Lembro-me da primeira vez que comi sushi, em Marbella lá para 2003. Longe de imaginar que era uma trend, também não foi a curiosidade por sabores exóticos que me levou lá; o único restaurante Japonês que identificava abrira no Arrábida Shopping e nunca me tinha ocorrido lá entrar, desinteressada que era em estimular o palato. A motivação foi a temperatura estar demasiado boa para ser desperdiçada entre paredes e foram as floreiras… Recordo-me disto e que a comida foi, pela primeira vez e abrindo um precedente histórico – assinalável! Um romance começaria ali de forma espontânea,  trazendo-nos hoje até aqui. Hoje, comida Japonesa conota na minha cabeça com método e rigor, e uma trabalheira louca a fazer o que parece model cooking, versus o que na minha boca se pode chamar de baba descontrolada – sinto-me quase a desconsiderar os sushiman e a sua obra, e se reconheces esta impressão, vais gostar do Bonsai.

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Um Japonês chamado Bonsai é um lugar comum, uma formula já muito trilhada que pode ser mau presságio; há preguiça mental ou pior, há necessidade de se colar ao colectivo. Ou então estamos no exato oposto: foi quem abriu o trilho e o lógico era um nome confortável. Que ainda não havia as modas dos restaurantes chinó-nipónicos ou dos vinis autocolantes com flores de cerejeira quando decoraram o Bonsai, é muito óbvio desde que se olha para a porta principal em madeira maciça. Encobre uma segunda, de correr, pois claro, que, qual idiossincrasia asiática, nos deixa logo sem jeito, depois de estarmos ali a puxar e empurrar até vir a senhora simpática mostrar quão lógico e fácil era desde o início.

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A Decoração

 

Trespassado o vexame; paredes em pedra, mesas quadradas clássicas em madeira escura, um balcão ao fundo guarda a entrada da cozinha e, como suspeitámos umas linhas acima,  além das escamas de peixe, não há mais brilhos nem cintilações. Somos conduzidos para um pequeno cubículo à quota de um degrau, com duas mesas baixas e respectivos almofadões. Deu entretanto para ver que a sala está cheia e ao contrário do que esperávamos no bairro alto, não é de turistas nem de “forinhas”, mas sim executivos que aparentam pelos botões de punho e vestimentas tailor made serem de alto gabarito. Detenho-me por momentos e penso “vamos pagar couro e cabelo” e lembro-me a seguir que há um menu de 10€, e nem que seja arroz com espinhas, podemos sempre pedir isso!

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Outra asiática traz-nos a carta do almoço; sai um menu do dia (Prato principal, sushi ou sashimi, sopa de miso, arroz, salada e café – 10€) e um Oyakadon (Frango ovo e aromáticos sobre arroz – 12€) e dois copos de Castelo D’Alba branco. Chegam logo a seguir duas sopas de miso, e esclarece que o Oyakadon também inclui. A minha suspeita é que quis ser delicada (e que bem que caiu) para não ficar um a olhar para o outro, e se virmos bem a sopa além de já estar pronta e cada tacinha levar uns 20 cl,  tem um custo que deve tender para 0. Comendo a sopa acreditamos que a demora do resto se deve ao movimento e vamos desfrutando do espaço que dá a verdadeira sensação de estarmos longe de tudo, até dali. Entretanto lá chegam dois tabuleiros milimetricamente organizados, ao género de refeição de avião. As doses pequenas do menu do dia contrariam a grande malga de arroz de frango asiático que se faz acompanhar de várias ferramentinhas giras pela dimensão e design; um espécie de lamparina com especiarias alaranjadas, uma tacinha para as colocar, uma taça para o molho de soja, uma outra com algo que parecia gengibre (não era e esqueci-me de perguntar, era bom e fresco) e, o melhor de tudo; uma fantástica colher japonesa à qual pude finalmente dar uso com generosas quantidades de sustento, em vez de servir só para me arreliar com os micro amuse bouche servidos nalgum lugar fancy “perto de si”. Além de ser bem mais divertido, a diferença deste prato para o nosso é o ovo que o torna aveludado e as especiarias que o fazem mais excêntrico. No menu do dia o sashimi é de peixe manteiga, irrepreensível,  e o prato do dia é salmão frito de textura suculenta e cheio de sabores acompanhado por uma fresca saladinha de alface e tomate, bem temperada, e um arroz branco impecável. Satisfaz, e dava para comer se não o triplo, o dobro do peixe. Como não é assim, pedimos café com água a dobrar terminado a refeição de tugas no Japonês em grande estilo, com o abatanado, esse mesmo, que é Nespresso numa chávena do Ikea Sueco. Globalização, what else?

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O Frango Asiático

 

O Bonsai diz ter sido primeiro restaurante Japonês em Portugal e não tem nada a provar, aqui esteve de portas abertas na rua da Rosa enquanto cometas e estrelas nasciam e morriam por esse Portugal fora. Aqui há a confiança de quem sabe o que está a fazer, e o que quer fazer; as 15h em ponto a porta é fechada e só voltará a abrir às 19h30, sem exceções. Agora queremos uma experiência de sushi, que se adivinha puro e tradicional.

Bonsai

Morada: Rua da Rosa 244, Lisboa
Telefone: 21 346 2515
Horário: Ter a Sex – 12h30 às 14h30, 19h30 às 23h | Sáb – 13h às 15h30, 19h30 às 23h
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