Quisemos visitar o Domo, pela primeira vez, no Verão, mas tivemos falta de pontaria: estava fechado para férias – as pontuações que este pequeno estaminé tem alcançado, nos sites da especialidade, apontavam para algo de muito bom. Quase três meses depois, a coisa concretizou-se finalmente: marcámos uma hora de almoço, reservámos mesa e lá fomos conhecer o Domo, sito mesmo ao lado do parque de estacionamento da Trindade, em Fernandes Tomás.
Fui a primeira a chegar e fiquei agradavelmente surpreendida pelo modo como o espaço, ínfimo, foi sabiamente aproveitado e decorado, tornando-se numa espécie de reduto de conforto de onde avistamos a azáfama da rua. Todos os elementos parecem ter sido pensados tendo em vista um todo harmonioso, claramente alcançado. A equipa de produção de sushi é jovem (e toda masculina, como não é raro nestas andanças, embora já haja exceções) e, soubemo-lo depois, muito competente.
Há vários menus executivos de sushi (para além das ofertas da carta normal), que pretendem responder às preferências e ao bolso de cada comensal: eu e a JSS optámos pelo Tempura (12 peças e tempura de camarão, por 13€) e a RV pelo de 12 Peças, apenas (10,50€), mas para além destes há o de 16 Peças (14€) e o Temaki (16 peças e temaki de salmão, por 16€). Todos os menus incluem uma entrada, a escolher entre Sopa Miso e Dois Crepes de Legumes, bem como uma bebida (limonada, chá do dia, água ou copo de vinho): e lá veio o Miso para mim e para a RV, os Crepes para a JSS, a limonada para mim e para a JSS e uma água para a RV, que não gosta de limonada adoçada (e aquela estava-o, um pouquinho).
O serviço, feito por um senhor mais velho do que a equipa de confeção, era claramente amador e à primeira vista pouco amistoso, mas veio a revelar-se simpático, bem-humorado e relativamente rápido, o que só foi maculado pelo atraso das tempuras, que foram colocadas por engano noutra mesa, que não as havia encomendado (e a malta comeu e nada disse, pois está claro). De resto, as sopas vieram quase de imediato (e estavam ótimas), os crepes imediatamente depois (muito bons, disse a JSS) e, de seguida, os pratos de sushi, que tinham 4 quentes (fininhos, pelo que valeram por dois na contabilização das peças), dois nigiris (perfeitos), dois gunkans (sempre os meus preferidos, e aqui confirmou-se a qualidade), e uns rolinhos mais comuns, todos muito bons. A tempura, que acabou por ser comida simultaneamente, também estava belíssima: o polme crocante e as gambas grandes e carnudas, como deveriam ser sempre.
Ora uma vez que, até aqui, não havia senão elogios, não pudemos deixar de alinhar na ideia das sobremesas, cuja oferta é reduzida: havia gelado, mousse de Nutella (para que me inclinei primeiramente) e a tarte ou bolo do dia, que viemos a saber ser uma Delícia de Chocolate “que é uma delícia”, acrescentou o funcionário. Somos facilmente convencidas e lá vieram duas: uma para mim e outra para as minhas amigas dividirem entre si – e não nos arrependemos: estava em causa um bolos de chocolate baixinho e húmido , com pouca ou nenhuma farinha, perfeito para terminar o repasto.
Prescindimos dos cafés e acabámos por pagar valores díspares, de acordo com o que comemos: eu fui a mais taxada, porque sou uma glutona e adicionei ao valor do menu o da sobremesa (pagando 17,50€), mas a RV, que escolheu o menu mais barato e só comeu meia sobremesa, pagou apenas 12,75€, o que me parece fantástico para os bons apetites que nos foram proporcionados.
Domo | Sushi | Porto
4.4 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
O sushi
a tempura
Resumo
Sushi de muita qualidade, com um menu de almoço a bom preço, num espaço muitíssimo bem recuperado.
Quem me falou deste espaço foi a RP, que já conhecia o Sushisan de Lisboa e acabou por o visitar algumas vezes, já por cá: segundo ela, teria um rodízio com boa relação qualidade/preço, pelo que, mal acertámos agendas, lá fomos.
Começo por dizer que fiquei agradavelmente agradada com a localização, entre Oliveira Monteiro e a Rua da Boavista: ainda que pagando parquímetro, tive estacionamento à porta, com toda a facilidade – e quem mora no Porto sabe que isto vem sendo, cada vez mais, uma raridade, sobretudo no centro. Escolhemos ir ao almoço, não apenas por uma questão de conveniência, mas sobretudo porque o rodízio é 4€ mais barato do que ao jantar, o que nunca é de somenos.
O espaço é agradável e luminoso, beneficiando das janelas/montra, junto das quais escolhermos sentar-nos: mesmo num dia de chuva (e não era, de todo o caso) deve ser simpático comer ali. Há muitas mesas de 2 e 4 pessoas, mas rapidamente se constrói uma para uma dúzia de convivas, se for necessário: almoçou mesmo ao nosso lado um grupo grande e tudo correu sobre rodas.
Uma vez sentadas, fomos informadas de que o rodízio inclui uma sopa miso, uma entrada quente e um primeiro prato, com 20 peças de sushi e sashimi por pessoa. Depois, poderíamos pedir as repetições que nos aprouvesse, sendo que jamais podemos escolher as peças – tudo perfeitamente normal, para este tipo de oferta.
Vieram as sopas, saborosas e quentinhas e, logo de seguida um prato com umas peças de sushi quente – que não adorei e que considero serem a parte mais fraca deste almoço (não estavam más, repare-se, mas eram absolutamente banais). O prato maior, com as quarenta peças prometidas, veio depois (não houve tempos mortos, aqui) e estava francamente bonito: havia nigiris de salmão francamente bons, sashimi de atum, peixe branco e salmão (tudo a saber a fresco), uns gunkan de salmão muito saborosos e uns rolinhos com peixe branco braseado bastante originais. Numas colheres de loiça, vinham uns ceviches que me souberam pela vida. Nota menos boa, só mesmo para as peças com ananás, que tem um sabor demasiado avassalador e anula todos os outros, e para o uso de molhos de maionese, perfeitamente dispensáveis, mas condizentes com a promessa de “fusão e sabores inesperados” – o problema é que nem sempre as surpresas são agradáveis, para uma chatinha como eu, que gosta de peixe, arroz e nada de frutas e esquisitices, no sushi.
Pedimos uma única repetição e lá veio mais um prato com doze peças, de três tipos: um era um enrolado tipo califórnia, mas vermelhusco – o melhor dos três; dos outros dois não gostei, um porque vinha coberto de maionese (para quê, senhores? Para quê?), o outro porque vinha encimado com um molho branco e doce de maracujá, a remeter visualmente para os ovinhos de codorniz habitualmente usados na gastronomia japonesa praticada em Portugal.
