O repto foi da RV: tínhamos de ir experimentar um estaminé oriental que havia nas Galerias Lumière, aqui no Porto – eu aceitei e lá fomos, assim mesmo, sem sequer saber o nome da coisa ou ler grandes críticas sobre o estaminé, mesmo porque, agora, sabemos que não as há.
A ideia era chegar o mais cedo possível, porque a RV já lá tinha tentado almoçar uma vez e desistira, por lhe haverem dito que a confeção demoraria cerca de vinte minutos; não conseguimos chegar antes das 13h (hora a partir da qual, tendencialmente, começam as enchentes, ali na baixa), mas estávamos lá à uma e creio que fomos as primeiras (e quase únicas, adianto – mas já lá iremos) clientes do dia.
O espaço é mínimo: há um balcão em L com alguns elementos decorativos, por detrás do qual se encontra a pessoa que lida diretamente com os clientes, uma ou duas mesas mínimas e, à direita, uma microcozinha onde outra pessoa se encarrega da preparação dos pratos. A ideia é que nos sentemos no espaço comum das Galerias Lumière, que é, justiça seja feita, uma das praças de alimentação mais simpáticas que conheço.
Uma vez chegadas, e depois de nos porem ao corrente do tempo de preparação do almoço (os tais vinte minutos), foi-nos introduzido o menu, que consiste em dois pratos, dos quais devemos escolher um, sendo que o prato, com os devidos acompanhamentos (comuns às duas opções) e um chá (ou “água aromatizada”, como é ali chamada, que não escolhemos) fica por 8,50€ — não é propriamente barato mas também não é excessivo, porque se trata de um tipo de cozinha diferente; já a sobremesa do dia seria paga à parte. Optámos ambas pelos Hambúrgueres Japoneses de Novilho com Molho Espesso de Cebola e Gengibre e com Oroshi de Rabanete Daikon, em detrimento do prato vegano, Croquetes Japoneses de Batata Doce e Sementes de Sésamo Preto, Servidos com Maionese Caseira de Soja.
Passados exatamente vinte minutos, alguns depois de nos ser trazido a tal água aromatizada quente (ou mais a atirar para o morna, por que não morri de amores), lá veio o prato, coisa francamente bonita: num tabuleiro redondo de madeira clara, uma tijela de alumínio com a sopa de miso (muito líquida e saborosa, embora um nadinha insonsa para o meu gosto saleiro), os dois hambúrgueres (minúsculos), um montinho de alga (a saber bem a mar), a salada do dia (de maçã e rabanete, surpreendentemente boa), um par de couves de Bruxelas num molho branco e arroz integral de couve (muito bom mas também algo insonso e meio frio).
Em geral, gostei muitíssimo dos sabores e, sobretudo, da qualidade da carne, francamente boa. Mas não posso deixar de dizer que as quantidades só bastarão a estômagos que se fartam com (muito) pouco ou que, como eu, tinham treino daí a duas horas (após o qual me senti esfaimada, por sinal, o que nem é hábito). Ou, ainda, que não se importem de lanchar pelas quatro da tarde – porque a coisa ainda por cima digere-se com muita facilidade (e esse é um ponto muito positivo).
Por outro lado, é dececionante que o Namban não sirva café e que haja dias em que não tem a anunciada (em cartaz reescrito diariamente) sobremesa do dia – fosse lá o que fosse, teríamos gostado de provar. Em vez disso, fomos remetidas para o estaminé do lado, que comercializa crepes e gelados e que “tira muito bem o café” – e nós acreditamos, mas não era o que nos apetecia, pelo que descemos a rua e fomos mas é enfardar cupcakes de red velvet e creme de queijo, para a recém-(re)inaugurada Spirito (que aconselhamos vivamente, sem qualquer reticência).
Deixa-nos, portanto, um sabor agridoce, este Oporto Kitchen Café: o conceito tem potencial, mas não subsistirá muito tempo, a servir um punhado de refeições por almoço (como foi o caso e, atrevemo-nos a adivinhar, será sempre), sobretudo porque o que oferece nem sequer mata a fome, só a adormece, e muito ao de leve.
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