
Comida4.5
Preço/Qualidade4
Espaço3.5
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Café Restaurante Jardim | Melgaço
Morada: Lugar de Canhotos
Localidade: Penso, Melgaço
Localidade: Penso, Melgaço
Telefone: 251 416 303
Horário: ND
Aceitam reservas? Sim
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É curioso: a pessoa mora por cá há carradas de tempo, até gosta de comer, e foi preciso ter a visita de umas amigas do Funchal para ir conhecer a Casa do Pescador, de que rapidamente me fiz fã empedernida – de tal modo que voltei, uma semana depois. Na verdade, a TL e a ZL tinham conhecido o estaminé uns dias antes, quando lá foram com o R e a C – e gostaram tanto que arranjaram forma de me levar lá (e à MAA e à MNG também), para um magnífico repasto feminino, à hora de almoço, a meio da semana.
Aquando da primeira visita, elas haviam ficado na esplanada, desfrutando daquele sol primaveril que nos visitou no final de fevereiro; infelizmente, quando fomos as cinco já São Pedro não estava tão generoso, e tivemos que ir para dentro – o espaço não é de todo bonito, mas tem a particularidade de estar decorado de forma muito típica, seja com uns quadros de estilo muito kitsch, seja com retratos de antepassados, seja com um punhado de fotografias de Luís Filipe Meneses (juro!) e outras, inclusivamente uma de João Paulo II. Também lá há um altar, que me pareceu apropriado, por estar em causa uma típica zona de pescadores e uma casa cujo nome não engana.
Uma vez chegadas (as condutoras ainda tiveram de dar uma volta ao quarteirão, para estacionar), fomos imediatamente direcionadas para uma mesa, pelo mesmo funcionário que havia atendido as minhas amigas uns dias antes: o Vasco merece ser nomeado, por se tratar de um empregado exemplar, tanto na eficiência como na eficácia e (pasme-se) na simpatia genuína e bem-disposta.
À nossa espera (de quem chegou uns minutos mais tarde) havia já um cesto de bom pão, azeitona galega e um prato de mexilhões com molho de azeite, cebola e pimento que estavam de chorar por mais: saborosos e carnudos, no ponto em termos de cozedura. Em poucos minutos, juntaram-se-lhes umas das melhores pataniscas que estas papilas gustativas já provaram: gordas, ótimas de bacalhau e cebola, acabadas de fritar, estaladiças e sem gordura, foram uma das estrelas da tarde.
A acompanhar isto tudo um Esteva tinto e muitos queixumes, que auguravam a incapacidade de ingerir a dose e meia de lulas que aí vinha, por mor de um estômago já lotado. Esta vossa criada, já se sabe, tendo uma carrada de defeitos, não sofre de cobardia gastronómica, pelo que assegurei que nem uma lulinha restaria no prato, no final do banquete – e assim foi, ainda que dose e meia fosse mais do que bastante para cinco pessoas, sobretudo das que enfardam entradas sem medos.
As lulas grelhadas vêm muitíssimo bem acompanhadas, com batata “a murro” (as aspas são porque parece estar na moda esquecer o gesto que dá nome ao prato: o tubérculo surge redondinho e intocado, como se fosse abuso espetar-lhe um pêro bem dado), cenoura aos cunos, couve branca salteada e bróculos al dente – tudo em vasto prato de barro vermelho, como se quer. Os bichos estavam rijinhos e macios e foram paulatinamente deglutidos, sem que sobrasse um só tentáculo para contar a história.
Nesta altura, já quase rebolávamos, mas antes morrer enfartadas do que sair dali sem comer um docinho, pelo que, depois de debate sério, lá vieram, de entre os doces caseiros à disposição, uma mousse de chocolate “muito boa” (como enfaticamente a adjetivou a MAA) e quatro generosas fatias de nuvem doce, um bolo que partilha os ingredientes com as tradicionais natas do céu, e que agradou a todas (apesar de mais queixumes, devidos ao imenso tamanho das doses).
A conta, aquando desta primeira incursão, saldou-se nos pouco mais de 15€ por estômago, o que é extraordinário, tendo em conta o que ali se comeu. Também por isso, mas sobretudo porque ouvimos maravilhas sobre o arroz de marisco, que foi classificado como um dos mais completos que se havia provado, eu, a MAA e a MNG resolvemos voltar, uma semana depois – obviamente, só para que eu pudesse escrever uma posta mais completa e rigorosa, jamais devido à gula.
Desta segunda vez, o sol era muito, mas não batia do lado da rua onde mora a esplanada da Casa do Pescador, pelo que fomos lá para dentro de novo – sendo imediatamente saudadas pelo Vasco, como se fôssemos clientes da casa (e se isto não é o melhor cartão de visita, então não sei o que será). Íamos filadas no arroz de marisco e foi isso mesmo que pedimos, mas não pudemos deixar de começar por umas belíssimas pataniscas, acompanhadas por vinho de pressão da casa. O pão desta vez não estava grande coisa: achei-o seco e não fui por ali.
Caríssimos, e se vos disser que meia dose de arroz de marisco chega à vontade para quatro pessoas (com direito a servirem-se bastas vezes e tudo), por apenas 18€ (ou seja, 4,5€ por estômago)? E se acrescentar que o difícil é mesmo encontrar arroz, que aquilo tem tanto marisco (gambas, lagostins, patas de sapateira e de outro bicharoco que não identifiquei, navalheira, amêijoa e mexilhão) que é difícil encontrar os bagos? Pois. Se pensarmos assim, é mais barato ir à Casa do Pescador do que ao McDonald’s – o que não deixa de ter a sua graça.
Como curiosidade, o arroz de marisco é feito com ervilhas, coisa que nunca vira em prato similar, mas que não destoa (embora eu não seja de todo fã da leguminosa); infelizmente, também tem alguns pedaços de delícias do mar, o quer era perfeitamente evitável – não são muitos e não incomodam, mas para a coisa ser perfeita deveriam estar ausentes e pronto. Evidentemente, não conseguimos comer tudo, apesar dos esforços de todas: eu servi-me umas 5 ou 6 vezes e as minhas acompanhantes umas 3 vezes cada uma.
Claro que poderíamos evitar as sobremesas, como gente equilibrada, mas o prazer do risco está-nos no sangue, pelo que para a mesa veio: um molotov, curiosamente servido sob a forma de uma torta, que agradou muito; uma tarte merengada de limão, que não corresponde exatamente à receita tradicional e era mais doce do que se esperava (mas foi gabada); e um cheesecake absolutamente banal, em jeito de semi-frio desenxabido, que só aconselho a quem não aprecie (como eu) o cheesecake com (imagine-se a audácia) sabor a queijo.
No final? Cerca de 14€ por estômago e, mais uma vez, uma belíssima dose de bons apetites, numa Casa a que voltarei, certamente, muitas vezes.
Casa do Pescador | Vila Nova de Gaia
4.4 / 5 Carapaus
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PositivosO preço As pataniscas O tamanho das doses O Vasco
NegativosEstacionamento fácil mas algo longe
Resumo
Belíssimo sítio para degustar comida tradicional portuguesa (sobretudo peixe) muito bem confecionadas e em doses generosas, por um preço mais do que amigo, ali mesmo, na Afurada, à beira rio.
Serviço4.5
Comida5
Preço/Qualidade5
Espaço3
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