Ou seja, a qualidade não é de todo homogénea, mas eu sou uma esquisitóide, para quem o sushi de fusão é uma aberração desnecessária: condescendo nos quentes (embora não sejam os de que mais gosto) mas não alinho nas frutinhas e muito menos nos doces e molhos. Para quem gosta destes cruzamentos, terá certamente uma experiência mais positiva.
Nota muito positiva para a carta de sobremesas e para a única que provámos : a RP estava a recuperar de uma maleita e sem muito apetite, pelo que acabámos por dividir um Tentasan, composto de mousse de chocolate, mascarpone, gelado de sésamo e amêndoas caramelizadas que nos soube pela vida. O simpático funcionário que nos aconselhou indicou-nos, ainda, o Haromaki San, que me ficou na retina pata uma próxima vez.
Acabámos por pagar cerca de 22€ cada uma, porque as quatro coca-colas que bebemos, os cafés e a sobremesa são pagos à parte – e é justamente por essas coisas que estes negócios dos buffet/rodízio são lucrativos. Obviamente que também há serviço à lista, para quem prefere escolher cada uma das peças e não ter surpresas – será mais caro, com certeza.
Não tendo rejubilado em absoluto com o Sushisan, por não apreciar o sushi de fusão, compreendo que o problema é meu (porque eles são claríssimos quanto à sua oferta) e não deixo de o recomendar vivamente, a quem gosta do género, não só porque a qualidade dos ingredientes é indesmentível, mas também pela simpatia do serviço e conveniência da localização.
Sushisan | Porto
4.1 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
O serviço
A sobremesa
Negativos
As peças com ananás e com maionese
Resumo
Fora da confusão do centro, o Sushisan oferece um rodízio de sushi de qualidade média, com um serviço simpático e boas sobremesas.
Há um bom par de meses que queria ir ao Ikeda: o mais recente japonês da Invicta estava a dar brado mas, ainda assim, decidi esperar, já que as primeiras críticas que aparecem na internet são sempre de quem foi convidado para provar o menu – e eu tendo a relativizar quase sempre as experiências que não correspondem a um débito na carteira dos “críticos”, porque raros são os casos em que a isenção é a mesma (e daí nós só em casos muito excecionais aceitarmos os convites que nos endereçam, porque sentimo-nos condicionados quando assim não é). De todo o modo, fui recebendo recomendações por parte de amigos e lendo boas apreciações na comunicação social e chegámos a acordo: iríamos provar a coisa e não se falava mais nisso.
Marcámos mesa (faço-o sempre que os restaurantes aceitam reserva) e certificámo-nos de que havia estacionamento, já que a Rua do Campo Alegre não é a mais rica em lugares para os carros – e, pelo telefone, informaram-nos que podíamos estacionar no parque em frente, que é pago, que no Ikeda logo nos trocariam o talão (a expressão foi mesmo esta, “trocar”) por outro, que nos isentaria do pagamento. Perceberemos à frente a relevância desta informação.
À chegada, uma primeira constatação: o espaço é agradabilíssimo, desde logo no rés do chão, com um balcão imenso e bonito, mas o primeiro andar é quase mágico, graças à média luz e aos muitos origamis pendurados no teto – e isto, queiramo-lo ou não, é cartão de visita irrepreensível, que não substitui a qualidade do que se come, mas conforta e dispõe bem.
Uma vez instalados, colocou-se a questão de saber o que pediríamos; eu, o AG, o RFM e o DQ estávamos dispostos a deixar os pedidos nas mãos da RV e da JSS, mas, entretanto, outra hipótese se colocou: uma vez que era a nossa estreia no Ikeda e que não dominamos propriamente a nomenclatura da gastronomia nipónica, por que não deixar, a exemplo do que fazemos sempre no Shiko e do que fizemos no Michizaki (com excelentes resultados), que o chef ou a funcionária responsável pela nossa mesa nos trouxesse os pratos mais icónicos do estaminé, em jeito de degustação? Todos concordámos e assim foi. Para beber, aceitámos o conselho da casa e escolhemos a sangria de vinagre balsâmico. Entretanto, deixámos uma única exigência, que foi introduzida por mim: que as peças, quaisquer que fossem, viessem sempre em número múltiplo de seis, ou divididas em seis partes. Só isto – não haveria de ser difícil, não é?
Entretanto começou o banquete: vieram as Espetadas de Vieiras, deliciosas; as Guiosas foram “só” as melhores que já comi, mas entretanto começou o disparate com os múltiplos: trouxeram duas doses, de 4 peças cada, e tivemos de pedir mais uma – sendo que demorou uma eternidade. Trouxeram a Okonomiaki, uma omeleta japonesa que adorámos no RO, e que aqui é medíocre, constituindo a maior deceção da refeição (depois houve um susto, ainda maior do que a deceção, mas já lá vamos), por ser seca, farinhenta e pouco gostosa. Mas rapidamente a ordem foi reposta: o ceviche e a barriga de salmão com molho ponzu (uma dose de cada, para os seis) estavam bastante bons, e o edamame com flor de sal jamais falha. Depois, vieram dois King Prawns, camarão salteado em alho e saké, que agradou a todos (e não deixámos sequer o interior da cabeça) e um tártaro de atum com ovo de codorniz (bom, mas não extraordinário). Logo em seguida, duas doses (para que houvesse um pedaço de cada peixe para todos) do New Style Sashimi, um sashimi de vieira, salmão, lírio e atum, de corte muito fininho, num molho especial do chefe – e todos adorámos.
Veio igualmente um Gunkan Freestyle, um prato com seis peças de sushi, de três qualidades diferentes. Naturalmente, para que todos pudessem provar cada um dos tipos, insisti para que viessem mais dois pratos iguais – o que durou uma eternidade e não foi cumprido, porque um dos pratos era diferente (e a funcionária nem sequer soube explicar porquê). Mal sabíamos que, só por essas 18 peças, estávamos a pagar 60 euros. Sessenta, redondinhos. Também desfrutámos de um prato de 12 peças de sushi e 12 de sashimi, mais uma vez sem que se respeitasse o critério dos múltiplos de seis, por peça, nem explicação condizente.
Finalmente, dois pratos que me pareceram menos contextualizados: do Wagyu, um naco de carne de vaca de sabor soberbo, todos gostámos – embora as batatas fritas de pacote surjam como um quase insulto (e, depois de chegada a conta, mais ainda); já o Black Cod (não sei por que diabo não lhe chamam “bacalhau negro”), achei-o desnecessário e podia ter sido perfeitamente grelhado na casa de qualquer um de nós – e ainda não tinha visto o preço dele (nota-se que estou traumatizada?).
Achámos por bem encerrar hostilidades por aqui: tínhamos comido de tudo um pouco (eu dispensaria os pratos finais, mas vá) e era tempo de passar aos doces, que também haviam sido muito elogiados: escolhemos uma Tarte de Lima, um Fondant de Chocolate e Caramelo Salgado e um Tiramisú – todos bons, nenhum extraordinário.
Infelizmente, o pior estava para vir: comemos bem, estávamos à espera de pagar em conformidade. Mas não mais do que uns 50€, que é o que pagamos no Shiko (onde comemos pelo menos o mesmo, normalmente mais, e bebemos vinho) e bem mais do que o que pagamos no Michizaki – sendo que estes dois são estaminés de categoria similar, em termos de qualidade. Que cada um tenha sido depauperado em 75€ parece-me desadequado e sobranceiro: esse é o preço de uma refeição de luxo e o Ikeda não é um restaurante de luxo. Claro que poderíamos pensar e voltar e comer menos – mas eu não saio de casa para ficar com fome ou apetite, pelo que só aconselho este estaminé a apetites modestos e pouco curiosos.
O golpe final foi o estacionamento: num sítio onde uma conta de quase 500€ nem deu direito à oferta do café (um dos poucos artigos de preço decente, a 1€, já que meio litro de água custa 3€), tivemos de pagar 2€ de estacionamento por carro, porque Suas Excelências só oferecem 2 horas no parque em frente – ou seja, o jantar acabou por ficar ainda mais caro. E são estes pequenos pormaiores que mudam tudo. Ou nada, como foi o caso, porque os bons apetites não justificam tudo.
Ikeda | Porto
4 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5(0 votos)Cardume
Positivos
Os sabores.
A originalidade dos pratos.
O 1.º andar.
Negativos
O okonomiaki.
O preço.
O estacionamento.
Resumo
Restaurante de bons sabores japoneses, no Campo Alegre, mas apenas para as carteiras mais abastadas ou apetites modestos.
Sabem aquela sensação raríssima de irem a um restaurante onde gostam mesmo de tudo – e até aquilo que, noutros sítios, seria potencial falha a assinalar, passa a ser só uma caraterística? Ora pronto, hoje temos uma posta dessas, para gáudio de quem acha que eu normalmente sou uma chata e uma picuinhas e tenho sempre coisas a apontar – e tenho, mas neste caso são mesmo muito boas.
O Michizaki é uma tasca japonesa, em Braga (ali pretinha da Sé) – e se há gastronomia que me encanta é a nipónica que, obviamente, inclui o sushi e o sashimi, mas não só não se resume (de todo) a estes como, quando os serve, não vai cá em frutinhas nem queijos-creme, nem frituras (embora possa condescender quanto a esta última caraterística). Foi no Shiko que descobri as muitas maravilhas destes sabores e o Michizaki provou-me que pode deixar-me igualmente encantada.
Éramos quatro e marcámos mesa para as 20h – de resto, é algo que aconselho vivamente, porque as mesas estiveram sempre cheias, durante todo o serão. O espaço, sendo pequeno e muito simples, sem aqueles imensos laivos de criatividade decorativa que, hodiernamente, parecem ser requisito essencial para qualquer estaminé (e que eu acho, as mais das vezes, demasiado forçados), é aconchegante e simpático, beneficia das janelas grandes para a rua, tem um balcão onde nos podemos sentar a ver os chefs/sushimen a fazer magia e tem mesas que albergarão umas 20 a 30 pessoas (não contei, estou a tentar não errar muito no cálculo), pelo que não estão longe umas das outras – e, curiosamente, o ambiente é tranquilo, não ouvimos as conversas do lado e o conforto é a nota principal.
Antes de avançar, um destaque para o serviço, que foi exemplar desde o primeiro minuto. Eu sou uma cliente chatinha, das que querem saber coisas (ingredientes, histórias, sei lá) e nunca compreendo por que diabo se considera, ainda, neste país, que qualquer pessoa com bracinhos e perninhas pode servir à mesa – porque não pode. Ou não deveria. Um empregado de mesa tem de ser formado no sentido de saber explicar aos clientes o que estão a comer: como se chama, de que modo é feito, qual a sua história – eu como com muito prazer e gosto muito de conhecer (também) o que como. E aqui, no Michizaki, tudo é explicado como se não percebêssemos nada do assunto – mesmo porque a verdade é que não percebemos.
Assim, soubemos que há uma ementa para cada estação do ano, toda ela com cerca de duas dezenas de pratinhos em formato de petisco (mais sushi e sashimi, em variações diversas), já que a filosofia é a da partilha – e foram-nos aconselhados cerca de 4 itens por pessoa. Absolutamente avassaladas pela carta, aceitámos imediatamente a ideia de nos ser servido o que o Chef bem entendesse – e, nesse caso, só temos de dar conta de algum tipo de intolerância alimentar (ou preferência), para que não haja surpresas. Como eu e a MBC somos de boa boca e a AC e a SF só intoleram coentros (que ali não se usam), foi só dar início ao festim, que não demorou um par de minutos a ser encetado.
Juro que, nesta altura, tinha intenção de apontar o que comíamos, por ordem cronológica, mas depois percebi que tal só me traria dissabores, porque acabaria por perder tempo quando havia ali tanto para desfrutar e, concomitantemente, ninguém quer ler tanto detalhe. Por isso, permitam-me que resuma: começámos com Nigiri de Barbatana de Pregado (nesta altura ainda estava a apontar, bem entendido), que teve duplo (bom) sabor, porque não só foi uma oferta da casa como se tratou do melhor nigiri que alguma vez me foi dado a provar: o arroz é perfeito, com o toque avinagrado certo, e a conjugação de sabores não poderia ser melhor (palmas para o peixe, tão fresco que só lhe faltava estar vivo). Logo depois, aquela que foi, consensualmente, a estrela da noite: os Onigiri são uma espécie de bolinhos de arroz triangulares, recheados com camarão grelhado e maionese japonesa (bem picantes, como se quer) e envoltos numa alga, que permite que comamos tudo à mão – garanto-vos que isto é iguaria dos deuses. Depois, foi um desfilar de 14 pratos (pelas minhas contas) que só mereceram revirares de olhos (que constituem os melhores elogios, quando se está de boca cheia) e uns breves segundos de trocas de impressões entusiásticas, até que nos trouxessem a próxima iguaria – e também nisso o Michizaki é exemplar, porque não houve, jamais, tempos de espera. O sashimi e o sushi servidos também foram do melhor que já comi, os ShitakeBatayaki (cogumelos shitake salteados em manteiga e molho de soja) são tão bonitos que até custa comer e, quando se desgustam, são tão bons que apetece bater palmas, como nos concertos – e tudo o mais que nos foi trazido encantou plenamente (incluindo a Sangria de Saké, de que bebemos duas jarras e que nos soube pela vida).
Juro que poderia estar para aqui mais não sei quanto tempo a relatar o bem que tudo nos soube – mas não quero ser mete-nojo, pelo que me resta sugerir que vão ao Michizaki, ó amantes da boa gastronomia japonesa. Não sairíamos sem provar as sobremesas e optámos por duas, que dividimos: a Tempura de Gelado (rolo de gelado de nata em capa de cereais e calda de chocolate) não só é belíssima, encimada por uma grade de caramelo solidificado, como foi a que melhor me soube; o Anmitsu (doce de feijão azuki, gelado de chá verde, frutas da época, gelatina kanten e calda de açúcar mascavado) é coisa mais saudável e, naturalmente, não me caiu tanto no goto, mas reconheço-lhe a categoria.
Nesta altura, apesar de me apetecer ficar ali a morar para sempre, era já tempo de pedir os cafés – e até aqui o serviço se manifestou exemplar: porque demoraram mais do que o normal a trazê-los, ofereceram-nos. E isto é um gesto de cortesia infelizmente raro, mas que vale tudo, sempre. De resto, tenho de aplaudir esta equipa, que é quase uma família, pelos laços de amizade e parentesco que os unem: ao contrário provavelmente da maioria, eu acho que trabalhar com amigos e familiares pode ser péssimo – e aqui mostram-nos que não e que a competência é contagiosa.
Um único reparo: gostaria que todos os petiscos fossem pensados para serem servidos em número exato (ou múltiplos) dos convivas que estão na mesa, para não surgir aquela situação confrangedora de sobrar uma ou duas peças e estar tudo encavacado, a ver quem se atira a ela – não foi o nosso caso, porque nos conhecemos bem, mas poderia ser.
De resto, 32€ por tão bons apetites pareceu-me preço absolutamente justo – e só penso em voltar, para a ementa de Outono. (Nota: ao almoço, o Michizaki disponibiliza as chamadas Bento Boxes, em três versões: a vegetariana, a de carne e a de sushi, sendo que todas incluem sopa miso, e água ou chá.)
Michizaki | Braga
5 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
Todos os petiscos
O serviço
A sangria de saké
Negativos
Os pedaços, em cada petisco, não serem múltiplos de 4
Resumo
A gastronomia japonesa está longe de se cingir ao sushi (muito menos o de fusão) e o Michizaki é excelente embaixador dos sabores nipónicos: vale a pena ir a Braga, só para conhecer este estaminé.
Há muito que tínhamos esta jantarada combinada: um dos nossos jantares mensais haveria de ser no Romando Sushi Caffé, onde tanto a MC como a SC vão amiúde, mas eu e a AC nem por isso – e reuniram-se as condições para que fosse o de fevereiro (já quase março, na realidade). Plantado à beira da marina, num edifício em forma de cubo-aquário e sem grande beleza, goza, no entanto, de uma vista privilegiada que as enormes janelas deixam vislumbrar. Imagino que de dia, ou numa noite iluminada de Verão, o espetáculo seja deslumbrante.
Confesso que a primeira impressão não me deslumbrou de todo: a entrada é feita por uma rampa que termina abruptamente à porta, sem corrimão nem qualquer proteção que impeça as consequências de um desequilíbrio, uma distração ou uma criança menos atenta; depois, a porta é alta, em vidro e de correr – e a pessoa, que não é propriamente uma franganota sem força, estava a ter sérias dificuldades em abrir a coisa, sem aquilo sair das calhas. Quando consegui que se abrisse o suficiente para poder passar a cabeça pelo espaço, perguntei aos três funcionários que estavam a um metro, a confraternizar (de tal modo que achei que poderia estar a invadir uma zona exclusiva dos funcionários) se era por ali a entrada. Que sim, disseram, não tardando em continuar a conversa, deixando-me na minha luta – foi pouco profissional e deselegante, para dizer o mínimo.
Mas adiante: marcámos a coisa com uma semana de antecedência e tivemos sorte de arranjar mesa para quatro, porque o Romando é bicho concorrido e pouco depois das 20h já estava absolutamente lotado; curiosamente, ainda há tempo para uma segunda ronda: entre as 21h00 e as 22h30 não pararam de chegar gentes para ocupar que as mesas que, entretanto, haviam vagado.
O pedido foi feito pela MBC, que conhece a ementa de trás para a frente, coadjuvada pela SC, que vai pelo mesmo caminho; viria a Tempura de Camarão e Amêndoa com Molho Agridoce para entrada e, depois, dois combinados: um de 50 peças de sushi e sashimi (Special Marina) e outro de 22 peças de sushi (Combinado Romando). Para beber, escolhemos a Sangria de Saké para todas e uma Coca-Cola Zero para a AC, que só provaria a sangria.
Fiquei agradavelmente surpreendida com o tempo de serviço da entrada e da sangria: foi rapidíssimo e a tempura de camarão chegou, saborosa, crocante e acabadinha de fritar. Infelizmente, eram 5 peças, sendo nós quatro pessoas – e eu entendo que haja uma predefinição das doses, mas os restaurantes deveriam ter a flexibilidade de ajustar a norma às circunstâncias, mesmo porque nem todas as pessoas sentadas a uma mesma mesa podem não fazer cerimónia em situações similares. No nosso caso, foi fácil: o quinto camarão foi para a enfardadeira de serviço, esta vossa criada.
Já o sushi demorou o que pareceu uma eternidade a ser servido: esperámos mais de meia hora (cerca de 40 minutos, para ser rigorosa) pelas 50 peças e mais uns minutos pelas 22, que eram uma versão diminuída das 50, mas sem sashimi – no sentido em que as peças se repetiam. Cumpre-me dizer que, no caso do combinado de 50 peças, as de sushi estavam em grupos de 4, o que é simpático, mas fortuito, isto é: é assim e nada teve que ver com o número de pessoas sentadas à mesa.
Devo dizer que o sashimi (robalo, atum, barriga de salmão e um peixe típico japonês do qual não apanhei o nome) estava soberbo, do melhor que já me foi dado a provar: as peças estavam bem cortadas, eram de tamanho generoso e a frescura e qualidade do peixe era de aplaudir. Também o sushi era muitíssimo bom: pouco arroz e muito peixe, nada de frutinhas e parvoíces que tais, só uns quentes que não só não ofendiam como estavam especialmente bem conseguidos – e algumas peças de exceção, como os nigiris de robalo e outras com ovo de codorniz. De todo o modo, não havia uma única peça de que pudéssemos dizer que era menos boa, até os makis foram aplaudidos.
Em contraste com a imensa qualidade da comida, esteve infelizmente o serviço, que não está de todo à altura do resto (muito menos da conta): demorado, atabalhoado (foi preciso pedir uma coca-cola três vezes para que ela viesse para a mesa), trapalhão (houve um par de vezes em que não perceberam o que pedíamos e trouxeram coisas tontas), pouco naturalmente simpático. Primeiramente, até nos serviam a sangria, de cada vez que um copo precisava de ser cheio; depois, servíamos nós, certamente para não nos habituarmos mal.
Passando às sobremesas, optámos por pedir quatro coisas diferentes, para podermos provar o máximo de sabores possível: veio um Red Velvet Cheesecake para a AC, uma Torta de Laranja Húmida com Mousse de Iogurte Grego para a MBC, um Tiramisú de Chocolate e Framboesas para a SF e um Fondant de Caramelo com Bola de Gelado de Gengibre (este feito na hora, pelo que demorou cerca de 15 minutos, o que nos foi dado a conhecer pela funcionária) para mim. E, caríssimo Cardume, se batemos barbatanas ao resto, as sobremesas em nada desmereceram a fama que têm: que coisas tão boas, caramba. Confesso que o meu preferido foi o Cheesecake, que é assim uma coisa de sonho – mas tudo o mais tem a mesma qualidade, dependerá apenas das preferências de cada um.
No final, uma conta redonda: 40€, nem mais nem menos, o que corresponde inteiramente à imensa qualidade de tudo quanto comemos; só o serviço precisa de melhorar para que possamos chamar ao Romando um estaminé de referência, sem hesitações.
Romando Sushi Caffé | Vila do Conde
4 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(1 voto)
Positivos
O sushi
As sobremesas
A localização
Negativos
A entrada
O serviço
Resumo
O Romando Sushi Café, irmão mais novo do Romando e do Romando Privé, faz valer a viagem a Vila do Conde: o sushi e o sashimi são de primeira qualidade, a localização (na Marina) é muito agradável e as sobremesas são um sonho.
O gatilho de tudo isto foi o Shiko (onde regressarei sempre, é um dos meus restaurantes preferidos): foi por lá que provei, pela primeira vez, aquele caldo-com-cenas que se tornou uma das minhas coisas preferidas de sempre; depois disso, foi a incursão ao RO, que foi o sucesso que relatámos aqui na chafarica – vai daí, não poderíamos deixar de ir àquele que foi, tanto quanto sabemos, o primeiro estaminé inteiramente dedicado ao ramen, na cidade do Porto (e, suponho, arredores). O mais estranho é que o Ramen Break fica a menos de um punhado de quilómetros de minha casa, sempre em linha reta e, por mais que lá passe (e passo amiúde), não teria dado por ele se não me tivessem chamado atenção para a sua existência.
De resto, tudo no Ramen Break é discrição, ao menos na medida em que escolheu situar-se longe do bulício da Baixa, ali entre a Boavista e Cedofeita ou, para os que conhecem a zona, entre os Liceus Carolina Michaelis e Rodrigues de Freitas – o que provavelmente justificará o seu horário atípico, já que só abre de quinta feira a sábado e não se fala mais nisso. Talvez a vizinhança não seja a maior consumidora do caldo japonês, mas a verdade é que as pessoas se deslocam ali, propositadamente, para o comer: foi o nosso caso e, coincidentemente, da PG e do ZM, com quem não estávamos há algum tempo e que acabaram por ser a nossa companhia para o almoço, tornando a coisa ainda mais simpática.
O espaço é o arauto do kitsch intencional (ele há bandeirinhas, andorinhas, gatinhos orientalinhos – e tudo o mais acabado em -inho), isto é: porque é pensado, torna apontamentos duvidosos em coisa de bom gosto. Eu cá, na minha limitada visão estética, adorei o mural colorido que reveste uma das paredes compridas, bem como os sinalefos que identificam as casas de banho feminina e masculina (só não quero aqueles robôs fofinhos aqui em casa já porque as minhas casas de banho são unissexo).
Mas vamos ao ramen, que é para isso que bosselências (pelo menos os que ainda não desistiram de me ler os testamentos) cá estão, verdade? Olhem, é coisa muito boa – pronto, acabei com o suspense. Ainda hesitámos entre dois deles, cada uma, mas a RP decidiu-se pelo Ramarati (noodles de trigo, pernil desfiado, bamboo menma, 1 ovo nitamago, cebola frita, cebolinho, molho de soja e manteiga de amendoim), enquanto eu optei pelo Ramazuki 2.0 (noodles, entremeada chashu, bambu menma, milho, meio ovo nitamago, cebolinho, sésamo narutomaki, nori, molho de soja e óleo de chili), que me foi dito ser “o preferido do Vítor” (que é o chef). De resto, quando pedi a opinião à simpática funcionária (ou dona, não sei) que nos atendeu, sobre qual seria o prato que me aconselharia, a resposta foi “são todos bons, foram todos criados por nós” – e eu gosto desta segurança que, no caso, é inteiramente justificada.
Depois, a PG e o ZM acabaram por pedir os outros dois pratos de carne (porque há mais quatro, vegetarianos), e acabámos por poder tirar o retrato a todos. Para que conste, não são só refeições bonitas, servidas em faiança do tipo Bordallo Pinheiro: são também estupidamente saborosas – e, decidimos por unanimidade e aclamação, a epítome da “comfort food” (a expressão funciona melhor no original inglês, perdoem-me!).
O único item que nos agradou um bocadinho menos foi a massa, que mais se assemelhava a esparguete do que às fininhas noodles, que tanto a RP como eu preferimos – mas ainda assim comemos a sopinha toda, como meninas bonitas. Já agora, o ZM, que já provou os oito pratos da casa, elegeu como o melhor o que comeu naquele dia: o Ramazonic 2.0, que é o mais picante dos carnívoros (mas mesmo assim suportável, tanto que ele acrescentou molho picante), e leva noodles, carne picada picante, espinafres, milho, meio ovo nitamago, cebolinho, narutomaki e nori. A PG quis o Ramazonic – e lá terei de voltar para provar qualquer dos dois.
Algo que não esperava provar (só o fiz porque os nossos convivas no-lo recomendaram vivamente) e muito menos gostar é o Mochi de chocolate: trata-se de um bolinho (acento no diminutivo) de arroz recheado que tem o tamanho de uma trufa, vem coberto de cacau em pó e custa uns infames 3€. Mas eles tinham razão, o único problema é que ingeriria mais meia dúzia, assim a carteira e o bom senso o permitissem
Foi o culminar de um almoço carregadinho de bons apetites, num espaço giro e airoso, de serviço simpático e eficaz (demorámos menos de uma hora, mesmo com direito a muita conversa) e uma conta absolutamente adequada: 15€, nem mais nem menos. Havemos de voltar, com certeza.
Ramen Break | Porto
4.5 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(6 votos)
Positivos
O Ramen
o Mochi de Chocolate
Negativos
A Localização
A Massa
O Estacionamento
Resumo
O Ramen Break foi o primeiro estaminé dedicado somente ao Ramen que abriu no Porto, há cerca de um ano. Vale a pena a visita, para quem gosta deste caldo japonês, tão reconfortante como delicioso.
O repto foi da RV: tínhamos de ir experimentar um estaminé oriental que havia nas Galerias Lumière, aqui no Porto – eu aceitei e lá fomos, assim mesmo, sem sequer saber o nome da coisa ou ler grandes críticas sobre o estaminé, mesmo porque, agora, sabemos que não as há.
A ideia era chegar o mais cedo possível, porque a RV já lá tinha tentado almoçar uma vez e desistira, por lhe haverem dito que a confeção demoraria cerca de vinte minutos; não conseguimos chegar antes das 13h (hora a partir da qual, tendencialmente, começam as enchentes, ali na baixa), mas estávamos lá à uma e creio que fomos as primeiras (e quase únicas, adianto – mas já lá iremos) clientes do dia.
O espaço é mínimo: há um balcão em L com alguns elementos decorativos, por detrás do qual se encontra a pessoa que lida diretamente com os clientes, uma ou duas mesas mínimas e, à direita, uma microcozinha onde outra pessoa se encarrega da preparação dos pratos. A ideia é que nos sentemos no espaço comum das Galerias Lumière, que é, justiça seja feita, uma das praças de alimentação mais simpáticas que conheço.
Uma vez chegadas, e depois de nos porem ao corrente do tempo de preparação do almoço (os tais vinte minutos), foi-nos introduzido o menu, que consiste em dois pratos, dos quais devemos escolher um, sendo que o prato, com os devidos acompanhamentos (comuns às duas opções) e um chá (ou “água aromatizada”, como é ali chamada, que não escolhemos) fica por 8,50€ — não é propriamente barato mas também não é excessivo, porque se trata de um tipo de cozinha diferente; já a sobremesa do dia seria paga à parte. Optámos ambas pelos Hambúrgueres Japoneses de Novilho com Molho Espesso de Cebola e Gengibre e com Oroshi de Rabanete Daikon, em detrimento do prato vegano, Croquetes Japoneses de Batata Doce e Sementes de Sésamo Preto, Servidos com Maionese Caseira de Soja.
Passados exatamente vinte minutos, alguns depois de nos ser trazido a tal água aromatizada quente (ou mais a atirar para o morna, por que não morri de amores), lá veio o prato, coisa francamente bonita: num tabuleiro redondo de madeira clara, uma tijela de alumínio com a sopa de miso (muito líquida e saborosa, embora um nadinha insonsa para o meu gosto saleiro), os dois hambúrgueres (minúsculos), um montinho de alga (a saber bem a mar), a salada do dia (de maçã e rabanete, surpreendentemente boa), um par de couves de Bruxelas num molho branco e arroz integral de couve (muito bom mas também algo insonso e meio frio).
Em geral, gostei muitíssimo dos sabores e, sobretudo, da qualidade da carne, francamente boa. Mas não posso deixar de dizer que as quantidades só bastarão a estômagos que se fartam com (muito) pouco ou que, como eu, tinham treino daí a duas horas (após o qual me senti esfaimada, por sinal, o que nem é hábito). Ou, ainda, que não se importem de lanchar pelas quatro da tarde – porque a coisa ainda por cima digere-se com muita facilidade (e esse é um ponto muito positivo).
Por outro lado, é dececionante que o Namban não sirva café e que haja dias em que não tem a anunciada (em cartaz reescrito diariamente) sobremesa do dia – fosse lá o que fosse, teríamos gostado de provar. Em vez disso, fomos remetidas para o estaminé do lado, que comercializa crepes e gelados e que “tira muito bem o café” – e nós acreditamos, mas não era o que nos apetecia, pelo que descemos a rua e fomos mas é enfardar cupcakes de red velvet e creme de queijo, para a recém-(re)inaugurada Spirito (que aconselhamos vivamente, sem qualquer reticência).
Deixa-nos, portanto, um sabor agridoce, este Oporto Kitchen Café: o conceito tem potencial, mas não subsistirá muito tempo, a servir um punhado de refeições por almoço (como foi o caso e, atrevemo-nos a adivinhar, será sempre), sobretudo porque o que oferece nem sequer mata a fome, só a adormece, e muito ao de leve.
Namban | Oporto Kitchen Café
3.6 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
A originalidade da cozinha, A localização
Negativos
A (anunciada) demora no serviço, As quantidades, A falta de sobremesa
Resumo
Finalmente, o Porto começa a ter efetiva oferta de cozinha oriental, para além dos já banais sushi e pratos chineses. O Namban é um estaminé de conceito promissor, mas que nos deixou um sabor agridoce.
Iniciemos com um esclarecimento: soube que queria ir ao RO muito antes de ele abrir (o que aconteceu muito recentemente, em Novembro), mal a coisa começou a ser partilhada no Facebook, ainda em tom de mistério. Não que o efeito surpresa tenha grande resultado em mim per se, mas quando se trata de um restaurante de conceito inovador, no Porto, que tem como cartão de visita dois chefs que muito admiro, eu agarro a ideia e só descanso quando a concretizar.
Falo do Francisco Bonneville, que tenho tido o prazer de ver crescer em competências, ao longo dos últimos oito anos e picos (só porque o conheci ainda enquanto estudante), e do João Pupo Lameiras, com cuja cozinha travei conhecimento na Casa de Pasto da Palmeira, justamente através do Francisco, que lá trabalhava também – e fiquei cliente, até hoje –, e que tem dado tantas cartas na oferta gastronómica do Porto, sendo considerado por muitos um dos chefs mais promissores da atualidade. Eu, que posso dizer estas coisas porque não sou especialista, acho que há muito que o João saiu do patamar da “promessa”, para ser já um crédito firmado – mas que sei eu?
O prato mais famoso que aqui se serve (porque há outros) é o ramen que, segundo a Wikipédia (que é útil para estas definições mais inócuas), é um “alimento japonês de origem chinesa, composto por filamentos longos de massa alimentícia mergulhados em caldo extraído de verduras, legumes, carcaça suína, bovina, de aves ou frutos do mar, temperados com shoyu, sal ou miso e decorado comumente com carne de porco, cebolinha, broto de feijão e broto de bambu”. Trata-se, portanto, de um caldinho cheio de cenas em geral e tanto eu como a RV lambemos os beiços quando pensámos nele, pelo que tratámos de agendar o nosso almoço-mesmo-junto-ao-Natal para lá.
Procedi à reserva de forma muito simples, através de mensagem no Facebook; a confirmação foi feita pela mesma via e pronto, tudo muito simples – infelizmente, no dia marcado houve uma pequena confusão e, imediatamente antes de chegarmos, duas outras pessoas foram sentadas na mesa que nos estava destinada, o que nos deixava duas opções: esperar um bocadinho ou sentarmo-nos ao balcão. Depois percebi que, para além da simpática sala do piso térreo, com mesas mesmo junto à vitrina que dá para a Ramalho Ortigão/Rua do Almada e outras em pequenos cubículos, perto das janelas das traseiras, há uma outra na cave – mas nós escolhemos sem hesitações o balcão, mesmo porque tanto eu como a RV gostamos de observar a azáfama das cozinhas (e de restaurantes que no-la dão a conhecer).
Uma vez sentadas, foi-nos apresentada a ementa, bem como o menu de almoço, que inclui, por 12,50€, um prato de ramen à escolha, bebida e café (e uma tacinha de gelado, por mais 50 cêntimos). Decidimo-nos por ele, embora soubéssemos de antemão que queríamos provar as sobremesas – mas pagá-las-íamos à parte. Decidimo-nos pelo Ramen Puro Shoyu (a RV), composto por noodles, cachaço do porco, ovo, ceboleto, bomi e nori, e pelo Tantan Ramen (eu), feito a partir de noodles, cachaço de porco, porco picado, sésamo, chili, ovo, ceboleto e nori. Para beber, pedimos, respetivamente, água e Cola Zero (ao almoço, dificilmente ingerimos outras coisas).
Enquanto esperávamos, já babosas pelo que víamos sair da cozinha, o Chef Francisco Bonneville serviu-nos, “como tentativa de compensação pela confusão com a mesa” (o que só demonstra belíssimas competências em termos de como-tratar-clientes) um Okonomyiaki (espécie de panqueca, como esclarece o menu) Misto, com couve, lulas, gambas, porco, bacon, molhos, nori, ceboleto e katsuobushi – e, minha nossa senhora das coisas boas, que delícia… a mistura de sabores pode afigurar-se algo difícil de resultar mas a verdade é que o resultado é ótimo. De resto, conceito não nos era estranho, já havíamos degustado algo semelhante no Shiko – mas este não se apresentou de todo menos bom, antes pelo contrário: uma perfeição.
Logo depois, vieram os ramen, servidos em tijela grande, com colher de pau funda para quem gosta de beber o caldo, e fumegantes de quentes. E o ramen, caro Cardume, é um deleite para os sentidos, seja porque as carnes se desfazem (sem se desfazer) de tão tenras, as noodles são macias sem estarem moles, o ovo vem (mal) cozido no ponto e o ceboleto dá um sabor incrível a tudo. O ato de comer ramen é, também ele, um ritual: como comentávamos ao almoço, não será o prato ideal para um primeiro encontro ou para um almoço de negócios, já que o melhor é pendurar o guardanapo ao pescoço e prepararmo-nos para alguma desordem, dependendo da aselhice de cada um. Seja como for, elejo ramen como um dos meus pratos favoritos: é comida de conforto, mas cheia de sabor e de bons nutrientes, não constituindo dos maiores pecados que conheço, em termos de facada numa eventual dieta.
Claro que nesta altura já estaríamos satisfeitíssimas fisicamente, mas mais depressa sairíamos dali a fazer o pino do que sem comer sobremesas, pelo que tratámos de pedir o Salame de Chocolate Branco e Wasabi (para a RV) e o Chocolate com Caramelo Líquido de Miso (para mim, que não posso ouvir falar de caramelo salgado sem querer mergulhar nele). Com eles, o Chef Bonneville trouxe-nos duas tacinhas de gelado “para provarem” (ele sabe que nos pelamos por estas coisas); um de chá verde polvilhado com um crocante de chocolate (muitíssimo bom) e o outro de sésamo (eleito unanimemente como o melhor dos dois), sendo que a opinião imediata de ambas foi que raramente se comem gelados que sabem tanto àquilo de que dizem ser feitos – são ideais para quem quer uma sobremesa mais leve e fresca. Já as sobremesas pedidas foram muito aplaudidas, não só pelo sabor como pela originalidade – que, de resto, é a pedra de toque deste RO.
Acabámos por ser as últimas a sair, na ante-ante-véspera do Natal, mas com uma imensa vontade de regressar mal seja possível: ficámos mesmo fãs. Pagámos 16€, cada uma, pela refeição (sem contar com os gelados e a panqueca) e a coisa sai barata, para aquilo que é oferecido – afinal, o ramen é dos pratos mais cosmopolitas do mundo, sendo que, na Invicta, ao que sei, só um outro estaminé, algures perto do Carolina Michaelis, o servia.
Na verdade, qualquer preço é bom quando nos são proporcionados tão bons apetites, pelo que aconselhamos vivamente o RO, a todos os apreciadores da oferta gastronómica.
RO | Ramen e Outros
4.9 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
A comida, A cozinha aberta, O espaço, A localização
Negativos
Pode ser difícil estacionar (?)
Resumo
Aberto recentemente, o RO é estaminé obrigatório para todos os que apreciam comida japonesa para além do sushi (mesmo porque este raramente é servido, por cá, à moda nipónica), sobretudo ramen, um caldo cheio de coisas boas.
Temos de começar por confessar que marcámos o Kai Kou com uma ou duas semanas de antecedência (esta vossa criada é um nadinha maníaca do controlo, vá), armados em competentes, e “só” falhámos em duas coisinhas menores: em primeiro lugar, não era ao Kai Kou que queríamos ir, mas baralhámo-nos todos e achámos que sim (o que tem como consequência a necessidade de irmos, em breve, ao outro sítio onde queríamos ir, antes de mais); em segundo lugar, aqui a menina achou que festival de sushi e rodízio de sushi eram uma e a mesma coisa, pelo que tratou de reservar cinco festivais, quando na verdade o que se pretendia era cinco rodízios.
E isto é grave, perguntam bosselências? Olhem, acabou por não ser. Desde logo porque foi mais um sítio que conhecemos, sendo que já ali passáramos bastas vezes sem qualquer intenção de parar. Depois, porque o festival de sushi, composto por duas entradas e 22 peças (por estômago), à escolha do chefe, acabou por ser suficiente. Claro que, se tivéssemos optado pelo rodízio, as peças continuariam a vir e nós continuaríamos a comê-las, como boas enfardadeiras que somos, mesmo porque a diferença de preços (16,90€ o festival, 19,90€ o rodízio) justificá-lo-ia plenamente. Mas assim ficámos satisfeitos (embora um nadinha contrariados, quando demos pelo erro) e, por uma vez, não saímos a rebolar violentamente porta fora.
Mas voltemos um nadinha atrás: marcado que estava o repasto para uma véspera de feriado, não deixámos de comparecer cedinho, às 20h00. Ainda assim, não é de todo fácil arranjar lugar para o carro ali no jardim do Carregal (e imediações), pelo que acabei por deixar o meu no parque pago ali a dois passos, o que me custou uns ultrajantes 5,60€ por pouco mais de três horas. A RV e o DQ deixaram o deles um bocado mais longe (junto a Cedofeita) mas em lugar gratuito e o AG e a JS também tiveram de pagar – e essa é uma das contrariedades da ida ao Kai Kou.
O espaço em si, não sendo horrível, também não me cativou de todo: apesar de ter uma área com mesas baixinhas e almofadas, com vista para o jardim, basta que fiquemos de costas para ela (como eu fiquei) para que nos sintamos num snack-bar algo frio e descaracterizado. A ajudar à festa, a música, que estava demasiado alta (e era de qualidade duvidosa, ao menos para o meu sentido de gosto); ainda assim, o volume foi prontamente (que não suficientemente, devo acrescentar) diminuído, a nosso pedido. Também nos mudaram a mesa, que era excessivamente comprida, o que foi muito simpático.
Uma vez sentados, limitámos-nos a escolher o vinho (um maduro branco do Douro, de que bebemos duas garrafas) e esperar pelo que havia de vir. E vieram entradas quentes: uns crepes de legumes bastante simpáticos e gyosas muito originais, porque a massa, em vez de cozida e mole, vinha estaladiça e frita – algo que me agradou bastante. Depois, do naipe de peças de sushi e sashimi que nos foi servido, tenho de salientar duas coisas: por um lado, os gunkan com ovo de codorniz, que nos foi apresentado como sendo um dos ex libris da casa e, na realidade, merece o epíteto (a combinação é maravilhosa); por outro, o famosérrimo (no Kai Kou) salmão selvagem do Alasca, que (segundo nos foi dito) só é servido ali, na região do Porto. Ora a experiência de saborear este salmão e, ao lado, o salmão a que nos habituámos, é de nos deixar boquiabertos, pela diferença de sabores (e cheiinhos de vontade de voltar a comer o tradicional salmão, que foi, ao que parece, tão deturpado, em termos de sabor e de cor). Saliento ainda a frescura dos peixes diversos e a presença de tilápia, que me era inteiramente desconhecido. Gostámos também muito dos nigiris (com pouco arroz, como se quer) e dos quentes, servidos ora com queijo Philadélphia, ora com queijo da Serra.
No final, e pese embora a vontade quase geral de deglutirmos mais umas peças, ficámos absolutamente satisfeitos e saciados – e com espaço para a bela da sobremesa. Vieram três mousses de chocolate e Oreo, um petit fondant com gelado e uma mousse de limão, sendo que a mais aclamada foi a primeira, por ser densa e muito saborosa, como se quer.
Café pedido e contas feitas, o jantar ficou-nos por 26,25€ a cada um, o que, não sendo propriamente uma bagatela, também não foi caro. Claro que para a próxima atiramo-nos ao rodízio – e aí sim, ficará tudo ainda mais simpático.
Kai Kou | Sushi | Porto
4 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
O salmão selvagem do Alasca
os gunkan com ovo de codorniz
a mousse de chocolate e Oreo
Negativos
A música
o espaço
a falta de estacionamento
Resumo
Nunca dizemos que não à hipótese de irmos conhecer mais um restaurante de sushi, sobretudo se ele tiver algo de novo a oferecer: vale a pena ir ao Kai Kou, que oferece sushi à carta, em festival ou rodízio, só para conhecer o verdadeiro sabor do salmão do Alasca – mas não só.
Foi por intermédio da Zomato que, volta e meia, mima este Cardume com uns magníficos vales para refeições em restaurantes-parceiros, fomos conhecer o Home Sweet Sushi, estaminé já instalado em Lisboa e muito recentemente chegado à Invicta, especialista em sushi (em regime de take away). De todo o modo, sem pretendermos soar, de todo, a ingratos, a verdade é que, mesmo sem a Zomato, teríamos experimentado o serviço do Home Sweet Sushi mais dia menos dia, seja porque não resistimos a novidades, seja porque adoramos sushi, seja (finalmente) porque este estaminé escolheu uma localização que jamais nos seria indiferente.
E, a este respeito, permitam-me desde já que rejubile com o sítio escolhido pelo Home Sweet Sushi para se instalar, mesmo ali à babujinha da Rotunda de Francos e do Estádio do Bessa: passo por ali em, pelo menos, metade dos meus dias, porque fica num dos caminhos que uso para ir de casa para o trabalho (e, sobretudo, no sentido inverso), pelo que se me afigura como local que visitarei amiúde, nos dias em que me apeteça enfardar os rolinhos de inspiração japonesa.
Mas e, ó Carapaua AA, onde é que enfias os estaminés matosinhenses onde ias até agora (é espreitar aqui ou aqui, só para aludir aos mais procurados por mim), em busca de sushi mais ou menos bom e estupidamente barato? – perguntam bosselências, com pertinência. E eu respondo, que não sou de me acanhar com interrogações inteligentes: mantenho-os no mesmo sítio e recorrer-lhes-ei quando me apetecer sushi de qualidade bastante aprazível mas sem grandes pretensões, e não pretender gastar mais do que uma nota de dez euros. Já quando quiser umas peças mais elaboradas e pagar um nadinha mais por menos quantidade (porque, por vezes, privilegio a qualidade), irei ao Home Sweet Sushi.
Na verdade, para além da localização (já referida), do horário simpático (abrir às 17h e fechar às 22h permite-me lanchar ajantaradamente sushi, naqueles dias em que saio às cinco, sem ter de esperar, avidamente, pelas 19h – hora a que a concorrência abre), o que o Home Sweet Sushi tem de vantajoso é mesmo a qualidade: o peixe usado é fresquíssimo e mais diversificado (em 18 peças, encontrei salmão, atum e o que me pareceu robalo), as peças são mais originais e generosas em termos de recheio, a apresentação é mais cuidada e aprazível e o sashimi tem um tamanho que se apresenta.
Por outro lado, e aqui reside a grande novidade, para além da simpática equipa que atende ao público e dos sushi-men (que ali estão, na salinha onde somos recebidos, com um balcão à esquerda e a registadora ao fundo), há uma outra, de estafetas, preparados para fazer entregas gratuitas (na cidade e arredores) – e isto é altamente atraente, já que, nesta matéria e, sobretudo, neste segmento de preços, esta nova chafarica quase não tem concorrência no Porto.
Há, no entanto, uma grande vantagem na deslocação ao restaurante (que não tem lugares sentados nem está preparado para servir no local, porque não é esse o conceito em que se inserem): com uma compra, eles oferecem dez peças de sushi quente, que é muitíssimo bem amanhado. De resto, esta é a única exceção o que o meu purismo (pouco consistente) permite, pelo que foi de nariz torcido que vi as peças portadoras de morangos, já que dispenso sempre estas frutinhas quando se trata de comida japonesa – permito-me, inclusivamente, a sugestão de virem a pensar num menu para os que desprezam com vigor estas modernices ocidentais, mantendo obviamente o que atualmente praticam, para quem as aprecia.
Cumpre-nos ainda dar conta de que o molho de soja vem muitíssimo bem acondicionado, em frasquinhos de plástico e que cada menu individual traz 18 peças de sushi e sashimi (deste último, naquele dia, apenas duas, mas de tamanho anormalmente generoso, pelo que valem por quatro). Porque conversámos sobre o assunto com a gerência, é de referir ainda que os menus são iguais entre si (o que não me parece, de todo, desvantajoso) e, finalmente, uma outra realidade, para lá de boa: na compra de quatro ou mais menus, o preço de cada um desce para 10€ (menos 3€ por menu), o que convida imensamente aos jantares de amigos.
Vai daí? O Home Sweet Sushi está de parabéns por ter vindo para a Invicta, já que promete (e cumpre!) bons apetites para os maluquinhos do arroz-colante.
Home Sweet Sushi | Porto
4.3 / 5Carapaus
{{ reviewsOverall }} / 5Cardume(0 votos)
Positivos
A localização
a possibilidade de entrega em casa
o hot roll em compras na loja
o preço para 4 pessoas ou mais
Negativos
A presença de morangos
Resumo
Já fazia falta, no Porto, uma loja de sushi que também entregasse em casa, muitíssimo bem localizada, com uma oferta simpática e boa relação qualidade/preço. Bem-vindo à Invicta, Home Sweet Sushi.